Meu coração estava em agonia. Eu podia suportar qualquer coisa, menos perder William, ainda mais dessa forma. Sim, foi de razão, mas… e se não fosse? E se aquele homem tivesse acertado no peito dele, nas costas? E se ele tivesse morrido bem ali? Eu estaria perdida.Era incrível o quanto uma pessoa pode significar tanto para alguém. Significar o bastante para machucar e ferir. Se qualquer coisa acontecesse com ela…O hospital parecia girar ao meu redor, vozes e passos se confundiam em um ruído distante, abafado. Os médicos falavam comigo, mas eu não conseguia ouvir. Meus olhos estavam presos na porta, esperando, esperando…Por que não vão ajudar ele?Ele está bem?Eu quero ficar com ele.Eu não consegui falar. As palavras ficaram presas na garganta, sufocando-me enquanto o peso do medo esmagava meu peito.Então, em pouco tempo, eles chegaram. Meu pai, minha mãe, meu irmão… e Samanta. Assim que minha mãe me viu, veio até mim e me envolveu em um abraço apertado. Eu retribuí no mesmo inst
O hospital estava silencioso, quebrado apenas pelo som distante de passos apressados e murmúrios abafados dos médicos. Isabela estava segura, viva, mas dentro de mim ainda havia um peso impossível de ignorar. A sensação de que tudo aquilo tinha sido arquitetado contra mim, que cada movimento foi calculado para me desestabilizar. Eles sabiam minha fraqueza. Me conheciam bem o suficiente para prever minha reação, para jogar sujo e me forçar a fazer qualquer coisa para salvá-la.Na sala de espera, meus pais conversavam em um canto, a tensão ainda presente nos gestos contidos e nos olhares preocupados. Mas eu não conseguia me concentrar neles. Meu foco estava em outra pessoa. Harvey. Ele era o único ali que sabia de tudo. O único que tinha respostas.Caminhei em sua direção, e ele percebeu minha aproximação antes mesmo de eu dizer uma palavra. Seu olhar escuro se fixou em mim, surpreso, mas não hesitante. Tínhamos conversado antes, tínhamos um laço—mesmo que agora estivesse abalado.— Har
Vai demorar um pouco para que eu consiga esquecer tudo que aconteceu. Eu fui forte, ou pelo menos tentei ser. Respirei fundo, segurei as lágrimas sempre que pude, mantive a calma. Mas no fim, não havia escapatória. Meu corpo tremia, minha voz falhava, e meu desespero se tornou evidente quando implorei para que me libertassem. Eu sabia que aquelas pessoas nunca me soltariam sem antes pegar o dinheiro. Então, rezei. Rezei para que tudo fosse rápido. Para que minha família conseguisse o que precisavam e que, quando fosse a hora, me largassem em qualquer esquina, me deixando livre para correr.E, de certa forma, aconteceu rápido. Só que os planos mudaram no meio do caminho. E foi aí que tudo deu errado.Os terceiros, aqueles que negociavam a minha soltura, decidiram agir por conta própria, ignorando os líderes que planejaram o meu sequestro. Eu não sei exatamente o que aconteceu nos bastidores, mas o que veio a seguir foi caos. E desespero.Os tiros começaram de repente. O som ecoou como
Demorou muito até que eu estivesse segura para sair de casa, mas eu fui me fortalecendo aos poucos, fortalecendo minha mente por um longo tempo. Fiz terapia, dei pequenos passos, saindo de casa pouco a pouco, até que o medo se dissipasse. Sabia que havia homens ao meu redor, leais e atentos, que jamais permitiriam que algo me acontecesse. Mas, mais do que isso, eu sabia que precisava vencer essa batalha por mim mesma. Ele estava dando muito poder ao medo e aos demônios do passado. E eu? Eu não deixaria que isso me definisse. Foi por isso que, naquela manhã, acordei, tomei café e saí de casa pela primeira vez com a cabeça erguida. Atravessei as ruas com passos firmes, o coração tranquilo. Passei pela porta giratória do prédio, fiz como qualquer outro funcionário—apresentei minha credencial, entrei no elevador e esperei. Já fazia algumas semanas que ninguém me via, e talvez por isso os olhares de surpresa, a breve hesitação no ar quando me reconheceram. Mas eu não hesitei. Quando todos
Eu estava nervosa. Na verdade, tensa. Não esperava por isso—não dele. A curiosidade me corroía, mas não importava quantas vezes eu perguntasse. William permanecia em silêncio, os olhos fixos no caminho à frente.Eu conhecia aquela estrada. Sabia exatamente para onde levava. Ou pelo menos achei que sabia. Quando ele fez uma curva inesperada, desviando para um trajeto completamente novo, meu estômago se apertou. Era a primeira vez que eu saía de casa sem ser seguida. E essa liberdade, em vez de me confortar, me deixava inquieta. Como se, a qualquer momento, algo pudesse acontecer. Como se alguém pudesse surgir do nada e virar nosso mundo de cabeça para baixo.Olhei para ele de soslaio, estreitando os olhos, tentando captar qualquer pista. O que ele estava planejando?—William, diz alguma coisa — exigi, minha voz mais cortante do que pretendia.Ele soltou um sorriso divertido, aquele que sempre me fazia revirar os olhos.—Você é bastante curiosa, não é?Suspirei.—Apenas quando estou ner
Ainda não consigo acreditar que isso realmente está acontecendo comigo. Do nada, eu já estou pronta para o casamento. Claro, é exagero meu. Entretanto, como se podia? Não imaginar que algo assim pudesse acontecer comigo. Sempre que eu pensava no meu futuro, eu focava na carreira. Não na minha vida pessoal.Mas ele sempre esteve lá, no meu peito.E quando voltei para Nova York, voltei com muita raiva e mágoa. Que em um passe de mágica, se transformou neste amor imenso, no qual eu me pego. Tão feliz que até meu rosto dói.Respiro fundo, sentindo o ar quente encher meus pulmões, mas nada dissipa essa leve vertigem de estar prestes a cruzar um limite invisível. O dia mais feliz da minha vida. Eu deveria estar acostumada, certo? Mas, de alguma forma, a felicidade continua a me surpreender. Como se cada dia bom acumulasse mais um fragmento desse sentimento avassalador.E ainda assim, uma parte de mim espera pelo tropeço. Como se a qualquer momento, algo fosse desmoronar, rasgando esse insta
Depois de anos estudando em outro continente, aqui estou eu, barata em frente a uma enorme janela de vidro em um dos maiores edifícios desta rua, em Manhattan.Minha família não faz ideia do porquê escolher cursar minha faculdade em outro continente. Daí a justificativa de que eu queria sair das asas dos meus pais e... Testar novas oportunidades.O primeiro a odiar esta ideia foi o meu pai, mas como sempre, eu consegui a manipular e moldá-lo ao meu desejo. Acho que peguei isso da minha mãe, ela é ótima dobrando aquela fera. Não era o meu plano fazer tudo isso, mas por causa de um babaca em específico, e os planos mudaram completamente.William Morson era um dos grandes amigos do meu irmão. Sempre deixou claro a sua personalidade e desejos fúteis. Eu, como uma boba, aos 15 anos, me apaixonei por ele. Acreditei que ao chegar a maior idade, ele já teria amadurecido o suficiente para que tivéssemos alguma coisa juntos. Contudo, essa foi uma das minhas maiores decepções.Ao completar o ens
Passei a noite inteira revendo cada palavra, cada risada, cada olhar que trocamos, e é estranho não me lembrar de algum plano concreto. Será que isso me faz uma pessoa ruim? Essa sede de vingança, essa vontade de vê-lo arruinado? Talvez. Mas William... William sempre foi assim, um mestre da ilusão. Já destruiu o coração de tantas mulheres, uma após a outra, sem remorso. Aos 35 anos, ainda acha que é intocável. Ele não mudou. Ainda carrega essa arrogância, esse desejo de dominar tudo e todos.É por isso que minha raiva só cresce. E então, entre os sentimentos confusos, uma faísca de determinação surge. Eu até acho que posso me perdoar por querer algo que, no fim, só parece justo. Seria interessante, no mínimo, jogar com a cabeça dele. Alimentar seu ego, deixar que pense que ganhou, só para então, no momento certo, arrancar tudo de suas mãos.Posso imaginar o choque em seu rosto. Ele nunca imaginaria que alguém como eu — aparentemente dócil e inocente — teria a ousadia de enfrentá-lo. E