A ideia perfeita

— Isso só pode ser brincadeira, — murmurei, perplexa ao olhar as imagens das câmeras de segurança da casa de William. Não era como se eu não soubesse que ele levava uma mulher diferente toda noite, mas assistir a isso era outro nível. E eu nem vou me permitir pensar que é ciúmes, porque isso seria absurdo. Eu odeio esse homem. Odeio ele com todas as forças do meu corpo e do universo. Ainda assim, ver uma mulher linda saindo pela porta da frente me deixou furiosa. Sinto uma vontade absurda de procurá-lo por toda Nova York e empurrá-lo do último andar de algum prédio.

Respiro fundo, tentando me acalmar.

— Quer saber? Vou trabalhar, — digo a mim mesma, desligando o computador e me levantando do sofá. Só que, ao fazer isso, fico parada. Olho para o chão, para as paredes, mas uma parte de mim continua presa naquela cena. Naquela mulher. — Ela é bonita, — acabo admitindo em voz baixa, cruzando os braços e batendo o pé no chão. Todas elas são. Ele tem um tipo. Claro, não se prende a cor de pele ou cabelo, mas todas são impecáveis, com corpos esculturais.

Por que eu não consigo esquecer o que aconteceu entre nós? Por que não consigo parar de sentir essa agonia no peito toda vez que ele sai com alguém? Essa foi uma péssima ideia, pedir para Samanta hackear as câmeras do apartamento dele e logar no meu computador. Ler as mensagens cafajestes que ele manda para suas "ficantes" só me irrita ainda mais. Ele é um verdadeiro cafajeste, deveria ser proibido de frequentar qualquer restaurante, bar ou festa noturna da cidade. Aposto que metade das mulheres de Nova York já caiu na cama dele.

Suspiro, balançando a cabeça, decidida a afastar esses pensamentos. Preciso me arrumar, sair de casa, tirar ele da minha mente pelo menos por alguns minutos. Ou, quem sabe, bolar um plano para mexer com a cabeça dele como ele mexe com a minha.

Então ouço o som de uma notificação no celular que deixei em cima da cama. Em um impulso, corro até lá e, ao pegar o aparelho, vejo que ele recebeu uma mensagem. De um site de relacionamentos. Eu pisquei, incrédula, lendo novamente para ter certeza de que era verdade. Como ele pode ser tão baixo? Ele já tem várias formas de encontrar mulheres diferentes, então por que isso me surpreende?

Não deveria, mas começo a vasculhar as conversas dele, o perfil, as mulheres com quem tem saído. E percebo que, em vez de me dar uma vantagem para brincar com os sentimentos dele, está surtindo o efeito contrário. Eu sou quem está sendo jogada nessa teia de sentimentos confusos.

Me sento na cama, curiosa. Ainda não consigo acreditar que William tem um perfil no site de relacionamentos. Eu não queria ver nenhuma mensagem daquelas, mas eu me forcei a ver. Alguma coisa, pelo menos, eu saberia exatamente o que ele estava fazendo e pensando.

Varro todo o site e seu perfil, vendo o que ele conversa com aquelas mulheres, para saber exatamente qual ideia tomar. Obvio que pensar que estou com ciúmes dele me deixa com muita raiva, mas eu vou usar essa raiva para algo bom. Bem, como se eu não soubesse que aquele babaca fosse ainda mais cafajeste do que eu imaginava. A mulher que ele enviou mensagem simplesmente estava se chocando em cima da sua cama. Coisa que ele odeia, não é mesmo? Bem, ele adora, só não... Então, um estalo, lembrei da conversa que teve com meu irmão. Ele falou que odeia quando as mulheres fazem isso, só não faz-se desejar que elas fossem dele apenas por um momento. Não. O William precisa de alguém que seja o contrário daquelas que ele ensaia. Ele precisa de um jogo, só assim ficará entretido. E eu tive uma ideia brilhante, segundo as vozes da minha cabeça, é claro.

— E se eu criar um perfil neste site? Claro, eu não posso mostrar o meu rosto. E nem quero usar a foto de outra pessoa, não. Ele iria se atrair por ela e... na minha cabeça. Eu teria ciúmes de mim mesma. Mesmo sendo eu mandando as mensagens. Não. Tem que ser algo discreto. Misterioso, assim como ele gosta. Mas, vou deixar que ele me encontre, ou vou atrai-lo. Será que, se eu fizer isso, ele irá acreditar que sou fácil? Não, né? Não com a ideia que estou tendo. Imagina só. William se apaixonando por alguém que ele não conhece e não sabe onde ela está. Ele iria ficar louco. — Mordo os meus lábios, pensando na ideia que tive. — Ai, meu Deus. Eu não posso me empolgar tanto, não é? Não. Não posso achar que isso será fácil de fazer. Mas, e se eu for além? E se eu usar as armas que tenho? Pareceria ainda mais misterioso. Claro, ele pode chamar a polícia, achando que eu sou uma maluca que... Hackeou o seu sistema de segurança e celular. Mas, não custa tentar ser um pouquinho mais atrevida, não é?

Samanta é boa em ideias assim, mas não quer um vovô. Se abasta tudo o que já fez por mim. Bem, se alguém me pegar, eu com certeza vou mentir, dizendo que fui eu, de alguma forma, aprendi, em algum lugar, a cometer tal crime. Nunca levaria minha cunhada muito correta e apaixonada pelo meu irmão pra cadeia. Não. O erro foi meu. Fui eu quem pediu, então eu que levei a culpa. Mas não acho que seria tanto, não é? Bem, tenho que acreditar que vai dar certo. Mas... Pense em mais coisas, pense em mais coisas. Tem que ser algo incrível. Eu sei onde ele mora, mas ele não sabe quem eu sou. Vou inventar um nome feio. Bem, feio não. Um nome fantasia. É... Sabe... O que aconteceu com os meus pais até me dá uma ideia. Minha mãe fez um joguinho com meu pai também. Ela sabia onde ele estava, mas ele não. Bem, isso durou um tempinho, até que ele descobriu quem realmente ela era. Mas não posso ser tão fantasiosa. Não. É só um jogo. Você tem que brincar com ele e depois partir o coração. É isso. Não pode se entregar. Não. De novo, não. É ridículo. Não faça isso, Isabela. Jamais. Se vai entrar nesta brincadeira, tem que ter certeza de que não vai cair nela. E nunca mais vai cair na cama daquele babaca.

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