Voamos de helicóptero. Nunca havia estado em um antes, e, honestamente, pensei que o medo me dominaria. Mas não foi o que aconteceu. Meu pavor só surgiu quando o helicóptero pousou em um lugar que eu não reconhecia, um lugar que parecia outro mundo. O topo de um prédio alto, cercado por luzes e silêncio opressor.Nicoll – ou Krampus, como ele insistia em ser chamado – estendeu a mão para mim. Eu hesitei, mas sabia que recusar não era uma opção. Peguei a mão dele, quente e firme, e saímos dali juntos.— Krampus... — chamei, minha voz baixa e trêmula.Ele olhou para mim, seu rosto impassível.— Estou apavorada. Pode ser um pouco gentil?Ele arqueou uma sobrancelha, como se a palavra “gentil” fosse um conceito completamente alienígena para ele. — Não faço nem ideia do que isso seja. E, em todo caso, não ganharei nada em troca da minha gentileza. Você tem medo e nojo de mim. O que eu quero, consigo de qualquer maneira, mesmo que seja obrigando, então não há necessidade de gentileza se vou
Ficamos ali, naquela batalha silenciosa. Eu tremendo embaixo dele, enquanto Krampus rosnava em meu ouvido, sua voz grave e carregada de algo primal.— Vamos, Analia. — Ele sussurrou, mas sua voz era como um trovão. — Eu podia pegar à força, e mesmo se as pessoas lá fora escutassem os seus gritos, ninguém seria louco o suficiente para entrar. Eu poderia te ter agora, do jeito que quisesse, de quatro, como uma companheira devia se oferecer... — Ele respirou fundo, e a tensão na sua voz mudou. — Mas, porra, meu coração bate mais rápido quando olho para você. Não quero ouvir os seus gritos de dor. Quero aprender a te oferecer prazer. Você é minha companheira. Vamos...— Não quero, Krampus. Quero vestir uma camisola.Ele riu baixinho, mas sem humor. — Não tem camisola. Só tem os vestidos que mandei colocar no seu guarda-roupa. Dorme nua.Eu tremia. — Você não vai me obrigar, vai?Ele respirou fundo novamente, fechando os olhos por um momento, como se estivesse lutando contra si mesmo.— Nã
KrampusEu segurava o cabelo dela, mas mesmo assim sentia como se estivesse perdendo o controle. Eu era um caos. O monstro e o homem dentro de mim lutavam lado a lado, tentando dominar. O lobo queria tudo, queria rápido, queria tomar. Mas o homem, mesmo bagunçado, tentava conter o pior.— Abra a boca e chupe... — Minha voz saiu baixa, carregada de urgência e desespero.Quando ela finalmente colocou a boca em mim, foi como se o mundo parasse. Toda a dor que consumia meu corpo desapareceu. Como se algo tivesse sido arrancado de mim, e, no lugar, uma paz que eu nunca soube que existia tomou conta. Era surreal. A cada toque, os lábios dela me acalmavam, enquanto o prazer mais profundo percorria cada fibra do meu ser.Meu corpo vibrava, mas não só de prazer. Havia algo mais. Um tipo de calma, uma conexão que nunca tinha experimentado. Era isso, eu percebi. Era isso o que significava ser tocado por uma companheira. Pela minha companheira. O lobo dentro de mim reconheceu isso, e pela primeira
Analia nEu chorei. No fundo, bem no fundo, sabia que Krampus era diferente do que eu imaginava. Ele era melhor do que os pesadelos que construí sobre ele, melhor do que o medo que me paralisava. Mas, ainda assim, eu estava perdida. Perdida em um mundo que não era meu, em sentimentos que eu não sabia como nomear.Mesmo assim, busquei o calor do corpo dele, era instintivo. O corpo de Krampus, o temível Krampus, era meu refúgio naquela noite fria. Ele me acolheu, e, naquele momento, sua presença foi tanto um consolo quanto um lembrete do quão frágil eu era ao lado dele. Porque Krampus não era só meu carrasco. Ele era também meu protetor.— Krampus, todos os homens lá fora são como você? — minha voz saiu baixa, carregada de curiosidade e medo.Ele respirou fundo antes de responder, percebi que elae não era muito paciente. — Depende. A maioria deles, sim, são da mesma espécie. Alguns, humanos. Mas eu sou o líder da matilha. Herdei o cargo do meu pai e comando a organização também.— A máf
Corri sem olhar para trás, o som dos meus passos afundando na neve era abafado pelo rosnado que ecoava atrás de mim. Eu sabia que o lobo me seguia, podia senti-lo, mas não tinha coragem de virar para confirmar. Meu corpo estava congelado de medo, e o frio da neve que queimava minhas pernas parecia pouco comparado ao terror que me consumia.Tropecei em uma raiz e caí com força ao lado de uma árvore, bem na porta de um chalé abandonado. A madeira velha rangia com o vento, e eu tremia, tanto pelo frio quanto pelo medo. A neve caía incessantemente, cobrindo tudo em volta, como uma maldição que nunca ia embora. Mas eu sabia que a culpa não era dela. A neve não tinha culpa. Não tinha.Tentei me levantar, mas o som de um rosnado forte me fez congelar no lugar. A fera estava próxima, e eu não podia escapar.— Krampus, por favor... Estou apavorada. O que você fez com aquele homem? Por favor, não se mostre assim para mim.Minha voz saiu como um sussurro implorante, mas quando levantei a cabeça,
Analia— Podemos ir para casa? — perguntei, minha voz carregada de cansaço e nervosismo.Krampus me olhou, seus olhos prateados brilhando com uma mistura de exasperação e algo mais, algo que eu não conseguia decifrar completamente.— Depende. Vai correr para os braços da minha mãe, Analia? — Ele cruzou os braços, a tensão evidente em sua postura. — Você está usando ela como escudo contra mim, e estou por um triz de perder a paciência com isso. E, acredite, meu pai vai arrancar algum pedaço meu se souber.— É a sua mãe. — respondi, tentando argumentar.Ele riu sem humor, balançando a cabeça. — Eu sei. Mas você me afasta, e ela está atrapalhando eu ter você. Então pare, Analia. Você quer voltar para casa?— Quero.— Mas casa... não a casa do seu pai. Não mais.Engoli em seco, desviando o olhar. — Eu sei. Eu sei... Mas essas pessoas daqui me olham estranho.Ele suspirou, aproximando-se e segurando meu queixo para que eu o encarasse. — Elas estão olhando para a companheira do líder da ma
Sentei-me no sofá ao lado da senhora Edith, buscando algum tipo de conforto. Sua presença era reconfortante, como um farol em meio à escuridão do caos que minha vida havia se tornado, eu estava me tornando mulher e isso me assustava, sentia falta de conselhos femininos.— Ficou assustada? — ela perguntou, sua voz baixa e serena.— Fiquei, mamãe. Mas agora estou bem.Krampus estava encostado na parede, observando-nos. Havia algo inquietante na forma como ele ficava parado, mas ainda tão intenso, tão cheio de energia contida.— Na lua cheia, não aceito que me prendam, mamãe. Não aceito.Edith suspirou profundamente, olhando para ele com uma mistura de reprovação e compaixão. — Krampus...— Nicoll. — ela corrigiu, tentando puxá-lo para um tom mais humano.Mas ele balançou a cabeça, a voz firme. — Não. A decisão é minha, mamãe. Não estou lidando apenas comigo. Estou contendo o lobo o máximo que consigo. Eu a amo, como previe, mas a noite de lua, não vão colocar uma colera de ferro em em m
O dia seguinte chegou, mas a sensação de peso na minha cabeça não foi embora. Era como se cada pensamento fosse uma faca abrindo uma ferida que so Krampus podia cicatrizar.. Eu sabia que não podia fugir de Krampus por muito mais tempo, mas a ideia de me entregar a ele por pura pressão era insuportável. Eu não queria. Não daquele jeito. Mas parecia que eu não tinha escolha.Fui me sentar lá fora, onde o ar fresco poderia, talvez, aliviar o turbilhão dentro de mim. A neve estava derretendo, as árvores começavam a perder a camada de gelo, e o som da água escorrendo me dava um estranho consolo. Fiquei ali, ouvindo a natureza ao meu redor, tentando encontrar algum tipo de resposta.A senhora Edith apareceu e sentou-se ao meu lado, sua presença começava a me fazer um bem enorme.— Está bem? Eu suspirei, apertando as mãos no colo. — Com medo. Assustada. Confusa e também curiosa. Não sei o que fazer, mamãe. Vai ser pior se eu esperar a noite de lua cheia?Ela me olhou com olhos cheios de com