Capítulo 4

Mônica

Desde o dia em que Ronald me bateu, ele me trancafiou dentro de casa, e manteve um segurança na porta. Já faz um mês que estou enlouquecendo aqui.

Faço a refeição e ele não come mais. Tranca a porta do quarto enquanto dormimos, ou seja, estou presa na minha casa de luxo. Meus planos de me divorciar, receber minha parte dos bens e recomeçar, foram por água abaixo. Já implorei milhares de vezes a ele para me deixar pelo menos ter a minha rotina de antes, poder sair de casa e interagir com o resto do mundo. Mas ele não permitiu, e ninguém pode me ligar, porque ele quebrou o meu celular, tirou meu acesso a internet e telefone.

Um certo dia estava me lamentando por não ter dinheiro em espécie para conseguir fugir, então eu tento abrir o cofre e para a minha surpresa, ele não mudou a senha. Lá dentro tem uma boa quantidade de dinheiro e acabei pegando um pouco de cada maço de notas, para ele não perceber a falta no volume. Selecionei minhas jóias mais caras e guardei num lugar que ele não veria. Quando conseguisse sair daqui, não voltaria mais.

Um certo dia ele chegou bêbado em casa, extremamente estressado, quebrando tudo no escritório. Eu precisei confrontá-lo, e eu poderia morrer aqui mesmo ou fugir de vez. Então entro no escritório e ele já me olha com fúria.

— Isso são modos Ronald? Porque está quebrando tudo?

— Mônica, se sabe o que é bom para você, então saia agora do escritório.

— Não, eu não vou sair, você está agindo como um maluco descontrolado. E sobre me manter aqui, isso não vai adiantar por muito tempo. Minha família vai querer saber de mim, e não terá escolha senão me deixar ir.

Ele vem para cima de mim, e tento pegar alguma coisa para me defender, mas ele não parece querer me bater, seu olhar era outro, era perverso e doentio. Ele rasga a minha blusa e me j**a no chão de barriga para baixo. Ele vai me estupr@r?

Sinto uma dor no peito e não é pela angústia e sim por cacos de vidro por toda a parte. Lembro que o guarda costas está lá fora ainda e começo a gritar por socorro, grito a plenos pulmões enquanto Ronald tenta tirar a minha calcinha.

— POR FAVOR, ME AJUDAA…

O guarda costas entra, vejo em seu rosto o desespero. Talvez ele não tivesse noção de como era Ronald, e o que era capaz de fazer. Nesse momento sinto o corpo de Ronald cair ao meu lado, e entro em pânico novamente. Será que ele está morto?

— Ele não está morto, senhora! Agora não temos muito tempo. – Ele fala com uma escultura de cerâmica na mão.

O segurança me levanta bruscamente do chão e me arrasta para o quarto. Fico desesperada com essa atitude e com o sangue escorrendo pelo meu peito.

— O que está fazendo, por favor, não me machuque…

— Você já está machucada, agora abra o cofre, você tem 5 minutos até ele acordar e você nunca mais sair daqui, e seremos duas pessoas mortas.

Vou trêmula até o cofre e abro rapidamente, ele fica deslumbrado com o tanto de dinheiro que tem ali. Sem perder tempo, ele pega uma fronha do travesseiro e começa a colocar tudo ali dentro. Depois me olha e fala.

— Veste outra blusa, estanca o sangramento, vou te deixar no hospital. Mas nada de denúncias ouviu?

Eu só consigo tremer no lugar e fico sem ação. Ele me dá um grito e eu acordo para a vida. Então pego uma blusa preta, visto uma calça jeans, pego minha bolsa de mão, jogando algumas roupas dentro e minha pasta de desenhos que estava na minha mesa de cabeceira, pego e meu casaco e a minha bota de salto plataforma, e só torci para que ele não descolasse o fundo enquanto andava.

Saímos correndo do apartamento e seguimos para o carro do guarda. Ele pega a minha bolsa e revista ela, encontrando somente meus cartões, que agora são inúteis, e algumas roupas.

— Pega isso, conseguirá uma passagem de ônibus para algum lugar. – Ele fala, me dando algumas notas do dinheiro roubado.

— O- obrigada…

Chegando perto do hospital ele me deixa perto, mas não em frente. Assim que saio do carro, ele dá a partida e sai cantando pneu.

Nesse momento, eu não sei se vale a pena procurar ajuda médica, então olho meu corte no seio e vejo que foi superficial. Caminho para o lado oposto e paro numa farmácia para comprar gase, antisséptico, adesivo para o corte e ataduras. Aproveito e compro um calmante e um anti inflamatório. Ninguém vê o sangue por baixo da blusa preta e do casaco, porém me olham desconfiados, talvez pelos meus cabelos bagunçados, maquiagem borrada ou cara de pânico, e ainda por cima comprando produtos para ferimentos.

Já passa da meia noite, e vou de ônibus para a rodoviária da cidade, não tem ninguém, e o próximo ônibus que vai a Los Angeles, sai as 4:30 da manhã. E nessa brincadeira já me custou 280,00 dólares, mas em breve estarei na casa da minha irmã. Enquanto aguardo as horas passarem, vou ao banheiro e tento passar o maior tempo possível, pois se Ronald me procurar, certamente será aqui na rodoviária, já que o passaporte não está comigo.

No espelho velho da rodoviária, arrumo como dá o meu cabelo, limpo meu rosto com papel toalha e enfim farei o curativo no meu ferimento, que está grudado na blusa, por conta do sangue seco.

Com as mãos tremendo, limpo o máximo que dá o ferimento, e vendo a gravidade dele, passo o antisséptico, o adesivo ajuda a fechar a ferida, para cicatrizar melhor.

Sem celular eu não posso nem ligar para Lucy avisando que estou chegando e para não atender as chamadas de Ronald, apesar que ela nunca gostou de Ronald, desde a época em que morou conosco por alguns meses.

Após pegar o ônibus, acabei dormindo o dia quase todo, e como são pelo menos 30 horas de viagem, contando as paradas, eu aproveitava para olhar meus desenhos e consertar outros, isso me ajudou a passar o tempo e não surtar pensando se Ronald está me procurando.

Um dia e meio de viagem, que eu faria em 1 hora de avião, finalmente acabou. Pego um táxi e vou até o apartamento de Lucy em San Diego.

Chegando lá, eu estou ansiosa para tomar um banho e realmente descansar, antes de ter que responder todas as suas perguntas. Bato em sua porta várias e várias vezes e nada dela abrir, talvez esteja trabalhando. Então sento na escada e espero…

Uma senhora subindo as escadas com algumas sacolas pesadas me pede ajuda com suas coisas e eu prontamente a ajudo. Pergunto se ela sabe a hora que minha irmã chega e a resposta não foi bem o que eu esperava.

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