Capítulo 3

Mônica

Chegando em casa, depois de uma viagem silenciosa no carro, Ronald tira seu terno e j**a no sofá de maneira ríspida. Ele me pega pelo braço e sinto seus dedos afundar na minha carne.

— Mas que diabos está fazendo? – Pergunto assustada.

— O QUE VOCÊ ESTÁ TENTANDO PROVAR? FALANDO POR QUASE UMA HORA COM UM HOMEM, FEITO UMA VAGABUNDA!!

— Ronald ele é…

— NÃO ME INTERESSA O QUE ELE É, EU SÓ FIQUEI COM CARA DE IDIOTA NA FRENTE DOS MEUS AMIGOS, FAZENDO PIADA COMIGO, PORQUE NÃO CONSIGO NEM CUIDAR DA MINHA MULHER.

Ele grita a plenos pulmões com ciúmes de um homem gay, eu me assusto com sua maneira grosseira e assustadora de falar.

— Você está louco, ele é gay, pensei que soubesse disso! E não grite comigo assim, eu exijo respeito, Ronald!

— Primeiro, não me espera para jantar, segundo, procura pornografia de vadia na internet e terceiro, me desrespeita na frente de todos. O que vem a seguir?

— Quer saber, Ronald! Quando estiver mais calmo, eu volto a falar com você. Eu não vou discutir depois de você ter bebido.

Dito isso, viro de costas para ele, indo em direção ao quarto. Mas antes de conseguir chegar lá, sinto meus cabelos serem puxados para trás e ele fala no meu ouvido num tom de ameaça.

— Eu te dei tudo, roupas, jóias, carro e uma bela casa. E tudo que eu espero de você é que seja educada, bem arrumada, que me respeite e me obedeça, como sempre fez. Não é hora de colocar as asinhas para fora, ou não será agradável para você, Mônica!

Luto contra seu aperto e desconheço o homem que passei os últimos 10 anos da minha vida. Ele me solta, e o olho com tristeza e medo.

— O que foi que deu em você? Porque está agindo feito um babaca descontrolado esses dias?

Antes que eu diga mais alguma coisa, ele me dá uma bofetada no rosto!

— Mônica, me desculpe! Eu… eu não queria ter feito isso… me perdoa?

Ele me puxa para seu abraço e meu rosto queima com o tapa que levei gratuitamente. Fico imóvel, minha garganta queima e deixo o choro sair.

— Me perdoa Mônica, por favor, foi errado da minha parte!

Saio do seu abraço e corro para o quarto me trancando no banheiro. Olho a marca de sua mão bem desenhada na minha bochecha, e não sei mais quem é Ronald, claramente não é o homem paciente e amoroso que conheci. Me lembro das marcas que Isa tinha no corpo, e agora sou eu. Quem são eles? O que deu neles?

Agora mais que nunca, quero ajudá-la a não passar mais por isso, e quanto a Ronald, ele vai pagar por ter feito isso comigo.

[...]

Ajudei Isa a conseguir o dinheiro, e para a surpresa de todos, e menos a minha, ela conseguiu fugir. Teve uma comoção na cidade, jornais locais falavam sobre sequestro, mas Romeu não nos deu detalhes.

Eu precisei fingir de inocente e mesmo todos perguntando se eu sabia de algo, não disse nada e me fiz de abalada.

Ronald está cada dia mais estranho, então eu não dou margem para brigar. Ele diz estar arrependido do tapa que me deu, porém anda nervoso e preocupado, recebe ligações afastado de mim, ele nunca me escondeu ligações de trabalho. Sempre está respondendo mensagens, chega em casa com os cabelos molhados, e não sei se é impressão minha, mas com um perfume feminino, mas nunca é o mesmo perfume.

Desconfio que ele esteja me traindo, então hoje decidi enfrentá-lo. Liguei para a empresa e a secretária disse que ele não estava, assim como nas últimas vezes. Notei que ele está em reunião sempre no mesmo horário, então já sei o que vou fazer.

Faço uma torta que ele gosta e vou sem avisar em seu escritório. Chegando lá, a secretária não está em seu posto, e vou direto para a sua sala. Ouço gemidos vindo de dentro, e abro bem devagar a porta, e aí vejo uma cena que me deixou sem fôlego e extremamente chocada. A mulher está debruçada na mesa, com papéis jogados para todos os lados e meu marido comendo ela por trás. Quase deixo a torta cair no chão, mas bem no fundo eu sabia que alguma coisa estava acontecendo. Eu penso em entrar e acabar com a palhaçada, eu bater nos dois ou matá-lo, mas ao invés disso, eu pego meu celular e filmo a cena. Segundos depois volto para casa, mas nem sei em que momento entrei no carro e dirigi até aqui. Repasso na minha cabeça inúmeras maneiras de acabar com tudo, pedir o divórcio e ir embora. Então entendo perfeitamente Isa, como ela planejou tudo.

Então eu esfrio a cabeça e vou planejando meu passo a passo. Primeiro vou juntar o máximo de dinheiro possível, e decidir para onde ir, e ter certeza de que não estou agindo injustamente.

Visto um belo vestido vermelho, faço um penteado bonito e sua comida favorita. Tive que fazer aulas de culinária antes de nos casarmos, ele fez questão que eu preparasse tudo o que ele gostava. Ronald tem essa obsessão por ser mimado. Quando ele chega, uma hora atrasado, que é a sua nova rotina, eu não reclamo. Sento à mesa, como uma bela esposa troféu, que é exatamente o que sou, espero ele se sentar.

— Boa noite, querida! O cheiro está ótimo.

— Só o melhor para você, querido!

Ele me dá um beijo rápido, senta no seu lugar de sempre e sorri ao ver seu prato favorito. E como esperava, o cheiro de mulher está lá. Eu não sei se sempre foi assim, ou só descobri porque segui os conselhos da Isa e comecei a observar mais Ronald.

— Humm, isso está uma delícia!

— Ronald, quero que seja sincero comigo!

— Sobre o que?

— Você tem uma amante?

“ Droga, eu deveria ter esperado”

— O que? Que pergunta mais inapropriada é essa? – Ele fala limpando a boca no guardanapo e jogando com força na mesa.

— Só me responda!

— Claro que eu não tenho uma amante, agora volte a jantar e pare com essa palhaçada.

— Eu quero o divórcio!

“Droga, eu não deveria ter soltado isso agora”

— O QUE? ESTÁ LOUCA, PIROU DE VEZ?

— Você não está sendo uma pessoa boa para mim, não acho que devemos continuar com esse casamento!

Ele começa a gargalhar sem parar e quase perde o ar, e eu fico mais irada ainda com a sua falta de respeito e definitivamente ele não é o homem que me conquistou 10 anos atrás.

Abro meu celular e mostro a ele o vídeo dele com a secretária. Seu sorriso cai na hora e toma o aparelho da minha mão, jogando no chão.

— Você acha mesmo que isso vai me fazer te dar o divórcio? Para com essa palhaçada e termine o jantar, eu estou me cansando de você!

— Você acabou de olhar nos meus olhos, dizendo que não tinha amante, a quanto tempo você me trai dessa maneira ?

— Essas mulheres não significam nada para mim, se lembra que eu te disse, que o que você andou vendo na internet era para putas? Então eu não transo assim com você, porque é a minha mulher, e a partir do momento em que eu te fuder como uma vadia, te tratarei como uma vadia também. É isso que você quer?

— Essas mulheres? Você disse no plural, Ronald… quem é você, pörra!

Ele se levanta me pegando pelos cabelos e tento lutar contra ele, mas Ronald é muito mais forte. Então ele fala no meu rosto em alto e bom tom.

— Você acha mesmo que eu esperei você por 2 anos sem me aliviar? Só uma tonta acreditaria nisso. E eu nunca menti sobre ter amantes, porque amantes são fixas, mas eu pego sim, umas vagabundas para fazer com elas, o que eu não quero fazer com você. Você é fria, frescurenta, e muito sofisticada para isso. Mas não significa que eu não te ame, querida!

Ele alisa meu rosto com a mão livre, e com a outra, aperta mais meus cabelos, fazendo meu couro cabeludo arder.

— Agora vai para o quarto dormir, amanhã é um novo dia!

— Eu não vou ficar aqui nem por um minuto mais, eu estou indo embora… – Falo lutando contra as lágrimas.

Antes que eu termine de falar, ele b**e a minha cabeça na parede, meu corpo enfraquece e sou engolida pela escuridão.

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