Capítulo 6

Mônica

Tem 1 mês que moro com Lucy, sem exagero nenhum, ela faz festas na sua casa pelo menos 3 vezes por semana, eu nunca participei de nenhuma, não estou me sentindo confortável para isso, mesmo ela insistindo muito. Na verdade nem sai de casa ainda e as roupas que tenho, foi ela quem comprou para mim.

É temporada de férias e ela tem muitos amigos da indústria da moda, e mora com mais duas amigas, que estão viajando. Ela é modelo e atriz, não uma atriz famosa, porém fez pontas em filmes importantes, mas nunca como protagonista. Seu sonho sempre foi ser famosa, e a cada dia que passa ela consegue avançar um passo. Ser modelo foi uma novidade para mim, e está entre as 100 melhores dos Estados Unidos. Como eu perdi tudo isso? A resposta é: Eu estava cuidando tanto de Ronald que o resto do mundo estava abstrato.

Eu sabia que ela modelava para alguns catálogos de roupas, mas não havia presenciado sua ascensão no mundo da moda. Desfilando e posando para grandes marcas.

Em menos de um ano, ela conseguiu sair do seu apartamento pequeno e alugado, para o aluguel de uma quase mansão no centro de Los Angeles.

Me sinto orgulhosa dela, e aliviada que ela está seguindo seu sonho, nunca quis que ela se prendesse cedo a alguém, assim como eu fiz.

Ando pela casa já entediada por não fazer nada, além de desenhar. Minha ferida no peito já cicatrizou, mas ficou uma bela marca, e não acredito que ela vai sumir. Comprei um celular com o pouco do dinheiro que eu tinha, e a ajudei nas despesas, mesmo ela sendo contra. Agora eu preciso urgentemente arrumar um emprego, mas onde, do que? Eu aceito qualquer coisa neste momento.

Faço um suco de abacaxi com hortelã e sujo para o escritório de Lucy, onde tem um computador e impressora. Passo a maior parte dos meus dias lá, onde eu estou num processo criativo maravilhoso. Agora sinto uma vontade imensa de tirar essas ideias do papel, então com o resto do dinheiro que sobrou, tentarei comprar tecido e uma máquina pequena de costura. Então começo a pesquisar em lojas de coisas usadas.

Uma hora depois, eu paro um pouco o que estou fazendo e vou preparar o jantar. Mas assim que passo pela janela, vejo uma cena hipnotizante.

Um rapaz bonito está fazendo exercícios físicos no quintal da sua casa, que faz divisa com o quintal de Lucy, observo cada movimento dele enquanto seu corpo malhado enrijece pelo esforço do abdominal. Pego meu celular e foco nele puxando o zoom, o rapaz é muito novo, mas muito bonito. Ele é branco, cabelos escuros feito a noite, tem algumas pintas escuras no peito e uma feição sofisticada. Seu corpo não é bombado, ele é um magro bem malhado, braços fortes e parece ser tão macio…

Ele se levanta e bebe sua água e j**a o restante na cabeça, algumas gotas caindo pelo queixo, descendo pelo peitoral e …

“ Que belo rapaz!”

Não resisti e apertei no botão vermelho, capturando a cena. Puxo o zoom no seu rosto e ele está olhando para a câmera…

— Aí cäcete!

Me escondo rapidamente atrás das cortinas, e meu coração está acelerado pelo pânico de ter sido pega. O que vão pensar de mim, tirando fotos escondido de um garoto? Ainda bem que ele mora na rua de trás, possivelmente eu não o encontrarei ao sair de casa, será?

Olho cautelosamente para fora e ele não está mais lá, e sinto um alívio enorme, mas quando ouço o barulho da campainha, fico com medo de ser ele, e desço na ponta dos pés, e infelizmente essa porta não tem olho mágico, para pelo menos saber quem é.

A campainha continua tocando e quando meu celular toca, eu levo um susto, deixando o aparelho cair no chão. Mas consigo atender a tempo.

— Oi mana, tudo bem! – Falo tentando manter a voz firme.

— Você está em casa? – Lucy pergunta.

— Sim, porque?

— Porque estou apertando a campainha até morrer e não estou com as chaves…

Nessa hora eu abro a porta rapidamente para ela não esperar mais. Lucy me olha confusa, como se eu fosse doida, e para o meu alívio, ela não pergunta nada.

— E aí, como foi o ensaio? – Pergunto já indo para a cozinha preparar o jantar.

— Foi incrível, essa semana será intensa, mas é gratificante receber o devido reconhecimento. Semana que vem vou fazer uma festa de comemoração do encerramento desta temporada.

— Você sempre gostou de ficar cercada de pessoas, né? Estou feliz por você.

— Sim, e amanhã vamos nos reunir aqui para decidir o que fazer!

— Engraçado é que, para reunir e decidir como será a festa, vocês fazem uma festa! – Falo rindo.

— A vida é muito curta para não aproveitarmos cada momento, cada segundo, cada reunião com os amigos, com a irmã. – Fala me abraçando de lado.

— Você tem razão, e é por isso que eu decidi colocar minhas ideias para fora. Comprei uma máquina de costura e se me permitir usar seu carro, depois eu vou buscar, e com o restante do dinheiro eu vou comprar alguns tecidos, linhas, agulhas…

— Meu Deus, Mônica! Isso é fantástico. Você é tão talentosa que tenho certeza que vai se dar muito bem.

— Mas eu farei os modelos para eu vestir, não para vender!

— E porque não?

— Porque são modelos mais vintage, não é o que estão usando ultimamente.

— Primeiro faça seus modelitos e depois conversamos!

Após fazer o jantar rápido subo para o escritório e faço uma lista de compras e imprimo, para ir riscando o que tiver comprado. Abro meu celular e vejo a foto do vizinho, ele é intrigante. Num momento de infantilidade eu coloco o cabo USB e cliquei para imprimir sua imagem. Passo o dedo no papel tentando imaginar como deve ser a textura da sua pele.

Vou para o meu quarto, que dá acesso ao mesmo quintal do vizinho bonito. Deixo a luz apagada para ver se ele está por lá, mas uma movimentação na janela do andar de cima chama a minha atenção. Através de suas cortinas, o vejo começar a se despir… Pörra, ele tira a camisa, o shorts e quando coloca os dedos no cós da cueca eu perco o ar… vou ficar mesmo aqui olhando, na expectativa? Ele vira de costas e abaixa a cueca fazendo meu coração acelerar, sua bunda aparentemente durinha me diz “Olá!”. Nem me reconheço mais, com essas atitudes; ele se alonga com os braços para cima, e está tão exposto que aquece meu corpo. Ele parece ser tão macio…

— O que está fazendo?

Dou um grito colocando a mão no coração, enquanto Lucy fica ao meu lado procurando o que vejo lá fora. Mas quando volto a olhar pela janela, a luz do quarto está apagada, para a minha alegria e alívio.

— Só estava vendo se tinha um gatinho preso naquela árvore ali. – Minto para a minha irmã mais nova.

— Oh tadinho, onde?

— Mas era só um galho pequeno, foi impressão minha.

— Ok, a galera chegou, vai lá dar um oi para eles?

— Sim, eu já vou descer!

Mais tarde alguns amigos de Lucy estão no quintal, alguns tomando cerveja, outros tomando drinks e não sei como eles conseguem beber tanto. Eu mesma tomo esporadicamente um vinho branco.

Visto algo mais casual para não parecer tão careta, uma calça Jeans, blusinha de seda branca, de alça fina com um leve decote, sem mostrar minha marca. Faço um rabo de cavalo bagunçado e deixo uns fios soltos na frente. E já que eu não vendi minhas jóias ainda, coloco um colar de pérolas discreto e brincos combinando. Para calçar, eu optei por um scapin nude da minha irmã.

Vou até eles no quintal, onde tem um sofá em L branco e no meio, uma mesa de centro de vidro com várias bebidas e petiscos. Todos conversam animadamente, e param quando eu chego. Fico até com medo de tropeçar e cair, com tantos rostos desconhecidos me fitando.

Um rapaz que estava de costas acabou virando para me olhar, e sem pudor algum, ele sobe seu olhar, do meu pé, lentamente até meus olhos. Ele é muito bonito, loiro de olhos claros e porte atlético, mas tem cara de cafajeste.

— Caramba, Lucy! Essa é a sua irmã?

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