Capítulo 3

Camila 

ALGUMAS pessoas têm uma visão deturpada de mim e da minha Casa de Prazer. Acham que aqui é um ponto de prostituição, e a Casa está muito longe disso. As atividades sexuais que acontecem aqui são completamente consensuais.  Até porque o sexo só acontece se as mulheres quiserem, com quem elas quiserem e quando elas quiserem. Eu criei a Casa de Prazer com o intuito de oferecer um espaço desprendido de padrões sobre os corpos femininos. Um local em que podemos nos sentir livres para explorar todos os sentidos do prazer, segundo a nossa vontade e não a da sociedade patriarcalista. 

Além dos bares nos andares inferior e superior, temos um restaurante, salão de festas, e claro, os quartos de prazer, que são pagos pelos clientes que desejam utilizá-los. Os preços variam de acordo com a imaginação e criatividade de cada um. Há os quartos convencionais, quartos inspirados em fantasias eróticas, quartos com decoração romântica e quartos para os que gostam e praticam BDSM. 

Eu tenho muito orgulho de ter construído esse lugar. Posso dizer com convicção que fiz o que disse que faria a minha mãe há alguns anos atrás: Eu faço as pessoas terem prazer. 

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Não me considero uma mulher romântica. Eu sempre soube o que queria dos homens e eles sabiam o que eu queria deles. A ideia de estar presa a um relacionamento me causa repulsa. Pouquíssimas vezes tive o mesmo homem na minha cama mais que duas vezes, e mesmo na adolescência, não me apaixonei perdidamente por ninguém.  

Cheguei à Casa de Prazer um pouco mais tarde que o convencional. Marieta, chefe de segurança, sorri levemente para mim, sua forma de dizer que está tudo tranquilo, nenhum homem tentando ultrapassar os limites com minhas funcionárias. Porém há algo que me incomoda. Uma sensação estranha, como se me dissesse para ir embora. Ignoro minha intuição e sigo em frente. Procuro Bruna e Caíque pelo bar central, mas meus olhos detêm-se num homem que tenho certeza de nunca ter visto antes por aqui, e por mais que eu tente, não consigo desprender meus olhos dos dele. Seus olhos verdes e intensos em contraste com sua barba extremamente sexy e seus cabelos castanhos e ondulados que quase roçam em sua nuca emolduram seu rosto oval. Ele balbucia algo e depois faz uma expressão de descrença, tirando seus olhos dos meus e virando-se para o homem que está em sua mesa. O outro homem de cabelos pretos cortados socialmente é um frequentador assíduo da Casa. Marcone, se não me engano.  Já o vi por aqui várias vezes acompanhado pela Bruna, que não demora a aparecer ao seu lado e a saírem juntos em direção ao seu quarto privativo. Antes que a razão me domine eu obedeço aos instintos do meu corpo e vou ao encontro desse homem que de uma forma ou de outra eu terei em minha cama de todas as maneiras possíveis.   

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