Camila
MEUS olhos se abrem preguiçosamente, tendo como primeira visão do dia o rosto sereno de Henrique, que ainda dorme ao meu lado. Não me recordo de em algum outro momento da minha vida ter acordado com um homem em minha cama. É estranho, e ao mesmo tempo, é muito bom.
Deslizo meus dedos por sua barba, com cuidado para não despertá-lo. Algumas mechas onduladas caem sobre os seus olhos e eu as retiro. Ao contemplar sua face, sinto algo dentro de mim florescer. Nós mal nos conhecemos, e no entanto, é como se ele estivesse na minha vida desde o princípio. Um sorriso se desenha em minha face ao me recordar da noite que tivemos juntos. Ele fez exatamente o que disse que faria. Ele me comeu na cama, no banheiro, no chão e nas três mesas do quarto. Beijou-me com delicadeza e brutalidade, me masturbou e me proporcionou vários orgasmos vaginais somente por penetração. Henrique é um deus do sexo no sentido amplo do termo. Quase não deixou que eu o acariciasse; se dedicou completamente ao meu prazer.Afasto para o lado o lençol e lambo os meus lábios com a visão completa de toda a sua virilidade. Não resisto à tentação e levo minha mão ao seu pau, alisando suavemente toda a sua extensão. Ele fica duro em questão de pouquíssimos segundos. Inverto minha posição, ficando voltada de quatro para Henrique, com minha bunda em sua cara. Pego seu pau com uma das mãos e o coloco entre os meus seios, passando minha língua desde a base até o topo. Henrique se remexe e libera um gemido.— Nunca tive uma visão tão linda ao acordar — pronuncia numa voz rouca, inclinando-se para dar um beijo em minha boceta.
— Bom dia — cumprimento esbanjando um sorriso lascivo antes de colocá-lo em minha boca.
— Ah... Maravilhoso dia — responde entre gemidos. — Nossa, Camila, você chupa tão gostoso — Começo a masturbá-lo, fazendo pressão entre os meus seios e chupando a glande. Sinto suas coxas se retesarem e suas bolas ficarem cada vez mais pesadas. Vou à loucura quando ele começa também a me masturbar, massageando o meu clitóris com o polegar no ponto certo. Henrique libera um gemido rouco e enfia dois dedos dentro de mim, me fazendo perder o pouco controle que ainda tinha. Meu tesão vai ao extremo pela sensação maravilhosa da penetração de seus dedos e pelo gosto do líquido pré-ejaculatório em minha boca. Chupo com vontade a sua glande e ele começa a gozar na minha boca. Esforço-me para conseguir engolir tudo dele, até a última gota, sem engasgar. Henrique geme alto, sem pudor algum, e enfia mais um dedo em mim, fazendo com que eu me perca num orgasmo arrebatador. Ele se inclina e suga toda a minha excitação com movimentos tão precisos que me levam ao limiar do prazer novamente. — Como você é gulosa — brinca liberando sua risada gostosa. Tiro o seu pau da minha boca, beijo suavemente a glande e o retiro dos meus seios. Inclino-me sobre Henrique e volto à minha posição de frente para ele.
— Você é tão gostoso — sussurro distribuindo beijos em seu pescoço. Ele libera um suspiro, põe sua mão em minha nuca e ergue o meu rosto, trazendo sua boca à minha. Beija-me devagar, saboreando e explorando cada centímetro da minha língua. Afastamo-nos ofegantes, olhando fixamente para os olhos um do outro. É como se o mundo tivesse parado e nada além de nós dois importasse.
— Camila, eu... — começa a dizer mas eu o silencio colocando meu dedo indicador sobre os seus lábios.
— Se você me fizer qualquer tipo de declaração romântica não me tocará nunca mais — aviso ainda o olhando nos olhos.
— Por quê? — questiona.
— Porque isso vai significar algo a mais. Algo que eu sei que você não está disposto a me dar — respondo. — Eu estou indo contra a tudo que acredito ao continuar com você, Henrique. E mesmo tendo consciência disso, eu sei que não vou conseguir abrir mão de você. Mas se você se declarar para mim, está tudo acabado, entendeu? — Ele assente para mim e beija a minha testa.
Levanto-me da cama e caminho até o banheiro. Meus sentimentos fazendo confusão na minha cabeça.— Camila? — chama me fazendo parar no lugar. — O que você quer que eu faça? — Viro-me para ele e o observo antes de responder:
— A pergunta certa é: O que você quer fazer?
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Organizo as planilhas de pagamentos e lucros da Casa, e, como sempre, os lucros só aumentam. Sorrio internamente em satisfação. A Casa foi inaugurada há quatro anos, e desde então, não enfrentamos nenhum período ruim.
Alguém bate duas vezes à porta do escritório e eu autorizo a sua entrada.— Bom dia, chefinha — cumprimenta Bruna com seu sorriso largo, sentando-se em frente a mim.
— Bom dia, Bruna — respondo sorrindo de volta para ela.
Bruna não é somente minha funcionária, é também minha melhor amiga. Ela está comigo desde o início da Casa de Prazer e tem liberdade para falar sobre qualquer coisa abertamente.— Pela sua cara devo deduzir que a noite de ontem foi bem proveitosa. E provavelmente a manhã também... Vi quando o príncipe de olhos verdes foi embora agora há pouco — infere com um sorriso malicioso nos lábios.
— Sim — confirmo. — Ambas foram muito proveitosas — Henrique me seguiu até o banheiro, e sem dizer nada, juntou-se a mim no banho. Tocou-me e beijou-me sem pressa, como num pedido silencioso de desculpas. Depois se vestiu, disse que voltaria à noite e foi embora. — Você também teve uma noite boa, não? Vi você com aquele homem novamente.
— Marcone — diz com um suspiro. — Ele é maravilhoso na cama e fora dela. Eles dois são amigos, sabia? Marcone quem o trouxe à Casa a primeira vez. Ele me disse que os dois são sócios num escritório de advocacia.
— Não sabia disso — elucido. — Lembre-me de agradecê-lo na próxima vez que ele vier aqui.
— Ele virá hoje à noite — informa. — E falando em lembrar, eu esqueci de te dizer ontem. A secretária da sua médica ligou. Ela disse que você ainda não tinha confirmado se iria na terça para a sua consulta.
— Esqueci completamente — confesso.
— Você esquecendo de uma consulta? — questiona erguendo as sobrancelhas para mim. — Esse homem realmente está mexendo com a sua cabeça.
— Você nem imagina o quanto — digo colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Camila... — chama Bruna um pouco sem jeito. — O fato dele ser casado não te incomoda?
Você sabe, eu sou detalhista, e vi a aliança em seu dedo na primeira noite em que ele esteve aqui. Perguntei a Marcone e ele confirmou. Não estou te julgando, eu só...— Tudo bem, Bruna — conforto-a. — Não precisa ficar sem graça. Você também sabe muito bem o quanto eu gosto de estar no controle da situação, mas sinceramente, eu não consigo ter controle sobre o que está acontecendo.
Eu não entendo porque ele continua casado se não gosta da esposa. E também não sei porque não o afasto da minha vida de uma vez. Nem sei porque insisti em ficar com ele mesmo sabendo que ele era casado. Eu simplesmente não sei o que está acontecendo, entende? É confuso — Bruna me encara como se a resposta fosse óbvia, mas não diz nada, apenas me dá o seu sorriso cúmplice e sai do escritório me deixando ainda mais confusa.HenriqueSÓ Deus sabe o quanto foi difícil para mim ouvir aquelas palavras de Camila. Porém sei que ela está coberta de razão. Não posso dizer que estou me apaixonando por ela e no entanto continuar casado com uma mulher por quem só nutro sentimentos de amizade e cuidado. Por que é tão complicado para mim por um fim a esse casamento? Por que Cristina continua comigo mesmo sabendo que eu não a desejo?Ligo o celular e a tela é tomada por mensagens de Cristina, querendo saber onde passei a noite. A última foi mandada há alguns minutos atrás dizendo que estava indo para a casa da minha mãe. Claro, o almoço de domingo.O sinal volta a abrir e eu me junto aos inúmeros veículos que dominam o tráfego do Jardim Paulistano. Ativo o sistema de voz do carro, sincronizado ao meu celular, e ligo para Marcone. Ele atende ao terceiro toque:— Eu disse a você, meu amigo — começa ele numa voz sonolenta —, você está literalmente de quatro por Camila.— Tod
HenriqueÉ quase cômica a distância que separa a casa da minha mãe da minha. A pé, o percurso não demoraria mais que dez minutos. Mas um leve congestionamento me tomou pouco mais de trinta minutos até chegar ao condomínio em que eu e Cristina moramos. Peguei somente algumas coisas que precisaria pelos próximos dias e saí antes que ela retornasse. Não queria ser confrontado por ela.Ter um escritório na Avenida Brigadeiro Faria Lima sempre foi um símbolo de orgulho para mim e Marcone. Não somente por ser um dos principais centros comerciais e financeiros de São Paulo, mas também por nosso escritório não ser apenas mais um na Avenida.Como era de se esperar, não havia nenhum funcionário além dos seguranças no escritório. Fui para a minha sala e adiantei a leitura de alguns processos e documentos que precisavam da minha assinatura, e depois, passei o resto da tarde em contato com corretores de imóveis. Agora, só me resta rezar para que Camila não imponha nenhum
CamilaAPRECIO a paisagem que me cerca através da janela do carro de Henrique. Tínhamos acordado às cinco da manhã para seguir sabe-se lá para onde. Se bem que acordar não é a palavra. Nós nos entregamos um ao outro por toda a noite. Estou ficando viciada. Tê-lo em minha cama, sentir o seu toque sobre a minha pele, a maciez de seus lábios, a sensação de completude quando ele investe fundo em mim... Eu estou me viciando nele. Só não sei ao certo se isso é bom ou ruim.Henrique para o carro em frente a um chalé, com sua fachada em pedras marrom. Ao redor, somente as árvores e as montanhas ao longe são testemunhas do nosso esconderijo. Ele desce do carro, faz a volta e abre a porta para mim.— Obrigada — agradeço apoiando-me na mão que ele estende para mim. — Então este é o seu plano? — pergunto colocando minhas mãos em volta da sua cintura. — Passarmos duas semanas neste lugar maravilhoso sem ninguém para nos atrapalhar?— Sim — responde puxando-
HenriqueO ipod de Camila reproduz uma canção alegre e dançante que domina toda a suíte. Saio do banheiro com uma toalha envolvendo os meus quadris e a encontro vestida numa camisa social branca minha, rebolando com os braços estendidos para cima no ritmo da música. Já tinha percebido o quanto Camila adora dançar. Sempre está ouvindo alguma batida envolvente e sensual. Ela se volta em minha direção e me lança um olhar lascivo. Fica de lado e coloca as mãos sobre os joelhos, remexendo os quadris lentamente em movimentos de vai e vem. Libero um suspiro pesado e percorro as mãos por meu cabelo molhado. Mal acabamos de ter a transa mais apaixonada entre nós dois e eu já estou louco de tesão por ela.— Vem aqui — pede num sussurro, estendendo sua mão para mim. Pego minha mão na sua e a abraço por trás. Ela roça sua bunda em minha pélvis sem o menor pudor. Coloco minhas mãos em seus quadris e começo a acompanhar o seu ritmo, a trazendo ainda mais para mim. Passo minha lí
CamilaVIRO meu corpo de lado e contemplo a beleza do homem que está deitado comigo na cama. Depois da foda insana que tivemos, dormimos, completamente exaustos. Olho para fora da janela e percebo que já está quase anoitecendo. Faço um esforço e levanto-me da cama devagar para não acordá-lo.Abro minha mala e pego um short moletom cinza, blusa de algodão com mangas branca e calcinha preta. Visto-me e apanho na bolsa meu elástico, prendendo meus cachos num rabo de cavalo frouxo. Calço minhas sandálias rasteiras e saio do quarto com o máximo de cuidado possível para não fazer barulho.Da varanda é possível apreciar o belo e confuso contraste de cores alaranjadas no céu, assemelhando-se a como se tornou a minha vida desde que Henrique apareceu. É errado, eu sei. Estar com ele vai contra a tudo que acredito. Mas eu não posso ser hipócrita. Estar ao lado de Henrique me faz bem. Eu estaria mentindo se dissesse o contrário. Claro, quando esta viagem chegar ao fim eu
HenriquePRESSIONO minhas mãos sobre a bunda de Camila e a trago para ainda mais perto de mim, passando minha língua por sua clavícula e distribuindo beijos em seu pescoço. Ela joga a sua cabeça para trás, facilitando o meu acesso.Não é somente o sexo que nos une. Na verdade, acredito que nunca foi. Nós não teríamos ido contra a tudo que acreditamos se não houvesse sentimento desde o início. Até porque eu também estou fechando os meus olhos para muitas coisas. Eu fui criado para ter uma única mulher e ser completamente fiel a ela. Uma mulher que correspondesse às expectativas da minha mãe, que seguisse os preceitos da nossa religião, e principalmente, vivesse em função da família. Não achava essas coisas corretas, mas também nunca contestei nada. É desse modo que minha mãe sempre levou sua vida e a mãe de Cristina também. Elas me pareciam felizes desse jeito, então por que contestar? Mas estando agora com Camila e vendo sua determinação em seguir sua vida da forma co
CristinaOLHO para o meu reflexo no espelho do banheiro. Para a mulher que me olha de volta com seus olhos escuros e perdidos.— Quem é você? — questiono em voz alta. Minha única resposta é o silêncio que domina a casa por completo.Eu não sei o que fazer. A casa está limpa, a comida pronta, as roupas lavadas. Não há nada com o que eu possa me ocupar.Henrique está há nove dias fora. Viajando para não sei onde. Nenhuma ligação. Nada que me dê alguma pista de onde ele possa estar. Não que fosse diferente se ele estivesse aqui. Apenas o silêncio seria preenchido por algumas conversas aleatórias sobre o seu trabalho e nossas famílias. Nada além disso.Sinto falta da época em que ele me tocava. Mesmo sabendo que fazia somente por uma obrigação conjugal. Gostava de fingir que seria como nos filmes. Que ele chegaria do escritório e viria correndo para os meus braços dizendo o quanto sentiu minha falta e como estava louco para me ter. Mas não era a
CamilaHENRIQUE envolve seus braços em minha cintura e eu aninho meu corpo bem próximo ao seu na espreguiçadeira de madeira escura da varanda. O céu azul juntamente com o calor gostoso do sol fazem a tarde ficar ainda mais prazerosa somada ao homem que tenho ao meu lado. Ele aproxima seu rosto do meu de um modo que sua barba roça levemente em meu pescoço, me fazendo fechar os olhos com a delícia da sensação. Volto meu rosto em sua direção, acaricio sua mandíbula delicadamente e capturo seus lábios aos meus, mordendo seu lábio inferior. Henrique cede seu abraço em mim e sobe sua mão para a minha nuca, aprofundando ainda mais o beijo. Afasto-me ofegante, aproximo meus lábios de seu ouvido e sussurro:— Vem me pegar — peço, e em seguida salto da espreguiçadeira, correndo para a entrada do chalé. Henrique sorri divertido e vem com passos largos até mim.— Você quer brincar, é? — questiona com um sorriso malicioso nos lábios.— Vem aqui — digo ao e