Henrique
PRESSIONO minhas mãos sobre a bunda de Camila e a trago para ainda mais perto de mim, passando minha língua por sua clavícula e distribuindo beijos em seu pescoço. Ela joga a sua cabeça para trás, facilitando o meu acesso.
Não é somente o sexo que nos une. Na verdade, acredito que nunca foi. Nós não teríamos ido contra a tudo que acreditamos se não houvesse sentimento desde o início. Até porque eu também estou fechando os meus olhos para muitas coisas. Eu fui criado para ter uma única mulher e ser completamente fiel a ela. Uma mulher que correspondesse às expectativas da minha mãe, que seguisse os preceitos da nossa religião, e principalmente, vivesse em função da família. Não achava essas coisas corretas, mas também nunca contestei nada. É desse modo que minha mãe sempre levou sua vida e a mãe de Cristina também. Elas me pareciam felizes desse jeito, então por que contestar? Mas estando agora com Camila e vendo sua determinação em seguir sua vida da forma coCristinaOLHO para o meu reflexo no espelho do banheiro. Para a mulher que me olha de volta com seus olhos escuros e perdidos.— Quem é você? — questiono em voz alta. Minha única resposta é o silêncio que domina a casa por completo.Eu não sei o que fazer. A casa está limpa, a comida pronta, as roupas lavadas. Não há nada com o que eu possa me ocupar.Henrique está há nove dias fora. Viajando para não sei onde. Nenhuma ligação. Nada que me dê alguma pista de onde ele possa estar. Não que fosse diferente se ele estivesse aqui. Apenas o silêncio seria preenchido por algumas conversas aleatórias sobre o seu trabalho e nossas famílias. Nada além disso.Sinto falta da época em que ele me tocava. Mesmo sabendo que fazia somente por uma obrigação conjugal. Gostava de fingir que seria como nos filmes. Que ele chegaria do escritório e viria correndo para os meus braços dizendo o quanto sentiu minha falta e como estava louco para me ter. Mas não era a
CamilaHENRIQUE envolve seus braços em minha cintura e eu aninho meu corpo bem próximo ao seu na espreguiçadeira de madeira escura da varanda. O céu azul juntamente com o calor gostoso do sol fazem a tarde ficar ainda mais prazerosa somada ao homem que tenho ao meu lado. Ele aproxima seu rosto do meu de um modo que sua barba roça levemente em meu pescoço, me fazendo fechar os olhos com a delícia da sensação. Volto meu rosto em sua direção, acaricio sua mandíbula delicadamente e capturo seus lábios aos meus, mordendo seu lábio inferior. Henrique cede seu abraço em mim e sobe sua mão para a minha nuca, aprofundando ainda mais o beijo. Afasto-me ofegante, aproximo meus lábios de seu ouvido e sussurro:— Vem me pegar — peço, e em seguida salto da espreguiçadeira, correndo para a entrada do chalé. Henrique sorri divertido e vem com passos largos até mim.— Você quer brincar, é? — questiona com um sorriso malicioso nos lábios.— Vem aqui — digo ao e
HenriqueDESPERTO com os primeiros raios de sol que invadem a janela do quarto. Camila está deitada, com seu corpo nu junto ao meu; sua cabeça apoiada em meu peitoral despido. Dou um beijo casto em sua testa e afago levemente o seu cabelo. Ela se remexe devagar e põe sua perna sobre a minha, me mantendo ainda mais preso a ela.Depois de duas semanas dormindo com ela em meus braços, sentindo o calor do seu corpo e sendo presenteado por seu sorriso manhoso ao acordar, eu não quero nem pensar na ideia de não tê-la comigo, de não ser ela a primeira pessoa que meus olhos vislumbrem ao despertar.A forma como se entregou para mim ontem, sua demonstração do quanto confia em mim... Sei que não gosta de dizer que me ama porque para ela isso seria admitir que precisa de mim. Mas suas atitudes valem mais do que qualquer palavra.Neste pouco tempo que estamos juntos, eu percebi detalhes e pequenas coisas sobre Camila que nunca notei em Cristina. Como o modo que ela fi
CamilaLUIGI olha para mim com brilho nos olhos, como se estivesse esperando que eu me jogue em seus braços. Eu até faria isso se Henrique não estivesse mantendo seu abraço em minha cintura tão firmemente. Volto meus olhos para ele e o encontro medindo Luigi da cabeça aos pés, como um macho alfa espreitando o seu adversário.Eu conheci Luigi há dois anos atrás. Ele já era amigo de Caíque há algum tempo, que fez a ponte entre nós dois. Luigi é um bom homem e sabe tratar uma mulher como ninguém. Seu sorriso cativante, seu sotaque italiano e seus olhos e cabelos negros chamam a atenção de qualquer mulher que o veja. Mas não é só isso. Seu coração é ainda mais bonito que o seu corpo. Sua generosidade e seu respeito pelas pessoas foram o que me fez admirá-lo. Relutei em ficarmos juntos por saber que ele queria muito mais que apenas uma noite, e isso, eu não estava disposta a ter com homem nenhum. Pelo menos não até conhecer Henrique.— Mi sei mancato, affetto —
CamilaSINTO dedos roçarem carinhosamente a minha face. Pisco algumas vezes e tento me adaptar à luz natural que envolve o ambiente, focando meus olhos em Henrique, que me observa com um sorriso doce nos lábios.— Bom dia, meu amor — diz ao trazer seu corpo ao meu encontro e depositar um beijo em minha testa.— Bom dia — respondo com minha voz um pouco sonolenta. — Quanto tempo faz que você acordou?— Tempo suficiente para contemplar seu sono — fala acariciando novamente o meu rosto com a ponta dos seus dedos.Lembro-me de quando Henrique falou ontem que acordaria mais vezes antes de mim para velar o meu sono. Fiquei feliz em ouvir isso, mas tomada pela decepção ao me recordar que no dia seguinte seria com Cristina que ele acordaria, e, no entanto, é ao meu lado que ele está novamente. E amanhã? É ao lado dela que ele irá acordar? A bile vem à minha garganta com esse simples pensamento.Henrique olha para mim com o semb
HenriqueACENO rapidamente para os dois seguranças que me cumprimentam quando saio do elevador, e conduzo meus passos pelo extenso corredor do escritório Veiga & Lopes. As salas estão quase todas com suas portas fechadas, demonstrando que boa parte dos advogados associados já iniciaram o seu dia de trabalho.Eu e Marcone montamos o escritório do zero, financiados pelo dinheiro que recebemos com os estágios remunerados que fazíamos ainda na faculdade e das consultorias que prestávamos à empresas de pequeno porte. Foi difícil no começo. Dois advogados empresariais que queriam ter seu próprio escritório, com autonomia para escolher as empresas que gostariam de trabalhar sem necessariamente estarem vinculados a uma única. Ajudamos empresas praticamente falidas a voltarem a crescer em pouco tempo, e, desse modo, conquistamos o nosso espaço no mercado. Hoje, além de outros advogados empresariais, contamos também com advogados de outras áreas.Laís levanta-se de sua m
Camila— POR favor, que seja negativo — repito várias vezes na minha cabeça. Sinto como se o chão estivesse se abrindo sobre os meus pés; como se a gravidade estivesse sendo roubada de mim. Minha mãe e Bruna estão sentadas ao meu lado. Ambas seguram minhas mãos firmemente. Nós estamos há duas malditas horas no consultório de Leila esperando pelo resultado do exame Beta HCG. — Por favor, que seja negativo — volto a repetir.Leila adentra ao consultório com um envelope branco em mãos. Toma seu lugar em frente a nós, me dando seu sorriso gentil. Ela ajudou minha mãe a trazer-me ao mundo e é minha ginecologista desde a minha adolescência. Sei que deve está me achando uma irresponsável, apesar de não ter me criticado. Como eu pude esquecer de tomar a injeção? Ela abre o envelope e direciona seus olhos castanho-claros por todo o conteúdo do papel, esboçando um leve sorriso.— Parabéns, Camila — deseja olhando fixamente para mim. — O exame deu positivo. Você está
Cristina— APENAS respire — falo mentalmente. — Apenas respire. Não consigo fazer com que minhas lágrimas cessem. É como se o mundo estivesse desabando sobre mim. O meu mundo está ruindo. E o pior é ter a consciência que, de certa forma, eu já esperava por isso, e mesmo assim deixei acontecer.Quando Henrique começou a me contar tudo fez sentido. Vislumbrei na minha cabeça todos os acontecimentos das últimas semanas. Desde a noite em que ele chegou muito tarde à sua explosão no almoço da casa de sua mãe. Foi tudo tão rápido. Aconteceu ao alcance dos meus olhos e eu não fiz nada para impedir.— Mas o que você poderia fazer? — questiona uma vozinha na minha cabeça. — O que você teria feito, Cristina? — Nada. Pura e simplesmente nada. Poucas vezes tomei atitudes por mim mesma na minha vida. As únicas ocasiões em que realmente lutei por algo foram para conseguir fazer minha graduação em Serviço Social, que acabei desistindo no sexto semestre, e