Capítulo 2

Paulina prefere acreditar que conseguiria lidar com uma patroa problemática. Faria o seu trabalho com perfeição e tentaria ignorar a mulher a sua frente, afinal não pretendia ficar muito tempo ali.

— O seu quarto será ao lado do quarto da minha filha, mas isso é apenas para você não dar desculpa de deixa-la chorando, não é para pensar ser importante por estar em um dos quartos de hóspede. Eu não sei cuidar de criança e com você aqui, não há necessidade de eu aprender, afinal de contas estará sendo paga para isso, e acredito que será muito bem paga — Paulina prefere nada dizer, apenas ouviria. Queria saber onde a louca daquela mãe iria chegar — Como babá, usará uniforme e não usará maquiagem, nada de unhas pintadas, e quando Henrique vier aqui, mantenha distância, ele estará sempre aqui para ver a filha, mas quando isso acontecer eu mesma cuidarei de Eduarda, e outra coisa — Sofia a olha de cima a baixo — Mantenha esses cabelos presos e não use essas joias baratas — Sofia fala olhando para o cordão que Paulina usava.

— Sim, senhora — Paulina responde, olhando para o cordão que Sofia ostentava, ela sente vontade de ri pois, com certeza Sofia não conhecia joias.

Depois de mais algumas orientações absurdas, Paulina sobe as escadas levando a sua única mala. Ali estava todas as coisas de Paulina Santos, Paulina Albuquerque havia definitivamente ficado para trás, mas um dia ela sabia que teria que voltar e enfrentar as pessoas que estava deixando para trás, não havia como apagá-las de sua vida.

Aos 23 anos Paulina era uma recém formada em psicologia, seu objetivo era abrir o seu próprio consultório, mas tanto o seu pai, quanto o seu marido a desmotivaram, dizendo que não precisava trabalhar, já que estava casada com um homem rico que lhe dava tudo.

Nunca imaginou que o seu pai fosse concordar com tal absurdo, mas parecia que ele era uma outra pessoa, pois, desde que conheceu Gonçalo, passou a concordar com tudo o que o genro dizia. Gonçalo, Paulina suspira desanimada ao pensar no seu ex marido, pensou que quando se casassem ele fosse mudar, mas se houve mudança, foi para pior, pois se tornou um marido ainda mais ciumento e crítico.

João, a quem chamava de pai, era na verdade o seu padrasto, ele havia se casado com sua mãe quando Paulina ainda era uma adolescente, e não foi dificil para ela chamá-lo de pai, pelo carinho e atenção que ele sempre lhe deu. Seu pai verdadeiro era falecido, mas ela não podia reclamar de ter sido criada sem pai, pois João soube ocupar bem esse lugar.

Paulina nunca havia sido pobre, mas a riqueza de Gonçalo Albuquerque era muito maior do que a riqueza de João Maia, mas no momento, ela pouco se importava com a riqueza daqueles dois, preferindo ser apenas Paulina Santos, sobrenome que havia herdado da mãe, que sempre foi uma mulher simples, que nunca se importou em demonstrar o que tinha, ela apenas se adquava ao ambiente onde estivesse.

Gonçalo havia sido o seu primeiro amor, os pais dele eram amigos de João, e o casal sempre teve o apoio das famílias, por isso quando anunciaram o casamento foi comemoração dos dois lados. Gonçalo sempre foi ciumento, não gostava que Paulina tivesse amizades masculinas, mas quando namorados ainda era capaz de suportar, mas quando se casaram ele praticamente quis proibir Paulina de ter amigos, mas ela apenas ignorou as suas falacões, talvez por isso ele passou a criticá-la em tudo o que fazia.

Quando decidiu fazer trabalhos voluntários, foi duramente criticada, seu pai por dizer que ela precisava dar atenção ao marido e Gonçalo por dizer que era perca de tempo cuidar de crianças que não eram nada dela, chegando a dizer que teriam filhos para ela se dedicar a eles e assim não teria necessidade de sair de casa para fazer um trabalho ridículo como o que estava fazendo.

Aos poucos as brigas foram ficando constantes, Gonçalo a criticava por querer fazer cursos, ele a criticava quando dizia que iria trabalhar fora, criticava por ela fazer visitas a orfanatos, criticava até mesmo quando ela se vestia mais despojada, e assim o relacionamento deles foi se desgastando, ao ponto dela nem sentir vontade de voltar para casa, até que um dia ela disse que queria se separar, a princípio Gonçalo se negou a dar o divórcio, mas depois de Paulina sair de casa ele acabou aceitando, mas com isso ela precisou se afastar da família, pois todos a criticavam, por Gonçalo ter alegado que ela o abandonou por ter se envolvido com outra pessoa, ela negou, mas parecia que a familia e os amigos em comum estavam todos contra ela.

Depois de dois meses de separação ela pensou que os pais deixariam de julgá-la mas estava enganada, a última vez que foi visitá-los, foi embora prometendo não mais voltar, pois só soube escutar que Gonçalo não merecia o que ela fez. O pai dela ainda teve coragem de dizer que o desprezo dela pelo marido era pior que a traição. Os seus argumentos de nada serviram como defesa própria, apenas serviram para inocentar Gonçalo, que era visto como o marido apaixonado, sendo esse o motivo para tanto ciúmes.

Depois da separação ela continuou recebendo convites para alguns eventos onde Gonçalo estava, e alguns ainda a chamavam de Paulina Albuquerque, a deixando possessa, pois todos sabiam que eles não eram mais um casal, mas parecia que as pessoas não queriam que ela deixasse de ser uma Albuquerque, isso tudo a fez se sentir cansada por tanta hipocrisia e com determinação decidiu mudar o curso de sua história.

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