Paulina prefere acreditar que conseguiria lidar com uma patroa problemática. Faria o seu trabalho com perfeição e tentaria ignorar a mulher a sua frente, afinal não pretendia ficar muito tempo ali.
— O seu quarto será ao lado do quarto da minha filha, mas isso é apenas para você não dar desculpa de deixa-la chorando, não é para pensar ser importante por estar em um dos quartos de hóspede. Eu não sei cuidar de criança e com você aqui, não há necessidade de eu aprender, afinal de contas estará sendo paga para isso, e acredito que será muito bem paga — Paulina prefere nada dizer, apenas ouviria. Queria saber onde a louca daquela mãe iria chegar — Como babá, usará uniforme e não usará maquiagem, nada de unhas pintadas, e quando Henrique vier aqui, mantenha distância, ele estará sempre aqui para ver a filha, mas quando isso acontecer eu mesma cuidarei de Eduarda, e outra coisa — Sofia a olha de cima a baixo — Mantenha esses cabelos presos e não use essas joias baratas — Sofia fala olhando para o cordão que Paulina usava. — Sim, senhora — Paulina responde, olhando para o cordão que Sofia ostentava, ela sente vontade de ri pois, com certeza Sofia não conhecia joias. Depois de mais algumas orientações absurdas, Paulina sobe as escadas levando a sua única mala. Ali estava todas as coisas de Paulina Santos, Paulina Albuquerque havia definitivamente ficado para trás, mas um dia ela sabia que teria que voltar e enfrentar as pessoas que estava deixando para trás, não havia como apagá-las de sua vida. Aos 23 anos Paulina era uma recém formada em psicologia, seu objetivo era abrir o seu próprio consultório, mas tanto o seu pai, quanto o seu marido a desmotivaram, dizendo que não precisava trabalhar, já que estava casada com um homem rico que lhe dava tudo. Nunca imaginou que o seu pai fosse concordar com tal absurdo, mas parecia que ele era uma outra pessoa, pois, desde que conheceu Gonçalo, passou a concordar com tudo o que o genro dizia. Gonçalo, Paulina suspira desanimada ao pensar no seu ex marido, pensou que quando se casassem ele fosse mudar, mas se houve mudança, foi para pior, pois se tornou um marido ainda mais ciumento e crítico. João, a quem chamava de pai, era na verdade o seu padrasto, ele havia se casado com sua mãe quando Paulina ainda era uma adolescente, e não foi dificil para ela chamá-lo de pai, pelo carinho e atenção que ele sempre lhe deu. Seu pai verdadeiro era falecido, mas ela não podia reclamar de ter sido criada sem pai, pois João soube ocupar bem esse lugar. Paulina nunca havia sido pobre, mas a riqueza de Gonçalo Albuquerque era muito maior do que a riqueza de João Maia, mas no momento, ela pouco se importava com a riqueza daqueles dois, preferindo ser apenas Paulina Santos, sobrenome que havia herdado da mãe, que sempre foi uma mulher simples, que nunca se importou em demonstrar o que tinha, ela apenas se adquava ao ambiente onde estivesse. Gonçalo havia sido o seu primeiro amor, os pais dele eram amigos de João, e o casal sempre teve o apoio das famílias, por isso quando anunciaram o casamento foi comemoração dos dois lados. Gonçalo sempre foi ciumento, não gostava que Paulina tivesse amizades masculinas, mas quando namorados ainda era capaz de suportar, mas quando se casaram ele praticamente quis proibir Paulina de ter amigos, mas ela apenas ignorou as suas falacões, talvez por isso ele passou a criticá-la em tudo o que fazia. Quando decidiu fazer trabalhos voluntários, foi duramente criticada, seu pai por dizer que ela precisava dar atenção ao marido e Gonçalo por dizer que era perca de tempo cuidar de crianças que não eram nada dela, chegando a dizer que teriam filhos para ela se dedicar a eles e assim não teria necessidade de sair de casa para fazer um trabalho ridículo como o que estava fazendo. Aos poucos as brigas foram ficando constantes, Gonçalo a criticava por querer fazer cursos, ele a criticava quando dizia que iria trabalhar fora, criticava por ela fazer visitas a orfanatos, criticava até mesmo quando ela se vestia mais despojada, e assim o relacionamento deles foi se desgastando, ao ponto dela nem sentir vontade de voltar para casa, até que um dia ela disse que queria se separar, a princípio Gonçalo se negou a dar o divórcio, mas depois de Paulina sair de casa ele acabou aceitando, mas com isso ela precisou se afastar da família, pois todos a criticavam, por Gonçalo ter alegado que ela o abandonou por ter se envolvido com outra pessoa, ela negou, mas parecia que a familia e os amigos em comum estavam todos contra ela. Depois de dois meses de separação ela pensou que os pais deixariam de julgá-la mas estava enganada, a última vez que foi visitá-los, foi embora prometendo não mais voltar, pois só soube escutar que Gonçalo não merecia o que ela fez. O pai dela ainda teve coragem de dizer que o desprezo dela pelo marido era pior que a traição. Os seus argumentos de nada serviram como defesa própria, apenas serviram para inocentar Gonçalo, que era visto como o marido apaixonado, sendo esse o motivo para tanto ciúmes. Depois da separação ela continuou recebendo convites para alguns eventos onde Gonçalo estava, e alguns ainda a chamavam de Paulina Albuquerque, a deixando possessa, pois todos sabiam que eles não eram mais um casal, mas parecia que as pessoas não queriam que ela deixasse de ser uma Albuquerque, isso tudo a fez se sentir cansada por tanta hipocrisia e com determinação decidiu mudar o curso de sua história.Paulina entra em seu novo quarto, não era grande, mas era confortável. Ela abre o armário e lá estavam alguns cabides com roupas rosa, Paulina balança a cabeça em negação, o uniforme não era nada bonito. A última vez que usou uniforme foi quando estava no ensino médio, pensa pegando um uniforme para vestir depois do banho. Antes de entrar no banheiro, ela se olha no espelho. Se acha diferente, mas não se sentia incomodada com isso, pelo contrário, se sentia satisfeita com a imagem que via. Vestia uma calça Jeans, e uma camisa creme com os primeiros botões abertos. Nos pés uma sapatilha confortável. Suas roupas eram comuns mas não foram baratas, poucos saberiam disso, mas seria melhor visitar uma loja de departamento e comprar coisas mais simples para a sua nova vida, pensa decidida. Os seus cabelos estavam soltos e ela sabia que eles eram bonitos e sedosos, e talvez tenha sido isso que desagradou a patroa. Paulina tira o seu cordão barato, como Sofia havia pensado e, o guarda em
Paulina soube exatamente quando a avó de Eduarda foi embora, pois o seu nome nunca foi por tantas vezes gritado. — Toma essa criança, estou morta de cansada, nunca imaginei que um ser tão pequeno desse tanto trabalho — Paulina foi chamada assim que Lurdes vai embora, Sofia parecia não suportar mais se passar por boa mãe. — Recém nascidos não dão trabalho, já que eles geralmente dormem muito e só acordam para mamar. — Se ela chorar dê leite, já mamou muito por hoje — Sofia fala jogando os cabelos para o lado — Você está sendo paga para isso, cuidar dela. Minha sogra disse que você tem experiência, mas se não provar que tem, terei que dizer a ela sobre sua incompetência. — Senhora, a sua bebê ainda é muito pequena, tem apenas poucos dias, por isso o melhor é continuar a alimentando com o leite materno — A vontade que Paulina tinha era dizer: "Então boa sorte, se vira, porque eu estou indo embora" mas se fizesse tal coisa, com certeza sobraria para a coitada da Ivone que teria q
Com a atitude dele, Paulina sente vontade de ri, não havia com o que se preocupar, ninguém a reconheceria vestida com aquele uniforme, com os cabelos presos em um coque e sem nenhuma maquiagem, não podia estar mais diferente do que sempre foi. —Bom dia, senhor — Paulina o cumprimenta para diminuir a tensão.— Bom dia — O homem se aproxima com as mãos no bolso — Me chamo Henrique — Paulina enfim conhece o pai de Eduarda, mas o estranho foi ele não se apresentar como pai.— Quer pegar ela um pouco? — Paulina pergunta, ao ver ele olhando Eduarda sem mais nada dizer, mas a pergunta o faz dar um passo para trás — Eu o ajudo. — Não, não é necessário — Henrique pareceria não saber o que fazer ali, era como se ele estivesse ali apenas por obrigação — Eu preciso ir, mas antes... — Henrique passar as mãos pelos cabelos e vai até o berço vazio e meche em um dos enfeites. Paulina apenas o observa, e sem muito esforço, nota que a alegria estava a quilômetros de distância daquele homem, sua postu
Paulina tinha a curiosidade de saber o que realmente tinha acontecido entre Henrique e Sofia, eles pareciam nem se conhecerem, e ela se pergunta como eles foram parar na cama? As vezes ela ria dos seus próprios pensamentos, ao tentar adivinhas as coisas as quais não lhe dizia respeito. Pela atitude de Henrique não foi dificil deduzir que um dia a situação mudaria, ela até achava que estava demorando, Eduarda já estava com quase cinco anos, e ele ainda se passava por pai dela. Mas um dia as coisas mudaram e o que Sofia menos esperava aconteceu. Ela chegou em casa com muita raiva, gritando com todos que encontrava pela frente e numa explosão de ódio, mandou todos os funcionários irem para as suas casas, até Paulina ela mandou ir, dizendo aos gritos que não precisava dela para cuidar da própria filha, mesmo a contragosto, Paulina pegou a sua bolsa e foi embora, ela aproveitou essa folga para se encontrar com a mãe, já que praticamente ela não tinha tempo livre. — Paulina o que pensa
Enquanto isso, em um lugar muito distante de onde Paulina estava, um homem trabalhava em seu escritório quando alguém entra em sua sala sem bater. — Bom Dia, senhor presidente, me desculpe não ter vindo antes, mas como sabe, a minha vida não é fácil — Uma mulher alta e esguia abraça esse homem por trás, com ele ainda sentado — Parabéns pelo novo cargo, eu sabia que você um dia se sentaria nessa cadeira. — Bom Dia Giulia — Ele se põe de pé aceitando o abraço que a mulher lhe dava — Pensei que ainda estivesse em viagem, só o trabalho que a faz se esquecer de mim — Ele fala rindo — Convencido. Mas não posso negar o que acabou de dizer, e se quer saber, acabei de chegar e quis te fazer uma surpresa, acreditei que estivesse com saudade — Giulia o abraça pelo pescoço — Mas me diz como se sente como presidente de uma empresa? — Como eu sempre me senti em relação ao trabalho, com a diferença de que no meu cargo anterior, o peso da responsabilidade era menor. — Espero que na minha
O jantar com Giulia foi divertido e animado como todas as vezes. A noite estava sendo perfeita, mas Erick precisava ir embora, ele não gostava de passar a noite fora, dizia que o melhor lugar para dormir era em sua confortável cama. — Você com essa mania de ir para casa, parece até que alguém está te esperando. — Eu gosto da minha cama, apenas isso... — Se ela é tão confortável assim, podia me convidar para experimentar — Giulia o provoca — Preciso saber se o que diz é verdade. — Eu preciso ir, já está tarde. — Se Martina não fosse uma senhora, pensaria que são amantes. — Se Martina te ouvisse, iria te expulsar lá de casa. — Você dá muita ousadia para ela, parece até que ela é a dona da casa, ela é apenas uma governanta. — Ela é uma grande amiga — Erick se levanta indo para banheiro, deixando Giulia sozinha na cama. Já era tarde quando ele chega em casa, e Martina já não o esperava como sempre fazia. Ele vai até o seu quarto e depois de trocar de roupa, vestindo
No Brasil Paulina pôde ver Sofia totalmente desequilibrada, por ser obrigada a deixar a casa onde moravam. Paulina tentava evita a todo custo que Eduarda visse as cenas que a mãe fazia, mas era dificil evitar todas, pois Sofia não se importava da filha estar por perto, e costumava bradar que Henrique era o culpado por tudo aquilo que estava lhe acontecendo, e nessa hora as palavras chulas não faltavam. Um dia Sofia gritou com Eduarda, e quando Paulina tentou afastar uma criança assustada de perto da mãe, ouviu dela uma pergunta que lhe cortou o coração. — O papai não gosta mais de mim? — Essa foi a pergunta que Eduarda fez a mãe que sem nenhuma compaixão responde da pior maneira. — Ele nunca gostou de você, garota. Nunca! — Essa foi a resposta que ela ouviu da própria mãe, que parecia não se importar de entristecer a filha. — Mentira! — Criança boba... — Vêm Eduarda, vamos para o seu quarto. — Ela precisa saber a verdade — Sofia se aproxima de Paulina a fuzilado com
A calmaria logo foi embora e Paulina entrou em desespero ao ver Sofia entrar no apartamento fora de si, pedindo que Paulina arrumasse as coisas de Eduarda as pressas, alegando que elas precisavam sair dali o mais rápido possível. — O que está acontecendo dona Sofia? — Pergunta preocupada. — Não me faça perguntas, apenas faça o que estou mandando. Pegue apenas o necessário, precisamos sair daqui, o quanto antes. — Mas senhora, para onde vamos? — Paulina percebe que as coisas haviam se agravado e sente medo, não por ela, mas pela sua pequena Eduarda que brincava inocente, alheia ao que estava acontecendo. Sofia deixa cair a gaveta que havia acabado de abrir, causando um barulho alto, mas ela pouco se importa com isso, e olhando para Paulina grita com ódio. — CALA ESSA BOCA, QUE INFERNO!!! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME QUESTIONAR? — Sofia volta a pegar as coisas da filha — SERÁ QUE ESTÁ SURDA, NÃO TEMOS TEMPO A PERDER, ARRUME LOGO AS SUAS COISAS E AS DE EDUARDA. — Mas é que Eduar