Capítulo 4

Paulina soube exatamente quando a avó de Eduarda foi embora, pois o seu nome nunca foi por tantas vezes gritado.

— Toma essa criança, estou morta de cansada, nunca imaginei que um ser tão pequeno desse tanto trabalho — Paulina foi chamada assim que Lurdes vai embora, Sofia parecia não suportar mais se passar por boa mãe.

— Recém nascidos não dão trabalho, já que eles geralmente dormem muito e só acordam para mamar.

— Se ela chorar dê leite, já mamou muito por hoje — Sofia fala jogando os cabelos para o lado — Você está sendo paga para isso, cuidar dela. Minha sogra disse que você tem experiência, mas se não provar que tem, terei que dizer a ela sobre sua incompetência.

— Senhora, a sua bebê ainda é muito pequena, tem apenas poucos dias, por isso o melhor é continuar a alimentando com o leite materno — A vontade que Paulina tinha era dizer: "Então boa sorte, se vira, porque eu estou indo embora" mas se fizesse tal coisa, com certeza sobraria para a coitada da Ivone que teria que ser a arrumadeira, cozinheira e babá, isso se ela também não desistisse de trabalhar na casa — Se a senhora autorizar, eu comprarei uma bombinha para retirar o leite, assim eu poderei amamenta-la na mamadeira e também será bom para a senhora, pois vejo que tem muito leite e precisa retirar para que não sinta dor.

— Se for para facilitar a minha vida, compre isso o mais rápido possível e resolva esse problema. Eu só não quero ouvir essa criança chorando toda a hora.

— Vou fazer o pedido agora mesmo e enquanto espero, vou dar um banho nela.

— Pague essa bombinha que me falou com o seu dinheiro, o pai dela quando vier te reembolsa, eu não vou gastar o meu dinheiro comprando coisas para ela, isso é responsabilidade dele que é o pai.

Paulina nem se dá o trabalho de responder, ela sobe as escadas com Eduarda no colo que dormia feito um anjinho. Ao chegar no quarto ela enfim pode acalentar aquele serzinho tão inocente, que não fazia ideia da mãe que tinha. Quanto ao pai, não parecia ser muito presente, mas talvez fosse devido ao trabalho, Paulina pensa não querendo ser injusta .

Paulina pega a mãozinha da pequena Eduarda, que na mesma hora lhe segura o dedo, como se tivesse encontrado algo em que pudesse se apegar. O que seria daquela criança tendo uma mãe como Sofia? Essa pergunta faz o coração de Paulina se entristecer, nenhuma criança merecia ser rejeitada.

— Oi coisinha linda — Eduarda como se soubesse que alguém falava com ela, abre os olhos — Você acordou? É meu amorzinho, acordou? Você é tão linda, me empresta esses olhos? — Os olhos de Eduarda era de um verde tão intenso, que pareciam duas esmeraldas e Paulina fica encantada. Ela era loira como a mãe, mas os seus cabelos eram quase brancos de tão loiros — Sabia que se eu tirar uma foto sua vai parecer ser uma boneca, de tão perfeita que você é? Vamos tomar um banho, vamos? Trocar essa fralda, pois sua mãe parece não saber o que é isso — Paulina por um momento esquece que estava ali a trabalho era como se estivesse lidando com as mesmas crianças que a fez se dedicar a aprender a cuidar delas, crianças órfãs e desamparadas.

Paulina dá banho em Eduarda com todo o cuidado, e depois do banho Eduarda reclama, talvez ela quisesse mamar novamente para voltar a dormir, mas o melhor seria não incomodar a patroa, por isso Paulina a faz dormir e corre para pegar a bombinha que já haviam entregado. Depois de higienizar as pressas, ela vai até Sofia, que aceita a sua ajuda, mas, como não podia deixar de ser, dá ordem para que não a acordasse de madrugada.

A bombinha foi a solução para as reclamações de Sofia, mas isso fez com que Eduarda passasse a ser ignorada ainda mais pela mãe. A atitude de Sofia não incomodava Paulina, mas ela sabia que aquela atitude podia causar um trauma na criança, e isso a fez estudar meios para que isso não acontecesse, fazendo ela esquecer dos seus propósitos de permanecer ali por pouco tempo como babá.

Os dias se passavam e Eduarda passava praticamente todo o tempo com ela, o pai ainda não havia aparecido e isso só fez Paulina ter certeza de que não havia um relacionamento entre ele e Sofia, mas Sofia parecia querer demonstrar que eles eram um casal.

Eduarda sentiu cólica, mas isso não foi motivo para Paulina incomodar Sofia, se fizesse isso talvez ela mandasse dar qualquer remédio para a filha, por isso Paulina usou de seus conhecimentos para amenizar o sofrimento da criança. Sua sorte foi ter aprendido o que fazer nessa situação, e as massagens que fazia e outros procedimentos que tinha aprendido, ajudava a aliviar a cólica da criança, que geralmente dormia sobre o seu colo.

Um certo dia, Paulina ouviu Sofia gritando ao telefone, não foi difícil saber com quem ela falava, pois pode ouvir Sofia criticar por ele rejeitar a própria filha, sentiu vontade de ri, pois era muita hipocrisia, quem ela era para falar de rejeição, quando mesmo morando na mesma casa rejeitava a filha? O propósito das cobranças não era para que o tal Henrique fosse ver a filha, mas sim, para que Sofia pudesse vê-lo.

Numa certa manhã, Paulina estava cuidando de Eduarda quando um homem muito bonito entra no quarto. Ele a olha com os seus olhos escuros, e Paulina acredita já ter o visto antes, com certeza ele não lhe era estranho. Ela engole em seco com medo dele reconhecê-la, provavelmente se conheceram em alguma festa, ela pensa temerosa, mas quando ele desvia os olhos, dando atenção a Eduarda, Paulina respira aliviada.

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