A calmaria logo foi embora e Paulina entrou em desespero ao ver Sofia entrar no apartamento fora de si, pedindo que Paulina arrumasse as coisas de Eduarda as pressas, alegando que elas precisavam sair dali o mais rápido possível.
— O que está acontecendo dona Sofia? — Pergunta preocupada. — Não me faça perguntas, apenas faça o que estou mandando. Pegue apenas o necessário, precisamos sair daqui, o quanto antes. — Mas senhora, para onde vamos? — Paulina percebe que as coisas haviam se agravado e sente medo, não por ela, mas pela sua pequena Eduarda que brincava inocente, alheia ao que estava acontecendo. Sofia deixa cair a gaveta que havia acabado de abrir, causando um barulho alto, mas ela pouco se importa com isso, e olhando para Paulina grita com ódio. — CALA ESSA BOCA, QUE INFERNO!!! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME QUESTIONAR? — Sofia volta a pegar as coisas da filha — SERÁ QUE ESTÁ SURDA, NÃO TEMOS TEMPO A PERDER, ARRUME LOGO AS SUAS COISAS E AS DE EDUARDA. — Mas é que Eduarda está assustada... — Ela ficará ainda mais, se você não fizer o que eu estou mandando — Eduarda, que havia se assustado com o barulho da gaveta, ao ver a mãe gritando com Paulina, começa a chorar, mas isso só faz irritar ainda mais Sofia que grita com ela — CALA ESSA BOCA EDUARDA! PARE DE CHORAR, OU VAI CHORAR COM RAZÃO. Paulina se aproxima da criança e sorri para ela, lhe enxugando as lágrimas, tentando demonstrar que estava tudo bem. Ela tenta acalmá-la e Sofia sai do quarto batendo a porta com raiva. — Vai ficar tudo bem, meu amorzinho, eu prometo! Eu vou sempre estar com você, não precisa ficar assustada — Eduarda se agarra ao pescoço de Paulina, mas com paciência Paulina a acalma e assim, ela decide juntar apenas o que não podia ficar para tras. Com as malas prontas, elas saem do apartamento as pressas e Sofia as leva para um hotel. Paulina cada vez entende menos o que está acontecendo, mas ao ouvir que a ordem para elas irem para o hotel partiu de Henrique, ela fica mais despreocupada. — Não ligue para mim em hipótese alguma, aconteça o que acontecer, não me ligue — Essa foi a ordem de Sofia ao deixá-las no quarto. Quando Sofia sai, Paulina aproveita para dar um banho em Eduarda e lhe vestir uma roupa bem bonita, ela gostava de estar sempre arrumada, e com laços na cabeça, por isso Paulina faz questão de escolherem juntas o laço que ela usaria, e aproveita para dizer que iriam passear pelo hotel, que era grande e luxuoso. Paulina entra no banheiro para tomar um banho rápido, deixando Eduarda assistindo TV, e enquanto toma banho ela pensa na situação que estava vivendo. Mais uma vez estava hospedada em um hotel, mas diferente das últimas vezes que esteve em um, ela não estava sozinha, estava com aquela que mudou a sua vida, que a fez deixar definitivamente para trás a sua vida de jovem rica. As vezes ela até esquecia que não precisava do salário que entrava em sua conta todo mês, já estava tão acostumada a ser tratada como a babá de Eduarda que não conseguia pensar em deixar de ser, o sonho do ter o seu próprio consultório havia ficado para trás, mesmo que ao se candidatar aquele vaga tenha pensado em aproveitar o tempo para se planejar, mas ali estava ela no meio de uma confusão. Eduarda logo consegue ver o lado bom das coisas, o hotel era excelente e oferecia entretenimento para as crianças e foi isso que ajudou Paulina a distrai-la. Paulina não tinha noção do que estava acontecendo, pensou até mesmo em ligar para Henrique, já que ele sempre demonstrou preocupação com Eduarda, mas mudou de ideia. A reserva havia sido feita em sem nome, mas não corria o risco de não ter como pagar a estadia, mesmo sendo um hotel caro não havia perigo de não ter como ela mesma pagar, por isso achou melhor esperar os acontecimentos futuros. Sofia não apareceu e nem mandou noticias, mas para surpresa de Paulina, a mãe de Sofia, bateu à porta do quarto, dizendo que iria requerer a guarda de Eduarda, pois a filha não tinha mais condições de cuidar de uma criança, Paulina quase riu ao ouvir o que a mulher diz, pois Sofia nunca havia cuidado da filha, sempre a ignorou, lhe dando atenção apenas quando era conveniente. Depois de ouvir o que Sandra lhe conta a respeito da própria filha, acredita que o melhor para Eduarda é ficar com a avó que demonstrava sinceridade em relação a preocupação que tinha com a neta. Com certeza, como avó, faria de tudo para protegê-la, assim como ela havia feito até ali como babá. Paulina pensa que talvez estivesse na hora de voltar a ser quem era, o mais difícil seria esquecer o seu amorzinho, como chamava Eduarda. Chegou a sentir uma dor no coração, só em pensar na possibilidade de deixar de vê-la. Nunca pensou em se apegar tanto a uma criança, mas sabia ser por ter lidado com ela como uma mãe lida com uma filha. Quando Eduarda a abraçava sabia ser por ela se sentir segura em seus braços, e que mesmo sem entender, Eduarda a via como uma mãe. Mesmo sem perceber, Paulina sorri, pois tudo o que ela mais queria era que Eduarda fosse a sua filha, a primeira providência seria levá-la para um lugar onde ela pudesse ser apenas criança. Poderiam se vestir iguais e sairem de mãos dadas, poderiam tomar sorvete, e irem ao parque de diversão. Iriam fazer tantas coisas juntas, que Eduarda talvez apagasse da memória os momentos traumáticos que que vivia.As coisas pareciam estar longe de se normalizarem, estando Sandra com elas no hotel, chega também a mãe do filho de Henrique, filho que Paulina nem sabia existir. A mulher era séria e de pouco falar, mas não parecia ser uma má pessoa, e pelo que ouviu da conversa entre ela e Sandra, soube que era a namorada de Henrique na época que ele se envolveu com Sofia. Paulina percebe que a confusão era muito maior do que parecia ser, todos estavam envolvidos como se estivessem em uma teia. Não sabia como as coisas acabariam, mas tudo levava a crer que não seria da melhor forma, e isso deixou Paulina ainda mais aflita, por desconhecer os próximos passos de Sofia e o tal Sebastian que parecia ser quem coordenava toda a situação. Elas ainda estavam na suíte, quando Sofia chega e o clima se torna tenso quando ela vê quem também está ali. Paulina sabendo que as coisas se complicariam, decide levar Eduarda para brincar, e elas passam por Sofia que nem para a filha olha. Quando Paulina volta pa
ALGUNS DIAS ANTES Erick estava em seu escritório lendo alguns relatórios quando o seu telefone toca, era um número desconhecido, mas ao ver a identificação, soube ser uma chamada do Brasil. Ele atende acreditando ser uma ligação do irmão, já que ele era o único que tinha o seu contato. — Alô! — Erick atende dando uma pausa na leitura que fazia mas, ao ouvir o que a pessoa do outro lado diz, ele se recosta na cadeira sem acreditar. — O seu nome era o contato que havia nas coisas do seu irmão, para avisar em caso de emergência. — Como foi que ele morreu? — Erick pergunta ainda em choque. — Ele sofreu um acidente, o carro em que estava bateu de frente com um caminhão... A pessoa continua dando as informações sem Erick interromper, ele custava a acreditar naquela fatalidade. Depois de ouvir todas as informações necessárias, ele se põe de pé, sem querer acreditar no que havia acabado de ouvir. Era triste saber que depois de tantos anos sem ver o irmão, voltaria a vê-lo sem vi
Sofia sempre foi uma mulher bonita e mesmo vestida como estava, as roupas não conseguiam esconder a sua beleza. Apesar de sua bela aparência, Erick conseguiu fugir de seu assédio o quanto pode, mas depois do que havia lhes acontecido, ele prometeu a si mesmo que fugiria ainda mais da aparência do mal, pensava ele ao olhar para ela ali a sua frente. Erick permanece na porta, mas era como se Sofia ainda não acreditasse que ele estivesse ali. — Erick!? O que faz aqui? — Sofia pergunta surpresa, ao vê-lo ali depois de tantos anos. — O apartamento é meu, esqueceu? — Apesar da pergunta, Erick não foi grosseiro. — Não, não esqueci e provavelmente você veio me expulsar — Sofia responde, acreditando ser esse o único motivo que o faria procurar por ela. — Posso entrar? — Sofia se afasta da porta, permitindo que ele entrasse no apartamento — Pensei que fosse ao enterro de Sebastian. — Prefiro ter na memória a imagem dele vivo — Sofia esfrega um dos braços para tentar se aquecer, sabe
Sofia se aproxima ainda mais de Erick, ficando quase colada a ele, ela o olha nos olhos, como se o pedido fosse muito importante para ela. — Eduarda sendo a sua filha ou sobrinha, cuide dela para que ela seja uma pessoa como você ou minha mãe, não a deixe se tornar uma Sofia da vida... — O pedido de Sofia o surpreende, pois, por mais que ela demonstrasse não se importar com a filha, parecia ter algum sentimento por ela. — Não se preocupe, eu cuidarei de Eduarda junto com a sua mãe. — Obrigada — Sofia se afasta e fica olhando o vazio. — Preciso ir agora, você vai ficar bem? — Está tudo bem, sei que ele continuará cuidando de mim, como sempre foi. Erick não concorda com o que Sofia diz, mas Sebastian não estava mais ali, e se ela acreditava no que estava dizendo, ele não tentaria mudar essa convicção, talvez acreditar nisso a fizesse feliz. — Esse apartamento é seu, irei t
Em poucas horas Erick chega ao destino, um bairro simples mas com belas casas. Não demora a encontrar o número e como a casa era com muros alto e portão fechado ele toca a companhia, é Sandra mesmo que lhe atende. — Erick, há quanto tempo — Sandra o cumprimenta com um abraço — Meus sentimentos. — Obrigado Sandra, posso te chamar assim? — É claro, não precisamos de formalidades. Venha, entre! — Ao entrar Erick vê que Sandra morava em uma bela casa, ele fica feliz, por ela ter melhorado de vida — Você não mudou nada, ou melhor, parece estar ainda mais bonito — Sandra fala rindo — Eduarda não está em casa, ela foi visitar uma escola com Paulina. — Paulina? — Erick pergunta por não se lembrar daquele nome. — Paulina é a babá de Eduarda, ela cuida dela desde que nasceu. Elas não devem demorar, foram cedo, mas provavelmente Paulina a levou para brincar em algum lugar, ela adora levar Eduarda para passear. — Na verdade, é
Sandra conta toda a história maléfica que Sebastian e Sofia arquitetaram e o desfecho de tudo. Erick apenas escuta, decepcionado ainda mais com o irmão, que ainda tinha tido coragem de se apresentar a Eduarda como pai, mas Sebastian parecia não saber o que essa palavra significava e isso faz Erick sentir raiva do próprio irmão que já estava morto. — Como pode ver, Eduarda teve dois pais quando na verdade não teve nenhum. Por isso, eu te peço que pense muito bem antes de se apresentar a ela como um novo pai, eu acho que ela já teve pai demais. — Mas o que você me aconselha a fazer? Se eu realmente for o pai dela, vou querer que ela me chame de pai, não vou negar à ela esse direito e nem a mim de ouví-la me chamando assim, eu também serei aquele que irei amá-la e protegê-la de tudo que possa lhe causar algum sofrimento — Erick se sente ainda mais responsável por Eduarda — Mesmo que eu não seja o pai, quero ser essa presença na vida dela. — Eduarda tem Paulina que é a mãe que Sofia
Era a primeira vez, depois da separação que Paulina sentia o coração disparar daquele jeito e aquele frio na barriga, mas ela preferia justificar sendo nervosismo, mesmo sem ter um motivo cabível, pois, ser o tio de Eduarda não era motivo para tanto. Ela pensa, mas aquele olhar, aquele sorriso, a fazia querer suspirar. Ao apertar a mão de Erick sentiu como se uma corrente elétrica percorresse o seu corpo, quando os seus olhares se encontraram, sentiu o coração disparar e o rosto queimar, sabendo que ficou vermelha, desvia o olhar, puxando a mão, tentando evitar que ele perceba o efeito que lhe causa. Há quanto tempo ela não namorava? Há quanto tempo ela não transava? Já devia estar virgem novamente. Ainda com esses pensamentos ela vê Erick a encarando e sente o rosto queimar ainda mais, como se ele fosse capaz de ler o seus pensamentos. — Tudo bem para você? — Erick pergunta a ela e ela não sabe nem mesmo o que responder. A que ele
Ao se despedir de Eduarda, Erick não se contem e a pega no colo, deixando Paulina encantada por ver como Eduarda estava feliz e como se sentia a vontade com ele. Paulina continua os observando e sorri ao ver que os dois haviam se dado bem, mesmo ele sendo um desconhecido, havia uma sintonia visível entre os dois e, Paulina podia ver o brilho que existia nos olhos de Erick que parecia estar vivendo um sonho, talvez por ser um desejo dele se ser pai e acreditar que Eduarda realmente fosse a sua filha. Já em seu quarto, Paulina não consegue deixar de pensar no homem que despertou nela emoções há muito tempo adormecidas. O que estava acontecendo com ela? Como podia continuar pensando em alguém que nem conhecia direito? Se pergunta, mas sem deixar de pensar nele. Sabia que Erick, mesmo dando atenção a Eduarda, percebeu o seu olhar sobre ele, e embora ela quisesse desviar o olhar, não foi capaz, mas quis acreditar que só queria ter certeza que ele não fingia ser quem não era, estava a