Capítulo 3

Paulina entra em seu novo quarto, não era grande, mas era confortável. Ela abre o armário e lá estavam alguns cabides com roupas rosa, Paulina balança a cabeça em negação, o uniforme não era nada bonito. A última vez que usou uniforme foi quando estava no ensino médio, pensa pegando um uniforme para vestir depois do banho.

Antes de entrar no banheiro, ela se olha no espelho. Se acha diferente, mas não se sentia incomodada com isso, pelo contrário, se sentia satisfeita com a imagem que via. Vestia uma calça Jeans, e uma camisa creme com os primeiros botões abertos. Nos pés uma sapatilha confortável. Suas roupas eram comuns mas não foram baratas, poucos saberiam disso, mas seria melhor visitar uma loja de departamento e comprar coisas mais simples para a sua nova vida, pensa decidida. Os seus cabelos estavam soltos e ela sabia que eles eram bonitos e sedosos, e talvez tenha sido isso que desagradou a patroa.

Paulina tira o seu cordão barato, como Sofia havia pensado e, o guarda em uma caixinha, aproveita para guardar junto o anel de ouro que usava, esse anel era o único que usava sem se preocupar em tirar. Na pequena caixa estavam outras joias, por isso ela pensa em guardar a caixa no fundo do armário, mas muda de ideia, se a patroa encontrasse com certeza diria ser joias baratas.

Já pronta, vestida com o seu uniforme rosa, ela desce as escadas , encontrando Sofia, sem muita paciência, tentando acalmar a filha que chorava a todos pulmões.

— Por que demorou tanto para aparecer? Vai me dizer que já está cansada?

— Me desculpe senhora...

— Não é pedido de desculpas que eu preciso, e sim de alguém útil nessa casa. Tome essa criança, e vê se a faz parar de chorar.

— A senhora já a amamentou?

— Inúmeras vezes, não acredito que ainda esteja com fome, e se estiver dê leite a ela na mamadeira, pois os meus seios não aguentam mais.

— A senhora precisa dar de mamar, ela está com fome, mas não posso dar qualquer leite para ela.

— Uma vez só não vai matar. Faça o que eu digo — Sofia fala impaciente, mas para a sorte de Eduarda a campainha toca e uma avó desesperada corre para socorrer a neta.

— Meu Deus, o que está acontecendo? Vem com a vovó, querida — A avó se aproxima para pegar a neta no colo.

— Ela está com fome... — Paulina responde já pronta para dizer que a mãe mandou dar leite na mamadeira.

— Eu agora não posso nem mais ir ao banheiro. Vem com a mamãe, filha — Paulina fica sem reação, vendo Sofia lhe arrancar a criança dos braços para amamentar, era muito fingimento para uma pessoa só, pensa olhando para Sofia sem acreditar que fosse a mesma pessoa de alguns segundos antes — Veja como ela suga com vontade.

— Vejo que os uniformes ficaram um pouco largo, pensei ter solicitado o número certo.

— Está perfeito, assim é que deve ser, afinal de contas cuidar de criança com roupas apartadas não é muito confortável.

— Você tem razão — Lurdes se senta ao lado de Sofia que olha para Paulina com um olhar de satisfação, mas Paulina se mantém neutra.

— Paulina, pode esperar na cozinha, a avó de Eduarda veio nos visitar e não há necessidade de você ficar aqui na sala escutando a conversa.

— Com licença — Paulina prefere ignorar as falas preconceituosas da patroa, só tinha pena da criança. A mãe, pelo visto, iria querer distância da filha.

Ela pensa nas crianças que chegavam nos orfanatos, a maioria eram órfãs, mas alguns eram bebês rejeitados pela mãe. Lidar com esse tipo de situação a fazia querer ajudar, não apenas as crianças e as pessoas que trabalhavam com elas, mas as mães que as vezes se arrependiam da atitude tomada e batiam em porta e porta a procura dos filhos. Era gratificante ver uma mãe desesperada ir embora mais calma, lhe agradecendo por ter lhe emprestado os ouvidos. Mas geralmente quando chegava em casa encontrava Gonçalo irritado, e dele só ouvia críticas e conselhos que não queria ouvir.

Paulina vai em direção onde acreditava ser a cozinha e lá encontra uma senhora que parecia não estar muito satisfeita.

— Olá.

— Oi — A mulher responde sem lhe dar muita atenção.

— Sou Paulina, a babá.

— Ivone, eu sou a empregada contratada para cuidar da limpeza — A mulher dessa vez sorri, mostrando a colher de pau que segurava — Mas como pode ver, hoje sou a cozinheira. A patroa me mandou preparar o almoço, isso porque a cozinheira desistiu antes mesmo de começar.

— Nem vou perguntar o motivo — As duas riem por não ser necessário responder.

— Como eu preciso do trabalho e o salário é bom, não vou me dar a esse luxo. Vou considerar ser por ela estar de resguardo — Ivone fala mais simpática — A mulher parece louca, disse para eu me fazer de invisível quando o pai da criança vier aqui.

Elas continuam conversando banalidades e durante a permanência da avó de Eduarda na casa, Paulina não foi chamada e ela aproveita para almoçar junto com Ivone, isso depois de Ivone servir a patroa e a visita, mas Sofia fez questão de não se afastar da filha, mesmo durante o almoço, isso para demonstrar ser uma mãe dedicada.

Comer na cozinha para Paulina não era nenhum problema, o importante era comer, fosse na sala, na cozinha, ou em qualquer outro lugar da casa, pensa rindo, ao imaginar Gonçalo a vendo ali na cozinha comendo com a empregada e como empregada da casa.

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