Paulina entra em seu novo quarto, não era grande, mas era confortável. Ela abre o armário e lá estavam alguns cabides com roupas rosa, Paulina balança a cabeça em negação, o uniforme não era nada bonito. A última vez que usou uniforme foi quando estava no ensino médio, pensa pegando um uniforme para vestir depois do banho.
Antes de entrar no banheiro, ela se olha no espelho. Se acha diferente, mas não se sentia incomodada com isso, pelo contrário, se sentia satisfeita com a imagem que via. Vestia uma calça Jeans, e uma camisa creme com os primeiros botões abertos. Nos pés uma sapatilha confortável. Suas roupas eram comuns mas não foram baratas, poucos saberiam disso, mas seria melhor visitar uma loja de departamento e comprar coisas mais simples para a sua nova vida, pensa decidida. Os seus cabelos estavam soltos e ela sabia que eles eram bonitos e sedosos, e talvez tenha sido isso que desagradou a patroa. Paulina tira o seu cordão barato, como Sofia havia pensado e, o guarda em uma caixinha, aproveita para guardar junto o anel de ouro que usava, esse anel era o único que usava sem se preocupar em tirar. Na pequena caixa estavam outras joias, por isso ela pensa em guardar a caixa no fundo do armário, mas muda de ideia, se a patroa encontrasse com certeza diria ser joias baratas. Já pronta, vestida com o seu uniforme rosa, ela desce as escadas , encontrando Sofia, sem muita paciência, tentando acalmar a filha que chorava a todos pulmões. — Por que demorou tanto para aparecer? Vai me dizer que já está cansada? — Me desculpe senhora... — Não é pedido de desculpas que eu preciso, e sim de alguém útil nessa casa. Tome essa criança, e vê se a faz parar de chorar. — A senhora já a amamentou? — Inúmeras vezes, não acredito que ainda esteja com fome, e se estiver dê leite a ela na mamadeira, pois os meus seios não aguentam mais. — A senhora precisa dar de mamar, ela está com fome, mas não posso dar qualquer leite para ela. — Uma vez só não vai matar. Faça o que eu digo — Sofia fala impaciente, mas para a sorte de Eduarda a campainha toca e uma avó desesperada corre para socorrer a neta. — Meu Deus, o que está acontecendo? Vem com a vovó, querida — A avó se aproxima para pegar a neta no colo. — Ela está com fome... — Paulina responde já pronta para dizer que a mãe mandou dar leite na mamadeira. — Eu agora não posso nem mais ir ao banheiro. Vem com a mamãe, filha — Paulina fica sem reação, vendo Sofia lhe arrancar a criança dos braços para amamentar, era muito fingimento para uma pessoa só, pensa olhando para Sofia sem acreditar que fosse a mesma pessoa de alguns segundos antes — Veja como ela suga com vontade. — Vejo que os uniformes ficaram um pouco largo, pensei ter solicitado o número certo. — Está perfeito, assim é que deve ser, afinal de contas cuidar de criança com roupas apartadas não é muito confortável. — Você tem razão — Lurdes se senta ao lado de Sofia que olha para Paulina com um olhar de satisfação, mas Paulina se mantém neutra. — Paulina, pode esperar na cozinha, a avó de Eduarda veio nos visitar e não há necessidade de você ficar aqui na sala escutando a conversa. — Com licença — Paulina prefere ignorar as falas preconceituosas da patroa, só tinha pena da criança. A mãe, pelo visto, iria querer distância da filha. Ela pensa nas crianças que chegavam nos orfanatos, a maioria eram órfãs, mas alguns eram bebês rejeitados pela mãe. Lidar com esse tipo de situação a fazia querer ajudar, não apenas as crianças e as pessoas que trabalhavam com elas, mas as mães que as vezes se arrependiam da atitude tomada e batiam em porta e porta a procura dos filhos. Era gratificante ver uma mãe desesperada ir embora mais calma, lhe agradecendo por ter lhe emprestado os ouvidos. Mas geralmente quando chegava em casa encontrava Gonçalo irritado, e dele só ouvia críticas e conselhos que não queria ouvir. Paulina vai em direção onde acreditava ser a cozinha e lá encontra uma senhora que parecia não estar muito satisfeita. — Olá. — Oi — A mulher responde sem lhe dar muita atenção. — Sou Paulina, a babá. — Ivone, eu sou a empregada contratada para cuidar da limpeza — A mulher dessa vez sorri, mostrando a colher de pau que segurava — Mas como pode ver, hoje sou a cozinheira. A patroa me mandou preparar o almoço, isso porque a cozinheira desistiu antes mesmo de começar. — Nem vou perguntar o motivo — As duas riem por não ser necessário responder. — Como eu preciso do trabalho e o salário é bom, não vou me dar a esse luxo. Vou considerar ser por ela estar de resguardo — Ivone fala mais simpática — A mulher parece louca, disse para eu me fazer de invisível quando o pai da criança vier aqui. Elas continuam conversando banalidades e durante a permanência da avó de Eduarda na casa, Paulina não foi chamada e ela aproveita para almoçar junto com Ivone, isso depois de Ivone servir a patroa e a visita, mas Sofia fez questão de não se afastar da filha, mesmo durante o almoço, isso para demonstrar ser uma mãe dedicada. Comer na cozinha para Paulina não era nenhum problema, o importante era comer, fosse na sala, na cozinha, ou em qualquer outro lugar da casa, pensa rindo, ao imaginar Gonçalo a vendo ali na cozinha comendo com a empregada e como empregada da casa. .Paulina soube exatamente quando a avó de Eduarda foi embora, pois o seu nome nunca foi por tantas vezes gritado. — Toma essa criança, estou morta de cansada, nunca imaginei que um ser tão pequeno desse tanto trabalho — Paulina foi chamada assim que Lurdes vai embora, Sofia parecia não suportar mais se passar por boa mãe. — Recém nascidos não dão trabalho, já que eles geralmente dormem muito e só acordam para mamar. — Se ela chorar dê leite, já mamou muito por hoje — Sofia fala jogando os cabelos para o lado — Você está sendo paga para isso, cuidar dela. Minha sogra disse que você tem experiência, mas se não provar que tem, terei que dizer a ela sobre sua incompetência. — Senhora, a sua bebê ainda é muito pequena, tem apenas poucos dias, por isso o melhor é continuar a alimentando com o leite materno — A vontade que Paulina tinha era dizer: "Então boa sorte, se vira, porque eu estou indo embora" mas se fizesse tal coisa, com certeza sobraria para a coitada da Ivone que teria q
Com a atitude dele, Paulina sente vontade de ri, não havia com o que se preocupar, ninguém a reconheceria vestida com aquele uniforme, com os cabelos presos em um coque e sem nenhuma maquiagem, não podia estar mais diferente do que sempre foi. —Bom dia, senhor — Paulina o cumprimenta para diminuir a tensão.— Bom dia — O homem se aproxima com as mãos no bolso — Me chamo Henrique — Paulina enfim conhece o pai de Eduarda, mas o estranho foi ele não se apresentar como pai.— Quer pegar ela um pouco? — Paulina pergunta, ao ver ele olhando Eduarda sem mais nada dizer, mas a pergunta o faz dar um passo para trás — Eu o ajudo. — Não, não é necessário — Henrique pareceria não saber o que fazer ali, era como se ele estivesse ali apenas por obrigação — Eu preciso ir, mas antes... — Henrique passar as mãos pelos cabelos e vai até o berço vazio e meche em um dos enfeites. Paulina apenas o observa, e sem muito esforço, nota que a alegria estava a quilômetros de distância daquele homem, sua postu
Paulina tinha a curiosidade de saber o que realmente tinha acontecido entre Henrique e Sofia, eles pareciam nem se conhecerem, e ela se pergunta como eles foram parar na cama? As vezes ela ria dos seus próprios pensamentos, ao tentar adivinhas as coisas as quais não lhe dizia respeito. Pela atitude de Henrique não foi dificil deduzir que um dia a situação mudaria, ela até achava que estava demorando, Eduarda já estava com quase cinco anos, e ele ainda se passava por pai dela. Mas um dia as coisas mudaram e o que Sofia menos esperava aconteceu. Ela chegou em casa com muita raiva, gritando com todos que encontrava pela frente e numa explosão de ódio, mandou todos os funcionários irem para as suas casas, até Paulina ela mandou ir, dizendo aos gritos que não precisava dela para cuidar da própria filha, mesmo a contragosto, Paulina pegou a sua bolsa e foi embora, ela aproveitou essa folga para se encontrar com a mãe, já que praticamente ela não tinha tempo livre. — Paulina o que pensa
Enquanto isso, em um lugar muito distante de onde Paulina estava, um homem trabalhava em seu escritório quando alguém entra em sua sala sem bater. — Bom Dia, senhor presidente, me desculpe não ter vindo antes, mas como sabe, a minha vida não é fácil — Uma mulher alta e esguia abraça esse homem por trás, com ele ainda sentado — Parabéns pelo novo cargo, eu sabia que você um dia se sentaria nessa cadeira. — Bom Dia Giulia — Ele se põe de pé aceitando o abraço que a mulher lhe dava — Pensei que ainda estivesse em viagem, só o trabalho que a faz se esquecer de mim — Ele fala rindo — Convencido. Mas não posso negar o que acabou de dizer, e se quer saber, acabei de chegar e quis te fazer uma surpresa, acreditei que estivesse com saudade — Giulia o abraça pelo pescoço — Mas me diz como se sente como presidente de uma empresa? — Como eu sempre me senti em relação ao trabalho, com a diferença de que no meu cargo anterior, o peso da responsabilidade era menor. — Espero que na minha
O jantar com Giulia foi divertido e animado como todas as vezes. A noite estava sendo perfeita, mas Erick precisava ir embora, ele não gostava de passar a noite fora, dizia que o melhor lugar para dormir era em sua confortável cama. — Você com essa mania de ir para casa, parece até que alguém está te esperando. — Eu gosto da minha cama, apenas isso... — Se ela é tão confortável assim, podia me convidar para experimentar — Giulia o provoca — Preciso saber se o que diz é verdade. — Eu preciso ir, já está tarde. — Se Martina não fosse uma senhora, pensaria que são amantes. — Se Martina te ouvisse, iria te expulsar lá de casa. — Você dá muita ousadia para ela, parece até que ela é a dona da casa, ela é apenas uma governanta. — Ela é uma grande amiga — Erick se levanta indo para banheiro, deixando Giulia sozinha na cama. Já era tarde quando ele chega em casa, e Martina já não o esperava como sempre fazia. Ele vai até o seu quarto e depois de trocar de roupa, vestindo
No Brasil Paulina pôde ver Sofia totalmente desequilibrada, por ser obrigada a deixar a casa onde moravam. Paulina tentava evita a todo custo que Eduarda visse as cenas que a mãe fazia, mas era dificil evitar todas, pois Sofia não se importava da filha estar por perto, e costumava bradar que Henrique era o culpado por tudo aquilo que estava lhe acontecendo, e nessa hora as palavras chulas não faltavam. Um dia Sofia gritou com Eduarda, e quando Paulina tentou afastar uma criança assustada de perto da mãe, ouviu dela uma pergunta que lhe cortou o coração. — O papai não gosta mais de mim? — Essa foi a pergunta que Eduarda fez a mãe que sem nenhuma compaixão responde da pior maneira. — Ele nunca gostou de você, garota. Nunca! — Essa foi a resposta que ela ouviu da própria mãe, que parecia não se importar de entristecer a filha. — Mentira! — Criança boba... — Vêm Eduarda, vamos para o seu quarto. — Ela precisa saber a verdade — Sofia se aproxima de Paulina a fuzilado com
A calmaria logo foi embora e Paulina entrou em desespero ao ver Sofia entrar no apartamento fora de si, pedindo que Paulina arrumasse as coisas de Eduarda as pressas, alegando que elas precisavam sair dali o mais rápido possível. — O que está acontecendo dona Sofia? — Pergunta preocupada. — Não me faça perguntas, apenas faça o que estou mandando. Pegue apenas o necessário, precisamos sair daqui, o quanto antes. — Mas senhora, para onde vamos? — Paulina percebe que as coisas haviam se agravado e sente medo, não por ela, mas pela sua pequena Eduarda que brincava inocente, alheia ao que estava acontecendo. Sofia deixa cair a gaveta que havia acabado de abrir, causando um barulho alto, mas ela pouco se importa com isso, e olhando para Paulina grita com ódio. — CALA ESSA BOCA, QUE INFERNO!!! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME QUESTIONAR? — Sofia volta a pegar as coisas da filha — SERÁ QUE ESTÁ SURDA, NÃO TEMOS TEMPO A PERDER, ARRUME LOGO AS SUAS COISAS E AS DE EDUARDA. — Mas é que Eduar
As coisas pareciam estar longe de se normalizarem, estando Sandra com elas no hotel, chega também a mãe do filho de Henrique, filho que Paulina nem sabia existir. A mulher era séria e de pouco falar, mas não parecia ser uma má pessoa, e pelo que ouviu da conversa entre ela e Sandra, soube que era a namorada de Henrique na época que ele se envolveu com Sofia. Paulina percebe que a confusão era muito maior do que parecia ser, todos estavam envolvidos como se estivessem em uma teia. Não sabia como as coisas acabariam, mas tudo levava a crer que não seria da melhor forma, e isso deixou Paulina ainda mais aflita, por desconhecer os próximos passos de Sofia e o tal Sebastian que parecia ser quem coordenava toda a situação. Elas ainda estavam na suíte, quando Sofia chega e o clima se torna tenso quando ela vê quem também está ali. Paulina sabendo que as coisas se complicariam, decide levar Eduarda para brincar, e elas passam por Sofia que nem para a filha olha. Quando Paulina volta pa