Capítulo 8

O jantar com Giulia foi divertido e animado como todas as vezes. A noite estava sendo perfeita, mas Erick precisava ir embora, ele não gostava de passar a noite fora, dizia que o melhor lugar para dormir era em sua confortável cama.

— Você com essa mania de ir para casa, parece até que alguém está te esperando.

— Eu gosto da minha cama, apenas isso...

— Se ela é tão confortável assim, podia me convidar para experimentar — Giulia o provoca — Preciso saber se o que diz é verdade.

— Eu preciso ir, já está tarde.

— Se Martina não fosse uma senhora, pensaria que são amantes.

— Se Martina te ouvisse, iria te expulsar lá de casa.

— Você dá muita ousadia para ela, parece até que ela é a dona da casa, ela é apenas uma governanta.

— Ela é uma grande amiga — Erick se levanta indo para banheiro, deixando Giulia sozinha na cama.

Já era tarde quando ele chega em casa, e Martina já não o esperava como sempre fazia. Ele vai até o seu quarto e depois de trocar de roupa, vestindo uma calça de moletom e uma camisa de malha, ele vai até a varanda e fica olhando a noite escura. A casa onde morava era afastada da cidade e ele gostava daquela sensação de paz, sem barulho de carros e sem buzinas, ali se ouvia apenas o silêncio da noite.

Poucas pessoas iam até a sua casa, geralmente a casa vivia em silêncio e as vezes o silêncio o fazia se sentir só, Martina era a sua única companhia, por isso ele não a via como os outros a viam. Martina dizia ser apenas a empregada, os outras a viam como a governanta, mas ele a via como uma amiga, com quem fazia as refeições, com quem conversava e as vezes falava do seu dia de trabalho quando acontecia algo que o deixava aborrecido. De alguma forma ela o fazia lembrar da tia, que fazia o mesmo quando ele ainda morava com ela, o esperava chegar da oficina, e lhe fazia companhia enquanto jantava.

Martina sempre cuidou da casa onde ele morava, mesmo antes dele chegar. A casa era simples, mas aconchegante, e ele gostava de morar ali. Martina dizia que o senhor Munhoz havia comprado o imóvel para ajudar um amigo que estava endividado e, segundo ela, ele só havia ido na casa uma única vez junto com o antigo proprietário. Giulia as vezes passava o dia com ele, mas a noite eles se despediam, ele nunca havia levado mulher alguma para dormir com ele.

Martina foi recontratada pelo senhor Munhoz para continuar cuidando da casa, já que não havia o interesse de alugar o imóvel para fins comerciais. Erick ainda era capaz de lembrar do dia em que chegou ali, cheio de disposição para mostrar serviço. Ao ver a casa ficou feliz por ter um lugar para morar sem precisar pagar aluguel, além disso tinha martina que o ajudou no italiano, sendo paciente em ensiná-lo. Erick sorri com as lembranças.

As vezes a vida parecia ser injusta, mas se não fosse pela vida que teve, não teria chegado onde chegou, pensa ele antes de voltar para o quarto, fechando a porta para evitar o vento frio. Ainda criança viu a mãe ir embora com um outro homem, deixando ele e o irmão de apenas três anos aos cuidados do pai, que trabalhou duro para sustentá-los.

Seu pai foi seu herói, o homem a quem tinha como exemplo. Talvez Sebastian tenha expressado a sua revolta, por ter sido abandonado pela mãe, usando as mulheres com quem se envolvia, as fazendo trair seus maridos, assim como fez a mãe deles, mas diferente do homem com quem a mãe foi embora, Sebastian abandonava as mulheres com quem saia quando a traição era descoberta, a única mulher que ele assumiu foi Sofia. Erick se pergunta se eles ainda estavam juntos, há anos ele não falava com o irmão, a última vez que teve noticias foi quando Sebastian inaugurou a clinica de estética.

Na época ele ficou feliz pela realização do irmão, e quis pensar que o irmão havia mudado, pois já havia tido muita dor de cabeça com ele, e uma das maiores dor de cabeça foi Sebastian ter ficado com Sofia que era mulher de um de seus funcionários. Não podia dizer que eram inimigos, mas amigos nunca foram, apenas quando criança, mas devido a diferença de idade entre eles, não faziam as mesmas coisas juntos, enquanto Sebastian brincava, Erick já ajudava o pai na oficina. Quando o pai morreu Erick e Sebastian foram morar com uma tia, e a criança que brincava, logo deu lugar ao adolescente problemático que matava aula para ficar conversando com a filha da vizinha.

Sua tia morava na casa que o senhor Munhoz tinha no Brasil, onde passava alguns dias de férias. Senhor Munhoz ao conhecer Erick viu nele o potencial de um grande empresário, por isso um certo dia o convidou para juntos abrirem uma empresa, mas ele teria que morar na Itália. Nessa época Erick já havia expandido a pequena marcenaria do pai e comprado uma casa para ele, assim como um apartamento onde permitiu que o irmão morasse com Sofia.

Sem ter nada que o fizesse querer permanecer no Brasil, Erick se desfez de tudo o que tinha, deixando apenas o apartamento com o irmão, e foi embora em busca de seus sonhos. De longe ajudou a tia que os acolheu enquanto ela esteve viva, um infarto fulminate a levou, assim como havia levado o seu pai. Quanto a Sebastian, ele já era um homem e precisava aprender a cuidar da própria vida, já havia ajudado ele a se formar.

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