O jantar com Giulia foi divertido e animado como todas as vezes. A noite estava sendo perfeita, mas Erick precisava ir embora, ele não gostava de passar a noite fora, dizia que o melhor lugar para dormir era em sua confortável cama.
— Você com essa mania de ir para casa, parece até que alguém está te esperando. — Eu gosto da minha cama, apenas isso... — Se ela é tão confortável assim, podia me convidar para experimentar — Giulia o provoca — Preciso saber se o que diz é verdade. — Eu preciso ir, já está tarde. — Se Martina não fosse uma senhora, pensaria que são amantes. — Se Martina te ouvisse, iria te expulsar lá de casa. — Você dá muita ousadia para ela, parece até que ela é a dona da casa, ela é apenas uma governanta. — Ela é uma grande amiga — Erick se levanta indo para banheiro, deixando Giulia sozinha na cama. Já era tarde quando ele chega em casa, e Martina já não o esperava como sempre fazia. Ele vai até o seu quarto e depois de trocar de roupa, vestindo uma calça de moletom e uma camisa de malha, ele vai até a varanda e fica olhando a noite escura. A casa onde morava era afastada da cidade e ele gostava daquela sensação de paz, sem barulho de carros e sem buzinas, ali se ouvia apenas o silêncio da noite. Poucas pessoas iam até a sua casa, geralmente a casa vivia em silêncio e as vezes o silêncio o fazia se sentir só, Martina era a sua única companhia, por isso ele não a via como os outros a viam. Martina dizia ser apenas a empregada, os outras a viam como a governanta, mas ele a via como uma amiga, com quem fazia as refeições, com quem conversava e as vezes falava do seu dia de trabalho quando acontecia algo que o deixava aborrecido. De alguma forma ela o fazia lembrar da tia, que fazia o mesmo quando ele ainda morava com ela, o esperava chegar da oficina, e lhe fazia companhia enquanto jantava. Martina sempre cuidou da casa onde ele morava, mesmo antes dele chegar. A casa era simples, mas aconchegante, e ele gostava de morar ali. Martina dizia que o senhor Munhoz havia comprado o imóvel para ajudar um amigo que estava endividado e, segundo ela, ele só havia ido na casa uma única vez junto com o antigo proprietário. Giulia as vezes passava o dia com ele, mas a noite eles se despediam, ele nunca havia levado mulher alguma para dormir com ele. Martina foi recontratada pelo senhor Munhoz para continuar cuidando da casa, já que não havia o interesse de alugar o imóvel para fins comerciais. Erick ainda era capaz de lembrar do dia em que chegou ali, cheio de disposição para mostrar serviço. Ao ver a casa ficou feliz por ter um lugar para morar sem precisar pagar aluguel, além disso tinha martina que o ajudou no italiano, sendo paciente em ensiná-lo. Erick sorri com as lembranças. As vezes a vida parecia ser injusta, mas se não fosse pela vida que teve, não teria chegado onde chegou, pensa ele antes de voltar para o quarto, fechando a porta para evitar o vento frio. Ainda criança viu a mãe ir embora com um outro homem, deixando ele e o irmão de apenas três anos aos cuidados do pai, que trabalhou duro para sustentá-los. Seu pai foi seu herói, o homem a quem tinha como exemplo. Talvez Sebastian tenha expressado a sua revolta, por ter sido abandonado pela mãe, usando as mulheres com quem se envolvia, as fazendo trair seus maridos, assim como fez a mãe deles, mas diferente do homem com quem a mãe foi embora, Sebastian abandonava as mulheres com quem saia quando a traição era descoberta, a única mulher que ele assumiu foi Sofia. Erick se pergunta se eles ainda estavam juntos, há anos ele não falava com o irmão, a última vez que teve noticias foi quando Sebastian inaugurou a clinica de estética. Na época ele ficou feliz pela realização do irmão, e quis pensar que o irmão havia mudado, pois já havia tido muita dor de cabeça com ele, e uma das maiores dor de cabeça foi Sebastian ter ficado com Sofia que era mulher de um de seus funcionários. Não podia dizer que eram inimigos, mas amigos nunca foram, apenas quando criança, mas devido a diferença de idade entre eles, não faziam as mesmas coisas juntos, enquanto Sebastian brincava, Erick já ajudava o pai na oficina. Quando o pai morreu Erick e Sebastian foram morar com uma tia, e a criança que brincava, logo deu lugar ao adolescente problemático que matava aula para ficar conversando com a filha da vizinha. Sua tia morava na casa que o senhor Munhoz tinha no Brasil, onde passava alguns dias de férias. Senhor Munhoz ao conhecer Erick viu nele o potencial de um grande empresário, por isso um certo dia o convidou para juntos abrirem uma empresa, mas ele teria que morar na Itália. Nessa época Erick já havia expandido a pequena marcenaria do pai e comprado uma casa para ele, assim como um apartamento onde permitiu que o irmão morasse com Sofia. Sem ter nada que o fizesse querer permanecer no Brasil, Erick se desfez de tudo o que tinha, deixando apenas o apartamento com o irmão, e foi embora em busca de seus sonhos. De longe ajudou a tia que os acolheu enquanto ela esteve viva, um infarto fulminate a levou, assim como havia levado o seu pai. Quanto a Sebastian, ele já era um homem e precisava aprender a cuidar da própria vida, já havia ajudado ele a se formar.No Brasil Paulina pôde ver Sofia totalmente desequilibrada, por ser obrigada a deixar a casa onde moravam. Paulina tentava evita a todo custo que Eduarda visse as cenas que a mãe fazia, mas era dificil evitar todas, pois Sofia não se importava da filha estar por perto, e costumava bradar que Henrique era o culpado por tudo aquilo que estava lhe acontecendo, e nessa hora as palavras chulas não faltavam. Um dia Sofia gritou com Eduarda, e quando Paulina tentou afastar uma criança assustada de perto da mãe, ouviu dela uma pergunta que lhe cortou o coração. — O papai não gosta mais de mim? — Essa foi a pergunta que Eduarda fez a mãe que sem nenhuma compaixão responde da pior maneira. — Ele nunca gostou de você, garota. Nunca! — Essa foi a resposta que ela ouviu da própria mãe, que parecia não se importar de entristecer a filha. — Mentira! — Criança boba... — Vêm Eduarda, vamos para o seu quarto. — Ela precisa saber a verdade — Sofia se aproxima de Paulina a fuzilado com
A calmaria logo foi embora e Paulina entrou em desespero ao ver Sofia entrar no apartamento fora de si, pedindo que Paulina arrumasse as coisas de Eduarda as pressas, alegando que elas precisavam sair dali o mais rápido possível. — O que está acontecendo dona Sofia? — Pergunta preocupada. — Não me faça perguntas, apenas faça o que estou mandando. Pegue apenas o necessário, precisamos sair daqui, o quanto antes. — Mas senhora, para onde vamos? — Paulina percebe que as coisas haviam se agravado e sente medo, não por ela, mas pela sua pequena Eduarda que brincava inocente, alheia ao que estava acontecendo. Sofia deixa cair a gaveta que havia acabado de abrir, causando um barulho alto, mas ela pouco se importa com isso, e olhando para Paulina grita com ódio. — CALA ESSA BOCA, QUE INFERNO!!! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME QUESTIONAR? — Sofia volta a pegar as coisas da filha — SERÁ QUE ESTÁ SURDA, NÃO TEMOS TEMPO A PERDER, ARRUME LOGO AS SUAS COISAS E AS DE EDUARDA. — Mas é que Eduar
As coisas pareciam estar longe de se normalizarem, estando Sandra com elas no hotel, chega também a mãe do filho de Henrique, filho que Paulina nem sabia existir. A mulher era séria e de pouco falar, mas não parecia ser uma má pessoa, e pelo que ouviu da conversa entre ela e Sandra, soube que era a namorada de Henrique na época que ele se envolveu com Sofia. Paulina percebe que a confusão era muito maior do que parecia ser, todos estavam envolvidos como se estivessem em uma teia. Não sabia como as coisas acabariam, mas tudo levava a crer que não seria da melhor forma, e isso deixou Paulina ainda mais aflita, por desconhecer os próximos passos de Sofia e o tal Sebastian que parecia ser quem coordenava toda a situação. Elas ainda estavam na suíte, quando Sofia chega e o clima se torna tenso quando ela vê quem também está ali. Paulina sabendo que as coisas se complicariam, decide levar Eduarda para brincar, e elas passam por Sofia que nem para a filha olha. Quando Paulina volta pa
ALGUNS DIAS ANTES Erick estava em seu escritório lendo alguns relatórios quando o seu telefone toca, era um número desconhecido, mas ao ver a identificação, soube ser uma chamada do Brasil. Ele atende acreditando ser uma ligação do irmão, já que ele era o único que tinha o seu contato. — Alô! — Erick atende dando uma pausa na leitura que fazia mas, ao ouvir o que a pessoa do outro lado diz, ele se recosta na cadeira sem acreditar. — O seu nome era o contato que havia nas coisas do seu irmão, para avisar em caso de emergência. — Como foi que ele morreu? — Erick pergunta ainda em choque. — Ele sofreu um acidente, o carro em que estava bateu de frente com um caminhão... A pessoa continua dando as informações sem Erick interromper, ele custava a acreditar naquela fatalidade. Depois de ouvir todas as informações necessárias, ele se põe de pé, sem querer acreditar no que havia acabado de ouvir. Era triste saber que depois de tantos anos sem ver o irmão, voltaria a vê-lo sem vi
Sofia sempre foi uma mulher bonita e mesmo vestida como estava, as roupas não conseguiam esconder a sua beleza. Apesar de sua bela aparência, Erick conseguiu fugir de seu assédio o quanto pode, mas depois do que havia lhes acontecido, ele prometeu a si mesmo que fugiria ainda mais da aparência do mal, pensava ele ao olhar para ela ali a sua frente. Erick permanece na porta, mas era como se Sofia ainda não acreditasse que ele estivesse ali. — Erick!? O que faz aqui? — Sofia pergunta surpresa, ao vê-lo ali depois de tantos anos. — O apartamento é meu, esqueceu? — Apesar da pergunta, Erick não foi grosseiro. — Não, não esqueci e provavelmente você veio me expulsar — Sofia responde, acreditando ser esse o único motivo que o faria procurar por ela. — Posso entrar? — Sofia se afasta da porta, permitindo que ele entrasse no apartamento — Pensei que fosse ao enterro de Sebastian. — Prefiro ter na memória a imagem dele vivo — Sofia esfrega um dos braços para tentar se aquecer, sabe
Sofia se aproxima ainda mais de Erick, ficando quase colada a ele, ela o olha nos olhos, como se o pedido fosse muito importante para ela. — Eduarda sendo a sua filha ou sobrinha, cuide dela para que ela seja uma pessoa como você ou minha mãe, não a deixe se tornar uma Sofia da vida... — O pedido de Sofia o surpreende, pois, por mais que ela demonstrasse não se importar com a filha, parecia ter algum sentimento por ela. — Não se preocupe, eu cuidarei de Eduarda junto com a sua mãe. — Obrigada — Sofia se afasta e fica olhando o vazio. — Preciso ir agora, você vai ficar bem? — Está tudo bem, sei que ele continuará cuidando de mim, como sempre foi. Erick não concorda com o que Sofia diz, mas Sebastian não estava mais ali, e se ela acreditava no que estava dizendo, ele não tentaria mudar essa convicção, talvez acreditar nisso a fizesse feliz. — Esse apartamento é seu, irei t
Em poucas horas Erick chega ao destino, um bairro simples mas com belas casas. Não demora a encontrar o número e como a casa era com muros alto e portão fechado ele toca a companhia, é Sandra mesmo que lhe atende. — Erick, há quanto tempo — Sandra o cumprimenta com um abraço — Meus sentimentos. — Obrigado Sandra, posso te chamar assim? — É claro, não precisamos de formalidades. Venha, entre! — Ao entrar Erick vê que Sandra morava em uma bela casa, ele fica feliz, por ela ter melhorado de vida — Você não mudou nada, ou melhor, parece estar ainda mais bonito — Sandra fala rindo — Eduarda não está em casa, ela foi visitar uma escola com Paulina. — Paulina? — Erick pergunta por não se lembrar daquele nome. — Paulina é a babá de Eduarda, ela cuida dela desde que nasceu. Elas não devem demorar, foram cedo, mas provavelmente Paulina a levou para brincar em algum lugar, ela adora levar Eduarda para passear. — Na verdade, é
Sandra conta toda a história maléfica que Sebastian e Sofia arquitetaram e o desfecho de tudo. Erick apenas escuta, decepcionado ainda mais com o irmão, que ainda tinha tido coragem de se apresentar a Eduarda como pai, mas Sebastian parecia não saber o que essa palavra significava e isso faz Erick sentir raiva do próprio irmão que já estava morto. — Como pode ver, Eduarda teve dois pais quando na verdade não teve nenhum. Por isso, eu te peço que pense muito bem antes de se apresentar a ela como um novo pai, eu acho que ela já teve pai demais. — Mas o que você me aconselha a fazer? Se eu realmente for o pai dela, vou querer que ela me chame de pai, não vou negar à ela esse direito e nem a mim de ouví-la me chamando assim, eu também serei aquele que irei amá-la e protegê-la de tudo que possa lhe causar algum sofrimento — Erick se sente ainda mais responsável por Eduarda — Mesmo que eu não seja o pai, quero ser essa presença na vida dela. — Eduarda tem Paulina que é a mãe que Sofia