Capítulo 5

Com a atitude dele, Paulina sente vontade de ri, não havia com o que se preocupar, ninguém a reconheceria vestida com aquele uniforme, com os cabelos presos em um coque e sem nenhuma maquiagem, não podia estar mais diferente do que sempre foi.

—Bom dia, senhor — Paulina o cumprimenta para diminuir a tensão.

— Bom dia — O homem se aproxima com as mãos no bolso — Me chamo Henrique — Paulina enfim conhece o pai de Eduarda, mas o estranho foi ele não se apresentar como pai.

— Quer pegar ela um pouco? — Paulina pergunta, ao ver ele olhando Eduarda sem mais nada dizer, mas a pergunta o faz dar um passo para trás — Eu o ajudo.

— Não, não é necessário — Henrique pareceria não saber o que fazer ali, era como se ele estivesse ali apenas por obrigação — Eu preciso ir, mas antes... — Henrique passar as mãos pelos cabelos e vai até o berço vazio e meche em um dos enfeites. Paulina apenas o observa, e sem muito esforço, nota que a alegria estava a quilômetros de distância daquele homem, sua postura era de alguém ansioso e indeciso, e seria capaz de dizer que ele estivesse se sentindo um fracassado — Eu gostaria de te fazer um pedido.

— Em que posso ajudar? — Paulina decide perguntar depois de minutos de silêncio.

— Cuide bem dela — Henrique põe as mãos no bolso novamente e olha para Eduarda — O que ela precisar, é só falar comigo — Paulina aceita o cartão pessoal que ele lhe entrega — Ela não merece ter os pais que tem — As palavras são ditas como um desabafo, por isso Paulina opta por apenas ouvir em silêncio — Eu não confio na mãe dela, e como eu não moro aqui, preciso de alguém que a proteja — Paulina confima com a cabeça — Obrigado! — O homem fica olhando para Eduarda sem nenhuma expressão, não saberia dizer o motivo de tamanha tristeza, mas algo havia acontecido que havia o destruído por dentro — Qual o seu nome? Me desculpe, a minha mãe me disse, mas eu confesso que esqueci.

— Paulina, me chamo Paulina — Não havia necessidade de dizer sobrenomes, ali, ela era apenas a babá.

— Paulina, não deixe de me ligar se precisar de algo — Sem dizer mais nada Henrique vai embora.

Depois que o homem sai do quarto, não demora para Paulina escutar a voz de Sofia o chamando desesperadamente, e poucos minutos depois ela entra no quarto possessa, evidenciando que as coisas não foram como planejou.

— Quando o pai de Eduarda vier aqui, corra e vá me chamar. Está me ouvindo? Eu cuido de Eduarda quando ele estiver aqui, quanto a você, mantenha distância.

— Me desculpe, senhora...

— O que queria? Cobrar o que gastou com aquela m*****a bomba de tirar leite? É tão pobre assim que não podia esperar?

— Não foi isso, senhora, mas é que...

— Não existe mas. Aprenda a obdecer, da próxima vez me chame, fácil assim.

— Sim senhora — O melhor a se fazer era se calar e deixar Sofia pensar que mandava em alguma coisa, Paulina pensa irônica.

Paulina via Eduarda crescendo cada dia mais esperta, e já reconhecia a sua voz ao falar com ela, a deixando imensamente feliz. Quando Lurdes ia visitar a neta, Eduarda chorava por ter que ficar com a mãe, estranhando o colo da própria mãe, era como se ela já soubesse que não era amada, pois Sofia só era mãe quando a avó ia visitar a neta.

Aos poucos Paulina ia conseguindo desvendar os problemas que envolvia aquela família, e pode ver que Sofia não tinha nenhuma sentimento bom, nem pela filha e nem por ninguém, sendo capaz de chorar e sorrir com a facilidade de uma boa atriz. Isso a fazia se apegar ainda mais a Eduarda, por saber que ela precisaria muito de seu amor para crescer sem traumas e feliz.

Depois da primeira visita de Henrique, demorou para ele aparecer novamente, e como da outra vez ele chegou muito cedo e fez a mesma coisa, se aproximou de Eduarda, mas não esboçou nenhum interesse em pegá-la no colo, nem mesmo falar ele falava, apenas a observava, o que ele não sabia era que também estava sendo observado, e não demorou para Paulina notar que suas atitudes era por não acreditar que ele fosse o pai daquela criança.

Mesmo a contragosto, Paulina passou a fazer o que Sofia havia lhe ordenado, mas se o objetivo era ter aproximação com o suposto pai de Eduarda, o efeito foi inverso, pois a presença de Sofia só o fazia ir embora mais depressa. Entretanto a mulher continuava implorando atenção, mesmo sendo rejeitada por ele, que nem para ela olhava.

Os anos se passaram e o que era para ser por pouco tempo, se transformou em anos, pois Paulina não teve coragem de abandonar Eduarda, que só saia de perto dela quando Sofia a levava para visitar os avós, instruindo a criança a ser como ela, pedia para Eduarda mentir dizendo estar com saudade do pai, mas Paulina sabia não ser verdade, pois Eduarda nem se quer perguntava por ele, apenas ficava feliz quando o via, mas Sofia parecia ser uma pessoa que não costumava desistir de algo e usaria a quem pudesse para obter o que queria.

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