2- Nicole Santoro.

Sorrio quando ela surta mais uma vez dizendo que o pai dela está a enlouquecendo com o planejamento da festa de aniversário de Amanda, que vai ocorrer daqui umas semanas. A pequena vai fazer apenas um aninho de vida, mas a comemoração vai virar notícia graças ao avô babão, tenho certeza. Como tudo na vida de Nat.

Quando chego no meu carro, jogo a bolsa no banco do passageiro e dirijo até o barzinho em que combinei de me encontrar com Oliver, um amigo com benefícios com quem estou envolvida sexualmente há um bom tempo. Ele é uma ótima companhia, divertido, inteligente e ainda me come de forma satisfatória, então tenho um combo muito bom em uma pessoa só.

Mandei mensagem para ele mais cedo, dizendo que ia me atrasar por causa do meu chefe carrasco, e Oliver entendeu, respondendo que ia me esperar porque a noite é uma criança. É provável que já esperasse que eu não fosse chegar no horário, porque não é a primeira vez que me atraso pelo mesmo motivo.

Assim que estaciono um pouco distante do bar lotado porque não tem vaga mais perto, desço o espelhinho do carro e retoco o batom com um vermelho que sempre tenho na minha bolsa. Desfaço o rabo de cavalo firme e assanho os cabelos, passando os dedos nos cachos naturais das pontas.

Ignoro quando noto um fio de cabelo branco no meio dos pretos, torcendo para que o estresse que passo com Valentin não me envelheça rápido demais. Só tenho vinte e cinco anos, por favor! Não é hora de ter isso ainda!

— Gostosa demais — murmuro para minha imagem no espelho e pisco um olho. — Pronta para ser comida.

Desço do carro e atravesso a rua, entrando no bar barulhento e lotado. Estico o pescoço para tentar encontrar Oliver, mas nem mesmo meu salto agulha de dez centímetros me ajuda a ficar alta o suficiente para conseguir enxergá-lo no meio dos corpos. Vou até o bar e sigo o procurando. Não demora para o homem de sorriso fácil erguer o braço e acenar para mim. Sorrio de volta e ando até ele, agradecendo por ter conseguido uma mesa.

— Oi, Oliver! Desculpa mesmo pela demora. Aquele infeliz me atrasou, de novo.

— Tudo bem, Não vamos falar sobre o seu chefe hoje, ok?

Hoje, a noite é para relaxar.

Concordo com a cabeça e sorrio ainda mais para ele, que parece entender tudo o que eu preciso. As vantagens de foder com um amigo. Acho que todo mundo deveria viver essa experiência. Quando os dois têm o mesmo lema de vida, claro. No nosso caso, é curtir sem apego. Apenas sexo puro, sem sentimentos.

A conversa com Oliver é leve e me distrai. Em meio a bebidas, risadas e dança, nós decidimos ir direto ao ponto. Ele escolheu um lugar perto do seu apartamento, onde costumam acontecer nossos encontros, porque não gosto de ninguém no meu lugarzinho sagrado. Como meu amigo de foda não é apegado a isso, é para lá que vamos todas as vezes.

Vamos andando mesmo, já que bebemos um pouco e não é tão distante. Assim que pisamos no lugar, Oliver tranca a porta e me ataca. Sua boca vem na minha, um pouco desajeitada pela afobação ou pelo álcool, não sei dizer. Eu retribuo a carícia, mas trato logo de aprofundar as coisas porque não gosto de enrolação quando se trata do sexo. Não curto preliminares, carinho, beijo demorado nem nada que atrase o que procuro: o orgasmo.

Desço o zíper da calça dele e Oliver geme contra meu pescoço, buscando a minha boca. Dou um jeito de arrastá-lo comigo para o seu quarto e o jogo na cama, fazendo com que um sorriso bobo surja no seu rosto.

— Nunca me acostumo com esse seu jeito dominador — ele fala, segurando na minha bunda quando o monto, passando uma perna de cada lado do seu corpo.

— Shhh… — Coloco um dedo na sua boca para calá-lo e me livro da minha roupa social com pressa. Oliver faz o mesmo com a sua e fica todo O pau não é enorme, mas atende às minhas necessidades. Também não posso exigir demais. — Tem camisinha na gaveta?

— Sim...

Levanto-me nua, e ele me fita durante todo o caminho que faço da mesinha de cabeceira até a cama de novo. Pego o pacote laminado e o abro, desenrolando o preservativo no seu pau. Oliver geme e j**a o corpo para trás, prendendo o lábio entre os dentes.

Eu sento de uma vez. Dói um pouco porque não estou muito molhada, mas não é algo que me incomoda. Tem uma linha muito fina entre a dor e o prazer. Tiro seu membro de dentro de mim, só para me sentar de novo, mais forte. Oliver ergue o corpo para ficar mais perto e alisa as minhas costas.

— Porra, gatinha. Você é foda demais.

— Eu sei — murmuro, puxando a sua boca para meu pescoço. Ao invés de me marcar forte, Oliver me beija ali, com carinho demais no gesto.

Aumento o ritmo para que ele entenda o que quero, sem precisar que eu diga, mas o homem se mantém delicado. Deito seu corpo no colchão de novo de forma brusca e dou meu show. Cavalgo com força, com vontade. Quando gozo, muitos minutos depois, Oliver vai logo em seguida, sem conseguir mais se controlar.

— Porra, Nicole. Eu estou muito apaixonado por você.

Meu corpo nem se recuperou direito e recebo a bomba. É o quê? Não devo ter ouvido certo. De novo, não, Deus. Estava tão bom! Tudo estava ocorrendo da melhor forma há semanas! Por que ele tinha que falar isso para mim justo agora?

— Oliver… — digo, saindo de cima dele. Não consigo olhar para o seu rosto enquanto começo a juntar as minhas roupas, apavorada com a ideia de ele ter mesmo se apaixonado por mim.

— O que está fazendo? — pergunta, magoado, e odeio muito como me sinto com isso.

Não quero magoá-lo. Nem a ninguém! É por isso que sempre aviso antes de começar a transar com alguém. A maioria dos caras adora, porque é isso o que buscam também, mas sempre tem alguns como… Oliver.

— Estou indo embora.

— Nicole… Ouviu o que eu disse?

— Sim, Oliver. E eu não mudei de ideia. Sinto muito. Você sabia, desde o início, que era para ser algo sem sentimentos.

— É, mas as coisas mudam! Começou assim para mim também, mas eu me apaixonei durante o caminho. É tão avessa a sentimentos assim que não pode nem mesmo tentar nos dar uma chance? Somos bons juntos e…

— Para, Oliver. Por favor… Não vai rolar. Você é um ótimo cara, Um ótimo amigo, ouvinte, companheiro de bar. Mas eu não busco isso agora, entende? Ainda nem me firmei em uma carreira decente, tenho a minha família para me preocupar. A última coisa que preciso agora é de um envolvimento amoroso. Me desculpe.

— É o seu chefe, não é? Está claro que gosta dele.

O quê? Ele ficou louco?

— Não me olhe assim. Você monopoliza todas as conversas relacionadas a você falando dele.

Não consigo responder, porque caramba… esse foi o maior absurdo que já ouvi na minha vida! Olha que já ouvi coisas bem tensas. Visto a minha roupa com pressa, desacreditada que a noite que era para me relaxar vai terminar assim e que ainda vou perder meu pau amigo.

Que porra!

Eu me despeço dele, deixando claro que não podemos mais ter nada depois disso, e ele nem me olha, chateado. Saio do seu apartamento ainda calçando um pé do meu salto e tentando prender meus cabelos.

Gosto do meu chefe… Aff! Faça-me o favor!

Além de ter estragado tudo, Oliver ainda perdeu a cabeça.

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