Sorrio quando ela surta mais uma vez dizendo que o pai dela está a enlouquecendo com o planejamento da festa de aniversário de Amanda, que vai ocorrer daqui umas semanas. A pequena vai fazer apenas um aninho de vida, mas a comemoração vai virar notícia graças ao avô babão, tenho certeza. Como tudo na vida de Nat.
Quando chego no meu carro, jogo a bolsa no banco do passageiro e dirijo até o barzinho em que combinei de me encontrar com Oliver, um amigo com benefícios com quem estou envolvida sexualmente há um bom tempo. Ele é uma ótima companhia, divertido, inteligente e ainda me come de forma satisfatória, então tenho um combo muito bom em uma pessoa só.
Mandei mensagem para ele mais cedo, dizendo que ia me atrasar por causa do meu chefe carrasco, e Oliver entendeu, respondendo que ia me esperar porque a noite é uma criança. É provável que já esperasse que eu não fosse chegar no horário, porque não é a primeira vez que me atraso pelo mesmo motivo.
Assim que estaciono um pouco distante do bar lotado porque não tem vaga mais perto, desço o espelhinho do carro e retoco o batom com um vermelho que sempre tenho na minha bolsa. Desfaço o rabo de cavalo firme e assanho os cabelos, passando os dedos nos cachos naturais das pontas.
Ignoro quando noto um fio de cabelo branco no meio dos pretos, torcendo para que o estresse que passo com Valentin não me envelheça rápido demais. Só tenho vinte e cinco anos, por favor! Não é hora de ter isso ainda!
— Gostosa demais — murmuro para minha imagem no espelho e pisco um olho. — Pronta para ser comida.
Desço do carro e atravesso a rua, entrando no bar barulhento e lotado. Estico o pescoço para tentar encontrar Oliver, mas nem mesmo meu salto agulha de dez centímetros me ajuda a ficar alta o suficiente para conseguir enxergá-lo no meio dos corpos. Vou até o bar e sigo o procurando. Não demora para o homem de sorriso fácil erguer o braço e acenar para mim. Sorrio de volta e ando até ele, agradecendo por ter conseguido uma mesa.
— Oi, Oliver! Desculpa mesmo pela demora. Aquele infeliz me atrasou, de novo.
— Tudo bem, Não vamos falar sobre o seu chefe hoje, ok?
Hoje, a noite é para relaxar.
Concordo com a cabeça e sorrio ainda mais para ele, que parece entender tudo o que eu preciso. As vantagens de foder com um amigo. Acho que todo mundo deveria viver essa experiência. Quando os dois têm o mesmo lema de vida, claro. No nosso caso, é curtir sem apego. Apenas sexo puro, sem sentimentos.
A conversa com Oliver é leve e me distrai. Em meio a bebidas, risadas e dança, nós decidimos ir direto ao ponto. Ele escolheu um lugar perto do seu apartamento, onde costumam acontecer nossos encontros, porque não gosto de ninguém no meu lugarzinho sagrado. Como meu amigo de foda não é apegado a isso, é para lá que vamos todas as vezes.
Vamos andando mesmo, já que bebemos um pouco e não é tão distante. Assim que pisamos no lugar, Oliver tranca a porta e me ataca. Sua boca vem na minha, um pouco desajeitada pela afobação ou pelo álcool, não sei dizer. Eu retribuo a carícia, mas trato logo de aprofundar as coisas porque não gosto de enrolação quando se trata do sexo. Não curto preliminares, carinho, beijo demorado nem nada que atrase o que procuro: o orgasmo.
Desço o zíper da calça dele e Oliver geme contra meu pescoço, buscando a minha boca. Dou um jeito de arrastá-lo comigo para o seu quarto e o jogo na cama, fazendo com que um sorriso bobo surja no seu rosto.
— Nunca me acostumo com esse seu jeito dominador — ele fala, segurando na minha bunda quando o monto, passando uma perna de cada lado do seu corpo.
— Shhh… — Coloco um dedo na sua boca para calá-lo e me livro da minha roupa social com pressa. Oliver faz o mesmo com a sua e fica todo O pau não é enorme, mas atende às minhas necessidades. Também não posso exigir demais. — Tem camisinha na gaveta?
— Sim...
Levanto-me nua, e ele me fita durante todo o caminho que faço da mesinha de cabeceira até a cama de novo. Pego o pacote laminado e o abro, desenrolando o preservativo no seu pau. Oliver geme e j**a o corpo para trás, prendendo o lábio entre os dentes.
Eu sento de uma vez. Dói um pouco porque não estou muito molhada, mas não é algo que me incomoda. Tem uma linha muito fina entre a dor e o prazer. Tiro seu membro de dentro de mim, só para me sentar de novo, mais forte. Oliver ergue o corpo para ficar mais perto e alisa as minhas costas.
— Porra, gatinha. Você é foda demais.
— Eu sei — murmuro, puxando a sua boca para meu pescoço. Ao invés de me marcar forte, Oliver me beija ali, com carinho demais no gesto.
Aumento o ritmo para que ele entenda o que quero, sem precisar que eu diga, mas o homem se mantém delicado. Deito seu corpo no colchão de novo de forma brusca e dou meu show. Cavalgo com força, com vontade. Quando gozo, muitos minutos depois, Oliver vai logo em seguida, sem conseguir mais se controlar.
— Porra, Nicole. Eu estou muito apaixonado por você.
Meu corpo nem se recuperou direito e recebo a bomba. É o quê? Não devo ter ouvido certo. De novo, não, Deus. Estava tão bom! Tudo estava ocorrendo da melhor forma há semanas! Por que ele tinha que falar isso para mim justo agora?
— Oliver… — digo, saindo de cima dele. Não consigo olhar para o seu rosto enquanto começo a juntar as minhas roupas, apavorada com a ideia de ele ter mesmo se apaixonado por mim.
— O que está fazendo? — pergunta, magoado, e odeio muito como me sinto com isso.
Não quero magoá-lo. Nem a ninguém! É por isso que sempre aviso antes de começar a transar com alguém. A maioria dos caras adora, porque é isso o que buscam também, mas sempre tem alguns como… Oliver.
— Estou indo embora.
— Nicole… Ouviu o que eu disse?
— Sim, Oliver. E eu não mudei de ideia. Sinto muito. Você sabia, desde o início, que era para ser algo sem sentimentos.
— É, mas as coisas mudam! Começou assim para mim também, mas eu me apaixonei durante o caminho. É tão avessa a sentimentos assim que não pode nem mesmo tentar nos dar uma chance? Somos bons juntos e…
— Para, Oliver. Por favor… Não vai rolar. Você é um ótimo cara, Um ótimo amigo, ouvinte, companheiro de bar. Mas eu não busco isso agora, entende? Ainda nem me firmei em uma carreira decente, tenho a minha família para me preocupar. A última coisa que preciso agora é de um envolvimento amoroso. Me desculpe.
— É o seu chefe, não é? Está claro que gosta dele.
O quê? Ele ficou louco?
— Não me olhe assim. Você monopoliza todas as conversas relacionadas a você falando dele.
Não consigo responder, porque caramba… esse foi o maior absurdo que já ouvi na minha vida! Olha que já ouvi coisas bem tensas. Visto a minha roupa com pressa, desacreditada que a noite que era para me relaxar vai terminar assim e que ainda vou perder meu pau amigo.
Que porra!
Eu me despeço dele, deixando claro que não podemos mais ter nada depois disso, e ele nem me olha, chateado. Saio do seu apartamento ainda calçando um pé do meu salto e tentando prender meus cabelos.
Gosto do meu chefe… Aff! Faça-me o favor!
Além de ter estragado tudo, Oliver ainda perdeu a cabeça.
Meu humor está terrível no dia seguinte ao caos.Eu deveria me acostumar com isso, afinal, não é a primeira vez que acontece. Pelo visto, não será a última. O que tem de errado com os homens? Por que sempre sou atraída pelos emocionados, quando tudo o que quero é um cafajeste que queira as mesmas coisas que eu?Não me julgue. Não é que nunca vou querer sossegar, construir uma família, ficar o resto da minha vida com uma pessoa só. Quero isso, em algum momento. Só não agora. Tudo está instável demais na minha vida. Começando pela minha carreira, que não foi bem o que planejei para meu futuro.A meta de todo trabalhador é progredir, subir de cargo, ser reconhecido fazendo o que ama. E isso já aconteceu comigo um dia. Quando arrancaram tudo isso de mim, fui obrigada a aceitar um emprego como secretária, ganhando até bem, mas tendo que aceitar um chefe carrasco de brinde. Não tinha experiência na área assim que me aceitaram na vaga, há três anos, só que meu currículo é excelente e estavam
— Não sou arisca. — É tudo o que consigo dizer para tentar me defender, porque pelo visto, Valentin Salvatore me conhece bem demais para o meu gosto. O foda da situação é que a fala sai ácida, como se para provar o seu ponto.Ele abre um sorriso rápido de lado, bastante raro. Só usa quando não fala o que está pensando de verdade. Normalmente, são nos nossos embates saudáveis. Imagino que seja algo muito ruim para ser dito em voz alta, porque ele não é de guardar nada. O homem não hesita em brigar e dizer como gosta que as coisas aconteçam por aqui.— Tem muito mais. Posso ficar o restante do dia aqui falando sobre a sua falta de profissionalismo, mas vou finalizar com os presentinhos que você recebe com mais frequência do que seria apropriado para o ambiente de trabalho. Flores, ursos gigantes, serenatas…— Não é minha culpa! Não é como se eu quem enviasse os presentes. — Mas tem como garantir que eles não sejam entregues aqui, senhorita Santoro, e sim na sua casa. Sua vida pessoal g
Louca.De uma lista longa de adjetivos que podem ser utilizados para descrever Nicole Santoro, esse, com certeza, está no topo. Caralho, não consigo deixar de pensar em como ela sempre consegue me surpreender. Para o bem ou para o mal, consegue.A sorte é que sou rápido para aparar seu corpo mesmo segurando um buquê em uma mão e o maldito cartão em outra. Deixo os objetos no chão mesmo e seguro a mulher minúscula, apoiando as duas mãos nas suas costas e erguendo-a. Solto um xingamento baixo, porque os funcionários começam a cochichar entre si ao presenciarem a cena.Querendo fugir das fofocas, levo Nicole até a minha sala e empurro a porta com o ombro para fechá-la. Coloco a mulher miúda deitada no sofá de couro marrom que tem no canto. Raramente o uso, porque não costumo relaxar muito no escritório, mas pelo menos vai ser útil agora.Cruzo os braços em frente ao corpo, enquanto aguardo sua farsa se encerrar, parando para observar como a maluca é bonita pra caralho. Já tive minha cota
Tento tirar a baixinha da minha cabeça e foco no que faço melhor: trabalho. Trabalho por várias horas, como sempre perdendo o horário de ir embora. Quando saio da empresa, já passa das onze da noite. É impressionante como sempre parece ficar coisa para trás, não importa quanto tempo eu trabalhe. Às vezes, ainda chego em casa e respondo alguns e-mails que chegam durante a noite.Vou até a garagem e encontro meu motorista dormindo dentro do carro, apenas esperando. Bato na janela, e Lionel se ajeita, limpando a baba imaginária do canto da boca. Ele sai do carro e abre a porta de trás para mim, pedindo desculpas com um sorriso sem graça. Não o culpo.Enquanto o homem começa a dirigir em direção à minha casa, respondo algumas mensagens que recebi da minha mãe. Já sei que ela vai me encher de bronca pela demora, porque foi enviada de manhã, mas antes tarde do que nunca. Respondo ao meu irmão caçula também, que me chama mais uma vez para que eu saia com ele. Nunca aceito, nem sei porque Tyl
Furo a fila de pessoas reclamando, evitando que esbarrem em mim, e vejo o segurança me olhar desconfiado.— Para o final da fila, senhor!— Vim buscar meu irmão, ele está dando trabalho aí dentro — minto com facilidade, e ele coça a barba, pensativo. — Sou Valentin Salvatore e posso…— O dono da LDrinks? Por que não falou antes? Eu amo as suas bebidas, cara. Vamos, entre!Surpreso por um cara no meio do nada ter me reconhecido, eu sorrio em agradecimento e entro. Não é como se todo mundo no país me conhecesse por aí. A empresa só tem dez anos, é relativamente nova, tem sua fama, mas não sou famoso. Apareço vez ou outra em capas de revista e em divulgações da marca por aí, apesar de achar uma grande baboseira ter que usar a minha imagem como marketing.Xingo alto quando vejo que o lugar tem mais gente do que imaginei e me meto no meio dos corpos suados, buscando alguma área VIP, porque tenho certeza de que é nela que meu irmão está metido. Descubro que acertei no palpite quando o vejo
Henry se curva para falar alguma coisa no meu ouvido, mas eu me distraio com a visão de Valentin conversando com uma mulher monumental. Ela é da altura dele e está bem perto, falando algo no seu ouvido com um sorriso fácil. E caramba! Ele está sorrindo para ela! Nunca vi esse sorriso antes.Valentin Salvatore está em busca da sua caça, e não sei como me sinto em presenciar uma coisa tão íntima do meu chefe. Eu não deveria ter que ver isso, droga. Pelo visto, o que ele diz para a peituda ruiva a agrada demais porque ela faz questão de esfregar os peitões nele, que não a afasta.— Tudo bem por você? — Henry fala mais alto no meu ouvido, e eu volto à realidade, dando-me conta de que não escutei nadinha do que ele falou.— Desculpe, eu me distraí. — Com meu chefe flertando, completo em pensamento. — Vamos fazer o seguinte. Não estou no meu melhor momento agora, por que não me pega meu número e a gente combina algo depois?Ele não parece muito chateado com a ideia e não demora a tirar o ce
— Achei que estivesse no banheiro — diz, prendendo o riso, e se vira para meu chefe. — Olá, se lembra de mim? Sou Natasha.— Oi, Natasha. Claro que me lembro. Como está? — Ele é um poço de simpatia com minha amiga, conversando amenidades, e vejo como ela cai na lábia dele.Queria que tivesse que conviver com Valentin diariamente para ver se ia ficar sorrindo feito boba assim.— Amorzinho, eu preciso ir. Não queria acabar nossa noite mais cedo, mas Amanda está enjoadinha. Benjamin me ligou agora para dizer que ela não consegue dormir.— Tudo bem, Vamos. Será que não é bom levá-la ao médico?Esqueço-me de Valentin, ainda parado mais perto do que o necessário, preocupada com a minha pequenina. É um ser humano tão frágil que demorei a pegá-la no colo, com medo de quebrar. Sempre me preocupo com qualquer resfriado que ela pega.— Não se preocupe. Você pode ficar, se for o que quer… Está sóbria?— Estou, mas eu vou com você. Não tenho por que ficar aqui.Quando digo isso, olho direto para V
— Eu quero. Estou mesmo merecendo um aumento. Aquele homem me deve — brinco, e ele sacode a cabeça, sabendo que não vai conseguir tirar isso da minha cabeça.Já é algo que penso há um tempo, mas preciso me planejar para encaixar mais essa despesa na minha vida. Vou precisar abrir mão de alguma coisa, mas não ligo se isso significar deixar meu pai menos sobrecarregado.Quando tivemos o diagnóstico, foi um baque para todos nós, claro. Mamãe tinha alguns sintomas com frequência, que sempre justificava com o sedentarismo, com a preguiça que tinha de exercícios. Se ela subia poucos degraus de escada e ficava extremamente cansada, dizia que não estava acostumada. Se sentia formigamentos durante um dia inteiro nas pernas, era porque dormiu em uma posição ruim.Foi difícil convencê-la de que não era normal ter sintomas como esses por um período longo. A sorte foi que ela tem dois teimosos ao seu redor, e eu e papai não desistimos até levá-la ao médico.Após ser encaminhada para um neurologist