Tem uma bonequinha nos meus braços que não consigo acreditar que é minha. Todo minuto que tenho livre, olho para ela e fico apreciando os detalhes perfeitos.
Lily nasceu há duas semanas, com um tempinho antes dos nove meses, no meio do expediente, para o desespero de Valentin. Ele não sabia se brigava comigo por ainda estar trabalhando ou se me socorria. Foi um caos puro, mas não podia ser diferente na nossa relação.Aliso o rostinho delicado da nossa pequena. Os cabelos são escuros, cheios de cachos. Os olhos, por enquanto, não tem uma cor definida, mas o formato se parece com o de Valentin. Não sei quem baba mais nela, ele, eu ou a nossa família. Hoje foi dia de visita, e consigo ouvir as risadas lá embaixo, enquanto amamento a pequena no quartinho dela para que não se assuste com o agito.
— Você é a minha perfeição, meu amor. Sabia?
— Eu pesquisei sobre ele — confessa com a voz cheia de ódio. — Queria me vingar sem que você estivesse envolvida, mas cheguei tarde.Vi que ele foi assassinado em um assalto.— Sim, carma, eu acho. A denúncia não serviu de nada, mas pelo menos fico feliz em acreditar que exista justiça vinda de outro lugar. Não me dói mais falar sobre isso, só fica o amargo da impotência, sabe?— Nem imagino, baby.Valentin segura meu rosto e o alisa com a ponta do nariz, fazendo com que eu me sinta amada, querida e adorada. Ele me beija devagar, chupando meus lábios só para me excitar.— Obrigada por ter aparecido — agradeço quando me afasto. — Você foi a minha cura, o meu alívio. Você foi meu ponto de paz, se é que isso faz sentido, já que transformava minha vida em um caos.— Eu amo te ver
Estou largada no colchão, lendo o último lançamento de Gia Walton, com lágrimas nos olhos porque está acabando e não quero me despedir do casal, quando Valentin aparece ali, usando apenas uma calça moletom.— Dormiu. Estou ficando cada vez melhor nisso. Ela dorme com a minha voz.— Isso é porque você canta ruim demais, e ela prefere dormir a te ouvir desafinar — provoco, abandonando o Kindle de lado porque tenho um entretenimento muito melhor aqui na minha frente.— Engraçadinha. Estava chorando? Seu nariz está vermelho.— Sim, mais um casal que se vai. — Aponto para o aparelho, e a expressão preocupada dá lugar a um sorrisinho bobo. — Mas eu amo me lembrar de que a minha realidade é muito melhor do que a delas.Eu o puxo para mim pela cordinha da calça, e ele posiciona seu corpo em cima do meu. Valentin
Meses depois.Minha mão está suada, e olho a cada cinco segundos para a entrada da igreja, esperando que a cerimônia comece. Tem mais de vinte e quatro horas que não vejo a minha esposa, porque ela ficou imersa em um dia de princesa proporcionado pelas madrinhas, Natasha e Maya. Estou morto de saudade dela e da minha princesinha, que ficou com ela durante o dia, já que precisa se alimentar.Estremeço quando escuto a música começar. Os convidados se calam na mesma hora, olhando para a entrada da igreja. Meus olhos estão fixos lá, onde Maya entra toda sorridente. Em seguida, vem Natasha, com minha menina nos braços. Olho para Benjamin ao meu lado como meu padrinho, com a respiração presa ao ver a esposa entrar. Eu me emociono já aí, quando vejo o vestidinho que Lily está usando. Dou um beijo na testa dela e volto a me concentrar na entr
Deveria ter um limite do quanto uma só pessoa pode ser babaca e arrogante. Juro que deveria. Isso tinha que estar, sei lá, na Constituição do país, proibindo chefes de serem tão… insuportáveis.Sabe o pior?Eu reclamo há anos, todos os dias da minha vida, sobre isso. Não estou exagerando, reclamo mesmo. Faço algo para mudar? Não. Pode parecer que sou frouxa, que não tenho amor à minha própria vida, mas não é isso. Pelo menos, não é só isso.A real é que odeio mudanças. Fico apavorada quando se trata das bonitinhas. Meu cérebro cheio de ansiedade começa a criar mil e duas hipóteses do que pode dar errado se eu decidir arriscar pedir demissão para não ter que suportar mais a personalidade intragável de Valentin, e sempre acho que nunca é a hora certa de mudar.Porque eu dependo do dinheiro.Porque poderia ser pior.Porque o maldito não é tão ruim assim.E, realmente, Valentin Salvatore poderia ser pior. Sou a prova real de que existem chefes muito piores por aí, mas não sou uma pessoa q
Sorrio quando ela surta mais uma vez dizendo que o pai dela está a enlouquecendo com o planejamento da festa de aniversário de Amanda, que vai ocorrer daqui umas semanas. A pequena vai fazer apenas um aninho de vida, mas a comemoração vai virar notícia graças ao avô babão, tenho certeza. Como tudo na vida de Nat.Quando chego no meu carro, jogo a bolsa no banco do passageiro e dirijo até o barzinho em que combinei de me encontrar com Oliver, um amigo com benefícios com quem estou envolvida sexualmente há um bom tempo. Ele é uma ótima companhia, divertido, inteligente e ainda me come de forma satisfatória, então tenho um combo muito bom em uma pessoa só.Mandei mensagem para ele mais cedo, dizendo que ia me atrasar por causa do meu chefe carrasco, e Oliver entendeu, respondendo que ia me esperar porque a noite é uma criança. É provável que já esperasse que eu não fosse chegar no horário, porque não é a primeira vez que me atraso pelo mesmo motivo.Assim que estaciono um pouco distante
Meu humor está terrível no dia seguinte ao caos.Eu deveria me acostumar com isso, afinal, não é a primeira vez que acontece. Pelo visto, não será a última. O que tem de errado com os homens? Por que sempre sou atraída pelos emocionados, quando tudo o que quero é um cafajeste que queira as mesmas coisas que eu?Não me julgue. Não é que nunca vou querer sossegar, construir uma família, ficar o resto da minha vida com uma pessoa só. Quero isso, em algum momento. Só não agora. Tudo está instável demais na minha vida. Começando pela minha carreira, que não foi bem o que planejei para meu futuro.A meta de todo trabalhador é progredir, subir de cargo, ser reconhecido fazendo o que ama. E isso já aconteceu comigo um dia. Quando arrancaram tudo isso de mim, fui obrigada a aceitar um emprego como secretária, ganhando até bem, mas tendo que aceitar um chefe carrasco de brinde. Não tinha experiência na área assim que me aceitaram na vaga, há três anos, só que meu currículo é excelente e estavam
— Não sou arisca. — É tudo o que consigo dizer para tentar me defender, porque pelo visto, Valentin Salvatore me conhece bem demais para o meu gosto. O foda da situação é que a fala sai ácida, como se para provar o seu ponto.Ele abre um sorriso rápido de lado, bastante raro. Só usa quando não fala o que está pensando de verdade. Normalmente, são nos nossos embates saudáveis. Imagino que seja algo muito ruim para ser dito em voz alta, porque ele não é de guardar nada. O homem não hesita em brigar e dizer como gosta que as coisas aconteçam por aqui.— Tem muito mais. Posso ficar o restante do dia aqui falando sobre a sua falta de profissionalismo, mas vou finalizar com os presentinhos que você recebe com mais frequência do que seria apropriado para o ambiente de trabalho. Flores, ursos gigantes, serenatas…— Não é minha culpa! Não é como se eu quem enviasse os presentes. — Mas tem como garantir que eles não sejam entregues aqui, senhorita Santoro, e sim na sua casa. Sua vida pessoal g
Louca.De uma lista longa de adjetivos que podem ser utilizados para descrever Nicole Santoro, esse, com certeza, está no topo. Caralho, não consigo deixar de pensar em como ela sempre consegue me surpreender. Para o bem ou para o mal, consegue.A sorte é que sou rápido para aparar seu corpo mesmo segurando um buquê em uma mão e o maldito cartão em outra. Deixo os objetos no chão mesmo e seguro a mulher minúscula, apoiando as duas mãos nas suas costas e erguendo-a. Solto um xingamento baixo, porque os funcionários começam a cochichar entre si ao presenciarem a cena.Querendo fugir das fofocas, levo Nicole até a minha sala e empurro a porta com o ombro para fechá-la. Coloco a mulher miúda deitada no sofá de couro marrom que tem no canto. Raramente o uso, porque não costumo relaxar muito no escritório, mas pelo menos vai ser útil agora.Cruzo os braços em frente ao corpo, enquanto aguardo sua farsa se encerrar, parando para observar como a maluca é bonita pra caralho. Já tive minha cota