Após o café, Rosa foi ajudar Meg a arrumar a cozinha, mesmo que ela insistisse que não precisava.
Cesar se ofereceu para mostrar a mansão a Vitor. O garoto, ainda desconfiado, foi tranquilizado por Meg, que garantiu que ele estaria seguro. Vitor procurava aprovação no olhar de Rosa, que apenas balançou a cabeça, indicando que estava tudo bem. Jéssica, sem saber ainda da influência de Cesar, perguntou se ele poderia levá-la até Guilherme. Ele concordou, e os dois partiram. Cesar também queria encontrar o amigo para tratar de assuntos importantes. Enquanto isso, houve um desencontro. Cesar levou Vitor para empresa que ficava ao lado, mas Jéssica, que não queria ir, não teve muita escolha, já que ainda não conhecia bem a mansão. Guilherme retornou por outra estrada, em sua caminhonete. Guilherme, um homem de poucas palavras, chegou à casa e foi recebido por Meg, que sorria enquanto Rosa, tentando alcançar o armário, se equilibrava em uma cadeira. A cena fez Meg rir, e Rosa, um pouco sem jeito, contou seus apelidos, já que sua estatura era pequena. — Volte e tire as botas, garoto, meu chão está limpo — Meg brincou, enquanto Rosa tentava alcançar as prateleiras. Guilherme, curioso, observava a moça de cabelos vermelhos e vestido florido. Ele achou que poderia ser a tal da Jéssica. Quando Rosa finalmente levantou os olhos, se deparou com um homem imenso à sua frente, com uma cicatriz marcante no rosto. Ela se assustou tanto que deixou a tigela que segurava cair, quebrando-a no chão. O susto fez Rosa perder o equilíbrio na cadeira, que tombou. Guilherme, rápido, a pegou antes que caísse completamente. Rosa, com os olhos arregalados e respirando pesado, ficou nos braços de Guilherme, sem saber o que fazer. Ele, com uma expressão séria, sabia que sua cicatriz causava medo nas pessoas, mas não esperava ver tanto pânico em Rosa. — Me solte, por favor — ela pediu, com a voz trêmula. Guilherme, sem querer pressioná-la, a deixou ir, e Meg a acolheu. Rosa, ainda nervosa, se desculpou várias vezes pela tigela quebrada e ajudou Meg a juntar os cacos. Quando Jéssica retornou, conversou com Guilherme sobre o trabalho que faria. Ela ficaria em um hotel da máfia, já preparado para ela. Guilherme, no entanto, ficou surpreso ao saber que Rosa ajudaria Meg na cozinha, como se fosse uma espécie de serva. Jéssica, impaciente, afirmou que Rosa deveria ir com ela para o hotel, para ajudar em outros afazeres. Mas Cesar, percebendo a insinuação de Jéssica, interveio antes que a situação ficasse mais tensa. — Rosa vai ajudar Meg aqui, como foi combinado — disse Cesar, com firmeza, evitando que Guilherme perdesse a paciência com Jéssica. Rosa, timidamente, se desculpou por falar, e Cesar a incentivou a continuar. — Pode falar, Rosa. — Vitor precisa estudar, e seria mais fácil na cidade. Além disso, tenho minha faculdade para terminar. A mansão Moreau era afastada de tudo, um verdadeiro império as escondidas e Super protegido, homens por todos os lados fazendo a segurança. Cesar, com um sorriso suave, disse: — Fique tranquila, tem segurança para levar o segurança até a escola. E quanto à faculdade, podemos providenciar um notebook, caso não tenha. Rosa apenas concordou com a cabeça, já cansada, ansiosa por um banho e preocupada com o que Jéssica poderia aprontar. A noite anterior havia sido difícil, e ela sabia que a irmã não estava ali por acaso.César se apressou em levar Jéssica para a cidade, ele sabia que a paciência do amigo era limitada, e Jéssica era uma mulher extremamente irritante e falsa. Seu comportamento mudou com César depois que ela descobriu que ele também era um dos acionistas do império mafioso de Guilherme, além de ser um dos responsáveis pelas operações da família.__Bom, agora que já terminamos a reunião, eu vou tomar um banho e, depois que almoçarmos, vou conhecer um pouco mais sobre os negócios da família. __Você almoça na cidade, eu já estou de partida. Vou ter um dedo de prosa de cinco minutinhos com meu primão e partimos. Mas, outro dia, você experimenta o tempero maravilhoso de Meg, afinal, você pode pedir para ela entrar, por favor. Ela precisa acertar com Rosa como ficará os horários delas duas.A mansão de Guilherme era afastada da cidade.Meg começou a trabalhar para a família Moreau quando a mãe de Guilherme ainda estava viva. Elas eram grandes amigas, a única amiga que Margarida teve. Meg cui
Guilherme e Gustavo Moreau, irmãos de sangue e de um legado poderoso, tiveram destinos muito distintos. Filhos do temido Dom Sampaio, um dos maiores chefes da máfia, os dois eram a promessa de uma dinastia ainda mais forte. Quando o pai faleceu, deixou sua cadeira de poder para Guilherme, um homem marcado profundamente pelas cicatrizes da guerra e pela vida implacável que levara, tanto no corpo quanto na alma.Guilherme, com sua presença imponente e suas cicatrizes visíveis, não foi escolhido apenas pela sua força, mas pela frieza e pela mente estratégica. Ele era um líder, não apenas por direito, mas por sua habilidade em se manter firme nas decisões difíceis, algo que o tornava respeitado e temido.Por outro lado, Gustavo, sempre idealista e com uma visão mais questionadora da vida, não compartilhou da mesma filosofia. Sua inclinação para discutir sobre responsabilidade, ética e outras questões mais "humanas" o tornou uma ameaça à visão pragmática de poder de seu irmão. Em um mundo
Anos depois de fugir para o Brasil em busca de diversão e liberdade, Gustavo viu seu dinheiro se esgotar. O estilo de vida luxuoso e irresponsável que havia adotado começou a desmoronar, e a realidade, dura como sempre, o forçou a voltar para onde tudo começou. Não havia mais alternativas. O poder de sua família ainda estava vivo, mas, sem a fortuna que ele havia desperdiçado, não restava outra opção senão retornar para o império que ele tinha deixado para trás.Ao voltar, encontrou Guilherme bem diferente do homem que havia deixado para trás. Guilherme agora era um homem marcado não apenas pelas cicatrizes do corpo, mas pela responsabilidade e peso do império. Sua presença era imponente: alto, forte, com um olhar ríspido e frio. A dureza de sua vida e as exigências de seu cargo o haviam transformado em alguém quase inacessível. Guilherme era uma parede de força, de indiferença, e estava muito distante de ser o irmão que Gustavo conhecera.Por outro lado, Gustavo continuava a ser um h
Katrina e Gustavo, unidos pela ambição e pela ilusão de derrubar Guilherme, acreditavam que juntos poderiam destruir a estrutura de poder que ele havia conquistado e tomar o seu lugar. Eles estavam convencidos de que, ao se casar, poderiam não apenas humilhar Guilherme, mas também assumir o controle do império da máfia, com o apoio do pai de Katrina, que se veria à frente do império da máfia francesa. Era um plano impulsionado por ego e desejo de poder, uma aliança traiçoeira forjada no intuito de destronar o homem que já comandava tudo.Para alcançar esse objetivo, eles urdiram uma trama ardilosa: simular um incêndio acidental no apartamento de Guilherme, algo que causaria sua morte e abriria caminho para a ascensão de Gustavo, enquanto Katrina assumiria seu lugar como esposa e herdeira. Tudo foi meticulosamente planejado para parecer um acidente, uma fatalidade inevitável. Mas a realidade era bem diferente. O incêndio foi inteiramente proposital, com cada passo calculado para garant
Meg mostrou a casa que seria o novo lar de Rosa e Vitinho. Eles gostaram; era uma casa pequena, mas bonita e arejada. Poderiam ser felizes ali se não fosse a teia de mentiras em que estavam presos e nem sabiam quão grande ela poderia ser.__ Vou começar a limpar.__ Menina, descanse. Você já começa a trabalhar amanhã e ainda se comprometeu a pintar a casa.A casa só precisava de uma pintura; estava em perfeito estado. Era a casa mais próxima da mansão Vitorino. Da varanda do quarto de Guilherme, era possível ter uma visão plena da janela de um dos quartos que Rosa escolheu como dela por ser maior e também da pequena varanda da casinha.__ Nada disso, Meg. O senhor Guilherme disse que eu preciso de privacidade, mas acho que ele é quem precisa. Não vou e nem quero incomodar; fui um incômodo por muito tempo em uma casa que minha mãe deixou para mim, mas que nunca foi minha, nunca foi meu, e agora...Rosa percebeu que falava demais e que não poderia cometer um erro.__ Continue, menina._
Não passou despercebido aos olhos de Guilherme que, antes de se recolher para o quarto em que dormiria, Rosa trancou a porta do quarto onde Vitinho estava e apertou a chave na mão como se a segurança do menino dependesse daquele gesto. Guilherme sabia que ela ainda não confiava nele. Poderia ter ficado chateado ou ofendido, mas, pelo contrário, percebeu que Rosa estava protegendo o filho. Ele achou Rosa uma mãe excelente e admirou isso nela.Rosa escovou os dentes e se deitou. Já havia tomado banho mais cedo e, antes de dormir, olhou as notificações do celular. Havia várias mensagens da irmã, mas ela não abriu nenhuma. No fundo, Rosa estava agradecida por não precisar compartilhar o mesmo espaço que Vitinho com a irmã, mas sabia que ela não a deixaria em paz.Ainda cansada pela viagem e pelo dia, em que havia pintado praticamente a casa inteira em uma única tarde, Rosa desejava que sua estadia na casa de Guilherme fosse apenas a trabalho.Durante a noite, teve pesadelos horríveis. Son
No outro dia, Rosa acabou acordando tarde. Foi um sono agitado e cheio de pesadelos.Guilherme ficou observando ela dormir até que o dia amanhecesse. Viu no rosto dela todas as expressões de sofrimento, de perturbação, de pavor. Ela chorava nos sonhos, pedia por favor e dizia não querer algo. Chegou a se debater, e ele imaginou várias coisas que Rosa poderia ter passado. Odiou vê-la sofrendo.Guilherme pensou em abraçá-la na tentativa de acalmá-la, mas temeu que ela acordasse e ficasse ainda mais assustada. Queria ter chegado antes, foi o que pensou. Depois concluiu que não teria adiantado nada. Ela era muito para ele e jamais o aceitaria em sua vida.Rosa acordou assustada, tocou todo o corpo para ver se Guilherme não a tinha tocado enquanto dormia. Ficou aliviada; pelo menos ele não era um aproveitador, foi isso que pensou.Ela ainda não sabia se Guilherme era um comparsa de Meg. Depois pensou que, se fosse, não teria motivos para esconder sobre Vitinho. Ela levantava suposições, ma
Rosa se arrumou rápido, vestiu um vestido florido, o comprimento ia até perto dos joelhos e era de alcinhas. O dia estava quente, e o vestido era fresco. Calçou nos pés uma sandália de amarração velha e gasta, mas que ainda assim ficava bonita. Ela não comeu nada, envergonhada pela cena que protagonizara mais cedo.Quando terminou, correu para o quarto de Vitinho para ajudá-lo a se arrumar, mas tomou um susto ao bater de frente com uma parede imponente de quase dois metros. O homem parecia um leopardo pronto para o ataque, com uma expressão carregada.Vitinho sorria, já vestido, enquanto Guilherme penteava os cabelos negros do menino.— Antes que me acuse, eu não fiz nada. E, se quer saber, nem entrei no banheiro para ajudá-lo no banho. Só o instruí sobre onde estavam as coisas de que ele precisaria. Ele estava parecendo um porquinho de tão sujo. — Guilherme piscou para o menino.Mas era mentira. Guilherme tinha entrado no quarto para alertar Vitinho sobre segurança. O menino ficaria