Os dias seguiam nada tranquilos. Guilherme continuava tentando obter mais informações sobre a família Rosa — queria saber quem eram todos eles.Rosa até tentava fugir de Guilherme, mas era quase impossível. Adorava os beijos dele.— Gui, não podemos fazer isso — murmurou ela, com a respiração acelerada.Ele estava grudado nela na cozinha, em plena tarde, com um calor imenso lá fora. Dentro da cozinha, tudo parecia ainda mais quente.Guilherme enfiou a língua dentro da boca dela, e Rosa correspondeu. Tinha aprendido direitinho.A excitação dele era tamanha que chegava a doer.— Me diga o que não podemos, Rosa? — ele provocou, a voz rouca de desejo.Ela esqueceu de reclamar. Nem sabia mais se conseguiria ficar sem os beijos dele.Vitinho estava na casa de Tião, brincando com as gêmeas que tinham a mesma idade que ele.— Sabe, Rosa... às vezes acho que você usa esses vestidos só pra me provocar — ele murmurou, encostando os lábios outra vez nos dela.Mas Rosa não deixava passar disso, e
Rosa até ia trocar de roupa.— Não precisa… — Guilherme disse, num tom baixo e seguro. — Não vai encontrar com ninguém no caminho.Ela apenas pegou um roupão e colocou por cima da camisola leve. Com o celular na mão, acompanhou Guilherme, que carregava Vitinho nos braços. O menino tinha um sono pesado, respirava devagarinho.Rosa, antes de sair, fechou as janelas e trancou as portas. O céu lá fora estava estrelado, bonito, sereno, quase como um sinal de paz.Guilherme levou Vitinho até o quarto que já considerava ser do garoto. Rosa ia para o quarto onde costumava dormir quando estava na casa grande, mas ele a segurou pela mão com delicadeza.— Dorme comigo. — pediu, com os olhos presos nos dela.— Eu acho que ainda não é o momento… — ela respondeu, hesitante, olhando pro chão.— Não vamos fazer nada… só dormir. — ele garantiu, com uma sinceridade quase infantil.— Promete? — Ela ergueu os olhos, desconfiada.Ele se aproximou e a beijou. Rosa gemeu baixinho nos lábios dele, surpresa c
Guilherme estava em choque.Rosa, sem entender o que acontecia, mal conseguiu pensar nesse detalhe.Virgindade. Foi isso que Guilherme descobriu. Rosa era virgem — e agora ele sabia que Vitinho não era filho dela. Aquilo explicava a falta de experiência no beijo, o jeito delicado, inseguro.Ele pensou que deveria ter ficado bravo. Afinal, ela havia mentido. E eram mentiras comprometedoras.Mas, à sua frente, estava uma menina ainda intocada, que confiava nele. Nem podia chamá-la de mulher — era uma menina pura, que ele deveria ter protegido com mais cuidado.Guilherme ficou ali, parado, em silêncio, tentando processar tudo.Rosa, envergonhada, encolheu-se. O corpo tremia. Sentiu que talvez ele estivesse arrependido de ter se deitado com ela.Sem dizer nada, levantou-se devagar, pegou as roupas e se vestiu às pressas, tentando esconder as lágrimas que insistiam em escorrer.Guilherme continuava imóvel, paralisado, sem saber o que dizer, o que fazer.— Rosa... eu... eu sinto muito... —
Guilherme finalmente encontrou. Descobriu que eles haviam embarcado para o Rio, usando identidades falsas.Na documentação, Rosa era a responsável por Vitinho — o que, de certo modo, facilitou a fuga.Sem perder tempo, Guilherme pegou o carro e seguiu o ônibus. O veículo ainda não tinha feito parada, o que dificultou que Guilherme os acompanhasse.Desesperado, ele fazia manobras perigosas na BR, forçando o motorista a decidir se parava pela insistência dele ou se seguia viagem. O homem temeu um assalto... mas, antes que acontecesse um acidente, cedeu.A porta do ônibus se abriu com um rangido tenso.Guilherme começou a gritar:— Rosa! Rosa! — sua voz era um misto de alívio, urgência e angústia.Lá dentro, Rosa cochilava. Não havia pregado o olho a noite inteira.Mas quem ouviu foi Vitinho. Seus olhos se arregalaram. O coração disparou. Ele conhecia aquela voz.— É o tio! É o tio Guilherme! — gritou o menino, levantando-se num pulo.Rosa tentou contê-lo com o braço, o coração acelerado
Guilherme sentiu que Rosa estava tensa. Sabia o motivo: Jéssica.Ela estava com medo da irmã arrancar o menino dela.Ligou para César — primo e amigo de confiança, além de empresário com uma porcentagem de ações na empresa Moreau. Também era advogado — e dos bons. César tinha investimentos, outras ações, e era filho único. Seu pai, irmão de Sampaio, o tornava um Moreau de sangue. O ramo da família era joias, e César era tão rico quanto Guilherme — e leal.A compra das ações na empresa foi mesmo para manter os olhos em Gustavo. O pai de César nunca confiou nele — e com razão.César veio assim que Guilherme ligou.Toda a situação foi explicada em detalhes. César foi direto:— Rosa, me prometa que não vai omitir nada. Qualquer detalhe importa. Estamos lidando com algo precioso: a vida de um menino.Rosa contou o que julgava importante para o caso.— Eu adoraria dizer que temos chance de ganhar essa causa — suspirou ele, sério — mas não temos. Jéssica é a mãe. Vai ser a sua palavra contra
Rosa cresceu em um ambiente sufocante. Perdeu a mãe muito jovem para o câncer e ficou aos cuidados de um pai alcoólatra e violento. Ela vivia na tensão constante de escapar de abusos e das agressões físicas que marcavam seu corpo e alma.Jéssica, sua irmã mais velha, tinha dez anos a mais e sempre fez questão de lembrar Rosa de que foi ela quem assumiu a responsabilidade de criá-la. Fria, autoritária e amarga, Jéssica nunca demonstrava afeto ou compaixão, e sua única preocupação era controlar a irmã. Apesar disso, Rosa encontrava forças no amor por Vitor, seu sobrinho. Ele era o único motivo que a mantinha de pé, o único laço que impedia que ela caísse em um poço de desespero.Pedro, filho de Jéssica, era uma criança frágil e retraída. Aos sete anos, parecia menor e mais infantil do que realmente era, consequência de uma vida de negligência e medo. Nunca conheceu o pai e convivia com o fardo de ser indesejado, algo que Jéssica fazia questão de deixar claro em palavras e atitudes. O me
Rosa não entendia por que o pai a odiava tanto. Isso acontecia desde quando era muito pequena, e ela se lembrava de sua mãe sempre se colocando entre ela e as agressões. Já com Jéssica, o homem era mais brando. Ele não era afetuoso ou cuidadoso, mas Jéssica não precisava fugir dele como Rosa.As aparências das irmãs eram gritantes na diferença, e ninguém no mundo acreditaria que elas eram irmãs. Os traços, a cor de pele e, principalmente, a índole eram completamente diferentes.---Quando Jéssica saiu da hotel naquela tarde, Rosa instruiu Vitor a agir como se fosse mudo. Ela sabia que, se por acaso o menino a chamasse de tia, poderiam levantar suspeitas.— Vitor, escute bem. Se, por um acaso, você me chamar de tia, isso pode criar problemas. Temos que manter a mentira firme — disse Rosa, em tom sério.Vitor, por sua vez, apenas acenou com a cabeça, compreendendo a gravidade da situação. Ele sabia que as coisas com a mãe e a tia eram complicadas.No final da tarde, Jéssica anunciou que
Após o café, Rosa foi ajudar Meg a arrumar a cozinha, mesmo que ela insistisse que não precisava.Cesar se ofereceu para mostrar a mansão a Vitor. O garoto, ainda desconfiado, foi tranquilizado por Meg, que garantiu que ele estaria seguro. Vitor procurava aprovação no olhar de Rosa, que apenas balançou a cabeça, indicando que estava tudo bem.Jéssica, sem saber ainda da influência de Cesar, perguntou se ele poderia levá-la até Guilherme. Ele concordou, e os dois partiram. Cesar também queria encontrar o amigo para tratar de assuntos importantes.Enquanto isso, houve um desencontro. Cesar levou Vitor para empresa que ficava ao lado, mas Jéssica, que não queria ir, não teve muita escolha, já que ainda não conhecia bem a mansão. Guilherme retornou por outra estrada, em sua caminhonete.Guilherme, um homem de poucas palavras, chegou à casa e foi recebido por Meg, que sorria enquanto Rosa, tentando alcançar o armário, se equilibrava em uma cadeira. A cena fez Meg rir, e Rosa, um pouco sem