A Plebeia e o Príncipe Um amor que nem  Realeza pode esconde
A Plebeia e o Príncipe Um amor que nem Realeza pode esconde
Por: Callisto de Vênus
Capítulo 1

É só uma festa, você merece. Se arrume, fique lindíssima, use aquele vestido azul que tanto ama. Beba alguns drinks, dance e ria com suas amigas.

Era o que Ellora dizia para si enquanto terminava o banho. Apesar de estar exausta mentalmente depois da longa semana de projetos e testes-piloto de implantações que assumira nos últimos meses, esforçava-se para se animar e não desistir de última hora. Entre tantas responsabilidades, ainda era a única pessoa que deveria executar, mas almejava aquela promoção tão prometida pelo diretor. Então, tinha que encarar o desafio até o fim.

Mesmo que sua vontade fosse vestir um pijama confortável e acompanhar a noite com uma panela de brigadeiro, ela iria sair. Havia prometido às amigas que se divertiria, não reclamaria e nem pensaria em trabalho. O melhor salto já estava separado, dançaria todas as músicas que quisesse e até paqueraria um cara bonito que chamasse sua atenção. Apenas por diversão, nada sério. Só por aquela noite, não precisava pensar como uma mulher adulta cheia de responsabilidades. Poderia se divertir, ser ela mesma. E iria.

As noites de sexta-feira em junho, em San Diego, eram sempre animadas. As casas noturnas estavam sempre lotadas, borbulhando de jovens em busca de diversão. Cidade praiana com alma universitária, as temperaturas quentes do verão tornavam quase irresistível o desejo de sair de casa. Já eram quase dez da noite quando, enfim, saía de casa em um carro de aplicativo rumo à festa escolhida. Mesmo não conhecendo o lugar, Ellora tentava se manter empolgada e curiosa o caminho todo, apesar de saber que Patrícia, sua amiga que a arrastava, era conhecida por levá-la a lugares que, 90% das vezes, eram verdadeiras furadas ou não tinham o clima de que realmente gostava. Não se encaixava.

Na maioria das vezes, preferia um restaurante, uma cafeteria ou até um dia na praia. Nada que exigisse interação excessiva. Odiava aquela briga de egos ou a disputa por atenção. Criou o hábito de se isolar, tornando sua própria companhia suficiente. Mas, no final, sempre dava um voto de confiança à amiga. Conheciam-se há mais de quinze anos e dividiam o apartamento. Desde o ginásio até os últimos semestres da faculdade, não tinham vidas separadas. Eram tão próximas que, até na hora de escolher onde estudar, o critério principal era que pudessem ir juntas. E assim fizeram. A partir de então, separar as duas era quase impossível.

Nos últimos meses, no entanto, Ellora vinha pensando na possibilidade de morar sozinha. Ter sua própria rotina, liberdade e espaço. Não que Patrícia fosse um peso ou motivo da mudança, mas naquele momento precisava de algo novo, algo que agitasse sua vida. Talvez viver sozinha ajudasse.

Aos 28 anos, era bem-sucedida no trabalho. Gerente de projetos em uma grande empresa de tecnologia, era responsável por todas as unidades da Costa Oeste. Consideravam-na um prodígio pelos cinco anos na companhia e pelas mudanças e lucros inimagináveis que seu planejamento e trabalho haviam proporcionado. Poderia se virar sozinha, comprar um bom lugar para morar e ter uma vida confortável. Ora, se gerenciava uma equipe gigantesca, também poderia gerenciar sua própria vida sem precisar do apoio emocional de alguém.

Ainda a caminho da casa noturna, não conseguia tirar da cabeça o apartamento que havia encontrado. Recém-entregue, pronto para morar, só precisava de alguns detalhes para ter a sua cara. Era perfeito: perto do centro, próximo ao trabalho, com um belo parque para suas corridas matinais e uma vizinhança tranquila. Sonhava com isso há semanas e estava agitada com a possibilidade. A proposta havia sido feita duas semanas antes, e agora só aguardava a confirmação dos corretores. Mantinha tudo em segredo.

Mas sempre prorrogava o plano pela amiga. Não queria deixá-la sozinha. Das duas, sempre fora a superprotetora. Herdara esse traço da mãe: queria manter a amiga sob suas asas. Só quando tivesse a documentação em mãos, se prepararia para contar que ia se mudar. Precisava criar seu próprio caminho e espaço. Não tinha mais por que adiar.

— A gente vai se divertir muito hoje! — anunciou Patrícia, tirando-a de seus pensamentos.

— Espero que, dessa vez, você tenha acertado. Porque a última… — Ellora revirou os olhos, frustrada. Por mais eclética que fosse, passar a noite em um bar de música country não era sua ideia de diversão. Principalmente por conta das brigas sem sentido que aconteceram naquela noite.

No mesmo instante, Patrícia puxava o celular para mostrar algumas notificações. Mas o que Ellora viu em seguida fez sua expressão endurecer: o ex-namorado da amiga estava no mesmo local para onde estavam indo. Patrícia tentou passar rápido pelos stories, mas não foi rápida o suficiente.

— Ele está lá? — Lola, como era chamada pela amiga, tomou o celular de suas mãos.

Patrícia não teve chance de esconder. Sabia que Ellora ficaria irritada com a ideia de encontrá-lo. Aquele cara brincava com seus sentimentos, fazia dela um capacho. E, mesmo assim, ela sempre voltava para ele, nem que fosse por uma noite. Por mais que tentasse colocar juízo na cabeça da amiga, Patrícia sempre o aceitava de volta.

— Nem pensar. Vamos voltar para casa agora. — O humor de Ellora mudou instantaneamente. Sua respiração pesada deixava claro que estava cansada desse assunto.

— Eu não vou atrás dele, Lolo. –  Patrícia usava o apelido de infância, como sempre fazia quando não queria brigar. — Essa noite é para as garotas.

Ellora bufou, sem acreditar.

— Você acha que me engana, mas eu sei como isso vai terminar…

Mas já estavam lá. E, independentemente do desfecho, Ellora iria aproveitar sua noite.

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