Todos os anos Ellora sempre dormia na casa da mãe, na noite antes do feriado. Mas com a companhia de Max e a equipe não teria espaço na casa suficiente, era mais confortável todos ficarem onde tinha planejado e logo após o café já seguiam para lá. Mesmo sendo cedo, a casa já estava cheia, todos os sobrinhos estavam ali, amontoados na sala vendo algum desenho e terminando de comer cereal da tigela enorme que disputavam. A cozinha estava lotada, mesmo grande parecia não caber ninguém mais ali cada um tinha sua função para o jantar e a mãe comandava todos como uma general.
– Devo me preocupar com ela? – Max observava Martha preparando o famoso purê de batata doce e esmagando as batatas ferozmente, mesmo sendo baixinha a cena era forte, pensou se eles nã
O jantar era servido às 5pm em ponto como em todos anos, a mãe tinha montado a mesa linda que só ela conseguia fazer. Todos estavam na sala assistindo futebol e o desfile, e mesmo Max, Marco, Liam concordando que preferiam o futebol tradicional, o marido de Bianca, Dom, fez questão de manter a tradição do formato americano.Alguns seguranças já tinha ido se juntar a eles, a condição da equipe ainda era de ir de dois e dois, mesmo Martha teimando que não gostava da ideia. Queria todos juntos, mas a filha explicou que era protocolo e não tinha muito que fazer, mas todos iriam participar. O único que sentia falta ali era Shan, que tinha ficado com a família naquele feriado.Antes de servir a todos, a boa e velha câmera da Mart
Aquele último quarto parecia ser o com menos personalidade da casa, sem pôster na parede mais simples. Devia ser o antigo de Marco, e agora o quarto de visitas o uso era exclusivo para isso.– Pronto. Estou todo ouvidos. – Max tinha um jeito confiante e sorria para Ernesto como se tivesse falando em qualquer negociação. Seria mais fácil pensar assim.– É simples, não vou alongar nada. Nem vir com aquele papo clichê. Você é um homem adulto e pela vida que tem e o que representa já sabe o básico. A única coisa que me preocupa Max é o quanto está envolvido com minha filha e disposto a estar com ela? Em tudo que precisar. Porque sei que estão pegando pesado com vocês. – Questionou Ernesto, qu
Quando voltava à cozinha, viu Lola ainda sentada no mesmo lugar, dava para ver nos olhos dela a ansiedade para saber o que estava acontecendo.– Marco, ele quer falar contigo. – Depois de entregar o celular ao rapaz já se sentava ao lado de Ellora que só aguardava qualquer resposta.Ele apenas abraçou, apertando contra si.– Como foi? – Perguntou toda apreensiva– Bem, basicamente ele autorizou eu me casar com você. – Disse Max, vendo os olhos alarmados de Lola. – Vegas é perto, o que acha?– Tá brincando comigo não é? – Ela mesmo virava se sentando de
É só uma festa, você merece. Se arrume, fique lindíssima, use aquele vestido azul que tanto ama. Beba alguns drinks, dance e ria com suas amigas. Era o que Ellora dizia para si enquanto terminava o banho. Apesar de estar exausta mentalmente depois da longa semana de projetos e testes-piloto de implantações que assumira nos últimos meses, esforçava-se para se animar e não desistir de última hora. Entre tantas responsabilidades, ainda era a única pessoa que deveria executar, mas almejava aquela promoção tão prometida pelo diretor. Então, tinha que encarar o desafio até o fim.Mesmo que sua vontade fosse vestir um pijama confortável e acompanhar a noite com uma panela de brigadeiro, ela iria sair. Havia prometido às amigas que se divertiria, não reclamaria e nem pensaria em trabalho. O melhor salto já estava separado, dançaria todas as músicas que quisesse e até paqueraria um cara bonito que chamasse sua atenção. Apenas por diversão, nada sério. Só por aquela noite, não precisava pensar
Era notável a intenção da amiga ao ajustar o vestido preto e brilhante, tentando destacar ainda mais o decote. Como se as quase duas horas que passou se arrumando não tivessem sido suficientes. Lola sempre agradecia por cada uma ter seu próprio espaço e quarto, pois, nesse ponto, eram muito diferentes. Ela era racional, via tudo preto no branco, sem floreios ou ilusões. Sempre dizia a si mesma que, se não houvesse um bom motivo, não valia a pena continuar. Já tinha aprendido essa lição na última vez em que se deixou levar apenas pelo coração e pela emoção. Patrícia, por outro lado, era pura adrenalina, loucamente apaixonada pela vida, pelos riscos e por tudo o que pudesse proporcionar diversão. Enquanto a observava se arrumar, Ellora já sabia: lá pelas 1h da manhã, a amiga estaria bêbada e aos pés dele, mesmo que o visse com outras mulheres. Era sempre a mesma história. E ela nem tentaria intervir. Já estava cansada de discutir horas e horas com Patrícia, que ignorava todos os avis
Depois de mais dois drinks, tudo estava um pouco fora de controle. Como esperado, Lola já tinha perdido uma das amigas de vista na pista de dança. Andrea sempre era a mais ávida em encontrar um par para a noite. Não demorou muito para Lola avistá-la alguns degraus acima, agarrada a um homem alto, de pele escura e completamente careca. O tipo dela. De onde estava, e pelo jeito como se agarravam, era difícil diferenciar quem era quem — pareciam uma coisa só.Lola, por outro lado, não estava interessada nessas aventuras momentâneas. Desviou o olhar, deixando as amigas à vontade para se divertir enquanto se mantinha o mais sóbrio possível. Só queria voltar à mesa após se livrar dos caras inconvenientes que cruzavam seu caminho. Aquele não era o tipo de lugar que frequentava para conhecer alguém.— Menos uma. Quem é a próxima? — apontou para as duas amigas à sua frente, que já tinham pedido outra rodada e viravam mais duas doses com entusiasmo.Seria uma longa noite.Entre idas e vindas at
Era naquele momento que ela esquecia do mundo, ouvindo suas músicas preferidas e dançando livre, sem se importar com quem estava ao redor. Ainda mais quando se juntava à amiga, que compartilhava o mesmo sentimento, e as duas moviam-se em perfeita sincronia, como se fossem uma só. O calor abafado do ambiente as envolvia, e os rostos desconhecidos ao redor se transformavam em borrões. A cada batida da música, sentia o corpo vibrar, como se fosse parte da melodia. A pele queimava e, quanto mais tempo passava ali, mais ela se entregava àquela sensação única de liberdade. Mas quando se virou para abraçar a amiga, ainda empolgada, já desistiu.Naquele instante, apenas as costas de Patrícia e o rosto familiar que não queria ver – Mauro. Ele estava ali, mais uma vez, a abraçando e beijando como se nada tivesse acontecido. No fundo, ela sabia que era apenas questão de tempo até que os dois se encontrassem de novo e começassem a mesma história. Até que demorou para acontecer.Ellora franziu o c
— Grego? – A pergunta dele parecia genuína, fazendo Lola rir enquanto o olhava.Como sempre, alguém perguntaria de onde vinha aquele nome. E, obviamente, ela não parecia uma pessoa de ascendência grega.— Hebraico ou celta, até hoje não sei. – Ela abriu um sorriso, fazendo eco de sua resposta.O que realmente chamava mais a atenção eram os olhos dele, que alternavam entre verdes e castanhos. Com a pouca luz, era difícil identificar, mas a gentileza no olhar quando ele sorria para ela era clara. Os cantos dos olhos se apertavam um pouco ao sorrir, e ele se inclinava para ouvir melhor, respondendo-lhe com suavidade, antes de retornar à pergunta anterior.— Mas, de qualquer forma, mesmo que soubesse dançar, não danço com desconhecidos. Não assim. Valeu pela intenção. – A atenção de Lola se voltava para a garrafa recém-aberta e gelada. Estava quente demais, e a presença dele parecia intensificar o calor. Ele não desistia e, mais uma vez, chamava sua atenção.— Uma pena, adoraria umas auli