Capítulo 3

Depois de mais dois drinks, tudo estava um pouco fora de controle. Como esperado, Lola já tinha perdido uma das amigas de vista na pista de dança. Andrea sempre era a mais ávida em encontrar um par para a noite. Não demorou muito para Lola avistá-la alguns degraus acima, agarrada a um homem alto, de pele escura e completamente careca. O tipo dela. De onde estava, e pelo jeito como se agarravam, era difícil diferenciar quem era quem — pareciam uma coisa só.

Lola, por outro lado, não estava interessada nessas aventuras momentâneas. Desviou o olhar, deixando as amigas à vontade para se divertir enquanto se mantinha o mais sóbrio possível. Só queria voltar à mesa após se livrar dos caras inconvenientes que cruzavam seu caminho. Aquele não era o tipo de lugar que frequentava para conhecer alguém.

— Menos uma. Quem é a próxima? — apontou para as duas amigas à sua frente, que já tinham pedido outra rodada e viravam mais duas doses com entusiasmo.

Seria uma longa noite.

Entre idas e vindas até o bar e a pista de dança, Lola viu novamente o homem que havia chamado sua atenção mais cedo. Agora, ele estava encostado no balcão, perto dela, inclinando-se para falar com o barman. Duas mulheres tentavam a todo custo chamar sua atenção, jogando-se para cima dele. Mas, pelo sorriso despreocupado que ele exibia, parecia ignorá-las completamente.

Não era delas que ele queria.

Seu olhar estava fixo na morena de pele dourada, que aguardava seus drinks ficarem prontos. De relance, ele notou os olhos dela passando rapidamente sobre ele antes de desviar. Logo, voltou para o grupo, que parecia ainda maior com a chegada de mais algumas mulheres. Mas antes de se afastar, olhou para ela mais uma vez. Era como se desafiasse sua indiferença.

Aquela mulher não o reconhecia. E ainda ousava sustentar o olhar por mais do que poucos segundos. Isso foi o suficiente para deixar Max curioso.

Ele queria ouvi-la rir de novo — como quando duas mulheres a arrastaram para a pista de dança. Ela parecia magnética, exalava confiança, e todas às vezes que passou por ele, era impossível não notar sua presença.

Max buscou um lugar melhor para observá-la na pista. Quem diria que um dos herdeiros do trono da Inglaterra estaria em uma casa noturna em San Diego, completamente vidrado em uma mulher de cabelos escuros e pele dourada? Talvez fosse apenas seu ego ferido por ela não demonstrar interesse nele. Mas ele tentaria conseguir sua atenção de alguma forma.

Naquele momento, agradeceu mentalmente o convite de John para aquela reunião de negócios que o trouxe aos Estados Unidos de última hora. Fazia tempo que não via seu colega de Eton e da faculdade, mas sabia bem que qualquer desculpa era suficiente para John transformar tudo em uma grande festa.

Max nem pretendia beber mais, até ensaiava uma desculpa para ir embora. Mas depois de alguns minutos observando aquela mulher, percebeu que sua noite estava longe de acabar.

O ambiente estava abafado, e o calor parecia piorar a cada minuto. Ele sentiu a boca secar ao vê-la dançando com uma amiga, rebolando ao ritmo da música. Elas pareciam incansáveis, felizes como ele nunca havia visto antes.

John apareceu com uma garrafa de cerveja recém-aberta e entregou a ele.

— Não está batizada, certo? – Max mal olhou para o amigo, ainda focado na cena diante dele. — Sabe que tenho um voo cedo, não posso ter ressaca ou surpresas.

Ele tomou um gole, que momentaneamente aliviou o calor que sentia.

— O que você tanto olha, cara? – John, mesmo bêbado, percebeu que Max estava distraído. Seguiu seu olhar e arregalou os olhos ao ver a pista de dança.

— Qual delas? – perguntou, fascinado.

— A de vestido azul, costas nuas. Vi ela no bar mais cedo. –Max respondeu sem desviar o olhar. Agora, restavam apenas ela e a amiga dançando. Assim que a música mudou, ele a viu puxar a amiga de volta para o meio da pista.

A música era lenta, sensual e intensa.

— Preciso ver isso melhor – murmurou, ignorando completamente John e qualquer outra coisa ao seu redor.

— Porra, olha só aquela garota – John comentou, impressionado, vendo as duas dançando juntas.

Até parecia ensaiado.

Max não era um cara de dançar, muito menos aquele tipo de música. O máximo que fazia eram as benditas valsas que precisou aprender por etiqueta ou algum movimento improvisado quando realmente gostava da música. Mas aquilo… aquilo era outra coisa.

Já Lola estava ali para isso. Havia escolhido o melhor salto, o mais confortável. E nem imaginava que alguém a observava daquela forma, com tanto interesse.

A única coisa que importava era a música vibrando alto pelo salão – um remix entre pop e batidas latinas. O tipo que fazia todos se soltarem e sentirem a vibração pulsando pela pele. O clube estava lotado e quente, e, vez ou outra, precisava afastar algum engraçadinho que tentava se meter entre elas, puxando-as pela cintura ou tentando beijá-la sem qualquer permissão.

Raramente alguém tinha sucesso. Mas, quando se virou novamente, percebeu que só restavam ela e Patrícia na pista. Lá se fora mais uma amiga para algum canto escuro. As duas riram, abraçadas.

Estava prestes a voltar para a mesa e buscar um ar mais fresco, quando, entre o mar de gente, uma nova batida começou a tocar. O ritmo era inconfundível. Pela primeira vez na noite, ela ouviu a introdução de uma de suas músicas preferidas. O sorriso veio instantaneamente.

— Essa é a minha música! – Exclamou, estendendo a mão para Patrícia. E, sem hesitar, puxou-a de volta para o centro da pista.

After Hours, do The Weeknd, ecoou pelos alto-falantes, fazendo seu corpo se mover no mesmo instante.

— Toda música dele é a sua música. – Patrícia riu, acompanhando-a.

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