Capítulo 5

— Grego? – A pergunta dele parecia genuína, fazendo Lola rir enquanto o olhava.

Como sempre, alguém perguntaria de onde vinha aquele nome. E, obviamente, ela não parecia uma pessoa de ascendência grega.

— Hebraico ou celta, até hoje não sei. – Ela abriu um sorriso, fazendo eco de sua resposta.

O que realmente chamava mais a atenção eram os olhos dele, que alternavam entre verdes e castanhos. Com a pouca luz, era difícil identificar, mas a gentileza no olhar quando ele sorria para ela era clara. Os cantos dos olhos se apertavam um pouco ao sorrir, e ele se inclinava para ouvir melhor, respondendo-lhe com suavidade, antes de retornar à pergunta anterior.

— Mas, de qualquer forma, mesmo que soubesse dançar, não danço com desconhecidos. Não assim. Valeu pela intenção. – A atenção de Lola se voltava para a garrafa recém-aberta e gelada. Estava quente demais, e a presença dele parecia intensificar o calor. Ele não desistia e, mais uma vez, chamava sua atenção.

— Uma pena, adoraria umas aulinhas. – Max falou no tom exato para ela ouvir, talvez tentando suavizar sua postura tensa. Ele até lhe ofereceu um olhar amigável, quase como um filhote pedindo atenção.

Surpreendentemente, ela cedeu, esboçando um pequeno sorriso. Lola virou o banquinho em que estava sentada, alinhando-se com Max, que agora falava mais perto de seu rosto. A única coisa em sua mente era que ela não era uma professora de dança e muito menos tinha jeito para ensinar, não importava o que ele pensasse dela.

— Posso te fazer companhia, então? Sua amiga sumiu, e meus colegas… – Ele olhou por cima do ombro e Lola acompanhou o movimento. Levantou as sobrancelhas ao ver a bagunça e o toque de vulgaridade que o pequeno espaço reservado se tornava. Já havia visto sua amiga a deixando sozinha na pista.

— Estão ocupados, eu acho. – Ela respondeu, tentando desviar o olhar, mas a atenção voltava rapidamente para Max, que continuava a observá-la nos olhos com um olhar pacífico e confiante.

Era impossível dizer não.

— Fica à vontade, é a minha melhor companhia da noite. – Lola não se importava em ser franca. Sua atenção estava totalmente voltada para ele, mesmo com o cansaço da situação com as amigas. Ela se manteve ali, ao lado dele, tampando a garrafa e puxando um pouco a saia do vestido curto azul que subia.

Ela se inclinava para ouvir melhor. Lola era curiosa e não conseguia evitar, soltando as perguntas de forma natural.

— Então, Max, o que o traz tão longe de casa? San Diego não é conhecida por ter muitos britânicos, ainda mais para se visitar aleatoriamente.

— Vim para uma reunião de negócios, eu acho. – Ele parecia um pouco confuso quanto à intenção da visita, que no final acabou virando um motivo para diversão. — O John, aquele com a gravata na cabeça, fizemos faculdade juntos em Londres, na verdade, crescemos juntos. Ele tem uma empresa aqui e me convidou para um evento de comemoração de fechamento de um bom contrato que eles conseguiram. No final, eles se empolgaram e me arrastaram até aqui. – Max falava com uma voz grave, mas suave, que combinava perfeitamente com seu jeito educado, enquanto explicava pacientemente tudo para Lola.

Ela sorria, concordando com ele. Era óbvio que era só mais uma festa, mas não conseguia deixar de notar como ele parecia tão atencioso. Algo nela atraía a atenção dele de maneira sutil, e ela estava genuinamente interessada no que ele dizia. Ao contrário das outras mulheres que ele encontrara mais cedo, ela estava realmente prestando atenção.

E Max se perguntava o que poderia acontecer se tivesse alguma chance. Ele queria se aproximar, conhecê-la melhor. Todas às vezes que a viu, ficou claro que ela estava ali para se divertir, sem se preocupar em chamar atenção, especialmente quando dançava. Era difícil não a olhar novamente, com aquelas belas pernas expostas pela saia curta. Sua postura era incomum, especialmente naquele ambiente onde todos pareciam querer algo mais.

Ela não parecia interessada em atrair olhares, focava no próprio mundo.

— E você? Qual sua história para essa noite? – Max perguntou calmamente.

— Bom, aquela que está subindo a escada é minha melhor amiga. Eu acho, não sei se posso dizer isso agora. Ela me arrastou até aqui com a desculpa de diversão, com as outras meninas. – Enquanto Lola apontava para Patrícia subindo as escadas com Mauro, ela indicava a morena de cabelos cacheados acompanhada por ele. Como sempre, Mauro tentava impressioná-la, tentando convencê-la a dar-lhe uma chance novamente.

— Mas… vou ter que dar um jeito de ir embora sozinha, porque ela não vai voltar tão cedo e as outras duas… – Lola apoiava-se no balcão enquanto se levantava e tentava localizar as outras amigas. Elas deviam ter ido embora e provavelmente não as veriam mais.

Max observava pacientemente seus movimentos. Ela olhou rapidamente o celular e viu duas mensagens recém-chegadas. As amigas já estavam indo para outro lugar, e Lola mostrou a tela para Max, deixando claro que havia sido deixada para trás.

— Temos ótimos amigos, não é? – Ela provocava, oferecendo-lhe um brinde com uma garrafa idêntica à sua.

Nesse momento, Max percebeu o que ela estava fazendo. Controlado, sem ultrapassar limites. Mas o que ele estava fazendo ali? Esse era o único pensamento que passava pela cabeça dele.

— Aos nossos amigos, Ellora. – Max fez o brinde, reforçando o nome dela ao invés do apelido, que soava tão bonito e se encaixava perfeitamente nela.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App