— Grego? – A pergunta dele parecia genuína, fazendo Lola rir enquanto o olhava.
Como sempre, alguém perguntaria de onde vinha aquele nome. E, obviamente, ela não parecia uma pessoa de ascendência grega.
— Hebraico ou celta, até hoje não sei. – Ela abriu um sorriso, fazendo eco de sua resposta.
O que realmente chamava mais a atenção eram os olhos dele, que alternavam entre verdes e castanhos. Com a pouca luz, era difícil identificar, mas a gentileza no olhar quando ele sorria para ela era clara. Os cantos dos olhos se apertavam um pouco ao sorrir, e ele se inclinava para ouvir melhor, respondendo-lhe com suavidade, antes de retornar à pergunta anterior.
— Mas, de qualquer forma, mesmo que soubesse dançar, não danço com desconhecidos. Não assim. Valeu pela intenção. – A atenção de Lola se voltava para a garrafa recém-aberta e gelada. Estava quente demais, e a presença dele parecia intensificar o calor. Ele não desistia e, mais uma vez, chamava sua atenção.
— Uma pena, adoraria umas aulinhas. – Max falou no tom exato para ela ouvir, talvez tentando suavizar sua postura tensa. Ele até lhe ofereceu um olhar amigável, quase como um filhote pedindo atenção.
Surpreendentemente, ela cedeu, esboçando um pequeno sorriso. Lola virou o banquinho em que estava sentada, alinhando-se com Max, que agora falava mais perto de seu rosto. A única coisa em sua mente era que ela não era uma professora de dança e muito menos tinha jeito para ensinar, não importava o que ele pensasse dela.
— Posso te fazer companhia, então? Sua amiga sumiu, e meus colegas… – Ele olhou por cima do ombro e Lola acompanhou o movimento. Levantou as sobrancelhas ao ver a bagunça e o toque de vulgaridade que o pequeno espaço reservado se tornava. Já havia visto sua amiga a deixando sozinha na pista.
— Estão ocupados, eu acho. – Ela respondeu, tentando desviar o olhar, mas a atenção voltava rapidamente para Max, que continuava a observá-la nos olhos com um olhar pacífico e confiante.
Era impossível dizer não.
— Fica à vontade, é a minha melhor companhia da noite. – Lola não se importava em ser franca. Sua atenção estava totalmente voltada para ele, mesmo com o cansaço da situação com as amigas. Ela se manteve ali, ao lado dele, tampando a garrafa e puxando um pouco a saia do vestido curto azul que subia.
Ela se inclinava para ouvir melhor. Lola era curiosa e não conseguia evitar, soltando as perguntas de forma natural.
— Então, Max, o que o traz tão longe de casa? San Diego não é conhecida por ter muitos britânicos, ainda mais para se visitar aleatoriamente.
— Vim para uma reunião de negócios, eu acho. – Ele parecia um pouco confuso quanto à intenção da visita, que no final acabou virando um motivo para diversão. — O John, aquele com a gravata na cabeça, fizemos faculdade juntos em Londres, na verdade, crescemos juntos. Ele tem uma empresa aqui e me convidou para um evento de comemoração de fechamento de um bom contrato que eles conseguiram. No final, eles se empolgaram e me arrastaram até aqui. – Max falava com uma voz grave, mas suave, que combinava perfeitamente com seu jeito educado, enquanto explicava pacientemente tudo para Lola.
Ela sorria, concordando com ele. Era óbvio que era só mais uma festa, mas não conseguia deixar de notar como ele parecia tão atencioso. Algo nela atraía a atenção dele de maneira sutil, e ela estava genuinamente interessada no que ele dizia. Ao contrário das outras mulheres que ele encontrara mais cedo, ela estava realmente prestando atenção.
E Max se perguntava o que poderia acontecer se tivesse alguma chance. Ele queria se aproximar, conhecê-la melhor. Todas às vezes que a viu, ficou claro que ela estava ali para se divertir, sem se preocupar em chamar atenção, especialmente quando dançava. Era difícil não a olhar novamente, com aquelas belas pernas expostas pela saia curta. Sua postura era incomum, especialmente naquele ambiente onde todos pareciam querer algo mais.
Ela não parecia interessada em atrair olhares, focava no próprio mundo.
— E você? Qual sua história para essa noite? – Max perguntou calmamente.
— Bom, aquela que está subindo a escada é minha melhor amiga. Eu acho, não sei se posso dizer isso agora. Ela me arrastou até aqui com a desculpa de diversão, com as outras meninas. – Enquanto Lola apontava para Patrícia subindo as escadas com Mauro, ela indicava a morena de cabelos cacheados acompanhada por ele. Como sempre, Mauro tentava impressioná-la, tentando convencê-la a dar-lhe uma chance novamente.
— Mas… vou ter que dar um jeito de ir embora sozinha, porque ela não vai voltar tão cedo e as outras duas… – Lola apoiava-se no balcão enquanto se levantava e tentava localizar as outras amigas. Elas deviam ter ido embora e provavelmente não as veriam mais.
Max observava pacientemente seus movimentos. Ela olhou rapidamente o celular e viu duas mensagens recém-chegadas. As amigas já estavam indo para outro lugar, e Lola mostrou a tela para Max, deixando claro que havia sido deixada para trás.
— Temos ótimos amigos, não é? – Ela provocava, oferecendo-lhe um brinde com uma garrafa idêntica à sua.
Nesse momento, Max percebeu o que ela estava fazendo. Controlado, sem ultrapassar limites. Mas o que ele estava fazendo ali? Esse era o único pensamento que passava pela cabeça dele.
— Aos nossos amigos, Ellora. – Max fez o brinde, reforçando o nome dela ao invés do apelido, que soava tão bonito e se encaixava perfeitamente nela.
Ellora o observava em silêncio, impressionada como ele se destacava de todos os homens que já havia conhecido, especialmente em um ambiente como aquele. Inteligente, educado e sempre mantendo os limites nas conversas, Max surpreendia ao fazer comentários sutis sobre as pessoas ao redor, arrancando dela mais de um sorriso genuíno. Quando tocava, ainda que por acidente, era sempre em um braço ou no joelho dela, e, por mais que fosse um gesto simples, parecia ser o suficiente para ela sentir uma conexão mais forte.Max também estava intrigado com a proximidade dela, principalmente a suavidade de sua pele que parecia tentadora, mesmo sob a luz baixa. Sua mente vagava, imaginando deslizar os dedos sobre ela, sem pressa, por longos minutos, só para ver como ela reagiria.O sotaque dele a fascinava, mas o que a deixava ainda mais cativada era como ele sorria, especialmente quando ambos começavam a complementar as falas um do outro com uma sintonia natural. Cada risada dele era um convite a m
Mais uma vez, Ellora concordava com o que Max falava. Parecia que ela já começava a entender o suficiente para seguir a conversa, mas não queria parecer mal-educada. Então, decidiu ficar um pouco mais, tentando prolongar o diálogo.Precisava apenas mudar de assunto.A primeira coisa que queria saber era que tipo de aventura Max teria vivido, caso tivesse ficado com seus amigos em vez de vir até ela.— No mínimo, minha bela Lola estaria com a gravata na cabeça e tentando escapar de alguma moça muito bêbada. – Max refletia, tentando parecer sério, mas com um sorriso contido, difícil de esconder.— Como se você não gostasse… Eu vi as loiras mais cedo. – Ellora não fazia questão de esconder o que pensava.— Se eu te dissesse que não sou esse tipo de homem, você se surpreenderia? – Max a olhava, os dois compartilhando um segundo de silêncio carregado de tensão. Era uma tensão boa, uma mistura de curiosidade e o desejo de descobrir mais um do outro.
Ellora, embora mais baixa, conseguia atrair a atenção de todos ao seu redor. Mesmo de salto, ela ganhava alguns centímetros, mas sua postura impecável era o que realmente chamava a atenção. Naquela luz clara, Max conseguia perceber os detalhes mais sutis. O vestido curto, de um brilho suave, parecia chamar os olhares, e seus olhos escuros, em formato amendoado e com um leve puxado no canto, eram intensos. Seus lábios carnudos, pintados de vermelho vibrante, se destacavam ainda mais quando ela sorria. O rosto delicado, com um queixo fino e um olhar curioso e astuto, completava a imagem. Mesmo maquiada, Max conseguia perceber um conjunto de pintas na bochecha esquerda e perto do queixo. Pequenas e claras, elas davam um charme a mais, espalhando-se pela pele exposta pelo vestido. Ele estava, de alguma forma, enfeitiçado.Max, tentando manter a naturalidade, sugeriu:– Ou podemos sentar ali. – Aponto
— Me fala da sua família, tem irmãos? Mora com quem em Londres? – Ellora falava devagar, observando cada detalhe do rosto dele. Com um sorriso, Max conseguia prender totalmente a atenção dela, e os dois dividiam a última parte do chocolate. — Você deve ter feito faculdade, não fez?Poderia parecer uma conversa simples, mas o jeito como os dois se comportavam era diferente. O modo como se conectaram a deixava empolgada. Ainda estavam os dois de pé, encostados na grade que cercava a loja, como se precisassem ficar mais próximos um do outro, e, às vezes, até se tocavam enquanto conversavam.— Devo tratar o que está acontecendo aqui? Um primeiro encontro? – Max a olhava com curiosidade, e o cabelo escuro, que emoldurava seu rosto, parecia uma obra de arte.Antes de responder, Ellora fechava os olhos, pensando por um segundo. Nem ela sabia como chamar o que estava acontecendo entre eles. Mas, em falta de adjetivos melhores, concordou.— Acho que sim. Você me convidou, então… – Ela falava d
Nenhum dos dois percebeu que, mais uma vez, estavam de mãos dadas. Ellora se lembrava de tê-la segurado quando falava sobre o pai, mas não sabia ao certo quando largara. Seus dedos entrelaçados acariciavam a pele um do outro, e, com o corpo mais perto de Max, não eram só as mãos em contato. Ao olhar para as unhas pintadas e arredondadas, Ellora notou o quanto suas mãos eram pequenas perto das dele. A tatuagem discreta no indicador de sua mão direita se destacava. — Uma verdadeira família de brasileiros, então? – Max perguntou. Ellora sorriu orgulhosa, concordando. — Agora entendi tudo. Isso faz sentido. Toda essa energia, esse jeito… Você é linda, tem algo bem diferente em você… – Ele não sabia como expressar aquilo sem parecer piegas ou um pouco conquistador, mas o sentimento estava ali, claro. Eles se encararam por um momento, tentando entender a linha de raciocínio um do outro. — Desculpe, isso foi totalmente sem sentido, né? – Max se atrapalhou, ficando um pouco sem graça.
A noite estava quente, e ela não parecia sentir frio, embora um leve arrepio surgisse com o toque a mais que Max explorava. A ideia de falar sobre paixão se tornava ainda mais interessante, especialmente sob o ponto de vista dela.— Por que a casa da sua mãe é como estar no Brasil? – Max levantou finalmente o olhar e encontrou o dela, que o seguia, observando seus dedos deslizando pela sua pele até o ombro.— Minha mãe é uma mulher de personalidade, Maximilian. – Ela propositadamente o chamava pelo nome, enfatizando que não o esqueceria tão cedo, o que o fez sorrir. Ele gostava de como o som do seu nome soava na boca dela. — E mesmo morando aqui há mais de 30 anos, ela fez questão de nos criar como se estivéssemos no Brasil. Então, nossos costumes em casa são bem diferentes dos de qualquer família americana que você conheça. – No final, ela prendeu os lábios entre os dentes, os dois já perdidos no tempo e naquela conversa.Mais próximos e atentos, Max estava prestes a levantar o queix
Max fez questão de acompanhá-la até a parte externa da loja, na calçada. Sua mão repousava na cintura dela, como se quisesse trazê-la ainda mais para perto, e, sem resistir, ela se aproximou, em silêncio, enquanto digitava o endereço no aplicativo.— Tomara que eu tenha sorte agora e consiga um motorista. – Ela pensou alto, tentando quebrar o silêncio.Normalmente, ele teria sido mais ousado e talvez a beijado minutos antes, já que aqueles lábios pareciam implorar por isso. Mas, naquele momento, ele não sabia quando a veria de novo, e, por isso, entregou seu telefone desbloqueado a ela. Ela, por sua vez, se aconchegava ainda mais contra o corpo dele, buscando calor.— Eu sei que o fuso horário não vai ajudar, mas adoraria continuar essa conversa. Talvez outro encontro… se você quiser. – Com cuidado, ele prendeu uma mecha solta de cabelo dela atrás da orelha. Ela sorriu em resposta.— Claro, por que não? – Ela não pensou duas vezes, salvou o número e entregou de volta o telefone, dei
Era só os dois no banco de trás. Max a puxava para mais perto, com o braço envolvendo sua cintura como se pedisse permissão para continuar, com mais privacidade e tempo de sobra. Ele já percebia ela procurando os lábios dele de novo.Antes de recomeçar, a única coisa que Max pensava era que precisava contar a verdade a ela.— Lola, preciso te falar uma coisa. – O olhar dela era tentador, assim como a mão delicada e quente que deslizava na nuca até alcançar o cabelo curto dele, puxando-o para mais perto. Estava difícil pensar ou mudar o assunto.— É importante? Porque eu não quero conversar agora, quero fazer isso. – Ela não se conteve, mordendo o lábio inferior. Depois daqueles beijos, não poderia deixar de aproveitar e provocar até o ver pressionar o corpo dela.— É sim. – Mesmo assim, ela não parava. Pressionava os lábios dele novamente, sussurrando para ele continuar. Levou a mão até a nuca dele, segurando-o enquanto olhava aqueles olhos intensos.O assunto sobre ele ou sobre quem