Por algum tempo, só silêncio reinava até ouvir as batidas na porta, provavelmente Shan para acordá-lo como sempre fazia e no instante via ele se movendo na cama e a procurando. Ellora tentava disfarçar, limpando o rosto torcendo para que estivesse dormindo tão pesado que nem ia reparar.
– Tá tudo bem? – A voz dele era rouca e baixa e enquanto se sentava na cama tentando abrir os olhos e via Ellora se levantar e os olhos vermelhos, lábios inchados e molhados. A única coisa que pensava que estava chorando só demorou um tempo para entender o porquê. Se ele tivesse feito algo, não lembrava.
– Tá sim, eu vou tomar um banho. Pra gente descer. – Lola só queria escapar, talvez fosse besteira explicar aquilo tudo ou nem so
Mas no olhar dela dava para ver o medo em si.– Parece que nada mais importa. Que eu vou ser só seu parque de diversão. Algo temporário. – Foi necessário uma pausa antes de Ellora continuar.– Sei que não devia me abalar, sou melhor que isso, sei das minhas capacidades e o quanto quem me conhece, minha família se orgulha de mim e você me valoriza, me ver como uma pessoa completa e não só um corpo, mas tem horas que vem tudo à tona. E é difícil. – As últimas palavras pesaram como uma rocha na garganta. Não sabia mais como continuar.A única coisa que ele podia fazer era observar e segurar as duas mãos dela a vendo por tudo para fora.&nbs
Em menos de 24h Max chegaria para ação de graças, e a mãe de Ellora parecia ter entrado no modo 220V, para preparar um dos melhores jantares. E ela deixou claro que queria que até os seguranças participassem com eles. Nem que se reservassem entre si, não gostava nada daquela história deles ficarem para depois e já tinha dado recado a Max.Antes eles andavam apenas com Shan e mais um segurança, mas assédio vinha aumentando rainha pediu para que dobrasse a equipe. Principalmente que agora eles passariam as festas juntos, queria evitar surpresas. Ou história desnecessária.A última conversa pareceu ter surtido algum efeito na parte de preservá-la , seja lá o que estavam fazendo nas redes dela. Ellora não r
Todos os anos Ellora sempre dormia na casa da mãe, na noite antes do feriado. Mas com a companhia de Max e a equipe não teria espaço na casa suficiente, era mais confortável todos ficarem onde tinha planejado e logo após o café já seguiam para lá. Mesmo sendo cedo, a casa já estava cheia, todos os sobrinhos estavam ali, amontoados na sala vendo algum desenho e terminando de comer cereal da tigela enorme que disputavam. A cozinha estava lotada, mesmo grande parecia não caber ninguém mais ali cada um tinha sua função para o jantar e a mãe comandava todos como uma general.– Devo me preocupar com ela? – Max observava Martha preparando o famoso purê de batata doce e esmagando as batatas ferozmente, mesmo sendo baixinha a cena era forte, pensou se eles nã
O jantar era servido às 5pm em ponto como em todos anos, a mãe tinha montado a mesa linda que só ela conseguia fazer. Todos estavam na sala assistindo futebol e o desfile, e mesmo Max, Marco, Liam concordando que preferiam o futebol tradicional, o marido de Bianca, Dom, fez questão de manter a tradição do formato americano.Alguns seguranças já tinha ido se juntar a eles, a condição da equipe ainda era de ir de dois e dois, mesmo Martha teimando que não gostava da ideia. Queria todos juntos, mas a filha explicou que era protocolo e não tinha muito que fazer, mas todos iriam participar. O único que sentia falta ali era Shan, que tinha ficado com a família naquele feriado.Antes de servir a todos, a boa e velha câmera da Mart
É só uma festa, você merece. Se arrume, fique lindíssima, use aquele vestido azul que tanto ama. Beba alguns drinks, dance e ria com suas amigas. Era o que Ellora dizia para si enquanto terminava o banho. Apesar de estar exausta mentalmente depois da longa semana de projetos e testes-piloto de implantações que assumira nos últimos meses, esforçava-se para se animar e não desistir de última hora. Entre tantas responsabilidades, ainda era a única pessoa que deveria executar, mas almejava aquela promoção tão prometida pelo diretor. Então, tinha que encarar o desafio até o fim.Mesmo que sua vontade fosse vestir um pijama confortável e acompanhar a noite com uma panela de brigadeiro, ela iria sair. Havia prometido às amigas que se divertiria, não reclamaria e nem pensaria em trabalho. O melhor salto já estava separado, dançaria todas as músicas que quisesse e até paqueraria um cara bonito que chamasse sua atenção. Apenas por diversão, nada sério. Só por aquela noite, não precisava pensar
Era notável a intenção da amiga ao ajustar o vestido preto e brilhante, tentando destacar ainda mais o decote. Como se as quase duas horas que passou se arrumando não tivessem sido suficientes. Lola sempre agradecia por cada uma ter seu próprio espaço e quarto, pois, nesse ponto, eram muito diferentes. Ela era racional, via tudo preto no branco, sem floreios ou ilusões. Sempre dizia a si mesma que, se não houvesse um bom motivo, não valia a pena continuar. Já tinha aprendido essa lição na última vez em que se deixou levar apenas pelo coração e pela emoção. Patrícia, por outro lado, era pura adrenalina, loucamente apaixonada pela vida, pelos riscos e por tudo o que pudesse proporcionar diversão. Enquanto a observava se arrumar, Ellora já sabia: lá pelas 1h da manhã, a amiga estaria bêbada e aos pés dele, mesmo que o visse com outras mulheres. Era sempre a mesma história. E ela nem tentaria intervir. Já estava cansada de discutir horas e horas com Patrícia, que ignorava todos os avis
Depois de mais dois drinks, tudo estava um pouco fora de controle. Como esperado, Lola já tinha perdido uma das amigas de vista na pista de dança. Andrea sempre era a mais ávida em encontrar um par para a noite. Não demorou muito para Lola avistá-la alguns degraus acima, agarrada a um homem alto, de pele escura e completamente careca. O tipo dela. De onde estava, e pelo jeito como se agarravam, era difícil diferenciar quem era quem — pareciam uma coisa só.Lola, por outro lado, não estava interessada nessas aventuras momentâneas. Desviou o olhar, deixando as amigas à vontade para se divertir enquanto se mantinha o mais sóbrio possível. Só queria voltar à mesa após se livrar dos caras inconvenientes que cruzavam seu caminho. Aquele não era o tipo de lugar que frequentava para conhecer alguém.— Menos uma. Quem é a próxima? — apontou para as duas amigas à sua frente, que já tinham pedido outra rodada e viravam mais duas doses com entusiasmo.Seria uma longa noite.Entre idas e vindas at
Era naquele momento que ela esquecia do mundo, ouvindo suas músicas preferidas e dançando livre, sem se importar com quem estava ao redor. Ainda mais quando se juntava à amiga, que compartilhava o mesmo sentimento, e as duas moviam-se em perfeita sincronia, como se fossem uma só. O calor abafado do ambiente as envolvia, e os rostos desconhecidos ao redor se transformavam em borrões. A cada batida da música, sentia o corpo vibrar, como se fosse parte da melodia. A pele queimava e, quanto mais tempo passava ali, mais ela se entregava àquela sensação única de liberdade. Mas quando se virou para abraçar a amiga, ainda empolgada, já desistiu.Naquele instante, apenas as costas de Patrícia e o rosto familiar que não queria ver – Mauro. Ele estava ali, mais uma vez, a abraçando e beijando como se nada tivesse acontecido. No fundo, ela sabia que era apenas questão de tempo até que os dois se encontrassem de novo e começassem a mesma história. Até que demorou para acontecer.Ellora franziu o c