Mais uma vez, Ellora concordava com o que Max falava. Parecia que ela já começava a entender o suficiente para seguir a conversa, mas não queria parecer mal-educada. Então, decidiu ficar um pouco mais, tentando prolongar o diálogo.
Precisava apenas mudar de assunto.
A primeira coisa que queria saber era que tipo de aventura Max teria vivido, caso tivesse ficado com seus amigos em vez de vir até ela.
— No mínimo, minha bela Lola estaria com a gravata na cabeça e tentando escapar de alguma moça muito bêbada. – Max refletia, tentando parecer sério, mas com um sorriso contido, difícil de esconder.
— Como se você não gostasse… Eu vi as loiras mais cedo. – Ellora não fazia questão de esconder o que pensava.
— Se eu te dissesse que não sou esse tipo de homem, você se surpreenderia? – Max a olhava, os dois compartilhando um segundo de silêncio carregado de tensão. Era uma tensão boa, uma mistura de curiosidade e o desejo de descobrir mais um do outro.
Mas antes que continuassem, algo no camarote atrás deles chamou a atenção. O show principal estava acontecendo. Eles quase perderam o fôlego de tanto rir ao ver John tentando dançar na mesa central. Todos na casa estavam observando aquele espetáculo.
Por alguns segundos, os dois ficaram em silêncio, se olhando nos olhos. Não se importavam com a pausa; de algum jeito, era estranho se sentir tão confortável. Eles não se conheciam, e uma conversa curta não deveria ter esse impacto. Era o que Ellora tentava se convencer, pensando racionalmente para se proteger de um envolvimento que ela não sabia como lidar.
— Acho que vou para casa. Já está tarde. Não me leve a mal, tudo bem? – Ellora se mexia, deixando claro que ia se levantar e deixando a garrafa vazia sobre a mesa.
— Tem mesmo que ir? – Max queria mais tempo com ela, só mais alguns minutos, talvez tentando conseguir o número dela.
Lola confirmou com um leve aceno de cabeça, antes de se levantar. Ela sabia que precisava buscar suas coisas na chapelaria e pagar a conta. Não ousaria pedir o número dele, afinal, ele morava do outro lado do oceano, e ela tinha plena consciência de que não iria dar em nada. Embora ele fosse solteiro, como dissera, aquela sensação de dúvida era algo novo para ela.
A conversa chegou naturalmente ao fim. Já era hora.
— Vou te acompanhar, posso? – Max se levantava imediatamente, estendendo a mão para ajudá-la a descer do banquinho.
Ela aceitou, sentindo o toque quente e suave da mão dele. Percebia a grande diferença de altura entre eles. Mesmo com saltos, ela ainda precisava levantar o queixo para olhá-lo nos olhos. Ele tinha 1,88 m de altura, o que fazia Max parecer uma verdadeira montanha perto dela.
Ele se sentia um pouco perdido, sem saber como continuar a conversa. Não sabia se deveria arriscar algo mais ou apenas seguir com a companhia agradável que estavam compartilhando. No entanto, ele a acompanhava até a porta. No caminho, ele não podia deixar de notar suas costas nuas devido ao vestido, uma visão que o encantava.
Os cabelos dela, longos e escuros, eram uma obra de arte. Adoraria olhar mais de perto aquelas formas delicadas e a cintura fina contrastando com o quadril cheio de curvas.Naquele instante, ele ficou sem palavras, apenas a observando caminhar. O movimento de quadril dela era natural, quase como um rebolado, e era de tirar o fôlego.
Max deixou que ela pagasse a conta, como havia combinado. Ele seguiu o mesmo caminho, respeitando a autonomia dela. Já tinha entendido que ela era uma mulher única e independente, e não queria fazer nada que a incomodasse. Era evidente que ela tinha algo diferente das outras mulheres que ele havia conhecido.
Enquanto saíam, Max ainda não sabia se ela havia notado a presença dele durante toda a noite. Ela não o reconheceu, ao contrário das outras mulheres que se jogaram aos seus pés assim que o viram. Isso só confirmava que ele estava lidando com alguém genuíno, sem expectativas de algo fácil.
Do lado de fora, com o som abafado pela porta, Ellora focava no celular, tentando chamar um motorista. Todas as tentativas falhavam, e ela começava a se irritar com a demora. Já passava das 2h da manhã, e ela se perguntava por que não foi embora mais cedo. De novo, ela sentia a presença de Max ao seu lado, sem que ele tivesse desistido dela.
Com a iluminação melhor, ela conseguia ver Max com mais clareza. Ele era bonito, charmoso e seu charme parecia natural. Não parecia se esforçar para ser atraente. Ele era alto, com cabelos claros que variavam entre castanho e loiro, dependendo da luz. Os olhos dele eram um mistério, ela não conseguia decidir sua real cor, mas sabia serem intensos e profundos. Quando sorria, os cantos dos olhos se fechavam, e isso só tornava tudo mais cativante.
Ellora não podia evitar, olhava para ele e só conseguia pensar em como seriam aqueles lábios. Seriam tão macios e quentes quanto pareciam?
Max, por sua vez, apenas dava espaço a ela. Não era do tipo que pressionava ou ficava cercando. Ele sabia que poderia ser mais direto, mas preferia a paciência. O que mais desejava agora era beijá-la, algo que desejara desde o momento em que se sentaram juntos no bar. Mas agora não importava. Ele tomava a iniciativa de novo, sem pressa, apenas esperando o momento certo.
— Não consigo chamar nenhum motorista, e quando aparece, a espera é de mais de 15 minutos. Eles mesmos cancelam. – Ellora se mostrava incomodada com a demora. Ela ainda tentava entender o real interesse de Max, ele ainda era um mistério para ela.
Max, tranquilo, aguardava o momento certo para se aproximar mais. Ele era paciente, ainda que quisesse beijá-la desde o começo. Ele decidiu e fez a proposta.
— Eu espero com você, até conseguir. Ou posso te dar uma carona, se estiver com pressa.
Ellora, embora mais baixa, conseguia atrair a atenção de todos ao seu redor. Mesmo de salto, ela ganhava alguns centímetros, mas sua postura impecável era o que realmente chamava a atenção. Naquela luz clara, Max conseguia perceber os detalhes mais sutis. O vestido curto, de um brilho suave, parecia chamar os olhares, e seus olhos escuros, em formato amendoado e com um leve puxado no canto, eram intensos. Seus lábios carnudos, pintados de vermelho vibrante, se destacavam ainda mais quando ela sorria. O rosto delicado, com um queixo fino e um olhar curioso e astuto, completava a imagem. Mesmo maquiada, Max conseguia perceber um conjunto de pintas na bochecha esquerda e perto do queixo. Pequenas e claras, elas davam um charme a mais, espalhando-se pela pele exposta pelo vestido. Ele estava, de alguma forma, enfeitiçado.Max, tentando manter a naturalidade, sugeriu:– Ou podemos sentar ali. – Aponto
— Me fala da sua família, tem irmãos? Mora com quem em Londres? – Ellora falava devagar, observando cada detalhe do rosto dele. Com um sorriso, Max conseguia prender totalmente a atenção dela, e os dois dividiam a última parte do chocolate. — Você deve ter feito faculdade, não fez?Poderia parecer uma conversa simples, mas o jeito como os dois se comportavam era diferente. O modo como se conectaram a deixava empolgada. Ainda estavam os dois de pé, encostados na grade que cercava a loja, como se precisassem ficar mais próximos um do outro, e, às vezes, até se tocavam enquanto conversavam.— Devo tratar o que está acontecendo aqui? Um primeiro encontro? – Max a olhava com curiosidade, e o cabelo escuro, que emoldurava seu rosto, parecia uma obra de arte.Antes de responder, Ellora fechava os olhos, pensando por um segundo. Nem ela sabia como chamar o que estava acontecendo entre eles. Mas, em falta de adjetivos melhores, concordou.— Acho que sim. Você me convidou, então… – Ela falava d
Nenhum dos dois percebeu que, mais uma vez, estavam de mãos dadas. Ellora se lembrava de tê-la segurado quando falava sobre o pai, mas não sabia ao certo quando largara. Seus dedos entrelaçados acariciavam a pele um do outro, e, com o corpo mais perto de Max, não eram só as mãos em contato. Ao olhar para as unhas pintadas e arredondadas, Ellora notou o quanto suas mãos eram pequenas perto das dele. A tatuagem discreta no indicador de sua mão direita se destacava. — Uma verdadeira família de brasileiros, então? – Max perguntou. Ellora sorriu orgulhosa, concordando. — Agora entendi tudo. Isso faz sentido. Toda essa energia, esse jeito… Você é linda, tem algo bem diferente em você… – Ele não sabia como expressar aquilo sem parecer piegas ou um pouco conquistador, mas o sentimento estava ali, claro. Eles se encararam por um momento, tentando entender a linha de raciocínio um do outro. — Desculpe, isso foi totalmente sem sentido, né? – Max se atrapalhou, ficando um pouco sem graça.
A noite estava quente, e ela não parecia sentir frio, embora um leve arrepio surgisse com o toque a mais que Max explorava. A ideia de falar sobre paixão se tornava ainda mais interessante, especialmente sob o ponto de vista dela.— Por que a casa da sua mãe é como estar no Brasil? – Max levantou finalmente o olhar e encontrou o dela, que o seguia, observando seus dedos deslizando pela sua pele até o ombro.— Minha mãe é uma mulher de personalidade, Maximilian. – Ela propositadamente o chamava pelo nome, enfatizando que não o esqueceria tão cedo, o que o fez sorrir. Ele gostava de como o som do seu nome soava na boca dela. — E mesmo morando aqui há mais de 30 anos, ela fez questão de nos criar como se estivéssemos no Brasil. Então, nossos costumes em casa são bem diferentes dos de qualquer família americana que você conheça. – No final, ela prendeu os lábios entre os dentes, os dois já perdidos no tempo e naquela conversa.Mais próximos e atentos, Max estava prestes a levantar o queix
Max fez questão de acompanhá-la até a parte externa da loja, na calçada. Sua mão repousava na cintura dela, como se quisesse trazê-la ainda mais para perto, e, sem resistir, ela se aproximou, em silêncio, enquanto digitava o endereço no aplicativo.— Tomara que eu tenha sorte agora e consiga um motorista. – Ela pensou alto, tentando quebrar o silêncio.Normalmente, ele teria sido mais ousado e talvez a beijado minutos antes, já que aqueles lábios pareciam implorar por isso. Mas, naquele momento, ele não sabia quando a veria de novo, e, por isso, entregou seu telefone desbloqueado a ela. Ela, por sua vez, se aconchegava ainda mais contra o corpo dele, buscando calor.— Eu sei que o fuso horário não vai ajudar, mas adoraria continuar essa conversa. Talvez outro encontro… se você quiser. – Com cuidado, ele prendeu uma mecha solta de cabelo dela atrás da orelha. Ela sorriu em resposta.— Claro, por que não? – Ela não pensou duas vezes, salvou o número e entregou de volta o telefone, dei
Era só os dois no banco de trás. Max a puxava para mais perto, com o braço envolvendo sua cintura como se pedisse permissão para continuar, com mais privacidade e tempo de sobra. Ele já percebia ela procurando os lábios dele de novo.Antes de recomeçar, a única coisa que Max pensava era que precisava contar a verdade a ela.— Lola, preciso te falar uma coisa. – O olhar dela era tentador, assim como a mão delicada e quente que deslizava na nuca até alcançar o cabelo curto dele, puxando-o para mais perto. Estava difícil pensar ou mudar o assunto.— É importante? Porque eu não quero conversar agora, quero fazer isso. – Ela não se conteve, mordendo o lábio inferior. Depois daqueles beijos, não poderia deixar de aproveitar e provocar até o ver pressionar o corpo dela.— É sim. – Mesmo assim, ela não parava. Pressionava os lábios dele novamente, sussurrando para ele continuar. Levou a mão até a nuca dele, segurando-o enquanto olhava aqueles olhos intensos.O assunto sobre ele ou sobre quem
A boca de Lola não era apenas bonita. Ela era provocante, sensual, quase suja, em um jeito que deixava Max sem fôlego. Quando ela o tocava, a pele dele ardia com o simples toque de seus dedos, deslizando lentamente pelas laterais do seu pescoço, descendo até o decote do vestido e explorando as curvas de seu corpo. Ele queria, precisava provar aquela pele bronzeada, beijá-la até não conseguir mais parar. A sensação de seu toque sobre ele fazia com que ele perdesse o controle, mas, ao mesmo tempo, a provocação de Lola o mantinha em suspense, aguardando o momento certo para ceder.Com os dedos, Max traçava cada curva do corpo de Lola, movendo-se lentamente pela sua cintura, depois pela coxa, até chegar à parte interna da saia do vestido. Cada movimento seu era uma promessa de algo mais. Ele queria ver até onde ela iria, como ela reagiria aos seus toques. Quando seus dedos finalmente alcançaram a calcinha dela, ele sentiu a umidade, a necessidade dela, e não pôde evitar um suspiro. Estava
A região de Vila La Jolla em que Ellora morava era a preferida dos jovens, perto do centro turístico, praia e muito movimento. A universidade de San Diego ficava a poucos minutos a pé dali, então era um lugar moderno e agitado o ano todo. O prédio era tradicional e nada inovador, a não ser pela portaria 24h e o jardim bem cuidado em um espaço comum, de torre única, como os demais prédios da região. A maioria das pessoas que morava ali, assim como ela, já tinha uma vida estabilizada, um público pouco mais maduro. Diferente daquele, moravam mais perto ainda da universidade ou no campus. Aquilo, sim, era loucura de verdade. Ela mesmo não conseguiu passar mais de um semestre, nos prédios que ficavam a poucos metros das salas. Era uma extensão das repúblicas e dos dormitórios, impossível de se ter paz quando necessário. Então junto a Patrícia aproveitaram alguns períodos livres das aulas e arrumaram empregos extras para ganhar um pouco mais, só para ter um lugar melhor e mais calmo, ap