3-CRESCER NA DOR

THIAGO

SEIS ANOS!

Sim, fazem seis anos que estou sozinho, fiquei viúvo aos vinte anos.

Perdi o amor da minha vida, o filho que nunca conheci.

A família de Aline levou o corpo para a cidade deles.

Não me deixaram ir visitar, nada, cortaram contacto, quase todos, a irmã dela Alice continuou como a minha amiga, vejo nela uma irmã, um apoio nos momentos de solidão, uma apoia o outro.

Ainda mando uma pensão para a mãe dela, sei que isso é migalhas perto do que perdeu, mas não posso fazer nada.

Chego na minha casa já passa das dez da noite, a governanta, que era a doméstica no nosso apartamento, a senhora Norberto, continua por ali, cuida de tudo, ela decorou o lugar de acordo com o gosto de Aline, ela conhecia bem a minha esposa.

Mantive ela, que me ajudou decorar a casa, como Aline gostaria, na casa tem quadros dela por todos os lugares.

Uma pena que não consegui ficar com nem uma foto dela grávida.

A minha empresa, bem, cresceu, e muito, hoje se Aline estivesse aqui, poderia dar-lhe tudo que prometi.

A minha empresa, hoje vale mais do que a da minha família, na verdade, são ramos diferentes. Eles trabalham no ramo de importação, eu construção.

Vi as portas se abrindo para esse mercado e segui.

Tenho contratos em todo o país, por isso não tenho tempo para pensar em mais nada.

Pego um copo de bebida, fico parado na frente de um grande quadro dela:

— Você teria orgulho de mim, meu amor. Eu ainda te amo Aline.

Após varias dose subo para o meu quarto, lá verifico o meu telefone particular, respondo às mensagens dos meus pais, e avô.

Nem acredito, estou a seguir os conselhos daquela criança, quem nem sei o nome, acredito que comece com a letra "E', pois é essa letra que está bordada no lenço que ela me deu naquele dia.

Aquele dia, apesar de ter sido muito tumultuado, a conversa com aquela criança, deu-me forças para segui, tirando da cabeça a ideia louca de acabar com a minha vida, a menina fez-me lembrar que precisava prosperar, assim como prometi a Aline.

Quando sai do lado dela, fui até o responsável pelo funeral paguei tudo, fiz uma oração na capela, e fui embora.

Não queria que a família sofresse com a minha presença.

Respeitei a vontade deles.

Quando cheguei em casa recebi a ligação do meu pai, ele pediu perdão, disse que ficaram saber há poucas horas, do acidente, estava toda a família num cruzeiro, por isso não estiveram no velório.

Assim, que ouvi a voz do meu pai, quis gritar, acusar, então lembrei a voz da menina, fiquei em silêncio, e pude escutar a minha mãe chorando ao fundo, ela lamentava a perda do neto. Neto que ela renegou, expulsando a mãe da criança da sua casa, sendo superior, mas isso agora não traria a minha Aline de volta, nada poderia fazer isso.

Nunca toquei no assunto com a minha família, eles também nunca falaram nada. O meu casamento, a minha esposa, o meu filho, eram como assunto proibido, algo que todos sabiam mais ninguém falava.

Depois daquele dia, trabalho foi meu objetivo, vivi apenas para isso nos últimos anos.

Um ano depois voltei naquela capela, perguntei pela criança que me ajudou naquele dia.

O padre que estava ali, informou que era novo, é quem cuidava antes era um grupo de irmãs, com a ajuda de alunos do colégio interno para órfãos, que havia fechado, por falta de verbas.

Aquilo deixou-me triste, aquela criança, ali me consolando era uma órfã.

Ela não tinha ninguém para cuidar dela, mas estava ali, me ajudando, talvez por isso fez-me lembrar da importância da família, ela não tinha ninguém.

Tentei entrar em contacto com as irmãs, mas nem uma deu informações sobre a menina.

Algumas vezes sonho com ela, que continua a dar-me conselhos, nos sonhos conto como estou, minhas conquistas, a voz continua marcante, mas o rosto, cada dia mais fraco.

Não entendo o porquê disso, mas mantenho o lenço dela sempre do meu lado.

O que me deixa triste, é que sonho com essa desconhecida, que nem perguntei o nome, mas nunca sonhei com Aline ou com o meu filho, que também não sei se era menino ou menina.

Deve ser castigo, por não cuidar deles como deveria.

A minha vida está resumida em trabalho, apesar de ter crescido muito, não gosto de sair nas mídias, por isso evito eventos sociais.

Se Aline estivesse aqui, seria diferente, ela sempre quis ser famosa, brilhar, e sim ela merecia brilhar.

Os meus pais já tentaram apresentar algumas mulheres, não fico nem para ver ser rola uma t****, não quero compromisso.

O que mais escuto é o meu avô, ele mesmo sendo contra o meu relacionamento com Aline, sempre apoiou o meu crescimento.

Vou à casa dele sempre, pois sei que não anda bem de saúde.

Não tenho amigos, tenho conhecidos.

Sim, posso dizer que tenho um amigo, ele é bem mais que o meu assistente, começou a trabalhar comigo logo depois da morte de Aline, ele tem apoiado, ele e a esposa, os dois sempre estão do meu lado, um meu assistente, a outra minha secretária.

Eles sempre motivam para que eu saia, até tentei, sai com eles, mas nem sei como chegar numa mulher, o medo de prometer o que não poderei dar, que no caso agora seria, amor.

Sobre a minha vida s***, bem, para essa tenho na agenda, o número de um clube de acompanhantes, sem nome, num hotel discreto, sempre com proteção, e nunca uma acompanhante duas vez seguidas, pode ser que encontre ela meses depois, mas nunca em seguida, não quero dar ilusão para ninguém.

O meu coração já teve uma dona, agora, tem apenas dor.

Sigo a minha vida, tendo a solidão como companheira constante, nem a casa que construi aproveito direito, num nem nadei na piscina que tem aqui, não faço nem uma refeição aqui, venho apenas dormir, trabalho até nos fins de semana, talvez para ocupar a minha cabeça.

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