5-PASSADO

THIAGO

A minha segunda-feira não poderia começar pior, estava irritado, a noite foi uma confusão, não dormi direito, o pouco que dormi sonhei com aquela menina, a nossa conversa, não lembro o rosto dela, mas a voz, não sai da minha cabeça, pedindo que eu siga.

Era dez horas e o meu assistente Filipe e a minha secretária Luana entraram na minha sala, ficaram os dois me olhando, como se esperando que eu dissesse algo.

— Fala Thiago, você hoje está mais azedo que o comum, o que aconteceu? -Luana, nunca teve medo de falar nada.

— Nem eu sei direito. Porque o que tenho na cabeça são apenas dúvidas, ontem no domingo em família, foi difícil.

— Arrumaram mais uma noiva para você? — Filipe perguntou rindo.

— Antes fosse, pois isso já aprendi a lidar.

— Então o que foi?

— Os meus pais, estavam estranhos. Quando questionei o meu pai, ele veio com uma conversa sobre a gravidez de Aline.

— Você contou, eles eram contra. -Luana lembrou.

— Sim, mas ontem, o meu pai contou outra história. Que sabiam, que ajudavam Aline, pois sabiam que era orgulhoso, por isso davam dinheiro para ela, todas as semanas, que compraram coisas para a minha filha, que tinham contato com ela.

— Realmente, isso deve ter confundido a sua cabeça.

— Não foi tudo, o meu avô disse que os meus pais estão a esconder algo de mim, tentando poupar-me. Chamou para ir à casa dele hoje.

— Acho que irei fazer um chá para você, está a precisar, isso tudo realmente é muita coisa. -Luana falou séria.

— Sobre o dinheiro, mesmo fazendo tantos anos, eu consigo rastrear. — Filipe conseguia descobrir muitas coisas.

— Nem sei se realmente quero saber.

— Preferi ficar na dúvida, se os seus pais ajudaram ou não? -Luana parecia não entender.

— Eu entendo ele, descobrir se isso é verdade, e descobrir que a sua amada, escondeu algo dele.

Eu nem respondi nada, eles estavam certos, não quero nem pensar nisso.

Os dois saíram, eu fiquei com os meus pensamentos, o chá de Luana ajudou, mas nem consegui comer nada naquele dia.

Pontualmente as vinte horas cheguei para jantar com o meu avô, mas ele não quis falar nada, disse que conversaríamos apenas após me ver comendo algo, disse que estava claro que não me havia alimentado.

O meu avô sempre foi assim, com todos os primos.

Após a sobremesa, seguimos para o seu escritório.

-Thiago, você, dos meus netos, sempre foi o mais mimado, o seu pai sempre teve medo que você se machucasse. Talvez tenha sido por conta da gravidez, quase perdemos você e a sua mãe. Talvez isso tenha sido o erro dos dois. Sempre pouparam vocês das verdades da vida.

— Qual a verdade que eles me estão a esconder vovô?

— Não farei rodeios, a sua mãe está doente. Isso o seu pai está a tentar esconder de todos. Acredito que seja ela, que nunca quis ser tratada diferente. A sua mãe sempre foi muito forte.

Aquela informação, tirou o meu chão.

— Como o senhor descobriu? O que ela tem?

— Descobri por um acaso, fui acompanhar um amigo ao médico, vi os dois saindo chorando, fiz as minhas investigações. Sim, é grave, sim, ela tem pouco tempo de vida. Sim, eles já tentaram de tudo.

A minha cabeça, rodava, como prometi a menina, não fiquei afastado dos meus pais, porém, tenho sido um filho frio, distante, ainda doí saber que eles rejeitaram a minha mulher e filho, verdade essa que já não sei se é verdade.

O que a minha vida virou, sou um homem poderoso, tenho dinheiro, para dar o conforto e luxo para qualquer mulher, mas não tenho ninguém ao meu lado, o meu dinheiro agora, nada vale, a mulher que mais deveria ter cuidado, irei perder.

— Eu questionei eles, que falaram que era estresse, que logo ela estaria melhor. Mas, isso não é verdade, o médico que com o tratamento, ela tem talvez uns quatro anos.

— A história da tia Divina ter provocado ela com a chegada de mais um neto é mentira então.

— Não, isso é verdade. E Divina dessa vez foi perversa, pois sabe da doença da irmã. Disse que com o coração de pedra do filho mimado de Marcela nunca iria segurar o neto nos braços, nunca saberia o que é ser chamada de avó. Isso o seu pai contou-me.

Não consegui, e comecei a chorar, não chorava por meus pais fazia muito tempo.

Só então percebi que essa minha vida, fechada, não teria uma continuidade, e mesmo que eu não pensasse nisso, ainda precisaria pensar nos meus pais.

— O que eu faço vovô? Eu sou um filho inútil, nem um neto para os meus pais eu fui capaz de dar. O que faço? — Perguntei no meu desespero.

— Case, tenha um filho.

— O senhor sabe que isso não é tão fácil, não quero envolver-me com nem uma mulher. Não serei capaz de dar amor novamente.

— Então prometa o que prometeu para Aline. Proteção, apoio, conforto, luxo. Isso sei que poderá dar.

— Que mulher aceitaria isso?

— Conheço uma que aceitaria.

— Uma interesseira que irá querer o meu dinheiro.

— Não uma que irá querer apenas a sua proteção e nome. Uma que quer fugir de um casamento.

— Uma mulher casada?

— Não, você conhece o Murilo Aço?

Esse nome até me deu nojo ao ouvir.

— Quem, não conhece esse porco.

— Essa moça, está a ser forçada pela família a se casar, eles não querem pensar na menina, até porque ela é órfã de pais, são os tios e avôs que estão a organizar esse casamento. Tem apenas vinte um anos, precisa estar casada até o fim do mês, ou a família irá obrigá-la a ser a nova esposa de Murilo Aço.

— Qual a sua preocupação com essa menina?

— Menina, ela não tem mais nada. Ela é filha de um amigo de infância do seu pai, lembro quando fomos visitá-los para conhecer a pequena.

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