THIAGO
A minha segunda-feira não poderia começar pior, estava irritado, a noite foi uma confusão, não dormi direito, o pouco que dormi sonhei com aquela menina, a nossa conversa, não lembro o rosto dela, mas a voz, não sai da minha cabeça, pedindo que eu siga.
Era dez horas e o meu assistente Filipe e a minha secretária Luana entraram na minha sala, ficaram os dois me olhando, como se esperando que eu dissesse algo.
— Fala Thiago, você hoje está mais azedo que o comum, o que aconteceu? -Luana, nunca teve medo de falar nada.
— Nem eu sei direito. Porque o que tenho na cabeça são apenas dúvidas, ontem no domingo em família, foi difícil.
— Arrumaram mais uma noiva para você? — Filipe perguntou rindo.
— Antes fosse, pois isso já aprendi a lidar.
— Então o que foi?
— Os meus pais, estavam estranhos. Quando questionei o meu pai, ele veio com uma conversa sobre a gravidez de Aline.
— Você contou, eles eram contra. -Luana lembrou.
— Sim, mas ontem, o meu pai contou outra história. Que sabiam, que ajudavam Aline, pois sabiam que era orgulhoso, por isso davam dinheiro para ela, todas as semanas, que compraram coisas para a minha filha, que tinham contato com ela.
— Realmente, isso deve ter confundido a sua cabeça.
— Não foi tudo, o meu avô disse que os meus pais estão a esconder algo de mim, tentando poupar-me. Chamou para ir à casa dele hoje.
— Acho que irei fazer um chá para você, está a precisar, isso tudo realmente é muita coisa. -Luana falou séria.
— Sobre o dinheiro, mesmo fazendo tantos anos, eu consigo rastrear. — Filipe conseguia descobrir muitas coisas.
— Nem sei se realmente quero saber.
— Preferi ficar na dúvida, se os seus pais ajudaram ou não? -Luana parecia não entender.
— Eu entendo ele, descobrir se isso é verdade, e descobrir que a sua amada, escondeu algo dele.
Eu nem respondi nada, eles estavam certos, não quero nem pensar nisso.
Os dois saíram, eu fiquei com os meus pensamentos, o chá de Luana ajudou, mas nem consegui comer nada naquele dia.
Pontualmente as vinte horas cheguei para jantar com o meu avô, mas ele não quis falar nada, disse que conversaríamos apenas após me ver comendo algo, disse que estava claro que não me havia alimentado.
O meu avô sempre foi assim, com todos os primos.
Após a sobremesa, seguimos para o seu escritório.
-Thiago, você, dos meus netos, sempre foi o mais mimado, o seu pai sempre teve medo que você se machucasse. Talvez tenha sido por conta da gravidez, quase perdemos você e a sua mãe. Talvez isso tenha sido o erro dos dois. Sempre pouparam vocês das verdades da vida.
— Qual a verdade que eles me estão a esconder vovô?
— Não farei rodeios, a sua mãe está doente. Isso o seu pai está a tentar esconder de todos. Acredito que seja ela, que nunca quis ser tratada diferente. A sua mãe sempre foi muito forte.
Aquela informação, tirou o meu chão.
— Como o senhor descobriu? O que ela tem?
— Descobri por um acaso, fui acompanhar um amigo ao médico, vi os dois saindo chorando, fiz as minhas investigações. Sim, é grave, sim, ela tem pouco tempo de vida. Sim, eles já tentaram de tudo.
A minha cabeça, rodava, como prometi a menina, não fiquei afastado dos meus pais, porém, tenho sido um filho frio, distante, ainda doí saber que eles rejeitaram a minha mulher e filho, verdade essa que já não sei se é verdade.
O que a minha vida virou, sou um homem poderoso, tenho dinheiro, para dar o conforto e luxo para qualquer mulher, mas não tenho ninguém ao meu lado, o meu dinheiro agora, nada vale, a mulher que mais deveria ter cuidado, irei perder.
— Eu questionei eles, que falaram que era estresse, que logo ela estaria melhor. Mas, isso não é verdade, o médico que com o tratamento, ela tem talvez uns quatro anos.
— A história da tia Divina ter provocado ela com a chegada de mais um neto é mentira então.
— Não, isso é verdade. E Divina dessa vez foi perversa, pois sabe da doença da irmã. Disse que com o coração de pedra do filho mimado de Marcela nunca iria segurar o neto nos braços, nunca saberia o que é ser chamada de avó. Isso o seu pai contou-me.
Não consegui, e comecei a chorar, não chorava por meus pais fazia muito tempo.
Só então percebi que essa minha vida, fechada, não teria uma continuidade, e mesmo que eu não pensasse nisso, ainda precisaria pensar nos meus pais.
— O que eu faço vovô? Eu sou um filho inútil, nem um neto para os meus pais eu fui capaz de dar. O que faço? — Perguntei no meu desespero.
— Case, tenha um filho.
— O senhor sabe que isso não é tão fácil, não quero envolver-me com nem uma mulher. Não serei capaz de dar amor novamente.
— Então prometa o que prometeu para Aline. Proteção, apoio, conforto, luxo. Isso sei que poderá dar.
— Que mulher aceitaria isso?
— Conheço uma que aceitaria.
— Uma interesseira que irá querer o meu dinheiro.
— Não uma que irá querer apenas a sua proteção e nome. Uma que quer fugir de um casamento.
— Uma mulher casada?
— Não, você conhece o Murilo Aço?
Esse nome até me deu nojo ao ouvir.
— Quem, não conhece esse porco.
— Essa moça, está a ser forçada pela família a se casar, eles não querem pensar na menina, até porque ela é órfã de pais, são os tios e avôs que estão a organizar esse casamento. Tem apenas vinte um anos, precisa estar casada até o fim do mês, ou a família irá obrigá-la a ser a nova esposa de Murilo Aço.
— Qual a sua preocupação com essa menina?
— Menina, ela não tem mais nada. Ela é filha de um amigo de infância do seu pai, lembro quando fomos visitá-los para conhecer a pequena.
THIAGOSabia que já vinha uma história por ali.— Filha de um amigo de papai?— Sim, infelizmente ele e a esposa faleceram quando a pequena tinha cinco anos.— Ela ficou aos cuidados dos tios, que agora querem usá-la para conseguir dinheiro.— Mais ou menos, os tios, apenas querem a parte do dinheiro, mas nunca cuidaram da criança, deixaram num internato.— Agora querem o dinheiro, como seria isso.— Você não quer saber quem é ela?— O senhor a conhece, ela é de confiança?— Sim, conheço, é de confiança. Você também conhece, e como gosta de falar que cumpri as suas promessas, deveria casar realmente com ela, já que fez essa promessa.-O que?Vovô deu uma gargalhada, e pegou algo na gaveta e entregou-me.Era uma foto, quando peguei, foi automático, deixei um sorriso aparecer.— Fofinha, a minha noiva.-Isso, boa memoria garoto.— Vocês não me deixaram esquecer. Mas, sim, lembro do tio Jack e tia Glória. Estávamos a morar fora do país quando eles faleceram, a família escondeu a morte de
ERIKANão acredito que o b@b@ca do m@rginal caiu na carinha de menininha.O bom que consegui mais uma vez terminar a missão, não tive pena do bando dele, agora irão sofrem no fundo, de uma prisão que os direitos humanos nem sabem da existência, esse é o melhor fim para quem faz trafico humano.Olho no espelho, irei ficar com uma boa cicatriz na testa se não cuidar, mas preciso cuidar, pois agora terei que voltar para casa.Casa, para minha cidade natal, lugar que sai quando tinha apenas quinze anos, após ter sido recrutada por uma agência de espionagem, que trabalha secretamente com o governo.O meu nome é Erika, nasci num lar feliz, pais amorosos, que foram contra a ganância da família da minha mãe, e viveram o seu amor.Eles em dez anos de união construiram um império industrial, foram tirados de mim de uma forma covarde.Acidente de carro, foi o que disseram, hoje sei que, na verdade, foi um atentado, onde eu deveria ter morrido também.Por sorte, ou azar, sobreviví.Não tinha pare
ERIKAChegar na minha cidade não foi nada do que pensei, a família da minha mãe não está a colaborar.Voltei, pois estarei envolvida na investigação de criminosos internacionais, que tem a ramificação aqui na cidade.Também, vou estar a frente no recrutamento de novos agentes, treino.Nesse começo ficarei um pouco afastada, melhor atrás dos computadores, pois acabei ficando lesionada, estou com quatro costelas quebradas, um hematoma visível na testa, e muitos pelo corpo, precisavam ver os outros caras.A minha família marcou um almoço, onde fui apresentada para o tal Murilo Aço, homem nojento. Ficou o tempo todo olhando para mim, fazendo caras e bocas.O meu avô foi duro disse que terei direitos nessa família se casar com alguém indicado por ele, que precisa ser de uma grande família, e mais um monte de coisa.Para eles, falei que estou na casa de uma amiga, estou no meu apartamento aqui, uma cobertura, num prédio muito protegido, a minha ajudante pessoal veio junto comigo, Cristiny e
ERIKAAntes de ir à casa do senhor Thulio, melhor do vovô Thulio, havia recebido duas ligações.A primeira era da equipe que trabalho, tudo estava atrasado, com a documentação do pessoal, com isso iriam atrasar, chegando apenas daqui vinte dias ou mais, por sorte já tenho o meu casamento definido, foi o que pensei.A segunda ligação foi da minha família, dizendo que para garantir que estou a seguir tudo certo, teria que me mudar para a casa deles, nunca que faria isso, sei que o tal Murilo ofereceu um valor ainda maior que vovô Thulio pagou, para que eles enganassem vovô, e consigam levar-me para a cama dele.Como já estava tudo certo com vovô Thulio, ia pedir para adiantarmos o casamento, mas não, agora estou aqui, com esse senhor me oferecendo o neto dele, mas para um casamento real.Tudo bem, que dormindo em quarto separados, posso enrolar esse rapaz por muito tempo, mas ele quer filhos, isso complica tudo, inseminação, porque não Erika, você também quer filhos.Consigo desarmar um
THIAGOA minha cabeça estava a mil, quando sai da casa de vovô, mas sabia que precisava fazer algo por meus pais.Comprei então um pacote de viagem para eles, assim, quando voltassem já me encontrariam casado, acho que ficariam felizes, já que a noiva dessa vez era filha de conhecidos deles.No outro dia de manhã, fiz uma surpresa, fui tomar café da manhã com eles, que ficaram muito emocionados.Até os funcionários da casa ficaram contentes com a minha presença, pois ia até ali apenas em datas especiais, e com agendamento.O café foi animado, servido na varanda, onde contamos histórias da minha infância.Por fim entreguei o presente, eles ficaram muito felizes, já iriam viajar dentro de quatro dias.Na empresa tudo corria bem, sobre o casamento vovô quem organizaria tudo.Porém, dez dias depois ele ligou informando a data e horário, já seria no outro dia, as dez horas.Liguei para a minha casa, precisava falar com Norberta, a governanta.Quando Aline faleceu, deixei nas mãos dela a or
ERIKAComo o meu marido não estaria em casa me esperando, fui até o trabalho após o almoço, lá resolvi algumas situações.Fui para a casa, apenas as cinco da tarde, quando cheguei na entrada do condomínio foi tirada as minhas digitais, foto, tudo graças ao cartão de acesso que ele entregou, segui até a casa, e no portão de entra após ser identificada segui, deixando o meu carro na frente da porta principal.Tirei as minhas malas com dificuldade, e fui a entrar, tinha as chaves que ele havia mandado, nada me preparou para aquilo.Quando abri a porta, passando a primeira coisa que vi foi um quadro gigante com a foto de uma loira que sabia quem era, não era possível, que deixei passar isso.Quando o senhor Thulio quis conversar comigo, pesquisei sobre ele, não os seus netos.Olhei aquela sala, onde por todos os lados tinha fotos da loira, parecia até um santuário na sua homenagem, não podia ser, fiquei a olhar e tudo que saiu da minha boca foram palavrões.-QUE P*** É ESSA C*****. PQP!—
THIAGOFiquei a resolver o problema do prédio ainda por mais de uma semana.Voltei para a cidade numa noite de chuva de segunda-feira, o voo atrasou, acabei chegando em casa passava das onze da noite.A casa estava em silêncio, achei estranho, ainda estava tudo como antes.Acreditei que a minha esposa fosse mudar tudo, começando tirando os quadros e fotos de Aline.Subi as escadas, não sabia qual era o seu quarto, mas também não iria acordá-la naquele horário, iria deixar para o café da manhã com ela.Estava muito cansado e acabei dormindo um pouco mais.Quando desci encontrei Norberta na sala toda sorridente.— Bom dia Norberta, a minha esposa.— Bom dia senhor Thiago, espero que tenha feito uma boa viagem, já preparei o seu café da manhã.Percebi que ela não respondeu sobre a minha esposa, o que está a acontecer.— A minha esposa?— Ela já saiu.Olhei no relógio ainda não era nem sete horas.Mas, não quis questionar.Não tomei o café da manhã, nunca tomava, comia sempre algo na empr
THIAGOEu nem acreditava no que via e ouvia.Alice não está no seu melhor, nunca lhe tratei diferente do que uma irmã, sempre olhei para ela como uma irmã.Estava parado ela nem ligou para minha cara de idi@ta, e foi sair, por extinto peguei o seu braço, fiz errado, eu sei, e o olhar dela deixou isso bem claro, ela parecia que iria matar-me apenas com um olhar.Soltei, e comecei:— Olha, Alice entendeu errado, irei conversar com ela, a culpa...-PARA! A culpa é da louca que acha que vai assumir o papel da irmã, isso no mínimo é loucura. Pare de assumir o que não é da sua conta. Agora deixa-me dormir, pois trabalho amanhã cedo.Ela voltou a subir a escada, mas parou no meio, sem olhar para mim falou:-A proposito. Erika! O meu nome é Erika! Vai pegar m@l você chamando-me "esposa" por não saber o meu nome.Ela sumiu, fui subindo logo atrás, e quando vi onde entrou, um ódio subiu na minha cabeça, o que está a acontecer aqui?Aquela noite, nem dormi direito, o pouco que dormi a menina do