THIAGOTodos entraram novamente no quarto, para aguardar o médico.— Precisamos ser positivos, a minha filha irá ficar bem! — Mamãe sempre pensando o melhor, isso ajuda.Papai e Cristiny que sempre fazem piada de tudo, estavam calados.O médico entrou, sério, o que não é um bom sinal.-Boa tarde! Todos aqui são da família da senhora Erika.-Boa tarde! Sim, sou esposo dela, essa é nossa família.— Pois bem, a bala atingiu o pulmão direito de Erika, ela perdeu muito sangue. Por esse motivo acabou entrando em choque, o que levou a ficar desacordada. Essa situação é delicada, por isso vamos mantê-la em sedação, por alguns dias, pois o seu corpo precisa estar bem recuperado, devido ao seu estado.-Estado? Que estado, houve mais complicações? — Perguntei preocupado.— Acho que comecei a relatar o estado clínico de Erika da forma contraria, por suas expressões, vocês não sabem do estado dela.— O que a minha filha tem? Por favor, doutor seja claro! — Mamãe que era a mais calma, entrou em des
ERIKACautela, sigilo, precisão, silenciosa, prudente, prevenida e eficiente, isso é o que sempre escutei após cada missão.Nunca sai para campo, sem proteção adequada.O medo, de perder ele, fez com que o meu emocional, falasse mais alto, subi na moto, e parti direto para o endereço.A última coisa que vi, os olhos deles, lágrimas saindo ali, o desespero dele, doía mais que o tiro.Dava para sentir o sangue saindo do meu corpo.O que aconteceu depois, não sei.Mas estou presa, num lugar todo branco.Estou com um vestido branco, ando, olho, tudo que vejo é um infinito branco.Num momento tudo muda, um campo de flores, continuo de branco, mas o lugar agora tem flores, um balanço.Vem uma recordação, antes de entrar no carro naquele dia, olhei para a árvore grande do nosso quintal, pedi para papai, faz um balanço, para poder ir lá no céu. Ele disse que faria na nossa volta, nunca voltamos.Sento no balanço, naquele lugar lindo, com diferentes cores de margaridas.Sinto o meu corpo ser e
THIAGOJá se passaram mais de três meses, desde que Erika levou o tiro para salvar a minha vida.Muita coisa mudou.A casa dos meus pais, recebeu um ar de modernidade e segurança, nessa parte vovô Fernando ajudou muito.Estamos a morar na casa, a parte da decoração, já adiantei, por sorte, Erika e eu sempre conversamos sobre ter uma casa, quando os filhos chegassem, cores claras e alegres.O jardim deixei que mamãe e Cristiny organizassem.Papai pediu uma piscina infantil, e proteção na piscina de adulto, claro coloquei proteção nas duas.Como o espaço do terreno era grande, fiz uma nova área de lazer, com churrasqueira, fogão a lenha, pia, mesa rústica, como havia na casa dos pais de Erika.Todos os dias vou no hospital, de manhã, antes de ir ao trabalho, no horário do almoço, levo uma marmita e fico do lado dela, quando saiu do trabalho, fico mais tempo lá.O que faço, conto histórias, converso, falo da reforma, aliso muito a sua barriga, dou risada, e choro, sim, choro.Os médicos
DOR!DOR!Como definir a dor?Como refletir a dor do outro?Como calcular a dor do outro?Como acabar com a dor?Onde começa e termina a dor?Se existe um lugar onde a dor é algo totalmente presente, é num velório.Nunca é fácil dizer adeus, ainda mais um adeus definitivo.A chuva caia forte lá fora, vento, trovões, raios, o mundo parecia chorar.Dentro da pequena capela, o clima não era diferente.O silêncio em volta do caixão, olhares frios, olhares que acusavam, a dor pode ser sentida a quilómetros desse lugar.Ninguém quer falar, mas todos têm muito o que dizer.Num canto, uma jovem de quinze anos, observa tudo.Ela está ali para auxiliar o local, é seu serviço do dia, não gostava de cuidar da capela em dia de velório, porém, aquele ali parecia ainda mais sofrido, o clima ali dentro parecia ainda mais nublado e sombrio do que a chuva lá fora.A pequena garota prendi a sua visão, na pessoa que ela acredita ser a que mais sofre ali.Boa observadora, percebe que alguns estão com raiv
O jovem Thiago voltou a sua atenção para o caixão que estava na outra sala.— Se você não a traiu, apenas lhe deu amor. Fique em paz, você não tem culpa.— Olha criança, você não entenderia. Eu fiz promessas, não cumpri.-Promessas? São apenas palavras, prometeu amor, se deu ótimo. Se foram bens materiais, esses são falhos, passam, vira pó, o amor não, o amor esse tem valor infinito. Sei que tenho apenas quinze anos, mas acredito que você fez o seu melhor por ela.— Uma coisa está ligada a outra. Quando conheci Aline, ela já formada, independente, fiquei encantado, prometi dar uma vida de rainha, ilusão de um rapaz de dezessete anos.— Devo ser sincera, realmente fazer promessas aos dezessete anos, é definitivamente arriscado.— Sim, e foi isso que fiz arrisquei. A minha família foi contra o nosso relacionamento, fizeram ameaças. Eu como um tolo queria apenas viver o meu amor. Já trabalhava na empresa da família. Então decidimos, quando fiz dezoito anos, fugir e casar escondido. Prime
THIAGOSEIS ANOS!Sim, fazem seis anos que estou sozinho, fiquei viúvo aos vinte anos.Perdi o amor da minha vida, o filho que nunca conheci.A família de Aline levou o corpo para a cidade deles.Não me deixaram ir visitar, nada, cortaram contacto, quase todos, a irmã dela Alice continuou como a minha amiga, vejo nela uma irmã, um apoio nos momentos de solidão, uma apoia o outro.Ainda mando uma pensão para a mãe dela, sei que isso é migalhas perto do que perdeu, mas não posso fazer nada.Chego na minha casa já passa das dez da noite, a governanta, que era a doméstica no nosso apartamento, a senhora Norberto, continua por ali, cuida de tudo, ela decorou o lugar de acordo com o gosto de Aline, ela conhecia bem a minha esposa.Mantive ela, que me ajudou decorar a casa, como Aline gostaria, na casa tem quadros dela por todos os lugares.Uma pena que não consegui ficar com nem uma foto dela grávida.A minha empresa, bem, cresceu, e muito, hoje se Aline estivesse aqui, poderia dar-lhe tudo
THIAGOHoje domingo, teremos a reunião na casa do vovô Thulio, ele é o pilar da nossa família.Não tenho nada contra os meus primos, mesmo que na época eles não aceitaram Aline como seria o certo.Ela queria apenas que eles a aceitassem.Sou o caçula da turma, no total seis primos.Vovô teve três filhos, tia Tabata a mais velha, que tem três filhos, os gémeos Lucas e Lincon, e a linda Leonora. Tio Timotio que tem dois filhos, os gémeos Hugo e Helena. E por fim papai Tales, sou filho único.Sempre tive tudo nessa família, éramos unidos, até conhecer Aline.Os meus primos me levavam nas festas, cuidavam de mim, apresentavam as mulheres mais quentes, mesmo eles já sendo comprometidos.Até hoje não entendo o que viram, ou melhor, o que não viram para não aceitá-la.Aline tentou fazer amizade com Helena e Leonora, que sempre foram muito simpáticas, sempre foram pessoas fáceis de aceitar os outros, são do tipo fazer amizade fácil, mas rejeitaram Aline.Podem pensar, a sua família é preconce
THIAGOA minha segunda-feira não poderia começar pior, estava irritado, a noite foi uma confusão, não dormi direito, o pouco que dormi sonhei com aquela menina, a nossa conversa, não lembro o rosto dela, mas a voz, não sai da minha cabeça, pedindo que eu siga.Era dez horas e o meu assistente Filipe e a minha secretária Luana entraram na minha sala, ficaram os dois me olhando, como se esperando que eu dissesse algo.— Fala Thiago, você hoje está mais azedo que o comum, o que aconteceu? -Luana, nunca teve medo de falar nada.— Nem eu sei direito. Porque o que tenho na cabeça são apenas dúvidas, ontem no domingo em família, foi difícil.— Arrumaram mais uma noiva para você? — Filipe perguntou rindo.— Antes fosse, pois isso já aprendi a lidar.— Então o que foi?— Os meus pais, estavam estranhos. Quando questionei o meu pai, ele veio com uma conversa sobre a gravidez de Aline.— Você contou, eles eram contra. -Luana lembrou.— Sim, mas ontem, o meu pai contou outra história. Que sabiam,