O jovem Thiago voltou a sua atenção para o caixão que estava na outra sala.

— Se você não a traiu, apenas lhe deu amor. Fique em paz, você não tem culpa.

— Olha criança, você não entenderia. Eu fiz promessas, não cumpri.

-Promessas? São apenas palavras, prometeu amor, se deu ótimo. Se foram bens materiais, esses são falhos, passam, vira pó, o amor não, o amor esse tem valor infinito. Sei que tenho apenas quinze anos, mas acredito que você fez o seu melhor por ela.

— Uma coisa está ligada a outra. Quando conheci Aline, ela já formada, independente, fiquei encantado, prometi dar uma vida de rainha, ilusão de um rapaz de dezessete anos.

— Devo ser sincera, realmente fazer promessas aos dezessete anos, é definitivamente arriscado.

— Sim, e foi isso que fiz arrisquei. A minha família foi contra o nosso relacionamento, fizeram ameaças. Eu como um tolo queria apenas viver o meu amor. Já trabalhava na empresa da família. Então decidimos, quando fiz dezoito anos, fugir e casar escondido. Primeira promessa quebrada. Não lhe dei um casamento de rainha.

— O que importava no momento era apenas ficar juntos vocês ficaram.

— Foi o que pensei, ficamos um mês viajando, curtindo tudo do bom e melhor. Fiz compras de tudo que ela queria, dei naquele mês o luxo que prometi. Quando voltamos, a minha família foi dura. O meu pai disse que eu viveria do meu salário, que era bom, por sorte havia ganhado um apartamento assim como todos os primos, do meu avô. Fui para lá com ela.

— Olha vocês começaram melhor que muitos casais. Já tinham onde morar.

— Era um apartamento pequeno, sem muito luxo. O meu salário não dava mais para vivermos como deveria, podia pagar apenas uma doméstica, Aline ficou depressiva, não conseguia mais trabalhar, começou a tomar remédios, fazer terapia.

— Isso realmente afetou ela.

— Sim, com dois meses de casados que resolvi arriscar. O meu avô era o único que me apoiava, com isso peguei um empréstimo com ele, para começar o meu próprio negócio. Assim, aos dezenove anos já comandava o meu negócio, Aline era totalmente contra, pois acreditava, que deveríamos exigir da minha família que nos apoiassem. Eles com tanto luxo, e nada. Foi quando uma boa notícia veio, seríamos pais.

— Isso é lindo filhos sempre fortalecem o casal.

— No nosso caso deixou fraco.

— Filhos são bênçãos! São tudo de melhor que pode acontecer entre um casal que se ama!

— A minha esposa contou sobre a gravidez, ela estava radiante realmente. Mas, ela era ingénua, mesmo sendo mais velha, era como uma menina, acreditava, que aquela criança viria para unir a nossa família.

— Olha, as coisas não funcionam assim.

-Realmente não funcionam. Ela sem eu saber, foi visitar a minha mãe, ela disse que queria fazer uma surpresa. Mamãe, foi preconceituosa, não aceitou, disse que ela estava gravida apenas para arrancar dinheiro da família.

— Palavras duras, mas não sei, dizem que as mães são sábias, talvez ela estivesse preocupada por você estar no começo do seu negócio.

— Isso acabou com Aline. Que ficou ainda mais depressiva.

— A depressão é algo grave, ainda mais para uma mulher gravida.

— Ela colocou-me para fora do nosso quarto. Disse que eu deveria fazer valer ser pai da criança.

-O que você fez?

— Trabalhei ainda mais. A minha empresa nesses últimos meses conquistou o mercado, e com isso mais, e mais trabalho.

— Parabéns!

— Obrigado! Mas, acabei ficando longe do que mais era importante, o meu filho e Aline.

— Não pense assim, você lutava para dar o melhor para eles.

— Foi o que pensei, aumentei o valor do cartão dela, comprava joias todos os meses, sei que merecia toda a semana, mas todo o mês fazia uma surpresa.

— Isso deve ter alegrado ela, dizem que mulher amam joias.

— A cada joia que eu dava, ela fazia comparação, com a que uma das esposas dos meus primos recebiam. Nunca me deixou passar a mão na sua barriga, nunca senti o meu filho mexer.

-Era um menino!

— Não sei, ela não me disse. Pois não pude estar no dia do ultrassom, que ela agendou sem me avisar, mas não foi culpa dela, pois não sabia dos meus compromissos. Ela não me contou.

— Ela estava magoada.

— Sabe o que é pior, a minha empresa fechou um contrato milionário no último mês. Com isso comprei uma casa, e deixei do jeito que ela queria, com o quarto do nosso filho para ela decorar. Ia levar ela até lá quando chegasse.

-Sinto muito!

— Eu sou o culpado. Nem um carro adequado dei a ela. Por isso a perdi, com o fruto do nosso amor.

— O carro era velho, estava sem manutenção.

— Ela queria um modelo de carro, eu não podia tirar dinheiro naquele momento, comprei um modelo semelhante, mais barato.

— Olha isso não é sua culpa.

-Sim, é! Ela ligou-me, eu estava no avião, com celular desligado. Ela sentiu dor, e saiu sozinha com o carro, chovia, ela gritava no telefone, escutei a sua voz pela última vez, numa mensagem, depois a explosão.

A menina, sentia dor nas palavras dele, segurando a sua mão ofereceu um lenço.

— Olha, sei que ainda sou apenas uma adolescente. Porém, acredito que tudo que ela queria, era ver você bem-sucedido, então erga a cabeça, siga. Seja o seu melhor! Um amor como esse seu por ela, é difícil de encontrar. Espero um dia encontrar um assim para mim. Ela foi feliz ao seu lado, acredite nisso, um homem que fez tudo por sua felicidade, um homem que a amou, ao ponto de deixar todo o luxo da família para viver o amor ao lado dela. Faça uma coisa para você mesmo, não guarde rancor com ninguém, não sei como é o seu conviveu com a sua família, mas não se afaste dela, os seus pais continuam a ser os seus pais.

Ele olhou no rosto da menina, um rosto doce de criança, que já tinha traços de mulher.

— Desejo que você encontre alguém que te ame da mesma forma. Uma jovem com tanta sabedoria, merece viver um amor tão forte.

Ele deu um beijo na cabeça da criança, e saiu.

Deixando a pobre menina, ali sonhando, com um príncipe encantado, tão belo e apaixonado quanto ele.