DOR!
DOR!
Como definir a dor?
Como refletir a dor do outro?
Como calcular a dor do outro?
Como acabar com a dor?
Onde começa e termina a dor?
Se existe um lugar onde a dor é algo totalmente presente, é num velório.
Nunca é fácil dizer adeus, ainda mais um adeus definitivo.
A chuva caia forte lá fora, vento, trovões, raios, o mundo parecia chorar.
Dentro da pequena capela, o clima não era diferente.
O silêncio em volta do caixão, olhares frios, olhares que acusavam, a dor pode ser sentida a quilómetros desse lugar.
Ninguém quer falar, mas todos têm muito o que dizer.
Num canto, uma jovem de quinze anos, observa tudo.
Ela está ali para auxiliar o local, é seu serviço do dia, não gostava de cuidar da capela em dia de velório, porém, aquele ali parecia ainda mais sofrido, o clima ali dentro parecia ainda mais nublado e sombrio do que a chuva lá fora.
A pequena garota prendi a sua visão, na pessoa que ela acredita ser a que mais sofre ali.
Boa observadora, percebe que alguns estão com raiva, ódio no olhar, olham para o homem como que acusado em silêncio.
O que ele teria feito? Ele não matou ela? Ou estaria preso. Pensa, olhando do homem ao lado do caixão, e para a foto da linda mulher loira.
Caixão fechado, sim, essa foi a ordem, na verdade, caixão já lacrado, não seria aberto de forma alguma.
Havia escutado, acidente de carro, a mulher dirigia, provavelmente desmaiou, estava gravida, quase nove meses.
Mãe e filho morreram, ficando apenas os corpos carbonizados, um amigo reconheceu o corpo, através da aliança que ela usava.
As lágrimas descem pelo lindo rosto do homem ali parado, então após quatro horas de um velório silencioso, um grito:
— VOCÊ MATOU-A! VOCÊ É CULPADO! NÃO DEVERIA ESTAR AQUI!
Uma senhora com ódio no olhar diz apontando para o rapaz parado ao lado do caixão, ele não se defende, parece congelado ali.
— Pare Ane, ninguém tem culpa de nada. Foi um acidente. — Um homem parecido com a moça da foto fala, abraçando a mulher.
— Ele não estava lá, ele não ajudou ela quando precisou. ELE É O CULPADO!
— Calma senhora Ane, Thiago estava numa viagem importante, ele está a expandir a empresa dele. Aline escolheu ficar, foi escolha dela. Vamos entender.
— Mentira, ele estava com amantes, ele nunca estava em casa, vivia dizendo que estava no trabalho, mas nunca estava em casa. Nunca valorizou a minha filha. Fraco, moleque, ela nunca que deveria ter se envolvido com um moleque como ele. Isso que dá, ela linda com os seus trinta anos, envolvida com um projeto de empresário, um ninguém na vida.
— Calma Ane, não ofenda Thiago, ele fez de tudo para nossa filha, mesmo sendo um jovem de vinte anos ele foi um bom marido para ela.
A discussão continuava, melhor as acusações, pois o rapaz não saia do lugar, não falava nada, até pedirem que saísse.
— FORA DAQUI, NÃO QUERO VER A SUA CARA! VOCÊ É O CULPADO, VIVA COM ISSO AGORA, SEU INÚTIL!
— A senhora Ane está certa, Thiago melhor você sair, não vai ser bom que fique aqui primo, está constrangedor tudo isso.
— Cunhado, sei da sua dor, mas mamãe precisa desse momento, por ela, que Aline tanto amava, por favor saia.
O rapaz que desde o momento que entrou olhava apenas para o caixão lacrado, olhou para frente, parecia sem forças, perdido.
A pequena observadora, resolveu entrar em cena, apenas ajudar.
Usando a sua vestimenta tradicional do colégio onde vivia, vestido longo de mangas cinza, com um tipo de avental preto por cima, cabelos presos num coque baixo, nem um maquinagem ou joia, meias pretas altas, que se perdiam no vestido largo, sapatos baixos pretos.
Com a cabeça baixa, entrou no lugar, sem ser notada, tocou no braço do homem, e falou apenas:
-Por aqui por favor! Vou levá-lo onde possa se sentir mais confortável.
O homem, como num transe apenas seguiu a menina, que nem havia visto o rosto.
Foi conduzido até um corredor, onde sentou num banco de madeira, de lá, podia ver pela janela, o caixão, mas ninguém o veria, assim evitaria incómodos.
A jovem sentou ao lado do homem, sentiu a necessidade de estar ali, dando um apoio silencioso, até que ele falou:
— Eles estão certos! A culpa é minha.
— A morte não tem culpados, mesmo que você tivesse atirado nela, e tirado a vida deles, você ainda assim não seria culpado.
O homem parecia surpreso com as palavras da menina ao seu lado, e só agora, resolveu olhar para a criança ali.
— Você não sabe o que fala. E sim sou culpado! Prometi muito para Aline, não dei nada. Você vê alguém da minha família aqui. Não! Eles sempre foram contra o meu casamento, mas o meu amor por Aline, julguei ser o suficiente.
— O amor se sincero e verdadeiro é o suficiente. Agora, se você estava realmente com uma amante como a mulher lá dentro falou, sim, você vai ficar com remorso por toda a vida, mas não pela morte dela, e sim por sua traição.
— Nunca traí a minha mulher, isso não é papel de um homem, apenas v@g@budos tem coragem para tal ato.
As palavras da menina haviam mexido com o seu orgulho, ele nem sabia o porquê de estar ali dando atenção a conversa de uma criança. Mas, também não sabia como sair dali.
Desde que recebeu a notícia do acidente, e por consequência morte da sua esposa e filho, ele se viu como num mundo paralelo. Quem avisou de tudo foi um primo da mulher, Ruan.
Thiago estava em outro estado, monitorado uma grande construção, que daria grande lucro para sua empresa, havia convidado Aline para ir junto, pois ficaria mais de dois dias ali, e poderiam aproveitar e ir à praia depois do seu trabalho, mas ela não quis, disse que não iria para uma cidade pequena, ficar trancada num quarto sem classe.
Quando ele chegou lá, logo recebeu a notícia, e o seu mundo acabou ali, pensamento para colocar um fim rodavam a sua cabeça, ainda mais quando ao chegar no velório, escutou a mãe da esposa, falar, "ele deveria ter morrido, se for justo, irá morrer logo também."
Ele concordou com ela, e pensou em tirar a sua própria vida, estava apenas esperando terminar o velório, não iria conseguir viver sem a sua amada Aline, mas aquela criança, veio com a suas palavras revirar ainda mais os seus pensamentos.
O jovem Thiago voltou a sua atenção para o caixão que estava na outra sala.— Se você não a traiu, apenas lhe deu amor. Fique em paz, você não tem culpa.— Olha criança, você não entenderia. Eu fiz promessas, não cumpri.-Promessas? São apenas palavras, prometeu amor, se deu ótimo. Se foram bens materiais, esses são falhos, passam, vira pó, o amor não, o amor esse tem valor infinito. Sei que tenho apenas quinze anos, mas acredito que você fez o seu melhor por ela.— Uma coisa está ligada a outra. Quando conheci Aline, ela já formada, independente, fiquei encantado, prometi dar uma vida de rainha, ilusão de um rapaz de dezessete anos.— Devo ser sincera, realmente fazer promessas aos dezessete anos, é definitivamente arriscado.— Sim, e foi isso que fiz arrisquei. A minha família foi contra o nosso relacionamento, fizeram ameaças. Eu como um tolo queria apenas viver o meu amor. Já trabalhava na empresa da família. Então decidimos, quando fiz dezoito anos, fugir e casar escondido. Prime
THIAGOSEIS ANOS!Sim, fazem seis anos que estou sozinho, fiquei viúvo aos vinte anos.Perdi o amor da minha vida, o filho que nunca conheci.A família de Aline levou o corpo para a cidade deles.Não me deixaram ir visitar, nada, cortaram contacto, quase todos, a irmã dela Alice continuou como a minha amiga, vejo nela uma irmã, um apoio nos momentos de solidão, uma apoia o outro.Ainda mando uma pensão para a mãe dela, sei que isso é migalhas perto do que perdeu, mas não posso fazer nada.Chego na minha casa já passa das dez da noite, a governanta, que era a doméstica no nosso apartamento, a senhora Norberto, continua por ali, cuida de tudo, ela decorou o lugar de acordo com o gosto de Aline, ela conhecia bem a minha esposa.Mantive ela, que me ajudou decorar a casa, como Aline gostaria, na casa tem quadros dela por todos os lugares.Uma pena que não consegui ficar com nem uma foto dela grávida.A minha empresa, bem, cresceu, e muito, hoje se Aline estivesse aqui, poderia dar-lhe tudo
THIAGOHoje domingo, teremos a reunião na casa do vovô Thulio, ele é o pilar da nossa família.Não tenho nada contra os meus primos, mesmo que na época eles não aceitaram Aline como seria o certo.Ela queria apenas que eles a aceitassem.Sou o caçula da turma, no total seis primos.Vovô teve três filhos, tia Tabata a mais velha, que tem três filhos, os gémeos Lucas e Lincon, e a linda Leonora. Tio Timotio que tem dois filhos, os gémeos Hugo e Helena. E por fim papai Tales, sou filho único.Sempre tive tudo nessa família, éramos unidos, até conhecer Aline.Os meus primos me levavam nas festas, cuidavam de mim, apresentavam as mulheres mais quentes, mesmo eles já sendo comprometidos.Até hoje não entendo o que viram, ou melhor, o que não viram para não aceitá-la.Aline tentou fazer amizade com Helena e Leonora, que sempre foram muito simpáticas, sempre foram pessoas fáceis de aceitar os outros, são do tipo fazer amizade fácil, mas rejeitaram Aline.Podem pensar, a sua família é preconce
THIAGOA minha segunda-feira não poderia começar pior, estava irritado, a noite foi uma confusão, não dormi direito, o pouco que dormi sonhei com aquela menina, a nossa conversa, não lembro o rosto dela, mas a voz, não sai da minha cabeça, pedindo que eu siga.Era dez horas e o meu assistente Filipe e a minha secretária Luana entraram na minha sala, ficaram os dois me olhando, como se esperando que eu dissesse algo.— Fala Thiago, você hoje está mais azedo que o comum, o que aconteceu? -Luana, nunca teve medo de falar nada.— Nem eu sei direito. Porque o que tenho na cabeça são apenas dúvidas, ontem no domingo em família, foi difícil.— Arrumaram mais uma noiva para você? — Filipe perguntou rindo.— Antes fosse, pois isso já aprendi a lidar.— Então o que foi?— Os meus pais, estavam estranhos. Quando questionei o meu pai, ele veio com uma conversa sobre a gravidez de Aline.— Você contou, eles eram contra. -Luana lembrou.— Sim, mas ontem, o meu pai contou outra história. Que sabiam,
THIAGOSabia que já vinha uma história por ali.— Filha de um amigo de papai?— Sim, infelizmente ele e a esposa faleceram quando a pequena tinha cinco anos.— Ela ficou aos cuidados dos tios, que agora querem usá-la para conseguir dinheiro.— Mais ou menos, os tios, apenas querem a parte do dinheiro, mas nunca cuidaram da criança, deixaram num internato.— Agora querem o dinheiro, como seria isso.— Você não quer saber quem é ela?— O senhor a conhece, ela é de confiança?— Sim, conheço, é de confiança. Você também conhece, e como gosta de falar que cumpri as suas promessas, deveria casar realmente com ela, já que fez essa promessa.-O que?Vovô deu uma gargalhada, e pegou algo na gaveta e entregou-me.Era uma foto, quando peguei, foi automático, deixei um sorriso aparecer.— Fofinha, a minha noiva.-Isso, boa memoria garoto.— Vocês não me deixaram esquecer. Mas, sim, lembro do tio Jack e tia Glória. Estávamos a morar fora do país quando eles faleceram, a família escondeu a morte de
ERIKANão acredito que o b@b@ca do m@rginal caiu na carinha de menininha.O bom que consegui mais uma vez terminar a missão, não tive pena do bando dele, agora irão sofrem no fundo, de uma prisão que os direitos humanos nem sabem da existência, esse é o melhor fim para quem faz trafico humano.Olho no espelho, irei ficar com uma boa cicatriz na testa se não cuidar, mas preciso cuidar, pois agora terei que voltar para casa.Casa, para minha cidade natal, lugar que sai quando tinha apenas quinze anos, após ter sido recrutada por uma agência de espionagem, que trabalha secretamente com o governo.O meu nome é Erika, nasci num lar feliz, pais amorosos, que foram contra a ganância da família da minha mãe, e viveram o seu amor.Eles em dez anos de união construiram um império industrial, foram tirados de mim de uma forma covarde.Acidente de carro, foi o que disseram, hoje sei que, na verdade, foi um atentado, onde eu deveria ter morrido também.Por sorte, ou azar, sobreviví.Não tinha pare
ERIKAChegar na minha cidade não foi nada do que pensei, a família da minha mãe não está a colaborar.Voltei, pois estarei envolvida na investigação de criminosos internacionais, que tem a ramificação aqui na cidade.Também, vou estar a frente no recrutamento de novos agentes, treino.Nesse começo ficarei um pouco afastada, melhor atrás dos computadores, pois acabei ficando lesionada, estou com quatro costelas quebradas, um hematoma visível na testa, e muitos pelo corpo, precisavam ver os outros caras.A minha família marcou um almoço, onde fui apresentada para o tal Murilo Aço, homem nojento. Ficou o tempo todo olhando para mim, fazendo caras e bocas.O meu avô foi duro disse que terei direitos nessa família se casar com alguém indicado por ele, que precisa ser de uma grande família, e mais um monte de coisa.Para eles, falei que estou na casa de uma amiga, estou no meu apartamento aqui, uma cobertura, num prédio muito protegido, a minha ajudante pessoal veio junto comigo, Cristiny e
ERIKAAntes de ir à casa do senhor Thulio, melhor do vovô Thulio, havia recebido duas ligações.A primeira era da equipe que trabalho, tudo estava atrasado, com a documentação do pessoal, com isso iriam atrasar, chegando apenas daqui vinte dias ou mais, por sorte já tenho o meu casamento definido, foi o que pensei.A segunda ligação foi da minha família, dizendo que para garantir que estou a seguir tudo certo, teria que me mudar para a casa deles, nunca que faria isso, sei que o tal Murilo ofereceu um valor ainda maior que vovô Thulio pagou, para que eles enganassem vovô, e consigam levar-me para a cama dele.Como já estava tudo certo com vovô Thulio, ia pedir para adiantarmos o casamento, mas não, agora estou aqui, com esse senhor me oferecendo o neto dele, mas para um casamento real.Tudo bem, que dormindo em quarto separados, posso enrolar esse rapaz por muito tempo, mas ele quer filhos, isso complica tudo, inseminação, porque não Erika, você também quer filhos.Consigo desarmar um