A PROTETORA DO CEO
A PROTETORA DO CEO
Por: Eli Pires
1-VELÓRIO

DOR!

DOR!

Como definir a dor?

Como refletir a dor do outro?

Como calcular a dor do outro?

Como acabar com a dor?

Onde começa e termina a dor?

Se existe um lugar onde a dor é algo totalmente presente, é num velório.

Nunca é fácil dizer adeus, ainda mais um adeus definitivo.

A chuva caia forte lá fora, vento, trovões, raios, o mundo parecia chorar.

Dentro da pequena capela, o clima não era diferente.

O silêncio em volta do caixão, olhares frios, olhares que acusavam, a dor pode ser sentida a quilómetros desse lugar.

Ninguém quer falar, mas todos têm muito o que dizer.

Num canto, uma jovem de quinze anos, observa tudo.

Ela está ali para auxiliar o local, é seu serviço do dia, não gostava de cuidar da capela em dia de velório, porém, aquele ali parecia ainda mais sofrido, o clima ali dentro parecia ainda mais nublado e sombrio do que a chuva lá fora.

A pequena garota prendi a sua visão, na pessoa que ela acredita ser a que mais sofre ali.

Boa observadora, percebe que alguns estão com raiva, ódio no olhar, olham para o homem como que acusado em silêncio.

O que ele teria feito? Ele não matou ela? Ou estaria preso. Pensa, olhando do homem ao lado do caixão, e para a foto da linda mulher loira.

Caixão fechado, sim, essa foi a ordem, na verdade, caixão já lacrado, não seria aberto de forma alguma.

Havia escutado, acidente de carro, a mulher dirigia, provavelmente desmaiou, estava gravida, quase nove meses.

Mãe e filho morreram, ficando apenas os corpos carbonizados, um amigo reconheceu o corpo, através da aliança que ela usava.

As lágrimas descem pelo lindo rosto do homem ali parado, então após quatro horas de um velório silencioso, um grito:

— VOCÊ MATOU-A! VOCÊ É CULPADO! NÃO DEVERIA ESTAR AQUI!

Uma senhora com ódio no olhar diz apontando para o rapaz parado ao lado do caixão, ele não se defende, parece congelado ali.

— Pare Ane, ninguém tem culpa de nada. Foi um acidente. — Um homem parecido com a moça da foto fala, abraçando a mulher.

— Ele não estava lá, ele não ajudou ela quando precisou. ELE É O CULPADO!

— Calma senhora Ane, Thiago estava numa viagem importante, ele está a expandir a empresa dele. Aline escolheu ficar, foi escolha dela. Vamos entender.

— Mentira, ele estava com amantes, ele nunca estava em casa, vivia dizendo que estava no trabalho, mas nunca estava em casa. Nunca valorizou a minha filha. Fraco, moleque, ela nunca que deveria ter se envolvido com um moleque como ele. Isso que dá, ela linda com os seus trinta anos, envolvida com um projeto de empresário, um ninguém na vida.

— Calma Ane, não ofenda Thiago, ele fez de tudo para nossa filha, mesmo sendo um jovem de vinte anos ele foi um bom marido para ela.

A discussão continuava, melhor as acusações, pois o rapaz não saia do lugar, não falava nada, até pedirem que saísse.

— FORA DAQUI, NÃO QUERO VER A SUA CARA! VOCÊ É O CULPADO, VIVA COM ISSO AGORA, SEU INÚTIL!

— A senhora Ane está certa, Thiago melhor você sair, não vai ser bom que fique aqui primo, está constrangedor tudo isso.

— Cunhado, sei da sua dor, mas mamãe precisa desse momento, por ela, que Aline tanto amava, por favor saia.

O rapaz que desde o momento que entrou olhava apenas para o caixão lacrado, olhou para frente, parecia sem forças, perdido.

A pequena observadora, resolveu entrar em cena, apenas ajudar.

Usando a sua vestimenta tradicional do colégio onde vivia, vestido longo de mangas cinza, com um tipo de avental preto por cima, cabelos presos num coque baixo, nem um maquinagem ou joia, meias pretas altas, que se perdiam no vestido largo, sapatos baixos pretos.

Com a cabeça baixa, entrou no lugar, sem ser notada, tocou no braço do homem, e falou apenas:

-Por aqui por favor! Vou levá-lo onde possa se sentir mais confortável.

O homem, como num transe apenas seguiu a menina, que nem havia visto o rosto.

Foi conduzido até um corredor, onde sentou num banco de madeira, de lá, podia ver pela janela, o caixão, mas ninguém o veria, assim evitaria incómodos.

A jovem sentou ao lado do homem, sentiu a necessidade de estar ali, dando um apoio silencioso, até que ele falou:

— Eles estão certos! A culpa é minha.

— A morte não tem culpados, mesmo que você tivesse atirado nela, e tirado a vida deles, você ainda assim não seria culpado.

O homem parecia surpreso com as palavras da menina ao seu lado, e só agora, resolveu olhar para a criança ali.

— Você não sabe o que fala. E sim sou culpado! Prometi muito para Aline, não dei nada. Você vê alguém da minha família aqui. Não! Eles sempre foram contra o meu casamento, mas o meu amor por Aline, julguei ser o suficiente.

— O amor se sincero e verdadeiro é o suficiente. Agora, se você estava realmente com uma amante como a mulher lá dentro falou, sim, você vai ficar com remorso por toda a vida, mas não pela morte dela, e sim por sua traição.

— Nunca traí a minha mulher, isso não é papel de um homem, apenas v@g@budos tem coragem para tal ato.

As palavras da menina haviam mexido com o seu orgulho, ele nem sabia o porquê de estar ali dando atenção a conversa de uma criança. Mas, também não sabia como sair dali.

Desde que recebeu a notícia do acidente, e por consequência morte da sua esposa e filho, ele se viu como num mundo paralelo. Quem avisou de tudo foi um primo da mulher, Ruan.

Thiago estava em outro estado, monitorado uma grande construção, que daria grande lucro para sua empresa, havia convidado Aline para ir junto, pois ficaria mais de dois dias ali, e poderiam aproveitar e ir à praia depois do seu trabalho, mas ela não quis, disse que não iria para uma cidade pequena, ficar trancada num quarto sem classe.

Quando ele chegou lá, logo recebeu a notícia, e o seu mundo acabou ali, pensamento para colocar um fim rodavam a sua cabeça, ainda mais quando ao chegar no velório, escutou a mãe da esposa, falar, "ele deveria ter morrido, se for justo, irá morrer logo também."

Ele concordou com ela, e pensou em tirar a sua própria vida, estava apenas esperando terminar o velório, não iria conseguir viver sem a sua amada Aline, mas aquela criança, veio com a suas palavras revirar ainda mais os seus pensamentos.

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