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Capítulo 2 - O Alfa

Rhaeven sofria a cada lua cheia, clamando por sua noiva. Ele não poderia assumir o trono sem antes cumprir a profecia—e para isso, dependia da mulher amaldiçoada. Seu destino como Alfa Supremo estava entrelaçado ao dela.

Os clãs estavam em guerra, e conquistar o poder não era apenas um desejo, mas uma necessidade.

Ele estava deitado em sua cama, cercado por corpos femininos envoltos em lençóis de seda. O cheiro de suor e desejo pairava no ar, mas nenhuma delas despertava nele aquele instinto primitivo e avassalador que apenas o perfume da amaldiçoada conseguia evocar.

Rhae sabia que ela sonhava com ele. Não poderia ser o único atormentado por visões febris nas quais finalmente a tomava para si.

A profecia sussurrava uma promessa incômoda: ela seria sua ruína ou sua redenção. Ele ansiava, com uma fome quase desesperada, que fosse sua redenção.

Nos sonhos, ele a via. Cabelos prateados reluziam à luz da lua, emoldurando um rosto de beleza quase cruel. Ela o encarava, não com medo, mas com uma determinação feroz, como se se recusasse a pertencer a ele.

Será que ela não sabia? Será que ignorava que fora marcada desde o nascimento para ser sua?

O destino os conectava de forma impossível de ignorar. E Rhae tentou—por todos os meios possíveis—contornar a profecia. Mas Bernia, sua doce Nia, sofreu as consequências.

Cada vida gerada em seu ventre fora amaldiçoada à morte. Nenhuma das concubinas do Alfa conseguiu lhe dar um herdeiro, mas Nia… Ela foi a que mais sofreu. Amava Rhaeven com todas as forças e, no entanto, a profecia zombava dela, tornando seu amor uma piada cruel do destino.

O pior é que Rhae tentou fazer de Nia sua rainha. Como punição, foi cruelmente amaldiçoado. O sangue derramado de cada perda clamava por vingança, e a dor dela ecoava na dele. Agora, ele não sabia mais se desejava lutar contra a profecia—mas de uma coisa tinha certeza: não permitiria que a Amaldiçoada fosse sua condenação.

Ele sentia o cheiro dela, ainda que enfraquecido pela magia que a protegia. Era intoxicante, inebriante, enlouquecedor. Como se a maldita possuísse o encanto de uma sereia, e ele fosse um marujo prestes a se afogar nas profundezas daquela maldição.

Seus destinos estavam entrelaçados. Ele ouvia o coração dela acelerar, e quando fechava os olhos, a via.

— Não adianta fugir, Amaldiçoada. — Sua voz ecoava no mundo dos sonhos, separados apenas pelo véu oculto da magia.

Ela sorria. Um sorriso melancólico. Uma única lágrima escorria por seu rosto—como se já sentisse a dor do que estava por vir.

Diziam que ela seria sua ruína. Diziam que poderia ser sua redenção.

O que ela escolheria ser?

De uma coisa, Rhaeven sabia: ela já era o motivo pelo qual ele sempre perdia a hora de acordar.

— Rhae... Rhae... RHAE!

A voz impaciente o arrancou do torpor. Ele abriu os olhos dourados e encontrou Nia ao seu lado. Seus cabelos escuros estavam despenteados, e um sorriso torto brincava em seus lábios. Um sorriso que sempre fora a perdição de Rhaeven.

— Não me diga… — Nia cruzou os braços, revirando os olhos. — Estava sonhando com ela de novo.

Com um suspiro, ela se levantou da cama, espreguiçando-se antes de expulsar as outras mulheres dali.

— Se você quer que eu não diga, então não direi. — Rhae murmurou, um sorrisinho cínico nos lábios.

Nia estreitou os olhos.

O silêncio pesou entre eles antes que ela finalmente se sentasse na beira da cama.

— Você precisa matá-la.

A declaração caiu como uma lâmina afiada.

Rhaeven a encarou, surpreso.

— Se não fizer isso, eu mesma farei.

O Alfa observou a mulher que estivera ao seu lado durante toda a maldição. A mulher que lutou, chorou e sangrou ao lado dele.

Ele lhe devia isso.

Rhaeven decidiu, naquele momento, que quebraria a maldição.

Custasse o que custasse.

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