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Capítulo 6 - A Cativa do Alfa

O impacto foi brutal, como um trovão quebrando o silêncio de uma noite de tempestade.

O corpo de Althea afundou no colchão macio quando Rhaeven a lançou sobre a imensa cama de peles no centro de seus aposentos. 

O quarto do Alfa era espaçoso e imponente, com paredes de pedra escura adornadas por armas ancestrais e tapeçarias que contavam histórias de conquistas sangrentas. Tochas presas em suportes de ferro fundido lançavam sombras dançantes pelos cantos.

Seu coração batia selvagem como um pássaro aprisionado contra as grades de sua caixa torácica, cada fibra de seu ser pulsando com o instinto primordial de lutar, de resistir. 

Antes que pudesse se mover, o Alfa estava sobre ela, seu corpo bloqueando qualquer rota de escape. O ar entre eles parecia carregado de eletricidade, como o momento antes de um raio partir o céu.

Seu corpo era uma parede de calor impenetrável, esmagador, insuportavelmente próximo. O cheiro dele — terra molhada após chuva, pinho e algo selvagem, indefinível — invadiu suas narinas, tão intenso que Althea sentiu uma tontura momentânea. A pele bronzeada dele reluzia sob a luz trêmula das tochas, cada cicatriz em seu torso contando histórias de batalhas e vitórias que construíram sua reputação temida. Músculos definidos tensionavam-se sob a pele, como cordas de um instrumento afinado para tocar uma melodia de dominação.

Ele a imobilizou com uma mão no pulso, seus dedos longos circundando facilmente o osso delicado, prendendo-a contra o colchão com uma força que beirava a dor, mas sem ultrapassá-la — como se soubesse exatamente quanto pressão aplicar. A outra mão deslizou pelos próprios cabelos desgrenhados, negros como ébano, que caíam em mechas rebeldes sobre sua testa, como se tentasse conter algo dentro de si, alguma fera que lutava para ser libertada.

Althea se recusou a desviar o olhar, mesmo quando sentia todo seu corpo tremer sob o dele. Seus próprios cabelos brancos como a neve espalhavam-se sobre as peles escuras da cama.

Os olhos dourados dele brilhavam na penumbra do quarto como os de um predador noturno, não apenas com desejo ou raiva — mas com algo ainda pior, algo que fazia seu estômago se contorcer e sua garganta secar. 

Domínio.

Posse.

O peso daquelas emoções sobre ela era sufocante, mais que o próprio corpo dele pressionando o seu. Era como se cada célula dele emitisse uma mensagem primitiva, antiga como o próprio tempo: minha.

— Não se engane, amaldiçoada. — A voz de Rhaeven saiu rouca, áspera como pedras arrastadas sobre areia, carregada de algo sombrio que arrepiou cada pelo do corpo dela. 

Sua respiração quente acariciou o rosto de Althea, trazendo consigo o leve aroma de vinho forte e especiarias. Os lábios dele, cheios e marcados por uma cicatriz fina no canto direito, curvaram-se em algo que não era exatamente um sorriso, mas uma promessa. 

— Você pertence a mim agora. E eu farei com você o que eu quiser.

Cada palavra saiu lenta, deliberadamente articulada, como se ele quisesse que o significado penetrasse fundo, até os ossos, até a alma. 

Ela riu. Um riso seco, áspero, repleto de escárnio e desafio. O som reverberou pelas paredes de pedra, quase sobrenatural em sua intensidade. 

— É mesmo? Pois eu prefiro morrer. — Cada sílaba saiu carregada de veneno, seus olhos de um azul quase violeta cintilando com um fogo interior que nem mesmo a situação desesperadora conseguia apagar.

O sorriso dele foi feroz, repleto de perigo, como o primeiro rachar do gelo fino sob os pés de um viajante desavisado. Seus dentes brancos e perfeitamente alinhados, exceto pelos caninos ligeiramente mais longos e afiados, brilharam na penumbra como armas polidas. 

— Isso seria um presente para você. Eu quero que sofra. Quero que me peça misericórdia, e quando pedir, eu negarei. 

O silêncio subsequente foi preenchido apenas pelos sons distantes da fortaleza — guardas caminhando pelos corredores de pedra, o ocasional tilintar de metal contra metal, o sussurro do vento entre as frestas das janelas.

As palavras foram um golpe que se cravou fundo na alma de Althea, como uma adaga envenenada encontrando o caminho entre as costelas. O corpo dela estremeceu involuntariamente, não de medo, mas de reconhecimento da verdade contida naquela promessa sombria.

Ela sabia que ele não estava apenas ameaçando. Podia sentir isso no modo como os músculos dele se tensionavam contra ela, no calor febril que emanava de sua pele, na intensidade quase palpável de seu olhar.

Ele falava sério.

E, no entanto, não sentia medo.

Sentia algo muito pior. Algo que se enrolava em seu ventre como uma serpente calorosa, algo que a fazia consciente de cada ponto onde o corpo dele tocava o seu, algo que fazia seu sangue correr mais rápido e sua pele formigar com uma sensação que se recusava a nomear.

O Alfa deslizou os dedos pela curva do pescoço dela, onde sua pulsação pulsava frenética como asas de um beija-flor. A pele dele era áspera, calejada por anos de lutas e caçadas, em contraste com a suavidade da pele dela. O toque deixou um rastro de calor, como se ele marcasse um caminho em sua pele.

— Você sente isso? — murmurou, seus lábios tão próximos que ela sentia o calor de sua respiração misturando-se com a dela. — O destino nos conectou. Está gravado em nossos ossos. Você pode resistir o quanto quiser, pode me odiar, mas isso não muda nada.

Os dedos dele pressionaram um pouco mais forte, não o suficiente para machucar, mas o bastante para lembrá-la de quem detinha o poder físico naquele momento. A pele dela ardia sob o toque dele, como se seu corpo se rebelasse contra sua vontade, reconhecendo algo que sua mente se recusava a aceitar.

— Eu sou o Alfa. — Ele abaixou o rosto, até que seus narizes quase se tocassem, enchendo o ar com o aroma de floresta selvagem e tempestade iminente que emanava dele. Seus olhos dourados consumiram toda a visão dela, como um eclipse engolindo a luz. — E você... é minha.

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