Murmúrios de ultraje percorreram a multidão, mas foram novamente silenciados pelo olhar severo de Rhaeven.
— Continue. — Ele ordenou, sua voz mais suave do que pretendia.
— Mas agora... — Althea hesitou, algo vulnerável passando por seus olhos. — Agora não tenho mais certeza. As visões que compartilhei com Rhaeven... elas sugerem um destino diferente.
Foi a vez de Elara se manifestar, aproximando-se com a graça fluida que caracterizava a vidente.
— Que visões são essas? — Ela perguntou, sua curiosidade claramente despertada.
Rhaeven sentiu-se tenso. Estava prestes a interromper, a proteger aquele segredo íntimo que haviam
Kaira se aproximou novamente, seu cajado de madeira antiga batendo ritmicamente contra o chão de pedra.— A criança das visões... — Ela murmurou, mais para si mesma do que para os outros. — Uma ponte entre dois mundos.Bran folheou rapidamente um livro antigo que trazia consigo, seus dedos enrugados traçando linhas de texto amarelado.— Há uma parte da profecia que raramente mencionamos. — Ele disse, sua voz grave ecoando no salão silencioso. — 'Da união do impossível nascerá aquele que unirá os reinos divididos. Da destruição virá a criação'.Elara ofegou, sua mão apertando a marca em seu rosto. Althea permanecia acordada, sentada na beira da janela de seu novo aposento, observando a lua. Seus dedos traçavam distraidamente a marca da profecia em seu pulso, uma cicatriz que parecia pulsar com vida própria sob o toque suave da luz lunar.— Não consegue dormir? — A voz grave de Rhaeven preencheu o espaço.Althea balançou a cabeça, voltando seu olhar para a janela.— Como poderia? Sou uma humana em um ninho de lobos que sonham com minha morte.Rhaeven aproximou-se, mantendo uma distância respeitosa, mas próximo o suficiente para que seu calor a alcançasse.— Nem todos sonham com sua morte. — Seu olhar seguindo o dela para a lua. — Alguns sonham com possibilidades.Um sorriso Capítulo 14 - O Ritual
Althea hesitou apenas por um momento antes de aceitar sua mão e levantar-se. Juntos, moveram-se silenciosamente pelos corredores de pedra, seus passos ecoando suavemente na quietude da noite. Rhaeven a guiou através de passagens cada vez menos frequentadas, descendo até que o ar se tornasse mais frio e úmido.— Onde estamos indo? — Ela perguntou, sua voz baixa respeitando o silêncio que os envolvia.— Ao coração da alcateia. — Ele respondeu enigmaticamente, seus olhos brilhando com um conhecimento antigo.Finalmente, chegaram a uma porta circular de madeira antiga, entalhada com símbolos que Althea não reconhecia. Rhaeven pousou a mão sobre ela, murmurando palavras em uma língua que ela nunca havia ouvido antes. A porta se abriu com um rangido de protesto, revelando uma câmara circular iluminada por tochas de chama
Era uma lua quase cheia — apenas três noites faltavam para o ritual sob o Carvalho Antigo. Três noites que decidiriam o destino não apenas dela e de Rhaeven, mas de seus povos inteiros.Os últimos dias haviam sido uma sequência de preparações intensas. Sob a orientação paciente de Elara, Althea aprendera a controlar melhor suas visões, a direcioná-las em vez de simplesmente ser arrastada por sua corrente caótica. Com Rhaeven, praticara a arte da conexão mental, cada sessão mais profunda que a anterior, cada toque de mentes deixando-os mais vulneráveis um ao outro.Um ruído suave à porta interrompeu seus pensamentos. Não precisava virar-se para saber quem era — o vínculo entre eles havia se fortalecido tanto que podia sent
Sem pensar duas vezes, ela eliminou o espaço entre eles, seus lábios encontrando os de Rhaeven em um beijo que não era apenas desejo, mas uma promessa.Ele correspondeu imediatamente, seus braços envolvendo-a com uma urgência quase desesperada. O beijo aprofundou-se, tornando-se algo primitivo e incontrolável, como o próprio vínculo que compartilhavam.Quando finalmente se separaram, ambos ofegantes, Rhaeven pressionou sua testa contra a dela.— Eu te quero, Althea. — Ele murmurou, sua voz rouca de desejo. — Não apenas por esta noite, mas por todas as noites que estão por vir.Althea sentiu seu corpo responder às palavras dele, um calor se espalhando por suas veias como fogo l&i
"Se eu não o caçar, serei caçada."As palavras reverberavam na mente de Althea Duvrai, um sussurro da própria lua, uma sentença cravada em sua alma desde o nascimento. Seu coração martelava contra as costelas, o ritmo acelerado ecoando na floresta, pulsando junto ao chamado inevitável.Seus dedos envolviam o cabo frio da lâmina de prata—uma arma forjada por suas próprias mãos, selada com magia e com uma única gota de seu sangue.O sangue amaldiçoado.O sangue pelo qual a lua clamava.O sangue da profecia.A Lua de Sangue estava próxima.Ela podia senti-la nas marés invisíveis que corriam sob sua pele, no arrepio gélido que subia por sua espinha, na brisa cortante que sussurrava seu nome entre os galhos retorcidos da floresta.Naquela noite, a caçada começaria.Nem mesmo sua capa vermelha, tecida com encantamentos antigos para ocultar seu cheiro, seria capaz de protegê-la agora. O véu da maldição havia sido rasgado. E ele sabia.Ele sentia.Em algum lugar entre as sombras e os uivos qu
Rhaeven sofria a cada lua cheia, clamando por sua noiva. Ele não poderia assumir o trono sem antes cumprir a profecia—e para isso, dependia da mulher amaldiçoada. Seu destino como Alfa Supremo estava entrelaçado ao dela.Os clãs estavam em guerra, e conquistar o poder não era apenas um desejo, mas uma necessidade.Ele estava deitado em sua cama, cercado por corpos femininos envoltos em lençóis de seda. O cheiro de suor e desejo pairava no ar, mas nenhuma delas despertava nele aquele instinto primitivo e avassalador que apenas o perfume da amaldiçoada conseguia evocar.Rhae sabia que ela sonhava com ele. Não poderia ser o único atormentado por visões febris nas quais finalmente a tomava para si.A profecia sussurrava uma promessa incômoda: ela seria sua ruína ou sua redenção. Ele ansiava, com uma fome quase desesperada, que fosse sua redenção.Nos sonhos, ele a via. Cabelos prateados reluziam à luz da lua, emoldurando um rosto de beleza quase cruel. Ela o encarava, não com medo, mas co
Como uma canção antiga que ecoava no canto da mente de Alhea, a profecia que ela sabia de trás para frente e até hoje não soube desvendá-la de outra maneira que não fosse a qual foi ensinada: Ou ela seria a caça ou seria a caçadora. Era claro para ela que se permitisse, o destino seguir seu caminho, teria a vida ceifada pelo Alfa. Theron a ensinou, a protegeu, a amou quando ninguém a amou. Todos fugiam de perto de Thea como se ela fosse a própria praga. Ela não se importava. Estava acostumada a não ter em quem confiar.— Thea — a voz doce de sua avó chamou sua atenção enquanto ela desenhava com carvão em seu quarto. As pontas dos dedos sempre sujas de preto, manchando os cabelos alvos sempre que se distraía. — Sim, vovó — respondeu prontamente se colocando de pé. Ysolde não era apenas sua avó, era uma Guardiã. Uma mulher sábia a quem viam recorrer em tempos de necessidade e além disso ela havia sido a voz usada para decretar a profecia no momento em que Althea nasceu. — Você está