Os primeiros raios de sol infiltravam-se pelas frestas das cortinas pesadas quando Althea despertou. Por um momento, permaneceu imóvel, tentando discernir se a noite anterior havia sido apenas mais um sonho profético ou realidade. O calor que ainda sentia na pele e o aroma de pinho e terra que impregnava os lençóis responderam sua pergunta silenciosa.
Virando-se lentamente, encontrou o lado da cama vazio. Rhaeven havia partido, mas sua presença persistia no quarto como uma sombra palpável. Althea tocou seus próprios lábios, ainda sensíveis dos beijos trocados, e um arrepio percorreu seu corpo ao recordar a intensidade do encontro.
"O que eu fiz?" murmurou para si mesma, sentando-se na cama e abraçando os joelhos contra o peito.
Havia se entregado
Rhaeven observava a alcateia se reunir no Grande Salão, seu rosto uma máscara impassível que ocultava a tempestade interior. Sentado em seu trono de madeira antiga entalhada com símbolos lobos, ele parecia a própria imagem da autoridade.Mas por dentro, estava despedaçado.A noite com Althea havia mudado algo fundamental nele. Não era apenas desejo — embora isso estivesse presente, ardendo sob sua pele como uma febre — mas algo mais profundo, mais perturbador. Uma conexão que desafiava tudo que ele acreditava sobre seu destino como Alfa, sobre a profecia, sobre a mulher de cabelos brancos que deveria trazer destruição.— Os Anciãos estão prontos, meu senhor. — A voz de Thorn, seu Beta e conselheiro mais pr&oac
Murmúrios de ultraje percorreram a multidão, mas foram novamente silenciados pelo olhar severo de Rhaeven.— Continue. — Ele ordenou, sua voz mais suave do que pretendia.— Mas agora... — Althea hesitou, algo vulnerável passando por seus olhos. — Agora não tenho mais certeza. As visões que compartilhei com Rhaeven... elas sugerem um destino diferente.Foi a vez de Elara se manifestar, aproximando-se com a graça fluida que caracterizava a vidente.— Que visões são essas? — Ela perguntou, sua curiosidade claramente despertada.Rhaeven sentiu-se tenso. Estava prestes a interromper, a proteger aquele segredo íntimo que haviam
Kaira se aproximou novamente, seu cajado de madeira antiga batendo ritmicamente contra o chão de pedra.— A criança das visões... — Ela murmurou, mais para si mesma do que para os outros. — Uma ponte entre dois mundos.Bran folheou rapidamente um livro antigo que trazia consigo, seus dedos enrugados traçando linhas de texto amarelado.— Há uma parte da profecia que raramente mencionamos. — Ele disse, sua voz grave ecoando no salão silencioso. — 'Da união do impossível nascerá aquele que unirá os reinos divididos. Da destruição virá a criação'.Elara ofegou, sua mão apertando a marca em seu rosto. Althea permanecia acordada, sentada na beira da janela de seu novo aposento, observando a lua. Seus dedos traçavam distraidamente a marca da profecia em seu pulso, uma cicatriz que parecia pulsar com vida própria sob o toque suave da luz lunar.— Não consegue dormir? — A voz grave de Rhaeven preencheu o espaço.Althea balançou a cabeça, voltando seu olhar para a janela.— Como poderia? Sou uma humana em um ninho de lobos que sonham com minha morte.Rhaeven aproximou-se, mantendo uma distância respeitosa, mas próximo o suficiente para que seu calor a alcançasse.— Nem todos sonham com sua morte. — Seu olhar seguindo o dela para a lua. — Alguns sonham com possibilidades.Um sorriso Capítulo 14 - O Ritual
Althea hesitou apenas por um momento antes de aceitar sua mão e levantar-se. Juntos, moveram-se silenciosamente pelos corredores de pedra, seus passos ecoando suavemente na quietude da noite. Rhaeven a guiou através de passagens cada vez menos frequentadas, descendo até que o ar se tornasse mais frio e úmido.— Onde estamos indo? — Ela perguntou, sua voz baixa respeitando o silêncio que os envolvia.— Ao coração da alcateia. — Ele respondeu enigmaticamente, seus olhos brilhando com um conhecimento antigo.Finalmente, chegaram a uma porta circular de madeira antiga, entalhada com símbolos que Althea não reconhecia. Rhaeven pousou a mão sobre ela, murmurando palavras em uma língua que ela nunca havia ouvido antes. A porta se abriu com um rangido de protesto, revelando uma câmara circular iluminada por tochas de chama
Era uma lua quase cheia — apenas três noites faltavam para o ritual sob o Carvalho Antigo. Três noites que decidiriam o destino não apenas dela e de Rhaeven, mas de seus povos inteiros.Os últimos dias haviam sido uma sequência de preparações intensas. Sob a orientação paciente de Elara, Althea aprendera a controlar melhor suas visões, a direcioná-las em vez de simplesmente ser arrastada por sua corrente caótica. Com Rhaeven, praticara a arte da conexão mental, cada sessão mais profunda que a anterior, cada toque de mentes deixando-os mais vulneráveis um ao outro.Um ruído suave à porta interrompeu seus pensamentos. Não precisava virar-se para saber quem era — o vínculo entre eles havia se fortalecido tanto que podia sent
Sem pensar duas vezes, ela eliminou o espaço entre eles, seus lábios encontrando os de Rhaeven em um beijo que não era apenas desejo, mas uma promessa.Ele correspondeu imediatamente, seus braços envolvendo-a com uma urgência quase desesperada. O beijo aprofundou-se, tornando-se algo primitivo e incontrolável, como o próprio vínculo que compartilhavam.Quando finalmente se separaram, ambos ofegantes, Rhaeven pressionou sua testa contra a dela.— Eu te quero, Althea. — Ele murmurou, sua voz rouca de desejo. — Não apenas por esta noite, mas por todas as noites que estão por vir.Althea sentiu seu corpo responder às palavras dele, um calor se espalhando por suas veias como fogo l&i
"Se eu não o caçar, serei caçada."As palavras reverberavam na mente de Althea Duvrai, um sussurro da própria lua, uma sentença cravada em sua alma desde o nascimento. Seu coração martelava contra as costelas, o ritmo acelerado ecoando na floresta, pulsando junto ao chamado inevitável.Seus dedos envolviam o cabo frio da lâmina de prata—uma arma forjada por suas próprias mãos, selada com magia e com uma única gota de seu sangue.O sangue amaldiçoado.O sangue pelo qual a lua clamava.O sangue da profecia.A Lua de Sangue estava próxima.Ela podia senti-la nas marés invisíveis que corriam sob sua pele, no arrepio gélido que subia por sua espinha, na brisa cortante que sussurrava seu nome entre os galhos retorcidos da floresta.Naquela noite, a caçada começaria.Nem mesmo sua capa vermelha, tecida com encantamentos antigos para ocultar seu cheiro, seria capaz de protegê-la agora. O véu da maldição havia sido rasgado. E ele sabia.Ele sentia.Em algum lugar entre as sombras e os uivos qu