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Capítulo 4 - A Lua de Sangue

Althea estava sozinha no interior da floresta. O frio cortava sua pele como lâminas invisíveis, e cada passo sobre a neve acumulada exigia cautela.

Acima dela, a Lua de Sangue brilhava intensa, derramando suas lágrimas escarlates, como se lamentasse o destino da jovem. O silêncio da noite foi interrompido pelo som de patas esmagando a neve e o uivo que fez seu coração bater descompassado.

Eles estavam ali.

Os lobos se aproximavam.

O ataque foi rápido demais para que ela reagisse. Uma sombra se lançou contra ela, um corpo ágil e feroz, pronto para arrancar sua garganta.

Então, eu não passo de uma ameaça? Apenas uma caça?

Por instinto, Thea ergueu o braço, e o bracelete brilhou na escuridão. Os dentes da loba encontraram a prata encantada, e o contato fez a carne da criatura queimar. Um rosnado de dor ecoou, e sangue respingou na neve.

Foi então que Althea o sentiu.

Uma presença avassaladora.

O ar ao seu redor se tornou mais pesado, carregado com uma eletricidade latente. Seu corpo reconheceu antes mesmo que seus olhos o encontrassem.

Ele.

Entre as sombras das árvores, surgiu a figura imponente do lobo negro. Seus olhos dourados estavam fixos nela, queimando com um misto de fascínio e hesitação. Ele parecia avaliá-la, tentando decidir o que fazer.

O cheiro do sangue da loba ferida—sua fiel companheira—chegou até ele, mas o perfume da mulher amaldiçoada era ainda mais forte. Uma essência que o chamava como um feitiço irresistível.

Os pés de Althea se moveram involuntariamente.

O Alfa também avançou, até que estivessem frente a frente.

Por um instante, o mundo deixou de existir.

Eles se encararam, e algo indescritível aconteceu. Imagens invadiram suas mentes. Viam-se juntos, não como inimigos, mas como companheiros. Viam um futuro que jamais haviam ousado imaginar. E, então, viram…

Uma menina nos braços do Alfa.

O choque do que estavam testemunhando os paralisou, como se o próprio tempo tivesse suspendido a respiração.

Foi quando a loba atacou.

Um borrão de fúria e sangue.

O corpo do imenso Rhaeven se moveu antes que ele pudesse pensar. O instinto falou mais alto. Ele girou, rosnando, e suas presas encontraram a carne da loba traidora antes que ela pudesse alcançar Althea.

Um estalo horrível, um grito de dor.

Quando ele despertou do torpor, sentiu o gosto do sangue quente em sua boca.

E o silêncio mortal da floresta.

Seus olhos dourados se arregalaram ao ver o corpo no chão, imóvel, tingindo a neve de escarlate.

— Rhae… — A voz de Nia ecoou em sua mente.

O Alfa cambaleou, afastando-se um passo. Ele olhou para sua matilha—para os olhos arregalados de seus irmãos—e então para Althea, ainda confusa diante da cena.

Seus punhos cerraram.

Seus olhos se tornaram pura ira.

— Isso… é culpa sua! — sua voz soou como um trovão. — Bruxa!

Althea deu um passo para trás.

Ele a estava culpando? Ele havia matado alguém do seu próprio bando… por ela?

A loba ferida estremeceu, seu corpo começando a se transformar. Diante de todos, Nia voltou à sua forma humana, revelando uma mulher de longos cabelos escuros, pele tão pálida quanto a lua. A ferida aberta em seu abdome pulsava, sua respiração enfraquecia.

Ela tossiu sangue.

— Rhae… Você prometeu… Você prometeu que a mataria.

Lágrimas se misturavam ao vermelho nos lábios dela.

— Nia… — O Alfa caiu de joelhos ao lado dela, segurando seu corpo com cuidado, como se, por algum milagre, pudesse mantê-la ali. — Não me deixe…

Os olhos da mulher já perdiam o brilho.

— Você a escolheu… — sussurrou, sua voz se desfazendo no vento. — E eu o amaldiçoo, meu rei. Por ter derramado o sangue da sua própria alcateia… você será banido.

O uivo dos lobos rasgou o céu, ecoando em tristeza e revolta.

Rhaeven sentiu o peso do olhar de cada um deles. A acusação. A dor. A traição.

Ele se levantou lentamente, ainda segurando o corpo de Nia. Seus olhos encontraram os de Althea, e ele viu algo ali—um brilho indecifrável, algo que o fazia se lembrar da visão que tiveram.

Mas naquele momento, nada importava.

O ódio transbordou de seu peito.

Ele soltou o corpo da loba e avançou.

— Você trouxe a ruína para mim, amaldiçoada. Agora, verá o que significa carregar essa maldição!

E então, Rhaeven — voltando a se transformar em lobo — atacou.

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