Capítulo 1 Victor Mendonça estava em frente à janela do seu quarto, vestido de forma impecável como sempre. Um suspiro pesado escapou de seus lábios. Tudo em sua vida mudara quando o irmão caçula faleceu de forma abrupta. De um momento para o outro, se viu responsável pela cunhada e pelos sobrinhos. Já não bastava ter perdido os pais, que se foram pela idade avançada. Eles eram sua base, sua razão de seguir em frente. Agora, com 43 anos, ele se sentia mais velho do que realmente era. Algo estava faltando, mas ele não sabia o quê. Afinal, tinha tudo o que o dinheiro podia comprar. — Victor, querido, venha almoçar conosco — disse a cunhada, tocando-lhe o braço com delicadeza. — Sim, claro — ele respondeu, sem demonstrar mais do que um leve sorriso. A vontade de lhe dizer que entrar no seu quarto sem bater não era correto estava ali, mas ele deixou para um outro momento. Tadinha, ela estava sofrendo demais para perceber o quanto a falta de limites também estava desgastando a dinâmica
Capítulo 2 O relógio no pulso de Isabelle marcava 8h quando ela chegou ao portão da mansão Mendonça. O carro alugado para se locomover pela cidade parecia pequeno diante da imponência da propriedade. A entrada era ampla, cercada por altos muros cobertos de hera, com um portão automático que dava acesso a uma alameda ladeada por árvores perfeitamente alinhadas. — Uau... Nunca vi uma casa tão linda — murmurou para si mesma, admirando o cenário. Respirando fundo, ela tocou o interfone. — Bom dia. Aqui é Isabelle. Estou aqui para começar o trabalho como babá. A voz de um funcionário respondeu prontamente: — Ah, sim, o senhor Mendonça nos avisou. Um momento, por favor. O portão se abriu lentamente, revelando o interior luxuoso da propriedade. Isabelle dirigiu com cuidado até a entrada principal, onde um mordomo a aguardava. — Bem-vinda, senhorita Isabelle. Por aqui, por favor. Enquanto era conduzida para dentro da casa, Isabelle não conseguia disfarçar a admiração. Tudo era impecáv
Capítulo 3 Victor saiu apressado da sala, com passos firmes que ecoavam pelo piso impecável da mansão. Ao chegar ao escritório da casa, pegou a pasta que estava sobre a mesa e ajustou o paletó antes de sair. Na limusine, deixou a pasta de lado e voltou sua atenção para a paisagem além da janela. O carro atravessava os portões da imponente mansão, e ele se perdeu nos próprios pensamentos enquanto as árvores alinhadas da entrada ficavam para trás. Como de costume, sua mão foi instintivamente ao anel no dedo. Ele girava a joia delicadamente, um gesto quase automático. Aquele anel havia pertencido ao seu pai, um homem que sempre fora seu exemplo e maior inspiração. Foi presenteado a Victor no leito de morte, em um momento que ele jamais esqueceria. Enquanto seus olhos fixavam o horizonte, lembranças do pai surgiam com nitidez. Ele ainda podia ouvir a voz grave e tranquila dizendo: "Use este anel como símbolo da nossa família e de tudo o que construímos juntos. Lembre-se de quem você é,
Capítulo 4No final do dia, Victor voltou para a mansão e se juntou à cunhada e aos sobrinhos para o jantar. A conversa fluía de maneira leve, e Mercedes contou animada que havia passado a tarde cuidando dos cabelos e das unhas no salão.— Resolvi seguir seu conselho, Victor. Fui ao salão e finalmente tirei um tempo para mim.Ele assentiu, tomando um gole de vinho. Sinceramente, não tinha reparado na mudança, mas ficou satisfeito ao ver que ela parecia mais disposta.— Fico feliz por isso. É importante que você se cuide.Mercedes sorriu, e a conversa logo foi desviada para as crianças, que falavam sobre o dia com Isabelle. Pelo visto, ela já havia conquistado a confiança deles.Após o jantar, Victor chamou o mordomo até o escritório. Sentado atrás da imponente mesa de madeira escura, ele tirou o anel do dedo por um momento, girando-o entre os dedos, um hábito que costumava surgir sempre que estava imerso em pensamentos.— Ela se recolheu? — perguntou, referindo-se a Isabelle.— Não, s
Capítulo 5O aroma amadeirado do whisky misturava-se ao leve perfume de couro dos móveis enquanto Victor girava o líquido âmbar no copo, seus olhos fixos nas luzes do jardim além da imensa janela de vidro da sala de estar. A mansão, estava silenciosa, enquanto Mercedes e as crianças se preparavam para a noite especial.Ele ergueu o copo aos lábios e tomou um gole, sentindo o calor agradável da bebida descer por sua garganta. O evento de gala era um compromisso necessário, parte do mundo dos negócios e das aparências que ele dominava tão bem, mas naquela noite, sua mente insistia em se ocupar de outra coisa.Isabelle.Como ela se vestiria para a ocasião?Era uma pergunta tola, mas ele se pegou pensando nisso mais do que deveria. Nos últimos dias, percebeu que sua presença o afetava de formas inesperadas. Havia algo nela, talvez inocência ou força, que lhe despertava um interesse que ele não sabia bem como lidar.Lembrou-se da forma como ela sempre o chamava de "senhor", da maneira disc
Capítulo 6A limusine parou suavemente na entrada do luxuoso salão de eventos. Luzes douradas iluminavam a fachada imponente, e uma fileira de carros de alto padrão chegava a todo instante, trazendo convidados da elite.Victor desceu primeiro, ajeitando o terno com um movimento automático. Como esperado, os olhares se voltaram para ele assim que pisou no tapete vermelho. Com sua postura impecável e a presença imponente, ele sempre atraía atenção.Virou-se para ajudar Mercedes a descer, oferecendo-lhe o braço. Ela sorriu e aceitou de bom grado, deslizando sua mão pelo antebraço dele. Seu vestido sofisticado e ousado fez algumas cabeças se virarem.Logo atrás, Isabelle desceu do carro segurando as pequenas mãos de Henrique e Letícia. A movimentação do evento a deixou um pouco hesitante, mas manteve a postura firme.E então, como Victor já esperava, os olhares se voltaram para ela.O vestido azul-marinho que usava, simples, mas elegante, realçava sua figura de um jeito que ele não havia
Capítulo 7Helena sorriu ao perceber que Victor estava se deixando levar pela conversa. Era como se ela tivesse vencido uma pequena batalha, mas estava satisfeita demais para notar a frieza em sua postura.- Eu sabia que você iria se animar, até mais tarde, querido - disse ela com um tom de voz doce, cheia de confiança.Enquanto isso, Mercedes observava de longe a interação entre Victor e Helena. Seus olhos se estreitaram quando viu o sorriso de Helena, como se estivesse observando uma cena desconfortável. Isso a incomodava. Ela não queria ver aquela mulher perto dele.Mercedes, com sua habilidade de saber quando a situação precisava ser mais "explorada", começou a caminhar na direção de Helena. Ao se aproximar, ela sorriu de forma cordial, mas com um toque de curiosidade que indicava que ela queria saber mais.- Helena... - começou Mercedes, com sua voz suave e um sorriso afável. - Que bom ver você aqui.Helena se virou, surpresa, mas logo a recepção amigável de Mercedes a fez relaxa
Capítulo 8Victor segurou os braços de Helena e a afastou com firmeza, o rosto contraído em uma expressão de impaciência. Seu humor, que já não estava dos melhores, azedou de vez.— Helena, chega.Ela piscou, surpresa com a frieza dele.— Mas, querido… Hoje é nossa noite, faz tanto tempo — insistiu, tentando tocá-lo novamente, mas ele se afastou.Ele suspirou, passando uma mão pelo rosto, tentando conter a irritação.— Helena, é melhor você esquecer isso. Faz muito tempo que estamos sem contato, você saiu do país…— E agora voltei! Achei que podíamos retomar de onde paramos — disse, cruzando os braços, claramente ofendida.Victor soltou uma risada curta, sem humor.— Retomar? Helena, eu nunca te prometi nada. Sempre deixamos claro que era algo casual.Ela estreitou os olhos, o tom de voz ganhando um leve toque de indignação.— Não acredito que está me dispensando assim.Ele enfiou as mãos nos bolsos do paletó, encarando-a com seriedade.— Eu não estou te dispensando, Helena. Estou ape