Capítulo 6

Capítulo 6

A limusine parou suavemente na entrada do luxuoso salão de eventos. Luzes douradas iluminavam a fachada imponente, e uma fileira de carros de alto padrão chegava a todo instante, trazendo convidados da elite.

Victor desceu primeiro, ajeitando o terno com um movimento automático. Como esperado, os olhares se voltaram para ele assim que pisou no tapete vermelho. Com sua postura impecável e a presença imponente, ele sempre atraía atenção.

Virou-se para ajudar Mercedes a descer, oferecendo-lhe o braço. Ela sorriu e aceitou de bom grado, deslizando sua mão pelo antebraço dele. Seu vestido sofisticado e ousado fez algumas cabeças se virarem.

Logo atrás, Isabelle desceu do carro segurando as pequenas mãos de Henrique e Letícia. A movimentação do evento a deixou um pouco hesitante, mas manteve a postura firme.

E então, como Victor já esperava, os olhares se voltaram para ela.

O vestido azul-marinho que usava, simples, mas elegante, realçava sua figura de um jeito que ele não havia previsto. Não era extravagante, mas sua beleza natural fazia com que ela se destacasse sem esforço.

Havia algo na forma como seus olhos observavam ao redor, sempre atenta às crianças, que a tornava diferente das mulheres deslumbrantes que circulavam pelo evento. Ela não estava ali para chamar atenção, mas conseguia isso de qualquer forma.

Victor sentiu um incômodo inesperado ao notar alguns homens do evento a observando com interesse.

Isabelle, por sua vez, não parecia notar os olhares. Sua única preocupação era manter as crianças perto.

— Está tudo bem, senhor? — ela perguntou ao perceber a expressão séria dele.

Victor desviou o olhar, respirando fundo antes de responder.

— Sim. Vamos entrar.

E então, juntos, eles avançaram para dentro do salão, sem perceber que essa noite guardava mais surpresas do que esperavam.

Quando entraram no grande salão de gala, a atenção dos convidados logo se concentrou em Victor e Mercedes. O charme de ambos, aliados ao status que carregavam, atraíram os olhares dos presentes. As conversas e risos se misturavam ao som suave da música ao fundo, mas logo uma voz familiar se destacou.

Uma amiga de Mercedes, que estava mais afastada do grupo, se aproximou rapidamente com um sorriso travesso.

— Mercedes, sua safada! Não acredito que você está com o seu cunhado! — disse a mulher, empurrando-a suavemente para longe, em tom de brincadeira, mas com uma pitada de curiosidade.

Mercedes, apesar de visivelmente desconfortável, manteve a compostura. Ela deu um sorriso enigmático, sabendo que qualquer resposta poderia alimentar ainda mais a fofoca.

— Você acha que ela ia perder tempo? Não precisa nem trocar o sobrenome, tá tudo na mesma família — respondeu, outra conhecida, com um tom provocante.

A conversa rapidamente ganhou mais volúpia e outras mulheres, que estavam próximas, se juntaram ao círculo. Risos abafados e sorrisos maliciosos começaram a se espalhar pela roda.

— Vocês são invejosas — respondeu Mercedes calmamente, sem demonstrar muito envolvimento, mas também não fez questão de desmentir os comentários.

O grupo de mulheres não se deu por vencido e a conversa logo se deslocou para outra direção. Uma delas, mais curiosa, olhou para Isabelle, que estava perto de Victor, observando as crianças com atenção.

— E quem é aquela mulher? — perguntou a outra, inclinando a cabeça para observar Isabelle de longe.

Mercedes seguiu o olhar da amiga e, de maneira rápida e direta, respondeu.

— A babá.

As mulheres trocaram olhares e um sorriso cínico surgiu nos rostos delas.

— Babá é? Ela é linda demais para ser apenas a babá. Logo ela vai tomar o seu lugar na cama do seu cunhado — comentou uma delas, com um sorriso de superioridade, sabendo que suas palavras provocariam algum tipo de reação.

Mercedes tentou disfarçar o desconforto, mas não pôde evitar um leve tensionamento nos ombros. O que mais a incomodava não eram as palavras, mas a sensação de que estavam observando cada movimento dela e de Victor, como se estivessem esperando algo acontecer. As mulheres se afastaram, rindo, deixando Mercedes tensa e nervosa com os comentários.

Mercedes manteve um sorriso no rosto enquanto as mulheres se afastavam, mas por dentro fervia. O comentário das "amigas" a irritou mais do que deveria. Ela não estava com Victor, mas o fato de não ter negado alimentaria ainda mais as fofocas.

Respirou fundo, fingindo não se importar, e lançou um olhar discreto para Isabelle. Lá estava ela, à margem do evento, discreta e atenta às crianças, sem imaginar que era o centro das conversas maldosas.

Mercedes pegou uma taça de champanhe da bandeja de um garçom que passava e tomou um gole antes de voltar para perto de Victor.

— Como está a noite até agora? — ele perguntou, sem tirar os olhos do salão ao redor.

— Divertida. Acabei de descobrir que sou sua amante. — Ela sorriu de lado, observando a reação do cunhado.

Victor franziu o cenho e desviou o olhar para ela.

— O quê?

— Suas queridas admiradoras acham que estamos juntos. E pior, acham que a babá logo vai tomar o meu lugar na sua cama.

Victor apertou o maxilar, a irritação crescendo em seu peito. Ele conhecia bem o círculo social em que se movia. Pessoas que viviam para espalhar boatos e envenenar qualquer situação.

— Ignore-as. — Ele pegou um copo de whisky do bar e tomou um gole.

Mercedes soltou uma risada seca.

— Ah, mas eu ignorei. Só achei curioso como elas já perceberam que você repara demais naquela garota.

Victor virou a cabeça para encará-la, os olhos frios.

— Você está imaginando coisas.

— Será? — Mercedes ergueu a sobrancelha e deu um olhar sugestivo antes de se afastar.

Victor permaneceu parado, sentindo um incômodo que não queria admitir. Seus olhos, quase automaticamente, buscaram Isabelle do outro lado do salão. Ela ria de algo que Henrique falou, os olhos brilhando com diversão.

Linda. Natural. Totalmente alheia às intrigas que aconteciam à sua volta.

E agora, pela primeira vez, Victor se perguntou se as mulheres estavam tão erradas assim.

Victor ouviu uma voz conhecida, sentiu um arrepio de desgosto. Ele sabia exatamente quem era antes mesmo de olhar. A voz era suave, mas carregava um tom falso, aquele tipo de voz que ele já conhecia bem.

— Olá, querido... — disse a mulher, se aproximando dele com um sorriso amplo.

Victor olhou para o lado e, ao ver o rosto dela, suspirou, um suspiro profundo de frustração que apenas ele percebeu. Era Helena, uma mulher com quem ele se envolvia de vez em quando, sem compromisso, apenas para satisfazer um desejo momentâneo. Ele nunca entendeu muito bem por que ainda estava nessa situação, mas de alguma forma ela sempre surgia quando ele menos queria.

— Helena... — respondeu ele, forçando um sorriso enquanto a observava se aproximar.

Ela se encostou nele de forma íntima, tocando o braço dele com uma leve pressão, um toque que, em outros tempos, teria sido recebido com mais entusiasmo, mas agora só servia para o incomodar.

— Você está tão distante hoje... — disse ela com um tom de voz meloso, como se estivesse se lamentando por algo. — Não me disse que viria para a festa. Eu estava esperando para ver você.

Victor manteve a expressão séria, seu olhar vagueando por todo o ambiente, tentando se distrair. Não queria estar ali com ela, nem em pensamento. Ele não sabia exatamente o que a mantinha por perto, mas havia algo nela que o fazia voltar a cada vez. Talvez fosse o conforto momentâneo, a familiaridade da situação, mas, sinceramente, ele não estava mais interessado.

— Eu... não sabia que você viria. — A frase saiu sem entusiasmo, quase como uma desculpa.

Helena não parecia notar a falta de interesse em suas palavras. Ela continuava falando, seu sorriso largo e suas mãos tocando o braço dele de forma possessiva. O comportamento dela era o mesmo de sempre: segura de si, achando que podia influenciar suas ações, mas ele já não se deixava mais levar por isso.

— Por que você está assim, Victor? — Ela perguntou, notando a mudança na postura dele. — Eu posso te fazer companhia depois. Sei que você precisa de alguém para se distrair, não é?

Victor engoliu o incomodo, respondendo apenas com um aceno. Ele estava distante, pensando mais em como sua vida tinha se tornado mais complicada com o tempo, e menos nas propostas de Helena, que parecia não perceber o quanto ele estava distante e cansado daquela situação.

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