Capítulo 51A mansão Mendonça estava silenciosa naquela noite. Victor estava sentado ao lado da cama, segurando a mão de Isabelle com carinho. Observava-a repousar tranquilamente, e um sorriso sereno se formou em seus lábios.O pesadelo havia passado. Agora, tudo o que restava era a esperança de um futuro brilhante.Ele deslizou a mão suavemente sobre a barriga dela, sentindo uma onda de emoção tomar conta de seu peito.— Mal posso esperar para conhecer nosso bebê — murmurou, a voz carregada de ternura.Isabelle, ainda sonolenta, entreabriu os olhos e sorriu suavemente.— Ele vai ter o melhor pai do mundo — sussurrou, sua voz doce como uma melodia.Victor sentiu o coração aquecer com aquelas palavras. Ter uma família sempre fora seu maior desejo, mas por muito tempo, pensara que não era possível. Agora, ali estava ele, casado com a mulher que amava e esperando um filho.Ele se inclinou e depositou um beijo delicado na testa de Isabelle, fechando os olhos por um instante.— Obrigado po
Capítulo 52O vento soprava suavemente no cemitério, fazendo as folhas das árvores balançarem com um som tranquilo. O céu estava limpo, naquela tarde.Victor permaneceu parado diante do túmulo do irmão, com as mãos nos bolsos e um olhar sereno. Ele vinha sempre que podia, mas hoje era especial.— Dez anos, mano… — murmurou, soltando um suspiro longo. — Parece que foi ontem que tudo aconteceu. Que tudo mudou na minha vida.Ele passou a mão pelos cabelos, sentindo um nó na garganta, mas sorriu.— Vou te contar as novidades.Victor respirou fundo e se sentou sobre a grama bem cuidada, mantendo os olhos fixos no nome gravado na lápide.— Seus filhos estão incríveis, cara. Você teria tanto orgulho deles… Sua filha está na faculdade agora, acredita? Parece que foi ontem que eu a pegava no colo. Inteligente, focada, e claro, herdou seu coração gigante.Ele fez uma pausa, deixando a emoção se acomodar antes de continuar.— E o mais novo… Ele está virando um rapaz. Estudioso, educado… Você sem
Capítulo 1 Victor Mendonça estava em frente à janela do seu quarto, vestido de forma impecável como sempre. Um suspiro pesado escapou de seus lábios. Tudo em sua vida mudara quando o irmão caçula faleceu de forma abrupta. De um momento para o outro, se viu responsável pela cunhada e pelos sobrinhos. Já não bastava ter perdido os pais, que se foram pela idade avançada. Eles eram sua base, sua razão de seguir em frente. Agora, com 43 anos, ele se sentia mais velho do que realmente era. Algo estava faltando, mas ele não sabia o quê. Afinal, tinha tudo o que o dinheiro podia comprar. — Victor, querido, venha almoçar conosco — disse a cunhada, tocando-lhe o braço com delicadeza. — Sim, claro — ele respondeu, sem demonstrar mais do que um leve sorriso. A vontade de lhe dizer que entrar no seu quarto sem bater não era correto estava ali, mas ele deixou para um outro momento. Tadinha, ela estava sofrendo demais para perceber o quanto a falta de limites também estava desgastando a dinâmica
Capítulo 2 O relógio no pulso de Isabelle marcava 8h quando ela chegou ao portão da mansão Mendonça. O carro alugado para se locomover pela cidade parecia pequeno diante da imponência da propriedade. A entrada era ampla, cercada por altos muros cobertos de hera, com um portão automático que dava acesso a uma alameda ladeada por árvores perfeitamente alinhadas. — Uau... Nunca vi uma casa tão linda — murmurou para si mesma, admirando o cenário. Respirando fundo, ela tocou o interfone. — Bom dia. Aqui é Isabelle. Estou aqui para começar o trabalho como babá. A voz de um funcionário respondeu prontamente: — Ah, sim, o senhor Mendonça nos avisou. Um momento, por favor. O portão se abriu lentamente, revelando o interior luxuoso da propriedade. Isabelle dirigiu com cuidado até a entrada principal, onde um mordomo a aguardava. — Bem-vinda, senhorita Isabelle. Por aqui, por favor. Enquanto era conduzida para dentro da casa, Isabelle não conseguia disfarçar a admiração. Tudo era impecáv
Capítulo 3 Victor saiu apressado da sala, com passos firmes que ecoavam pelo piso impecável da mansão. Ao chegar ao escritório da casa, pegou a pasta que estava sobre a mesa e ajustou o paletó antes de sair. Na limusine, deixou a pasta de lado e voltou sua atenção para a paisagem além da janela. O carro atravessava os portões da imponente mansão, e ele se perdeu nos próprios pensamentos enquanto as árvores alinhadas da entrada ficavam para trás. Como de costume, sua mão foi instintivamente ao anel no dedo. Ele girava a joia delicadamente, um gesto quase automático. Aquele anel havia pertencido ao seu pai, um homem que sempre fora seu exemplo e maior inspiração. Foi presenteado a Victor no leito de morte, em um momento que ele jamais esqueceria. Enquanto seus olhos fixavam o horizonte, lembranças do pai surgiam com nitidez. Ele ainda podia ouvir a voz grave e tranquila dizendo: "Use este anel como símbolo da nossa família e de tudo o que construímos juntos. Lembre-se de quem você é,
Capítulo 4No final do dia, Victor voltou para a mansão e se juntou à cunhada e aos sobrinhos para o jantar. A conversa fluía de maneira leve, e Mercedes contou animada que havia passado a tarde cuidando dos cabelos e das unhas no salão.— Resolvi seguir seu conselho, Victor. Fui ao salão e finalmente tirei um tempo para mim.Ele assentiu, tomando um gole de vinho. Sinceramente, não tinha reparado na mudança, mas ficou satisfeito ao ver que ela parecia mais disposta.— Fico feliz por isso. É importante que você se cuide.Mercedes sorriu, e a conversa logo foi desviada para as crianças, que falavam sobre o dia com Isabelle. Pelo visto, ela já havia conquistado a confiança deles.Após o jantar, Victor chamou o mordomo até o escritório. Sentado atrás da imponente mesa de madeira escura, ele tirou o anel do dedo por um momento, girando-o entre os dedos, um hábito que costumava surgir sempre que estava imerso em pensamentos.— Ela se recolheu? — perguntou, referindo-se a Isabelle.— Não, s
Capítulo 5O aroma amadeirado do whisky misturava-se ao leve perfume de couro dos móveis enquanto Victor girava o líquido âmbar no copo, seus olhos fixos nas luzes do jardim além da imensa janela de vidro da sala de estar. A mansão, estava silenciosa, enquanto Mercedes e as crianças se preparavam para a noite especial.Ele ergueu o copo aos lábios e tomou um gole, sentindo o calor agradável da bebida descer por sua garganta. O evento de gala era um compromisso necessário, parte do mundo dos negócios e das aparências que ele dominava tão bem, mas naquela noite, sua mente insistia em se ocupar de outra coisa.Isabelle.Como ela se vestiria para a ocasião?Era uma pergunta tola, mas ele se pegou pensando nisso mais do que deveria. Nos últimos dias, percebeu que sua presença o afetava de formas inesperadas. Havia algo nela, talvez inocência ou força, que lhe despertava um interesse que ele não sabia bem como lidar.Lembrou-se da forma como ela sempre o chamava de "senhor", da maneira disc
Capítulo 6A limusine parou suavemente na entrada do luxuoso salão de eventos. Luzes douradas iluminavam a fachada imponente, e uma fileira de carros de alto padrão chegava a todo instante, trazendo convidados da elite.Victor desceu primeiro, ajeitando o terno com um movimento automático. Como esperado, os olhares se voltaram para ele assim que pisou no tapete vermelho. Com sua postura impecável e a presença imponente, ele sempre atraía atenção.Virou-se para ajudar Mercedes a descer, oferecendo-lhe o braço. Ela sorriu e aceitou de bom grado, deslizando sua mão pelo antebraço dele. Seu vestido sofisticado e ousado fez algumas cabeças se virarem.Logo atrás, Isabelle desceu do carro segurando as pequenas mãos de Henrique e Letícia. A movimentação do evento a deixou um pouco hesitante, mas manteve a postura firme.E então, como Victor já esperava, os olhares se voltaram para ela.O vestido azul-marinho que usava, simples, mas elegante, realçava sua figura de um jeito que ele não havia