A Babá protegida do CEO
A Babá protegida do CEO
Por: Carla Cadete
Capítulo 1

Capítulo 1

Victor Mendonça estava em frente à janela do seu quarto, vestido de forma impecável como sempre. Um suspiro pesado escapou de seus lábios. Tudo em sua vida mudara quando o irmão caçula faleceu de forma abrupta. De um momento para o outro, se viu responsável pela cunhada e pelos sobrinhos. Já não bastava ter perdido os pais, que se foram pela idade avançada.

Eles eram sua base, sua razão de seguir em frente. Agora, com 43 anos, ele se sentia mais velho do que realmente era. Algo estava faltando, mas ele não sabia o quê. Afinal, tinha tudo o que o dinheiro podia comprar.

— Victor, querido, venha almoçar conosco — disse a cunhada, tocando-lhe o braço com delicadeza.

— Sim, claro — ele respondeu, sem demonstrar mais do que um leve sorriso. A vontade de lhe dizer que entrar no seu quarto sem bater não era correto estava ali, mas ele deixou para um outro momento. Tadinha, ela estava sofrendo demais para perceber o quanto a falta de limites também estava desgastando a dinâmica deles.

Na sala de jantar, ele a observava, ainda tão abatida. Seus olhos estavam cansados, e o rosto, marcado pela tristeza. Ele se inclinou à frente da mesa e falou com uma voz suave, mas firme:

— Você precisa voltar a ser quem era. Volte a se cuidar. Vá ao Pilates, faça suas massagens, volte ao salão. Não pode deixar que tudo a consuma assim.

Ela olhou para ele com um olhar vazio, e a expressão de desgosto tomou seu rosto.

— E meus filhos? Não tenho quem cuide deles, os empregados mal conseguem dar conta...

Victor, vendo a tristeza em seus olhos, suspirou e tomou sua mão sobre a mesa.

— Não se preocupe com isso. Eu vou contratar uma babá.

Ela sorriu, um sorriso triste e agradecido.

— Ah, obrigada, Victor querido — ela disse, apertando a mão dele antes de se recostar na cadeira.

Victor sorriu de volta, mas a verdade era que seu sorriso estava vazio. Ele puxou a mão de volta delicadamente e voltou a comer, tentando se concentrar na comida, mas sua mente estava longe.

***

Victor entrou em seu escritório, fechando a porta com um suspiro. Sentou-se atrás da mesa e, com a ponta dos dedos, passou por sua tela do computador até encontrar o número que procurava. Seu melhor amigo, Felipe, sempre fora a pessoa a quem ele recorria quando precisava de algo.

— Felipe? Tudo bem? — disse ele ao telefone, tentando soar tranquilo. — Preciso de uma ajuda... Estou pensando em contratar uma babá para meus sobrinhos. Você conhece alguém?

Do outro lado, a voz de Felipe foi imediata e descontraída.

— Claro, cara! Minha prima acabou de chegar ontem do Canadá. Ela é ótima, super responsável.

Victor pensou por um momento, antes de responder, com uma leve preocupação.

— Embora minha família fale inglês, prefiro manter o idioma local. Acho que seria mais adequado.

Felipe riu, sem mostrar qualquer dúvida.

— Fica tranquilo, meu amigo. Ela fala português fluente, nem parece que nasceu no Canadá. Você vai gostar dela, tem certeza.

Victor sorriu ligeiramente, aliviado, mas ainda com a sensação de que sua vida estava prestes a mudar novamente.

— Beleza, Felipe. Se você puder mandar o número do telefone, vou entrar em contato com ela.

— Claro! Vou te passar os detalhes. Fique tranquilo, vai dar tudo certo.

Victor desligou o telefone e olhou pela janela mais uma vez, pensativo. A ideia de trazer uma nova pessoa para dentro de sua casa o deixava inquieto. Mas, por ora, não havia outra opção. Ele precisava de alguém em quem pudesse confiar, para que sua cunhada pudesse ter o espaço necessário para se recuperar.

Victor recebeu a mensagem de Felipe quase imediatamente com o número de telefone da prima dele. Sem perder tempo, discou e esperou, ouvindo os toques do outro lado da linha. Quando a chamada foi atendida, uma voz suave e educada respondeu:

— Alô?

— Boa tarde. É Isabelle? — perguntou ele, mantendo seu tom firme, mas cordial.

— Sim, sou eu. Quem fala? — A voz dela era tranquila, mas com uma leve curiosidade.

— Meu nome é Victor Mendonça. Felipe, seu primo, me deu o seu contato. Preciso de uma babá para meus sobrinhos, e ele falou muito bem de você. Gostaria de saber se tem interesse no trabalho.

Houve uma breve pausa do outro lado.

— Ah, claro. Tenho interesse, sim. Pode me contar um pouco mais sobre as crianças e as responsabilidades?

Victor ajeitou-se na cadeira, olhando para o monitor do computador à sua frente, onde um lembrete piscava com reuniões marcadas.

— São dois. Uma menina de sete anos e um menino de cinco. São educados, mas, como qualquer criança, precisam de atenção e disciplina. Minha cunhada está passando por um momento difícil, e preciso que você assuma algumas tarefas básicas com eles: brincadeiras, supervisão de estudos e organização da rotina. Não se preocupe, você terá todo o suporte necessário.

Isabelle sorriu do outro lado da linha, a voz dela agora mais calorosa.

— Parece ótimo. Eu adoraria ajudar.

Victor respirou fundo. Era isso. Ele confiava em Felipe e, sinceramente, precisava resolver a situação o quanto antes.

— Excelente. Pode começar amanhã?

— Sim, sem problemas. Onde estão localizados? — perguntou Isabelle.

Victor forneceu o endereço da mansão, explicando que um motorista estaria disponível para buscá-la, se necessário.

— Não precisa se preocupar, eu consigo chegar. Até amanhã, senhor Mendonça.

Victor encerrou a chamada e, por um momento, ficou olhando para o celular como se esperasse algo mais. Ele apoiou o aparelho sobre a mesa, recostando-se na cadeira. Um arrepio inesperado percorreu sua espinha, e ele balançou a cabeça, tentando afastar aquela sensação estranha.

— Isso é o que dá pensar só em trabalho. Estou enlouquecendo... — murmurou para si mesmo, passando uma mão pelo rosto.

Mas, por mais que tentasse ignorar, a voz de Isabelle continuava ecoando em sua mente. Havia algo naquele tom gentil e confiante que o havia desarmado. Ele se levantou, caminhando até a janela do escritório, observando o jardim impecável que se estendia até os muros da mansão.

— É só uma babá, Victor. Nada mais. — Ele tentou convencer a si mesmo, mas o desconforto persistia.

Ele passou o restante da tarde envolvido em reuniões e e-mails, mas, em intervalos, encontrava-se distraído, lembrando-se daquela breve conversa.

Naquela noite, durante o jantar, a cunhada percebeu que ele estava mais quieto que o normal.

— Tudo bem, Victor? Parece distante hoje.

Ele ergueu os olhos do prato e forçou um sorriso.

— Estou bem. Apenas cansado com o trabalho.

Ela assentiu, embora parecesse não totalmente convencida.

Depois do jantar, enquanto tomava um último café no escritório antes de se recolher, Victor releu as mensagens de Felipe no celular. Sentiu-se ridículo por estar tão inquieto.

— Amanhã tudo voltará ao normal. Ela começa, as crianças têm alguém para cuidar delas, e pronto. — Ele disse em voz alta, como se tentasse dar fim àquela inquietação.

Mas, no fundo, Victor sabia que algo estava diferente.

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