Acordei cansada. Aurora dormira a noite inteira, mas o peso em meu corpo não vinha da falta de sono. Vinha do medo, da exaustão de estar sempre alerta.Despertei quando senti seu corpinho se remexer ao meu lado. Dormíamos na mesma cama porque não tínhamos um colchão extra, não tínhamos móveis supérfluos, nem mesmo lixo acumulado - eu não podia me dar ao luxo de desperdiçar nada. Mas, no fundo, não era só a falta de dinheiro que me fazia querer tê-la tão perto. Era o medo. Medo de que alguém aparecesse no meio da noite, arrombasse a janela e levasse minha menina de mim. Claro, era uma fantasia absurda... Mas, para uma mãe, era um medo real, constante, impossível de ignorar.E talvez esse pavor viesse do próprio pai dela.Eu não sabia que ele era um cafajeste quando o conheci. Não sabia que, por trás dos gestos carinhosos e das palavras doces, se escondia um homem perigoso. Durante meses, ele me tratou como uma rainha, fez eu me sentir especial, desejada, amada. E então, quando já não h
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