Papai, papai, que barulho é esse, papai? —Fica calma, filha, e fica abaixada… (tiros, tiros) Papai, eu tô com medo… —Só fica calma, meu bebê, vai ficar tudo bem... vai ficar tudo bem… (mais tiros)... Amor, você está acelerando muito… —Se não for assim, não teremos nenhuma chance… Amor, curva mais à frente… Mais tiros, muitos tiros, luzes, carros em alta velocidade, frenagem brusca, capotagem…Acordo toda suada e assustada. Olho para o relógio na pequena mesinha de cabeceira ao lado da cama; são exatamente 4:00 da manhã. Respiro fundo, meu corpo inteiro está tremendo e tento me acalmar. Levanto da cama e vou até o meu minúsculo banheiro. Olho-me no espelho por alguns minutos e depois jogo água no rosto. Fico ali em pé, me olhando, tentando me lembrar. Forço, mas nada. Minha cabeça começa a latejar, desisto, tiro o meu micro pijama de algodão velho e vou para o chuveiro. Ligo a água fria e deixo-a cair sobre o meu corpo, que ainda treme por conta do sonho. Enquanto estou
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