Todos os capítulos do Um Alemão na Minha Vida - Série Hensel: Capítulo 1 - Capítulo 10
44 chapters
1. PIOR PAI DO MUNDO
Anne Tudo de errado que um pai poderia fazer, o meu fez. Fui uma criança que, por ser criada no meio de adultos, enxergava as coisas de uma forma diferente de das outras que tinham a minha idade. Meu mundo não era cheio de fantasias como o dos meus amiguinhos e da minha irmã, a realidade na minha frente fazia com que eu visse a vida como ela realmente era.Sou de uma família humilde que reside em um conjunto habitacional na cidade do Rio de Janeiro. O conjunto de prédios onde moro e fui criada é um daqueles que foram construídos para desocupar alguma moradia imprópria, como lugares invadidos ou favelas que surgiram em locais que afetam o poder público ou os olhos de quem tem algum poder aquisitivo. A minha comunidade se chama Faísca e muitas vezes faz jus ao seu nome, porque basta apenas uma faísca para que tudo voe pelos ares. Aqui, a violência e bailes funk regados a drog
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2. ACOMODADA
Anne— Bruna, por favor, vê se não vai chegar tarde porque amanhã você tem entrevista de emprego. Amanda está fazendo este favor pela consideração que ela tem por mim, se você falhar comigo mais uma vez, não vou pedir mais nada a ninguém.— Relaxa, Anne. Vou dar uma volta com a Priscila, daqui a pouco estarei de volta.

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3. DOUTOR KLAUS HENSEL
Berlim, Alemanha Acordo sentindo um braço magro sobre meu peito, olho para o lado e vejo uma loira nua. Não consigo enxergar o seu rosto, coberto por seus fios dourados. Minha cabeça está pesada e dói. Estou arruinado, meu corpo inteiro está dolorido. Olho ao redor e percebo que estou em um quarto que com certeza não é de hotel, porque tem um pôster do ator Chris Hemsworth colado na parede. A maioria das minhas colegas de trabalho e algumas amigas dizem que me pareço com esse ator. O pôster que tem mais de um metro de comprimento e em cima da cômoda rosa. Rosa? Mas que porra, será que eu transei com uma criança?Aos poucos as lembranças vão surgindo. Fui jantar com meu pai e meu irmão, e quando disse que amanhã irei para o Brasil, acabamos nos desentendendo. Meu pai como sempre foi contra, dizendo que eu adoro ficar no meio de gentinh
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4. DOUTORES DELÍCIAS
AnneEstou muito ansiosa. Hoje será meu primeiro dia como doutora Martins, nunca meu sobrenome soou tão bem. Cheguei bem cedo no hospital com medo de me atrasar e até agora não chegou mais ninguém, então estou aproveitando para tomar um café na cantina. Amanda e Márcio devem estar chegando. Nós três tivemos muita sorte de conseguirmos vaga nesse hospital, que tem uma rede em todo o Rio, além de uma excelente estrutura.— Bom dia, Anne. Ansiosa?— Muito, Amanda. Não via a hora de vocês chegarem. Bom dia, Márcio — cumprimento e ele me dá um beijo estalado na bochecha.— Tenho uma notícia fresquinha para vocês sobre os nossos chefes.— Amanda, você acabou de chegar e já tem novidade?Ela sorri, fazendo cara de sapeca.— Ontem me ligaram dizendo que ficou faltando um documento
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5. AGRADÁVEL SURPRESA
Anne — Fi...quem a vontade — Amanda gagueja.É a primeira vez que a vejo sem graça na presença de algum homem. Eu não estou diferente dela. Doutor Hoff senta ao meu lado e o doutor Hensel, com seu semblante sério, ao lado da Amanda. Não sei se é melhor ou pior, pois Hensel não tira os olhos de mim, deixando-me sem saber como agir.— E aí, meninas. Posso saber o motivo de tanta felicidade? O que você me diz, Anne, ou é segredo?— Não é nada demais, doutor Hoff.— Não estamos no hospital, doutora. Pode me chamar de Adam.— Como eu estava dizendo, Adam — sorrio para ele —, estou feliz porque eu e Amanda vamos morar juntas. Eu amo essa garota, ela é mais do que uma amiga para mim.Adam conversa comigo, mas sua atenção está na Amanda e eu nunca tinha visto
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6. DIFÍCIL RELAÇÃO
Klaus Hoje acordei com a missão de procurar um lugar para morar. Se dependesse do Adam, ficaria com ele em seu apartamento, onde estou hospedado, mas não quero tirar a privacidade do meu amigo, além de querer a minha. Marquei com o corretor às dez horas para ver umas coberturas, aqui mesmo na Barra para facilitar minha ida ao hospital.Desde o primeiro dia que comecei a auxiliar os novos doutores, estou fascinado pela doutora Martins. Aquela negra mexeu comigo de uma forma que me assusta. Não consigo parar de olhar para ela, sua beleza e seu jeito simples de ser me fascinam. Existe algo em seu olhar que me traz familiaridade, como se já o tivesse visto antes. O meu amigo não está muito diferente de mim, completamente fascinado pela Amanda. Nós dois fomos pegos de jeito por essas mulheres, tivemos até que deixar de trabalhar diretamente com elas. Adam ficou com Anne em sua equipe e eu, c
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7. APAIXONADOS
Klaus Amanda propõe que vamos até a sua casa para que elas troquem de roupa e, no curto caminho, tenho o prazer de ter a companhia de Anne, que vai no meu carro. No início, ficamos em silêncio e a cada sinal fechado aproveito para olhar para ela, até que Anne quebra o silêncio, perguntando sobre meu trabalho voluntário. Fico à vontade, pois falar da minha profissão sempre foi muito prazeroso para mim. Adam e eu ficamos esperando as meninas na sala enquanto elas se arrumam.— E aí, cara. Como foi com a Anne?— Nós conversamos um pouco sobre trabalho voluntário. E você, como foi com a Amanda?— Perguntei a ela as coisas que ela gosta de fazer e foi basicamente sobre isso que conversamos.— Cara, a Amanda está na sua, percebo pelo jeito que ela te olha. Mas a Anne não mostra nenhum interesse por mim.&mdash
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8. CIÚMES
Anne No domingo, quando chego em casa, encontro um cenário de festa. O som alto e a casa cheia, os colegas da Bruna rindo e bebendo na sala enquanto minha mãe frita salgadinhos na cozinha.— Boa tarde, doutora — Bruna fala assim que entro. Cumprimento todos, dou um beijo na minha mãe e vou para o meu quarto.Fico no quarto tentando revisar as anotações que fiz sobre alguns procedimentos necessários para uma cirurgia no coração, mas está difícil de me concentrar por causa do barulho. Minha mãe entra no quarto e diz que, se eu quiser salgadinho, é para ir lá na sala pegar porque ela não vai ficar servindo ninguém. Agradeço sua “gentileza” e digo que não quero. Assim que ela sai, meu telefone toca e é Amanda.— Já está com saudade, namorada? — Nem brinca, Ann
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9. ENCONTRO INESPERADO
Anne Saio do hospital e vou ao supermercado comprar algumas coisas que estão faltando em casa. No ponto de ônibus, um sedan cinza passa por mim e buzina. Não faço ideia de quem se trata, então não me importo, pode ser só algum engraçadinho sem noção. O carro estaciona um pouco à frente e fico com medo, mas há algumas pessoas no ponto, qualquer coisa peço socorro. Fico de costas para não olhar para o carro, pedindo a Deus que meu ônibus chegue logo.— Anne.         Assusto-me ao ouvir meu nome, e fico surpresa quando me viro.— João? João Carlos?— Vai dizer que eu estou tão diferente assim?— Nossa, você mudou muito.— Será que isso foi um elogio? — Ele sorri e o abraço.João estudou comigo
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10. INGRATIDÃO
Anne No caminho para o hospital, recebo uma mensagem do João dizendo que ele quer me ver, mas vou sair tarde e não sou boa companhia para ninguém hoje. Meu coração está ferido, a única família que tenho virou as costas para mim. Minha mãe, com sua atitude, deixou mais uma vez bem claro que não se importa comigo. Teve a capacidade de dizer que eu não poderia levar nada de dentro de casa, que, mesmo se o apartamento que vou morar não fosse mobiliado, eu não levaria.Minha vontade neste momento é de gritar com todo pulmão e colocar para fora tudo o que está ferindo o meu peito. Sonhei tanto em um dia me formar, melhorar de vida para dar uma condição melhor a minha família, e hoje me vejo assim, sozinha, sem o amor daquelas que têm o meu sangue.Quando entro no hospital, vou direto para a cantina. Preciso tomar um c
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