Anne
— Fi...quem a vontade — Amanda gagueja.
É a primeira vez que a vejo sem graça na presença de algum homem. Eu não estou diferente dela. Doutor Hoff senta ao meu lado e o doutor Hensel, com seu semblante sério, ao lado da Amanda. Não sei se é melhor ou pior, pois Hensel não tira os olhos de mim, deixando-me sem saber como agir.
— E aí, meninas. Posso saber o motivo de tanta felicidade? O que você me diz, Anne, ou é segredo?
— Não é nada demais, doutor Hoff.
— Não estamos no hospital, doutora. Pode me chamar de Adam.
— Como eu estava dizendo, Adam — sorrio para ele —, estou feliz porque eu e Amanda vamos morar juntas. Eu amo essa garota, ela é mais do que uma amiga para mim.
Adam conversa comigo, mas sua atenção está na Amanda e eu nunca tinha visto minha amiga ficar sem palavras e corada por causa de um homem. Tudo bem que Adam não era qualquer um, é muito bonito e sexy. A presença do Klaus mexe comigo por causa do seu olhar intenso sobre mim. Ele é um homem de poucas palavras, faz mais o estilo observador, e isso me intriga. Não sei o que passa na cabeça desse alemão.
— Posso fazer uma pergunta indiscreta? Se vocês não quiserem responder, tudo bem. — Adam faz a pergunta e o clima, que já está tenso, fica mais ainda.
Amanda e eu nos olhamos e é nítida a interrogação em nossas testas. O que será que o alemão vai perguntar?
— Vocês duas — ele pigarreia —, são namoradas?
Eu olho para Amanda com um ar de surpresa pela pergunta, ficamos em silêncio e ambos nos encaram, ansiosos pela resposta. De repente, caímos na gargalhada. Eles se olham sem entender nada e nós não conseguimos parar de rir, chamando a atenção de outras pessoas.
— Desculpe, é que por essa a gente não esperava.
A pergunta inusitada do Adam serve para dissipar a tensão. Amanda olha na direção de dele e os dois prenderam o olhar um no do outro.
— Nós não somos namoradas, Adam. E não gostamos de mulher. — Eles permanecem olhando um para o outro até Klaus, pela primeira vez, se pronunciar.
— Graças ein Deus.
Nós três o encaramos. Ele fala em alemão, mas dá para entender. Klaus ficou corado quando percebe que estamos olhando e Adam quebra o silêncio.
— Ainda bem, meninas, que vocês gostam de homens. Eu ficaria decepcionado se fosse ao contrário.
Sorrio com as palavras de Adam e, com o clima mais leve, começamos a conversar. Klaus pergunta por que escolhi medicina e fico à vontade para responder, pois falar da minha profissão é algo que me deixa muito feliz. Klaus, apesar de sério, parece um cara bem legal. Fico admirada com o entusiasmo com que ele fala da sua profissão, principalmente sobre seus trabalhos voluntários. Adam e ele nos contam um pouco suas aventuras na África e Haiti. Quando percebemos, passa das dez e nos preparamos para ir embora.
— Vocês já vão? — Klaus pergunta.
— Se vocês não perceberam, o shopping vai fechar.
— A conversa está tão agradável, o que acham de irmos a um barzinho? — Adam sugere.
— Eu não posso, Adam. Onde eu moro está perigoso e é arriscado chegar tarde.
— Eu até toparia se estivesse com outra roupa. Vocês estão lindos, enquanto nós duas estamos de short e regata — diz Amanda.
— Vocês estão lindas. Anne, não se preocupe, eu posso te levar em casa.
— Obrigada, Klaus, mas realmente onde eu moro está muito perigoso.
— Eu tenho uma solução, se vocês toparem — Amanda anuncia.
— Eu já topei. Amanda. Para desfrutar um pouco mais da companhia de vocês, topo qualquer coisa.
— Cuidado com o que você fala, doutor Adam. — Ele sorri.
— Me diz, doutora, qual é a sua proposta?
— Eu moro aqui perto, eu e Anne podemos ir em casa trocar de roupa e depois esticar a noite.
— Amanda, vou ter que recusar. Você melhor do que ninguém sabe como está complicado na comunidade. — Olho para Klaus, que está com uma expressão de que não gosta da minha recusa
— Para de ser boba, Anne. Você dorme lá em casa.
— Ok, você venceu, Amanda. Agora nos resta saber se eles concordam.
— Eu já havia concordado, só falta o Klaus dizer se está dentro.
Klaus está com um sorriso nos lábios. E que sorriso.
— Du musst nicht einmal fragen, lass uns gehen, bevor sie aufgeben.
Ficamos sem entender o que ele diz. Adam percebe e se adianta em traduzir.
— Klaus disse que não precisava nem perguntar, e que é para irmos logo antes que vocês desistam — explica, fazendo-nos rir.
— Desistir nunca. Você ainda não nos conhece, doutor. Desistência não faz parte do nosso vocabulário — Amanda fala com sorriso nos lábios.
Klaus dá um sorrisinho de canto, sexy como um inferno.
— Desculpe-me, muitas vezes me pego misturando minha língua natal com a de vocês.
— Eu também ficava assim quando cheguei no Brasil, com o tempo você se acostuma.
Ao entrar no estacionamento do shopping, nos deparamos com dois carros, e infelizmente Amanda veio ido de BRT. A minha ideia era pegar carona com o Adam, mas ele prontamente se oferece para levar Amanda e pede para que o Klaus os siga já que ele não sabe o endereço. Klaus dá outra vez aquele sorrisinho de canto, que no meu entendimento faz quando está satisfeito.
Saímos do estacionamento em silêncio. Em alguns momentos, ele tira rapidamente os olhos da rua e os pousa sobre mim. Para que não fique um silêncio constrangedor, começo a puxar assunto.
— Fiquei muito contente em saber que existem colegas de profissão como você e o Adam, que ajudam aqueles que precisam.
— Eu amo o que faço, schön. Fico feliz em poder ajudar. A medicina para mim não é, e nunca foi, só uma forma de ganhar dinheiro. É algo que está enraizado em mim. Fui praticamente criado dentro de um hospital, vi muitas pessoas nascerem e morrerem. Eu via o sofrimento dos seus familiares em cada vida que era perdida, e me sentia impotente por não poder fazer nada. Quando me formei, eu e Adam fomos para a África ajudar umas pessoas que foram gravemente machucadas em uma guerra sem sentido existente naquele lugar. Ali, diante daquele cenário, me deparei com uma realidade diferente da que eu vivia no hospital. Foi ali que eu vi o que realmente era sofrimento. Não que as pessoas internadas não sofram, longe disso, mas ali as pessoas não tinham recursos necessários para serem tratadas. A maioria não tinha o que comer, o que vestir, e não sabiam aonde estavam seus familiares.
Sinto a dor em suas palavras. Ele me conta como se estivesse revivendo aquele momento. O amor que ele tem por sua profissão chega a emocionar. Também amo o que faço, ainda estou no início da caminhada, mas quero que essa chama nunca se apagasse assim como é com Klaus. Perdemos Adam de vista, mas eu sei o caminho. Estacionamos em frente ao condomínio onde Amanda mora e eles estão nos esperando.
Os pais da Amanda não estão em casa, então deixamos os rapazes na sala e seguimos para seu quarto. Pego em seu closet uma calça jeans e uma regata e Amanda faz um escândalo, dizendo que vamos sair com dois homens gostosos e estou proibida de ir de jeans.
— Anne, por favor eles são gostosos para caralho. Temos que caprichar na produção.
— Sua louca, não estamos indo a um encontro. É apenas uma saída com nossos colegas de trabalho — digo, e ela me dá o olhar safado que conheço muito bem.
— Só se for para você, baby. Eu pego o Adam facinho, facinho.
Jogo a blusa que estou segurando nela e a sigo para o banheiro.
— Amanda, sua louca. Eles são os nossos chefes.
— E que que tem, Anne? Chefe também fode — diz, eu caio na gargalhada.
— Você não tem jeito.
— Relaxa, Anne. E aproveite. Pensa que não percebi que o Klaus está de olho em você?
— Pode parando, ele e eu seremos apenas amigos e nada mais. Você sabe muito bem que eu adoro um negro da cor do pecado.
— De vez enquanto é bom variar o cardápio. Quem sabe não é o alemão com cara de ator de Hollywood que vai finalmente fazer você perder a virgindade?
— Cala a boca, cachorra. E anda logo que, do jeito que você está no cio, estou até com medo de ser agarrada.
Amanda joga a cabeça para trás em um riso alto. Coloco um vestido tomara-que-caia justo e azul claro, que em mim fica bem acima do joelho por causa da minha bunda de negra maluca, como Amanda costuma dizer. Deixo meu cabelo solto e faço uma maquiagem leve. Amanda coloca um vestido preto de alças finas, justo e extremamente curto. Quando saímos do quarto, os doutores se levantam, ambos olhando com admiração.
— Espero que não tenhamos feito vocês esperarem muito.
— Sem problemas, schön. A espera valeu a pena — Klaus fala olhando em meus olhos, de novo usando a palavra que não sei o significado.
Adam segurou a mão de Amanda antes de sairmos e eu acelero os passos para que Klaus não tenha a mesma ideia. Apesar de ele ser um gato, não faz o meu tipo. Ouço quando ele resmunga algo em alemão, mas não dou confiança. Não sei o significado, só espero que ele não esteja me xingado. Seguimos para um bar com música ao vivo no Recreio. Eu adoro este tipo de ambiente, porém quase não frequento lugares assim, já que minhas responsabilidades financeiras não me permitem. Graças a Deus as coisas estão mudando, e para melhor.
No barzinho, Klaus e Adam falam um pouco da amizade deles, Amanda e eu falamos da nossa. Conversamos sobre diversas coisas e percebo que Klaus, assim como eu, não é de beber muito, e Adam está maneirando por estar dirigindo. Adam sugere que vamos dançar e, quando me dou conta, Klaus está conduzindo-me até a pista próxima ao palco onde uma banda toca. Para minha surpresa, o alemão não tem nada de desengonçado.
— O que foi, schön? Por que está me olhando desse jeito?
— Estou surpresa com sua performance.
Ele sorri e gira meu corpo, colando junto ao dele.
— Eu sei fazer muitas outras coisas que tenho certeza que você iria adorar, schön. — Klaus me gira de volta e fico de frente para ele, sentindo minhas bochechas queimando. Ainda bem que sou negra, senão estaria como um tomate. Dançamos mais um pouco e retornamos para a nossa mesa.
Klaus é um cara doce, humano e gentil, mas não posso misturar as coisas. Ele é meu chefe e tenho que focar no meu crescimento profissional. Por mais que seja gostoso, trabalhamos juntos e ainda sonho em encontrar o meu moreno alto, bonito e sensual para quem me entregarei e com quem serei feliz. Estou agindo como uma adolescente, mas não é proibido sonhar. Durante o restante da noite, Klaus não fala mais nada de cunho sexual.
— Doutores delícia, estou com fome — diz Amanda, e os dois acham graça da minha amiga sem filtro e sua língua solta.
— Confesso que também estou — digo.
— O que vocês querem? Essa hora não dá mais para jantar — diz Klaus.
— Irmão, eu não estou a fim de comer esses aperitivos que estão no cardápio, mas, se vocês quiserem, por mim tudo bem.
— Que tal a gente ir em um quiosque desses na praia? Eu daria tudo para comer um hambúrguer com tudo que eu tenho direito.
— Amei a ideia, Anne.
— Doutoras, hambúrguer?
— Deixe de bobeira, Klaus. De vez em quando não faz mal. — Pisco para ele, que sorri de novo de canto. Isso está se complicando.
— Super topo, vamos logo.
Adam se levanta, fazendo sinal para o garçom, e paga a conta sozinho, sob os nossos protestos.
Na praia, que não fica longe do bar, pedimos nosso hambúrguer. Klaus e Adam parecem duas crianças sujando-se com o molho. Klaus quer talheres para comer seu hambúrguer e não deixo, dizendo a ele que comer com as mãos faz ficar mais saboroso. A nossa noite é muito agradável, eles são homens especiais. Antes de descer do carro, já no prédio da Amanda, agradeço Klaus por sua companhia, que realmente foi muito agradável. Ele me surpreende dando um beijo em minha bochecha e sorrio, indo embora em seguida.
KlausHoje acordei com a missão de procurar um lugar para morar. Se dependesse do Adam, ficaria com ele em seu apartamento, onde estou hospedado, mas não quero tirar a privacidade do meu amigo, além de querer a minha. Marquei com o corretor às dez horas para ver umas coberturas, aqui mesmo na Barra para facilitar minha ida ao hospital.Desde o primeiro dia que comecei a auxiliar os novos doutores, estou fascinado pela doutora Martins. Aquela negra mexeu comigo de uma forma que me assusta. Não consigo parar de olhar para ela, sua beleza e seu jeito simples de ser me fascinam. Existe algo em seu olhar que me traz familiaridade, como se já o tivesse visto antes. O meu amigo não está muito diferente de mim, completamente fascinado pela Amanda. Nós dois fomos pegos de jeito por essas mulheres, tivemos até que deixar de trabalhar diretamente com elas. Adam ficou com Anne em sua equipe e eu, c
KlausAmanda propõe que vamos até a sua casa para que elas troquem de roupa e, no curto caminho, tenho o prazer de ter a companhia de Anne, que vai no meu carro. No início, ficamos em silêncio e a cada sinal fechado aproveito para olhar para ela, até que Anne quebra o silêncio, perguntando sobre meu trabalho voluntário. Fico à vontade, pois falar da minha profissão sempre foi muito prazeroso para mim. Adam e eu ficamos esperando as meninas na sala enquanto elas se arrumam.— E aí, cara. Como foi com a Anne?— Nós conversamos um pouco sobre trabalho voluntário. E você, como foi com a Amanda?— Perguntei a ela as coisas que ela gosta de fazer e foi basicamente sobre isso que conversamos.— Cara, a Amanda está na sua, percebo pelo jeito que ela te olha. Mas a Anne não mostra nenhum interesse por mim.&mdash
AnneNo domingo, quando chego em casa, encontro um cenário de festa. O som alto e a casa cheia, os colegas da Bruna rindo e bebendo na sala enquanto minha mãe frita salgadinhos na cozinha.— Boa tarde, doutora — Bruna fala assim que entro. Cumprimento todos, dou um beijo na minha mãe e vou para o meu quarto.Fico no quarto tentando revisar as anotações que fiz sobre alguns procedimentos necessários para uma cirurgia no coração, mas está difícil de me concentrar por causa do barulho. Minha mãe entra no quarto e diz que, se eu quiser salgadinho, é para ir lá na sala pegar porque ela não vai ficar servindo ninguém. Agradeço sua “gentileza” e digo que não quero. Assim que ela sai, meu telefone toca e é Amanda.— Já está com saudade, namorada?— Nem brinca, Ann
AnneSaio do hospital e vou ao supermercado comprar algumas coisas que estão faltando em casa. No ponto de ônibus, um sedan cinza passa por mim e buzina. Não faço ideia de quem se trata, então não me importo, pode ser só algum engraçadinho sem noção. O carro estaciona um pouco à frente e fico com medo, mas há algumas pessoas no ponto, qualquer coisa peço socorro. Fico de costas para não olhar para o carro, pedindo a Deus que meu ônibus chegue logo.— Anne. Assusto-me ao ouvir meu nome, e fico surpresa quando me viro.— João? João Carlos?— Vai dizer que eu estou tão diferente assim?— Nossa, você mudou muito.— Será que isso foi um elogio? — Ele sorri e o abraço.João estudou comigo
AnneNo caminho para o hospital, recebo uma mensagem do João dizendo que ele quer me ver, mas vou sair tarde e não sou boa companhia para ninguém hoje. Meu coração está ferido, a única família que tenho virou as costas para mim. Minha mãe, com sua atitude, deixou mais uma vez bem claro que não se importa comigo. Teve a capacidade de dizer que eu não poderia levar nada de dentro de casa, que, mesmo se o apartamento que vou morar não fosse mobiliado, eu não levaria.Minha vontade neste momento é de gritar com todo pulmão e colocar para fora tudo o que está ferindo o meu peito. Sonhei tanto em um dia me formar, melhorar de vida para dar uma condição melhor a minha família, e hoje me vejo assim, sozinha, sem o amor daquelas que têm o meu sangue.Quando entro no hospital, vou direto para a cantina. Preciso tomar um c
KlausQuando chego na rua, Anne está encostada em meu carro com a cabeça baixa. Coloco suas coisas na mala e me aproximo dela, pegando em seu rosto e levantando-o para mim. Ela está chorando e vê-la tão frágil parte meu coração. Abraço-a até que ela se acalme, seco suas lágrimas e abro a porta do carro. — Vamos, schön. Vamos sair daqui.Ela entra no carro e passa o caminho todo em silêncio. Assim que entramos em seu apartamento, coloco seus livros em cima do sofá e encosto a mala na parede.— Klaus.— Oi, schön, como você está?— Estou com vergonha de você ter presenciado tudo aquilo, me desculpe.— Shh, schön. Você não tem que se desculpar. Quis te acompanhar. E problemas a
AnneAo entrar no meu apartamento, respirei fundo e falei comigo mesma:vida nova, Anne. Chega de ficar mendigando amor da minha mãe e da minha irmã, elas me descartaram como eu fosse uma pessoa estranha e é assim que vou agir com elas daqui para frente. Sempre me virei sozinha, superando a cada dia um obstáculo. Chorei, sofri, mas não esmoreci, segui a diante mesmo quando tudo dizia não. Minhas orações eram meu combustível para seguir em frente, diante de Deus abria meu coração, e Ele sempre esteve comigo.Nas adversidades, mantinha fé na Sua palavra, que diz "o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã". Em diversos momentos em nossa vida, parece que estamos em uma escuridão constante, que o sol não irá mais brilhar, como se não houvesse solução para os nossos problemas. A sensaçã
KlausHoje Anne trabalhou na parte da manhã e amanhã ela estará de folga. Sei que ela marcou encontro com aquele cara amanhã, então preciso me antecipar a ele. Hoje Anne vai entender que eu a quero, faço questão de deixar isso bem claro para ela. Com o celular em mãos, disco seu número.— Anne, é o Klaus, tudo bem?— Sim, chefe. Em que eu posso te ajudar? Aconteceu algum problema no hospital, estão precisando de mim?— Não, schön, está tudo bem. Estou te ligando para te avisar que estou saindo do hospital e indo para casa me arrumar. Às nove, passo para te pegar.Desligo o celular antes que ela invente alguma desculpa. Vou levá-la para jantar e serei direto com ela. Anne só tem uma opção, que é ser minha. Estou cansado de ficar em torno dessa mulher como um simples especta