Klaus
Hoje acordei com a missão de procurar um lugar para morar. Se dependesse do Adam, ficaria com ele em seu apartamento, onde estou hospedado, mas não quero tirar a privacidade do meu amigo, além de querer a minha. Marquei com o corretor às dez horas para ver umas coberturas, aqui mesmo na Barra para facilitar minha ida ao hospital.
Desde o primeiro dia que comecei a auxiliar os novos doutores, estou fascinado pela doutora Martins. Aquela negra mexeu comigo de uma forma que me assusta. Não consigo parar de olhar para ela, sua beleza e seu jeito simples de ser me fascinam. Existe algo em seu olhar que me traz familiaridade, como se já o tivesse visto antes. O meu amigo não está muito diferente de mim, completamente fascinado pela Amanda. Nós dois fomos pegos de jeito por essas mulheres, tivemos até que deixar de trabalhar diretamente com elas. Adam ficou com Anne em sua equipe e eu, com Amanda, já que se não fosse assim seria difícil me concentrar no trabalho. Cada sorriso que ela dá me deixa ainda mais encantado.
O porteiro avisa que o corretor está aguardando na recepção. Vou ao seu encontro, esperando conseguir algo o mais rápido possível, porque se tudo der certo, em breve terei Anne em meus braços. As duas primeiras coberturas que visitei eram muito cheias de frescura, uma tinha dourado por todos os lados, a outra, cheia de esculturas. Quero algo mais moderno e prático, já que quase não fico em casa porque passo a maior parte do tempo no hospital ou fazendo voluntariado. Também não quero fazer reformas, estou em busca de algo pronto para morar.
Almoçamos juntos e partimos para o terceiro imóvel, que é perfeito, exatamente do jeito que quero. Um duplex com quatro suítes, sendo uma master, cozinha moderna, terraço com piscina, sala de jantar, de TV, de estar, sala de musculação e um escritório. O sofá da sala é preto e uma decoração limpa e bem moderna adorna o cômodo, no estilo da cobertura do Adam. Acho perfeito e fecho logo com o corretor, que fica feliz pois sua comissão será gorda. Quando estou saindo do meu mais novo lar, meu celular toca atendo sem olhar primeiro para ver quem era, e me arrependo.
— Boa tarde, filho desnaturado.
Respiro fundo antes de responder.
— Boa tarde, pai.
— Se eu não te ligo, você esquece que tem um pai, que tem família.
— Eu tenho trabalhado muito, pai. Ainda estou me organizando.
— Trabalhado de graça, cuidando de um monte de morto de fome.
Não vou cair nas provocações dele.
— Não, pai. Estou trabalhando em um hospital, junto com o Adam.
— Só podia ser, outro sem juízo. Vocês poderiam ser tornar milionários e famosos, mas cismam de dar uma de bom moço. Este tipo de atitude só serve para quem deseja um cargo político.
— Pai, como o senhor mesmo já disse, eu sou milionário. Tenho dinheiro suficiente e não preciso de mais. Exerço a profissão de médico por amor e sei que existem muitas pessoas que não têm condições de pagar um tratamento decente, não me custa nada ajudar quem precisa.
Paro de falar e respiro, tentando não levar esta conversa adiante.
— Eu acho melhor a gente parar por aqui, pai. Nada do que eu falar vai adiantar, não sei por que o senhor ligou, mas eu estou bem e feliz com o meu trabalho. Acabei de comprar um lugar para morar e estou seguindo em frente.
— Lugar para morar, Klaus? Como assim?
— Eu estou hospedado na casa do Adam, ele não permitiu que eu ficasse em um hotel, então achei melhor ter a minha própria cobertura.
— Klaus Hensel Hoffmann, eu não acredito que você pretende se estabelecer nesse país de merda.
— É o que vou fazer, pai. Sou maior de idade e independente, tomo minhas próprias decisões.
— Klaus, e o hospital?
— Ele funciona muito bem sem mim. O senhor tem meu irmão, que cuida muito bem do seu patrimônio.
— E os seus pacientes, Klaus? Seu IRRESPONSÁVEL.
Fecho os olhos, tentando não ser atingindo por seu grito e sua calúnia.
— Pai, uma coisa que nunca fui é irresponsável. Antes de vir, zerei minha agenda. O senhor pode muito bem verificar que estou falando a verdade.
— Sem as suas cirurgias, o hospital deixa de ganhar muito dinheiro.
— Caralho, pai! É só com dinheiro que o senhor se preocupa? Um homem que passou dos sessenta anos, milionário, que poderia estar curtindo a vida, mas só pensa em dinheiro e mais dinheiro. O senhor me quer aí para ganhar em cima do meu trabalho porque bem sabe que essas celebridades pagam uma fortuna para serem operadas por mim, e, principalmente, pelo meu sigilo. Em nenhum momento me perguntou se estou bem.
— Klaus Hensel, me respeita. Se insistir em morar nesse fim de mundo, vou te deserdar. Você não terá direito a nada, muito menos ao hospital.
— Pai, como o senhor sabe, o dinheiro que tenho hoje é fruto do meu trabalho. Os meus bens e o meu patrimônio não saíram do senhor e, mesmo que eu não tivesse tanto dinheiro, sei me virar muito bem. Não quero mais discutir, pai. Eu amo o senhor e quero que respeite minha decisão. Se for para a gente se desentender, não me ligue mais.
Desligo o celular e entro no meu carro, encostando a cabeça no volante. Fico alguns minutos tentando me acalmar. A minha relação com meu pai sempre foi difícil. Pensamos completamente diferente um do outro.
Meu celular toca novamente e desta vez faço questão de ver quem é, porque se for meu pai, não atenderei.
— Fala, irmão.
— Oi, Adam.
— O que houve, Klaus?
— O de sempre. Meu pai.
— Quer conversar? Liguei para te chamar para irmos ao shopping, você está precisando de roupa. As suas são todas de frio e aqui no Rio faz muito calor.
— Tudo bem, Adam. Vai ser bom porque estou precisando espairecer.
— Ok, vou tomar banho aqui no hospital e te encontro no shopping.
— Vou passar na sua casa e tomar um banho. Assim que estiver saindo, te aviso.
— E aí, conseguiu algum apartamento que te agradasse?
— Consegui sim. Já até fechei negócio.
— Está doido para se livrar de mim.
Sorrio. Meu amigo está tentando me distrair porque sabe o quanto meu pai me atinge.
— Eu vou sair da sua casa, mas vou continuar te amando. Pode ficar tranquilo que o nosso casamento é para sempre.
Ele gargalha. Amo demais este puto.
Encontro com Adam no shopping e compramos várias coisas. Quando digo que compramos, é exatamente isso. O puto do meu amigo me usou de cobaia, na verdade ele que queria mudar seu guarda-roupa porque está de olho em uma certa morena chamada Amanda. Segundo ele, suas roupas estão ultrapassadas.
— Nunca vi você agir assim.
— Como assim, Klaus?
— Comprando roupa por causa de uma mulher. Vi várias vezes você com algumas paixonites, mas assim, querendo mudar o visual, nunca.
— Porra, cara. Aquela garota me deixou louquinho por ela. Tenho que me segurar para não fazer besteira. Se não trabalhássemos juntos, eu já tinha a chamado para sair.
— Sossega o pau dentro das calças, irmão. Não somos mais adolescentes.
— E você, seu puto? Fala de mim e está caidinho pela Anne. Mesmo com seu jeito todo caladão e sério, eu te conheço o suficiente para saber que a mulata te pegou de jeito.
— Anne me atrai como um imã. E, porra, é linda como o inferno. A melhor coisa que fizemos foi afastá-las no trabalho, ia ser difícil trabalhar com ela na minha equipe.
— Bate aqui, mano. — Batemos nossas mãos. — Somos dois fodidos. — Rimos de nós mesmos.
— Já que é para impressionar as gatas, vamos caprichar.
— Assim que se fala, atorzinho de Hollywood.
— Não fode, Adam.
Ele fica zoando por causa das vendedoras que nos compararam com os tais atores. Quando terminamos nossas compras, resolvemos guardar as sacolas no carro antes de comer alguma coisa. Seguimos para a praça de alimentação e, para minha alegria, a mulher que me deixa ereto só de pensar nela está aqui, sentada com sua amiga. Aproximamo-nos e ouço Anne dizer que estava muito feliz.
— E aí, meninas. Posso saber o motivo de tanta felicidade? O que você me diz, Anne? Ou é segredo? — Adam pergunta.
Anne conta que ela e Amanda vão morar juntas e fico feliz por ela. Percebo que é algo muito importante, mas, ao mesmo tempo, fico com medo que este carinho todo que as duas têm uma pela outra seja mais do que amizade. Adam, como lesse meus pensamentos, é direto ao perguntar se elas são namoradas. Acho que ele é um pouco indiscreto, mas também preciso saber onde estou pisando, já que não penso em outra coisa que não seja ter Anne em meus braços.
As duas ficam em silêncio e isso para mim é como se elas confirmassem, mas depois caem na gargalhada e dizem que são apenas amigas. Vejo nas duas uma amizade como a minha e do Adam. Não consigo parar de encarar os olhos castanhos da Anne, que parecem me chamar a todo tempo. Depois do desconforto inicial, a conversa flui e adoro ouvir a voz dela. Observo cada gesto, cada sorriso e, porra, ela é linda.
Passa das dez quando elas se levantam para ir embora, e, puta que pariu, não estou preparado para o que vejo. Meu pau se manifesta na hora com a Anne de short jeans, dando-me uma bela visão das suas coxas grossas e sua bunda empinada. Enquanto Adam as convida para esticarmos a noite, meus olhos percorrem todo o seu corpo. Tenho que ajeitar meu pau dentro das calças antes de me levantar. Vai ser difícil como o inferno passar a noite ao seu lado sem tocá-la. Estou fodido.
KlausAmanda propõe que vamos até a sua casa para que elas troquem de roupa e, no curto caminho, tenho o prazer de ter a companhia de Anne, que vai no meu carro. No início, ficamos em silêncio e a cada sinal fechado aproveito para olhar para ela, até que Anne quebra o silêncio, perguntando sobre meu trabalho voluntário. Fico à vontade, pois falar da minha profissão sempre foi muito prazeroso para mim. Adam e eu ficamos esperando as meninas na sala enquanto elas se arrumam.— E aí, cara. Como foi com a Anne?— Nós conversamos um pouco sobre trabalho voluntário. E você, como foi com a Amanda?— Perguntei a ela as coisas que ela gosta de fazer e foi basicamente sobre isso que conversamos.— Cara, a Amanda está na sua, percebo pelo jeito que ela te olha. Mas a Anne não mostra nenhum interesse por mim.&mdash
AnneNo domingo, quando chego em casa, encontro um cenário de festa. O som alto e a casa cheia, os colegas da Bruna rindo e bebendo na sala enquanto minha mãe frita salgadinhos na cozinha.— Boa tarde, doutora — Bruna fala assim que entro. Cumprimento todos, dou um beijo na minha mãe e vou para o meu quarto.Fico no quarto tentando revisar as anotações que fiz sobre alguns procedimentos necessários para uma cirurgia no coração, mas está difícil de me concentrar por causa do barulho. Minha mãe entra no quarto e diz que, se eu quiser salgadinho, é para ir lá na sala pegar porque ela não vai ficar servindo ninguém. Agradeço sua “gentileza” e digo que não quero. Assim que ela sai, meu telefone toca e é Amanda.— Já está com saudade, namorada?— Nem brinca, Ann
AnneSaio do hospital e vou ao supermercado comprar algumas coisas que estão faltando em casa. No ponto de ônibus, um sedan cinza passa por mim e buzina. Não faço ideia de quem se trata, então não me importo, pode ser só algum engraçadinho sem noção. O carro estaciona um pouco à frente e fico com medo, mas há algumas pessoas no ponto, qualquer coisa peço socorro. Fico de costas para não olhar para o carro, pedindo a Deus que meu ônibus chegue logo.— Anne. Assusto-me ao ouvir meu nome, e fico surpresa quando me viro.— João? João Carlos?— Vai dizer que eu estou tão diferente assim?— Nossa, você mudou muito.— Será que isso foi um elogio? — Ele sorri e o abraço.João estudou comigo
AnneNo caminho para o hospital, recebo uma mensagem do João dizendo que ele quer me ver, mas vou sair tarde e não sou boa companhia para ninguém hoje. Meu coração está ferido, a única família que tenho virou as costas para mim. Minha mãe, com sua atitude, deixou mais uma vez bem claro que não se importa comigo. Teve a capacidade de dizer que eu não poderia levar nada de dentro de casa, que, mesmo se o apartamento que vou morar não fosse mobiliado, eu não levaria.Minha vontade neste momento é de gritar com todo pulmão e colocar para fora tudo o que está ferindo o meu peito. Sonhei tanto em um dia me formar, melhorar de vida para dar uma condição melhor a minha família, e hoje me vejo assim, sozinha, sem o amor daquelas que têm o meu sangue.Quando entro no hospital, vou direto para a cantina. Preciso tomar um c
KlausQuando chego na rua, Anne está encostada em meu carro com a cabeça baixa. Coloco suas coisas na mala e me aproximo dela, pegando em seu rosto e levantando-o para mim. Ela está chorando e vê-la tão frágil parte meu coração. Abraço-a até que ela se acalme, seco suas lágrimas e abro a porta do carro. — Vamos, schön. Vamos sair daqui.Ela entra no carro e passa o caminho todo em silêncio. Assim que entramos em seu apartamento, coloco seus livros em cima do sofá e encosto a mala na parede.— Klaus.— Oi, schön, como você está?— Estou com vergonha de você ter presenciado tudo aquilo, me desculpe.— Shh, schön. Você não tem que se desculpar. Quis te acompanhar. E problemas a
AnneAo entrar no meu apartamento, respirei fundo e falei comigo mesma:vida nova, Anne. Chega de ficar mendigando amor da minha mãe e da minha irmã, elas me descartaram como eu fosse uma pessoa estranha e é assim que vou agir com elas daqui para frente. Sempre me virei sozinha, superando a cada dia um obstáculo. Chorei, sofri, mas não esmoreci, segui a diante mesmo quando tudo dizia não. Minhas orações eram meu combustível para seguir em frente, diante de Deus abria meu coração, e Ele sempre esteve comigo.Nas adversidades, mantinha fé na Sua palavra, que diz "o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã". Em diversos momentos em nossa vida, parece que estamos em uma escuridão constante, que o sol não irá mais brilhar, como se não houvesse solução para os nossos problemas. A sensaçã
KlausHoje Anne trabalhou na parte da manhã e amanhã ela estará de folga. Sei que ela marcou encontro com aquele cara amanhã, então preciso me antecipar a ele. Hoje Anne vai entender que eu a quero, faço questão de deixar isso bem claro para ela. Com o celular em mãos, disco seu número.— Anne, é o Klaus, tudo bem?— Sim, chefe. Em que eu posso te ajudar? Aconteceu algum problema no hospital, estão precisando de mim?— Não, schön, está tudo bem. Estou te ligando para te avisar que estou saindo do hospital e indo para casa me arrumar. Às nove, passo para te pegar.Desligo o celular antes que ela invente alguma desculpa. Vou levá-la para jantar e serei direto com ela. Anne só tem uma opção, que é ser minha. Estou cansado de ficar em torno dessa mulher como um simples especta
KlausSaio da casa da Anne muito puto e com uma grande ereção.— PORRA!Soco o volante do carro repetidas vezes. Hoje vai ser impossível dormir depois de quase ter tomado a Anne por completo. Sua entrega a mim foi total, permitiu que eu desfrutasse dela com minha boca e minhas mãos que percorriam seu corpo. No exato momento que eu comecei a subir seu vestido e estava com a boca próxima ao seu seio, Amanda chegou.— Merda!Eu vou matar o filho da puta do Adam, que pelo jeito deixou Amanda escapar e empatar minha noite com a Anne. Amanda literalmente empatou minha foda. Por mais que meu pau esteja desesperado para estar dentro dela, não é apenas sexo, é muito mais. Eu a quero e a desejo de corpo e alma. Meu coração bate descompassado quando estou ao seu lado. Sinto coisas que, se relatar a alguém, vão me fazer ser visto como sens&