Dois meses depois
Klaus e eu passamos uma semana em Paris e ele me levou para conhecer os principais pontos turísticos. Fomos ao Arco do Triunfo, Catedral Notre-Dame, Basílica-Coeur, que é linda, e o Palácio Versalhes. Antes de irmos para Alemanha, passamos na Avenida Champs-Elysees.
Saímos de Paris e fomos para a Alemanha e meu marido quis me levar para conhecer o lugar onde nasci. Meu sogro fez questão que ficássemos na mansão e Klaus achou melhor vender sua casa, já que não pretende voltar a morar aqui. Quando viermos visitar nossa família, temos a mansão para ficar. Tivemos um jantar em família que foi um pouco constrangedor, Joseph e Mayla passaram a noite toda um jogando piada um para o outro. Antes deles irem embora, conversei com ela, que me disse que Joseph se acha a última bolacha do pacote, e Joseph disse a mesma coisa para o Klaus. Já at&
Berlim, Alemanha— Joseph, pelo amor de Deus, cadê seu irmão?— Não sei, cunhada, por quê?— Você não está vendo que o bebê vai nascer, seu tapado? — Mayla fala e me segura.<
AnneTudo de errado que um pai poderia fazer, o meu fez. Fui uma criança que, por ser criada no meio de adultos, enxergava as coisas de uma forma diferente de das outras que tinham a minha idade. Meu mundo não era cheio de fantasias como o dos meus amiguinhos e da minha irmã, a realidade na minha frente fazia com que eu visse a vida como ela realmente era.Sou de uma família humilde que reside em um conjunto habitacional na cidade do Rio de Janeiro. O conjunto de prédios onde moro e fui criada é um daqueles que foram construídos para desocupar alguma moradia imprópria, como lugares invadidos ou favelas que surgiram em locais que afetam o poder público ou os olhos de quem tem algum poder aquisitivo. A minha comunidade se chama Faísca e muitas vezes faz jus ao seu nome, porque basta apenas uma faísca para que tudo voe pelos ares. Aqui, a violência e bailes funk regados a drog
Anne— Bruna, por favor, vê se não vai chegar tarde porque amanhã você tem entrevista de emprego. Amanda está fazendo este favor pela consideração que ela tem por mim, se você falhar comigo mais uma vez, não vou pedir mais nada a ninguém.— Relaxa, Anne. Vou dar uma volta com a Priscila, daqui a pouco estarei de volta.
Berlim, AlemanhaAcordo sentindo um braço magro sobre meu peito, olho para o lado e vejo uma loira nua. Não consigo enxergar o seu rosto, coberto por seus fios dourados. Minha cabeça está pesada e dói. Estou arruinado, meu corpo inteiro está dolorido. Olho ao redor e percebo que estou em um quarto que com certeza não é de hotel, porque tem um pôster do ator Chris Hemsworth colado na parede. A maioria das minhas colegas de trabalho e algumas amigas dizem que me pareço com esse ator. O pôster que tem mais de um metro de comprimento e em cima da cômoda rosa. Rosa? Mas que porra, será que eu transei com uma criança?Aos poucos as lembranças vão surgindo. Fui jantar com meu pai e meu irmão, e quando disse que amanhã irei para o Brasil, acabamos nos desentendendo. Meu pai como sempre foi contra, dizendo que eu adoro ficar no meio de gentinh
AnneEstou muito ansiosa. Hoje será meu primeiro dia como doutora Martins, nunca meu sobrenome soou tão bem. Cheguei bem cedo no hospital com medo de me atrasar e até agora não chegou mais ninguém, então estou aproveitando para tomar um café na cantina. Amanda e Márcio devem estar chegando. Nós três tivemos muita sorte de conseguirmos vaga nesse hospital, que tem uma rede em todo o Rio, além de uma excelente estrutura.— Bom dia, Anne. Ansiosa?— Muito, Amanda. Não via a hora de vocês chegarem. Bom dia, Márcio — cumprimento e ele me dá um beijo estalado na bochecha.— Tenho uma notícia fresquinha para vocês sobre os nossos chefes.— Amanda, você acabou de chegar e já tem novidade?Ela sorri, fazendo cara de sapeca.— Ontem me ligaram dizendo que ficou faltando um documento
Anne— Fi...quem a vontade — Amanda gagueja.É a primeira vez que a vejo sem graça na presença de algum homem. Eu não estou diferente dela. Doutor Hoff senta ao meu lado e o doutor Hensel, com seu semblante sério, ao lado da Amanda. Não sei se é melhor ou pior, pois Hensel não tira os olhos de mim, deixando-me sem saber como agir.— E aí, meninas. Posso saber o motivo de tanta felicidade? O que você me diz, Anne, ou é segredo?— Não é nada demais, doutor Hoff.— Não estamos no hospital, doutora. Pode me chamar de Adam.— Como eu estava dizendo, Adam — sorrio para ele —, estou feliz porque eu e Amanda vamos morar juntas. Eu amo essa garota, ela é mais do que uma amiga para mim.Adam conversa comigo, mas sua atenção está na Amanda e eu nunca tinha visto
KlausHoje acordei com a missão de procurar um lugar para morar. Se dependesse do Adam, ficaria com ele em seu apartamento, onde estou hospedado, mas não quero tirar a privacidade do meu amigo, além de querer a minha. Marquei com o corretor às dez horas para ver umas coberturas, aqui mesmo na Barra para facilitar minha ida ao hospital.Desde o primeiro dia que comecei a auxiliar os novos doutores, estou fascinado pela doutora Martins. Aquela negra mexeu comigo de uma forma que me assusta. Não consigo parar de olhar para ela, sua beleza e seu jeito simples de ser me fascinam. Existe algo em seu olhar que me traz familiaridade, como se já o tivesse visto antes. O meu amigo não está muito diferente de mim, completamente fascinado pela Amanda. Nós dois fomos pegos de jeito por essas mulheres, tivemos até que deixar de trabalhar diretamente com elas. Adam ficou com Anne em sua equipe e eu, c
KlausAmanda propõe que vamos até a sua casa para que elas troquem de roupa e, no curto caminho, tenho o prazer de ter a companhia de Anne, que vai no meu carro. No início, ficamos em silêncio e a cada sinal fechado aproveito para olhar para ela, até que Anne quebra o silêncio, perguntando sobre meu trabalho voluntário. Fico à vontade, pois falar da minha profissão sempre foi muito prazeroso para mim. Adam e eu ficamos esperando as meninas na sala enquanto elas se arrumam.— E aí, cara. Como foi com a Anne?— Nós conversamos um pouco sobre trabalho voluntário. E você, como foi com a Amanda?— Perguntei a ela as coisas que ela gosta de fazer e foi basicamente sobre isso que conversamos.— Cara, a Amanda está na sua, percebo pelo jeito que ela te olha. Mas a Anne não mostra nenhum interesse por mim.&mdash