capítulo 02: revelação

Fiquei parada naquele canto da sala, olhando para Henry. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, enquanto tentava raciocinar o que havia acabado de ouvir.

- amor, se isso for uma brincadeira, não tem graça.

Ele não sorriu, ou expressou diversão em seu rosto. Apenas continuou me encarando com aqueles olhos tão cheios de raiva.

- pareço estar brincando para você Katherine?

- Henry... O que está acontecendo? - ele desabotoou a abotoadura de sua camiseta social, enquanto se aproximava.

- o que está acontecendo é que sua família infeliz, e que seu maldito pai! Irão pagar por tudo que fizeram comigo e com minha irmã. - engoli em seco, enquanto apertava as mãos.

- mas do que você está falando? - ele apenas me fitou.

- foi o que você ouviu. - Henry passou por mim, eu só podia sentir seu ódio. Como se ele exalasse isso.

Me voltei para ele novamente, com o coração apertado.

- esse casamento foi um golpe, você se casou comigo só por meu dinheiro? - eu não acreditava que poderia ser isso, ele me encarou.

- eu nunca precisei de dinheiro Katherine, muito menos da sua família. - mais ódio ao falar de minha família, eu respirei fundo.

- Henry já chega!

- já chega o que? Você não é burra, eu já falei o que está acontecendo! Eu me casei com você com um objetivo! Destruir seu pai! - ele me deu as costas, enquanto ia até a sacada. Eu me mantive onde estava.

- eu vou embora, amanhã conversamos. - comecei a ir até a porta, eu precisava sair dali.

- acho que você lembra dos papéis que assinou no nosso casamento, não é? - parei bruscamente, sem conseguir  andar. Lentamente me voltei para ele mais uma vez, já trêmula.

- sim, eu lembro! O que tem?

Ele se virou para me encarar, suas mãos foram até seus bolsos enquanto ele me encarava.

- você foi tão ingênua, que eu mesmo coloquei o que deveria ser assinado naqueles papéis. Eu pus meus termos, eu prendi você a mim. - ele andou até a cabeceira que estava ao lado da sacada, pegando alguns papéis de dentro da gaveta. Eles os trouxe para mim, os entregando em minhas mãos. Eu estremeci ao apertar as páginas.

- está tudo aí. - meu coração disparava a cada letra que eu lia, a cada cláusula e termo. A cada linha meu coração se partia um pouco

Mais. Minhas lágrimas molhavam os papéis, enquanto ele olhava para mim.

- se você se separar de mim, toda a sua parte da herança, ou seja... Metade das empresas de seu pai que estão em seu nome, praticamente todo o dinheiro, as casas, os carros, tudo! Fica para mim. E você... Não tem como recorrer a isso, pois assinou cada parágrafo de forma ingênua e sem ler nada. - tive que me sentar, enquanto as lágrimas escorriam por meu rosto. Ele continuou ali, olhando para mim cheio de si.

Lentamente ele deu a volta, e se aproximou se agachando de frente para mim. Eu só queria esganar seu pescoço, até ele ficar sem ar.

- e se você ousar contar a alguém da sua família, ou seja quem for! O mesmo acontece. Você está presa a mim, de todas as formas possíveis! - olhei para ele cheia de dor, e mágoa.

- por quê fazer isso? Por que se manter casado comigo?

- você é a porta de entrada até seu pai! É a única filha dele, aquela que tem tudo dele! Era o alvo perfeito. - ele acariciou meu rosto, eu respirei fundo.

- isso tudo é mentira! Meu pai nunca teria feito nada a você! Ele nem o conhece, nem Regina! Isso tudo é mentira, você só quer o meu dinheiro! - ele me encarou cheio de desdém, e algo parecido com decepção, dando um sorriso de canto.

- se eu quisesse seu dinheiro, eu pedia o divórcio a você e ficaria com tudo! Hoje mesmo. Eu quero destruir seu pai, o império dele de dentro para fora, quero que ele veja seu mundo desabar sem sequer saber o que o atingiu. Eu vou ganhar a confiança dele, eu vou me tornar seu braço direito! E no momento certo... Eu mostro ao mundo quem ele é. - a cada palavra dele eu ficava mais furiosa.

- você é um mentiroso nojento! Meu pai é uma boa pessoa. - ele gargalhou se colocando de pé.

- seu pai é o maior canalha desgraçado que já pisou nessa terra, e você... É a filha tola e emocionada dele! Eu...

Antes que ele terminasse de falar, eu me pus de pé com fúria e saltei contra ele arranhando seu pescoço. Enquanto jogava meu corpo contra o seu, tentando feri-lo de todas as formas que eu queria. Ele tentou me afastar, enquanto eu o empurrava contra os móveis arranhando todo seu pescoço e seu rosto.

- SEU DESGRAÇADO! - continuei a tentar o machucar aínda mais, mas ele me levantou do chão. Me segurando pela cintura.

Ele me prendeu contra a parede da sala, me segurando fortemente contra si.

Eu tentei me debater, mas ele segurou minhas mãos acima da cabeça. Seu rosto e pescoço estavam vermelhos e arranhados.

- é melhor se controlar!

- você é um infeliz.

- sim, e você se casou com o infeliz. - ele continuou me olhando nos olhos, eu movi minhas mãos tentando me soltar, mas ele apertou meus pulsos com mais força.

- já chega! Eu vou relevar pois foram muitas notícias para você, mas isso é inaceitável. - ele continuou a me olhar, enquanto minha respiração estava ofegante.

Lentamente ele me soltou e me colocou no chão, eu sentia meu coração acelerado. eu era tão burra. As lágrimas voltaram a descer. Ele me fitou.

- o quanto antes você aceitar as coisas, vai ficar mais fácil. - olhei para ele cheia de ódio, eu queria matá-lo.

- você não vai se safar dessa! Meu pai irá vencer. - ele engoliu em seco, olhando para mim cheio de desdém.

- vou tomar um banho, é melhor tirar esse vestido. É uma suíte com dois quartos, fique com o outro. - e logo ele andou em direção ao banheiro. Me deixando ali, eu só queria voltar no tempo.

Algum tempo se passou, eu estava sentada no sofá. Agora usava uma camisola e um roupão simples. Ele enfim havia saído do banheiro, e logo olhou para mim.

Olhei para ele e me pus de pé.

- é melhor você trancar a porta, se não quiser que eu enfie uma faca em você durante a noite. - disse enquanto passava por ele, indo em direção ao meu quarto. Não ouvi nenhuma resposta, apenas entrei no meu próprio quarto e me joguei na cama. Minhas lágrimas começaram a molhar a almofada, enquanto eu me flagelava por ser tão estúpida. Por ter me apaixonado por alguém que nunca me amou, e o pior... Eu ainda o amava.

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