Minha noite de sono havia sido péssima, me revirei na cama a noite inteira. Quando me pus de pé, o alarme estava disparando adoidado na cômoda. Sem demora desliguei, e tratei de descer até o andar de baixo.
O café da manhã já estava posto na mesa, logo eu me sentei.Estava quase tomando o café, quando Henry surgiu e sentou-se na outra cadeira.- pensei que já havia ido para o trabalho.- ainda tenho tempo. - o fitei.- não quer demonstrar serviço?- não quero que seu amado pai pense que sou um puxa saco. - sorri sem felicidade, ficamos alguns instantes em silêncio. Quando me voltei para ele novamente.- Henry, meu pai é um homem poderoso, extremamente influente! Ele pode acabar com você em segundos se quiser. - ele bebeu mais um pouco de café, e logo me encarou.- por isso mesmo vai ser tão divertido ver ele no chão, junto com toda a escória de sua família. - me empertiguei, sentindo um aperto no coração.- quando você fala isso... Se refere a mim também? - ele não voltou a me olhar.- é melhor tomar seu café em silêncio Katherine. - apertei a xícara em minhas mãos, e apenas engoli todo aquele café com a força do ódio.Após alguns minutos, ele se foi. Eu fiquei sentada naquela mesa grande, olhando para todos os cantos daquela casa sem vida. Me pus de pé furiosa, e subi até o andar de cima para trocar de roupa.Sai de casa sem dar nenhuma explicação para os funcionários e parti em busca de uma loja de decorações, eu precisava disso.Andei bastante, até chegar em uma loja grande cheia de móveis e quadros. Não pensei duas vezes e adentrei, não haviam muitas pessoas. Fiquei em meu próprio canto olhando para todos os lados, quando avistei uma pessoa familiar. Engoli em seco. Era Regina, a irmã de Henry. Ela estava do outro lado da loja. Olhando algumas prateleiras. Eu me empertiguei, tentei ficar onde estava. Mas não pude.- Cristina? - ela se voltou para mim sobressaltada.- ah... Katherine, olá.- você sabia desde o começo que seu irmão queria casar comigo por vingança? - eu precisava colocar aquilo para fora, ela arregalou os olhos. E engoliu em seco.- tem um café que fica aqui perto, vem comigo. - havia tanta sinceridade em suas palavras, eu quis recusar. Mas resolvi aceitar e fomos juntas.Sentamos em uma mesa, uma de frente para a outra. Ela parecia tão tensa, eu respirei fundo.- naquele dia, no meu casamento... Você me avisou. - ela assentiu.- você está nisso junto com ele?- não! De forma alguma. - ela negou com todas as forças.- mas... Então por quê isso? Por que ele sente tanto ódio do meu pai? - ela se empertigou na cadeira, e me fitou.- nem eu mesma sei Katherine, eu apenas lembro de ser muito pequena. Quando nossa mãe morreu, Henry praticamente me criou. Foi só depois de adulta, que eu notei que ele tinha uma grande obsessão pelo seu pai, por sua família! Ele falava tanto sobre os wilborn, sobre... Vingança. Eu o questionei tantas vezes do porque, mas ele nunca me disse nada. - meu coração estava acelerado, Regina passava confiança. Eu podia sentir que ela não estava mentindo.- quando ele foi para a Coreia atrás de você...- espera, o que? - parei bruscamente, ela me fitou confusa.- Henry foi para a Coreia, ele não morava lá?- não, nós moramos aqui desde muito jovens. - comecei a sentir as mãos tremendo.- ele foi atrás de você.- mas... Mas como assim?- ele seguia você, nas redes sociais, ele viu quando você postou que estava indo para a Coreia. Ele não perdeu tempo. - a cada instante minha respiração ficava mais ofegante, Cristina notou meu desconforto e me deu um copo de água. Que eu bebi prontamente.- Cristina, isso é loucura! Então... Eu estava na mira dele há muito tempo. - ela assentiu tristemente.- infelizmente, sim. Eu não pude acreditar quando ele contou que estava noivo de você, eu fiquei tão mal. Eu sempre soube o que ele queria, e naquele dia eu tentei avisar mas... Eu imaginei que você pudesse não acreditar em mim. Fiquei com medo, e recuei... Me perdoe. - a olhei nos olhos, eu engoli em seco.- tudo bem, você está certa. Naquele dia eu... Eu estava tão apaixonada, tão esperançosa de me casar com o homem que amava, eu teria negado tudo. E teria ido ao altar com ele mesmo assim, como fui burra. - desviei o olhar, e apertei as mãos. Regina me olhava com pesar.Ela segurou minhas mãos, olhei para ela no mesmo instante.- por quê não pede o divórcio?- não posso, ele tratou de dar um jeito nisso também. É... Complicado demais. - ela se empertigou.- eu amo Henry, ele é meu irmão. Ele cuidou de mim, mas... Ver o que se tornou me assusta. E é ainda pior ver que você está presa nisso. - assenti com o coração partido.- eu tenho que descobrir o porque de tanto ódio, tenho que saber o que há por trás disso.- acho difícil você descobrir, Henry nunca falou disso. - engoli em seco.- mas eu preciso, talvez seja a chave pra eu sair disso tudo. - ficamos no café por mais algumas horas, trocamos números e prometemos manter contato. Eu precisava de Regina, e naquele momento ela era a única com quem eu podia desabafar sobre tudo. Ela iria me entender, de certa forma era um alívio saber que agora eu tinha alguém assim. ****Comprei apenas algumas tintas, e papéis de parede e logo segui para casa.Passei o resto do dia pintando meu quarto sem vida, tentando extravasar tudo que estava sentindo na pintura. Ao fim do dia, eu ouvi o som do carro entrando na garagem.Ele havia chegado em casa.Quando abri a porta, ele já estava passando pelo corredor, indo em direção ao seu próprio quarto. Sem demora fiz questão de o seguir, a porta estava entre aberta. Adentrei sem bater, meu coração acelerou ao entrar.Ele estava sem camiseta, apenas de calças. Suas costas eram rígidas, tensas e... Cheias de cicatrizes. Haviam marcas por toda a sua pele, indo de seu ombro até mais abaixo. Eu franzi o cenho, o que era aquilo. Me sobressaltei quando ele se virou para trás e me encarou.- o que há? - pigarrei.- como foi o primeiro dia? - ele ergueu uma sobrancelha.- quer dar uma de esposa preocupada agora.- só quero saber como foi. - ele vestiu um roupão prontamente.- seu pai gostou bastante do meu desempenho, ele gostou das ideias que dei. - me empertiguei.- não se preocupe, eu não destrui nenhum prédio, ainda. - ele foi em direção ao banheiro, eu respirei fundo e o segui. Ao me ver na porta, ele me fitou de cima a baixo.- algo mais? Eu quero tomar banho.- estive com sua irmã hoje. Ele não olhou para mim, mas pude ver como ficou tenso.- ela me falou muitas coisas.- Regina fala demais. - franzi o cenho, indo em direção a ele.- Henry, o que aconteceu com sua mãe? - ele se voltou para mim tão rápido que eu dei alguns passos para trás.- saia daqui. - ergui uma sobrancelha.- você precisa me falar.- eu preciso que você saia daqui. - ele me deu as costas novamente, e foi em direção ao box.- Henry... Você me perseguiu na Coreia, foi atrás de mim! Você fez tudo isso, por vingança! Por que? Eu só quero que você me diga o motivo! - ele continuou de costas. Eu ousei me aproximar um pouco mais.- eu não quero acreditar que tudo que tivemos foi mentira, tudo aquilo! Havia algo ali. - ele não se voltou para mim, mas começou a rir. Comecei a sentir as mãos tremendo. Lentamente ele me encarou.- quer que eu diga que por um momento naqueles dias, eu gostei de você? Que eu realmente... Poderia mudar de ideia com o tempo? Você é tão ingênua Katherine, é tão triste. Eu nunca amei você, nunca estive apaixonado por você! E digo isso olhando em seus olhos, agora... Faça o favor de me deixar só. - ódio emanava em sua voz, eu sentia os olhos ardendo, conforme ia até a porta e saía dali com o coração ainda mais despedaçado.As palavras de Henry ecoaram em minha mente durante muito tempo, eu sabia que ele não me amava. E que tudo isso havia sido falso, mas... Em meu coração eu ainda tinha esperanças. E ao ouvir aquilo daquela forma tão dura, partiu meu coração de várias formas. Ele continuou a ir na empresa de papai durante semanas, a cada dia eu sabia de algo novo. De como ele estava ganhando sua confiança, em como ele estava indo bem. Detestava aquilo, queria poder gritar aos quatros cantos do mundo sobre. Mas eu só tinha Regina para desabar. Naquela tarde em específico, ele chegou em casa um pouco mais cedo. E me encontrou na sala de jantar, eu havia convidado-a para casa. E estávamos falando sobre uma nova decoração. - o que você acha do roxo para os quartos de hóspedes? - ah... Eu gosto da cor, mas é muito forte pra quarto de hóspedes, eu acho que... - olá. - me voltei para ele de imediato, seguida por Regina que se pôs de pé prontamente. Eu engoli em seco. - Regina. - Henry, oi. - ele franziu
Passei algumas horas pensando no que havia acontecido entre mim e Henry naquele quarto, eu obviamente não iria encher minha cabeça com falsas esperanças. Principalmente depois de tantas coisas. Resolvi continuar com os planos de decoração de mudança da casa, quando uma das funcionárias bateu na minha porta. - senhora taho, o senhor taho está falando que chegará em casa às sete para que vocês possam ir a um jantar na casa dos parentes dele. - me levantei de onde estava sentada imediatamente. - ele falou isso? - sim senhora. - me empertiguei, aquela conversa que havíamos tido. Voltou a minha mente. - obrigada... - Eva. - obrigada Eva, pode avisá-lo que estarei pronta. - ela assentiu e de imediato saiu do quarto. Eu fiquei andando em círculos ali durante um bom tempo, Henry havia falado de sua família de uma forma tão ruim. E Cristina também, talvez aquilo fosse mais uma de minhas burradas. Mas... Eu havia pedido por isso, eu deveria encarar. Peguei meu celular, e logo liguei para
Me olhei no retrovisor e me empertiguei, fechei os olhos por alguns instantes. E então sem pensar duas vezes, comecei a limpar o barrão de maquiagem no vestido. Não limparia tudo, mas era melhor do que entrar daquela forma. Henry me encarava com a mão estendida, ao fim ele me fitou. - não mudou nada. - eu segurei sua mão com tanta fúria, que só queria quebrar seus ossos um por um. Ele sorriu cheio de deboche, enquanto segurava minha mão e fechava a porta do carro. - sorria querida, será divertido. - engoli em seco enquanto íamos em direção a mansão. As portas eram gigantescas, estavam bem abertas. E eu só via os funcionários andando de um lado para o outro com bandejas. - isso não é um pouco demais? - ele sorriu ao me ouvir sussurrar. - meus parentes gostam de ser hospitaleiros, ainda mais depois de saberem de quem você é filha. - olhei para ele de esguelha, enfim havíamos adentrado. E de imediato eu percebi que todos realmente eram parentes de Henry. Não demorou muito para ele
Voltamos para casa em absoluto silêncio, Henry não disse uma palavra sequer sobre o que havia acontecido. Nem antes, e nem depois. Mas o fato dele ter ficado tão estranho ao ouvir sobre Emiho, com certeza havia ficado em minha mente. Mandei mensagem para Cristina ainda na outra noite, queria que ela viesse até nossa casa e falasse comigo sobre. Mas aparentemente ela estava ocupada com seu trabalho. O que não me impediu de ter uma péssima noite de sono, apenas pensando em tudo aquilo. Quando me coloquei de pé logo cedo, tratei de descer para tomar meu café. Me surpreendi ao notar que ele ainda estava em casa, desde que havia começado a trabalhar com meu pai. Ele sempre saia muito cedo, e chegava muito tarde. Sentei na mesa de imediato, enquanto os funcionários colocavam a mesa. Me empertiguei, olhando para ele disfarçadamente. - o que achou do jantar? - questionou baixinho, desviei o olhar. - sua família é como qualquer outra. - é mesmo? - pude ver que ele me fitou, eu não fiz o m
Subi as escadas praticamente correndo indo atrás dele. Adentrei em seu quarto, sem sequer bater. Ele estava sentado na poltrona apenas de calças. E tirando seus sapatos, de imediato ele me encarou. - é falta de educação não bater antes de entrar. - o que você disse lá em baixo? - que seu pai me promoveu. - você agora é CEO da empresa dele? - de uma das, querida. - ele ainda estava com aquele maldito sorriso irónico no rosto. Me aproximei furiosa. - você não vai fazer isso. - ele se empertigou na poltrona. - não vou fazer o que exatamente? - não vai entrar na empresa dessa forma! Você não pode ter esse tipo de poder. - ele ergueu uma sobrancelha, e se recostou na poltrona me fitando. - eu já tinha esse poder no dia em que me casei com você Katherine, será que não consegue entender? Eu fui promovido, e serei apresentado essa noite para todos! - eu continuei me aproximando. - se você realmente levar isso pra frente eu... - você vai o que? Agora eu fiquei curioso. - ele se pôs
Henry me encarou da forma mais assustadora e furiosa possível, mas o sorriso vingativo não sumiu de meu rosto. Eu me aproximei dele, e acariciei seu queixo. - vamos marido, temos uma festa para participar. - ele engoliu em seco, eu podia sentir a fúria dele. Sem demora, peguei em seu braço e olhei em direção aos fotógrafos. Que de imediato, começaram a nos fotografar. Eu não parei de sorrir, conforme andávamos, era notável como ele estava se contorcendo para continuar comigo ao seu lado. - você vai se arrepender por isso. - sussurrou quase sem voz, eu ergui uma sobrancelha. - só estou querendo lhe agradar meu amor, não gostou? - ironizei sem piedade, ele me olhou de esguelha. Seguimos em frente, enfim adentrando pelas portas da empresa. Para todo canto haviam investidores, e funcionários que trabalhavam com meu pai há anos. Eu conhecia muitos deles. Lá também haviam fotógrafos, tentando tirar uma casquinha do alto escalão. Uma música lenta e clássica tocava ao fundo, enquanto
A festa continuou por mais algum tempo, um tempo longo até demais. Eu estava exausta, e me sentia extremamente vencida e derrotada. Eu só queria sair dali, ir para casa. Estava ao lado de uma mesa de comes e bebes, olhando para todos que passavam. E só queria sair dali. - cansou da festa? - papai me questionou me dando um beijo na testa. - um pouco, só quero ir pra casa. - você costumava ser mais festiva querida. - convenhamos que esse tipo de festa nunca foi o que eu gostei. - ele sorriu, eu também. - é, você é igual a sua mãe nessa parte. Ela também detestava as festas da empresa. - senti um nó na garganta, e apertei sua mão. Ele se aproximou de mim e me abraçou, eu retribuí de imediato. Pude ver Henry no outro lado do salão, cumprimentando algumas pessoas e me afastei um pouco de meu pai, o olhando nos olhos. - pai o senhor... Conhecia Henry antes de eu o apresentar? - ele me fitou, confuso. - não, eu conhecia alguns taho de outros lugares, mas ele não. Por que essa pergu
Sequer notei quando, ou como fui para minha cama aquela noite. Apenas acordei no dia seguinte fraca, e exausta de tanto ter chorado. Quando levantei e fui até a sala de jantar, havia uma mulher loira, usando um terno azul elegante, sentada na mesa ao lado de Henry. Enquanto mostrava a ele o que pareciam ser os planos de decoração da casa, pensei em dar meia volta e sumir. Mas segui em frente, quando cheguei na mesa a mulher logo se pôs de pé. Henry me fitou de esguelha. - Emília, essa é minha esposa Katherine taho. - senhora taho, é um prazer. Ela me estendeu a mão, e de imediato eu retribui seu gesto. - estava falando com o senhor taho sobre o plano que idealizei para sua casa. Está tudo aqui, ele demonstrou ter gostado muito. Mas queria saber o que a senhora quer, e se gostaria que eu mudasse algo? - ela era uma mulher simpática, e estava fazendo apenas seu trabalho. Ela não tinha nada haver com aquela guerra entre mim e Henry. Olhei para os planos que estavam expostos em cima