capítulo 06: jantar tenso

Após muitas horas de voo, chegamos a nossa cidade.

Apenas saímos do jato para entrarmos em um táxi, e seguir em direção a um bairro que eu não conhecia. Eu e Henry não havíamos nos falado desde nossa discussão no jato.

Tantos minutos após nossa chegada. Paramos em frente a um casarão. Era bonito, havia um pequeno muro. E nenhuma rosa, ou planta.

Desci do táxi de imediato e fitei aquele lugar.

Sem demora surgiram algumas mulheres, e homens na entrada da casa.

- senhor e senhora taho, bem vindos. - a mulher que estava na frente disse, assenti prontamente.

Henry apenas passou por mim, e rumamos em direção a casa. A porta de entrada era bem grande e marrom, o interior era branco. Sem cor, ou vida. Era uma enorme sala apenas com alguns sofás, mesas e candelabros para todos os cantos. Me empertiguei vendo aquilo.

Henry passou por mim, enquanto os funcionários vinham ao seu encalço. Alguns pararam ao meu lado, e pareceram notar minha tristeza.

- é uma decoração modesta, caso a senhora decida mudar alguma coisa. - uma gentil senhora disse, eu sorri assentindo.

- obrigada. - logo dei uma volta pela casa, era um lugar muito grande. Com várias salas, e comôdos. O andar de cima era igual, para todos os cantos era a mesma coisa. Eu já não estava aguentando aquela monotonia, e me obriguei a abrir todas as janelas como se estivesse ficando sem ar.

Eu andei pela casa toda, resolvi sentar nas escadas e respirar um pouco. Henry estava subindo quando parou ao meu lado.

- venha comigo. - olhei para ele, quis continuar ali. Mas me obriguei a levantar e o seguir.

Chegamos a um grande corredor, havia uma porta. Que logo ele abriu e adentrou, eu fiz o mesmo. Era um quarto grande, com uma cama de casal. Me empertiguei.

- este é seu quarto. - franzi o cenho.

- você ficou com um papo de estarmos casados, de mantermos as aparências! Mas vamos dormir em quartos diferentes? - ele se voltou para mim.

- os funcionários estão aqui sob contrato, não podem falar nada do que acontece nessa casa para ninguém. - sorri sem felicidade.

- você e seus contratos.

- eu não tenho tempo para birra. - ele passou por mim, antes que ele pudesse sair eu segurei sua mão. O fazendo se voltar para mim.

- quando nós namorávamos! Eu vivia falando para você como isso era importante para mim, ter uma casa! Decorar minha casa, cuidar dos assuntos da minha! Casa. Eu perdi a conta de quantas vezes falei isso para você, e você compra essa casa, em um bairro que nem conheço... Uma casa tão grande um espaço tão desnecessário! Por que? Só para me ferir? - olhei dentro de seus olhos, ele não tinha nenhuma expressão.

- pense o que quiser. - logo ele se afastou de mim e saiu do quarto, eu me mantive ali. Me ajoelhei e sentei no chão, não aguentando mais nada daquilo.

                          ****

Tentei conhecer os funcionários, e sair um pouco da cama. Mas estava difícil, aquele lugar parecia levar toda a minha energia.

Eu estava dando uma volta pelo quintal do lugar, logo eu reparei que era muito grande. Havia um bom espaço, logo imaginei que poderia tentar fazer algo ali.

- seu pai vem jantar conosco hoje a noite. - o encarei rapidamente.

- não, por quê?

- ele quer ver você! Saber como está.

- eu não quero que ele venha.

- ele vai vir. - cruzei os braços.

- diga a ele que não dá para ser hoje.

- por quê eu faria isso?

- você só quer piorar tudo.

- Katherine se vista e esteja pronta para receber seu pai.

E como sempre ele me deu as costas, sem sequer ouvir o que eu estava falando.

Avistei uma pedra no chão próxima de mim, pensei muito em jogar aquela pedra nele. Mas respirei fundo e não o fiz.

A noite chegou muito rapidamente, para nossa sorte, os funcionários trataram de fazer um jantar simples e rápido. Logo eles também montaram a mesa, e tudo estava pronto.

Eu estava usando um vestido azul que ia até os joelhos, meus cabelos estavam soltos. Henry usava um terno verde informal.

Meu pai enfim havia chegado, eu me coloquei de pé e sem aviso ele se colocou ao meu lado. Segurando em minha cintura.

- lembre-se, estamos apaixonados.

- claro que estamos. - desgosto tomou minha voz.

- não esqueça do que está em jogo querida. - olhei para ele de canto de olho, engoli em seco quando papai adentrou por aquela porta. Deixando apenas seu segurança do lado de fora. Corri em direção a ele rapidamente, o abraçando intensamente.

- minha pequena.

- senti saudades. - ele beijou o topo de minha cabeça.

- deixe-me olhar para você.

Ele segurou meu queixo.

- está bronzeada. - sorri.

- senhor wilborn, é um prazer recebê-lo em nossa casa. - me afastei de papai, e logo lhe dei espaço para falar com Henry. Ele o olhou de cima a baixo, e logo o cumprimentou.

- venha papai, a sala de jantar fica por aqui. - seguimos todos juntos. Quando lá chegamos, eu tive que sentar ao lado de Henry e papai sentou no outro canto da mesa.

- boa essa casa Henry.

- obrigado senhor, ela estava em um bom preço. - papai o fitou.

- poderia ter falado comigo, eu poderia ter vendido a você uma de minhas casas! Poderia escolher qualquer uma, e ainda morar perto de mim. - Henry sorriu, eu franzi o cenho. Ele era um ótimo ator.

- obrigado pela oferta senhor, mas eu e sua filha acabamos de nos casar precisamos de um espaço e... Eu havia feito alguns investimentos. - ele segurou minha mão, e me deu um beijo. Eu sorri meio nervosa, papai me fitou.

Alguns minutos depois, enfim o jantar chegou.

Eu tinha certeza que havia um clima estranho ali, mas eu não sabia ao certo porque. Henry parecia tão contido, e meu pai estava desconfiado de algo. Eu tinha certeza.

- sabe Henry eu andei vendo seus trabalhos anteriores em empresas grandes no exterior, você tem uma ficha impecável. - ele assentiu.

- já esteve em contato com gerência de algo?

- algumas vezes senhor, mas é muito desafiador. - papai assentiu, eu o fitei.

- é sim, um pouco. - ele me encarou de volta.

- eu estou trabalhando em novos projetos recentemente sabe? Duas grandes empresas, e é uma coisa mais familiar sabe, quero apenas pessoas de minha confiança, pessoas de perto.

Eu senti meu coração acelerado, meu pai não poderia fazer aquilo.

- você está casado com minha única filha, minha princesa! Tudo para mim. Quero que ela tenha sempre o melhor. - Henry assentiu de forma cínica, enquanto segurava minha mão.

- o senhor pode ter a certeza que ela terá o melhor. - quase me engasguei com tamanha falsidade.

- gostaria que você fizesse parte desse projeto, que estivesse a frente dele! Quero fazer um período de teste com você, acha que consegue? - Henry pareceu animado de certa forma, eu engoli em seco.

- é claro senhor, trabalhar com o senhor nas empresas wilborn! É outro patamar, eu estou disposto. - papai sorriu e assentiu. Eu me empertiguei naquela cadeira, não era possível.

Henry estava conseguindo exatamente o que ele queria, ele iria entrar na empresa do meu pai como um vírus.

Após algumas horas de jantar, meu pai se pôs de pé.

- me acompanha até a porta querida? - assenti de imediato, enquanto ia com ele. Henry me lançou um olhar de canto, eu sentia meu coração acelerado. Chegamos ao seu carro, ele me olhou de cima a baixo.

- olhe bem em meus olhos Katherine, e me diga que está tudo bem. - meu corpo tremeu, minhas mãos estavam suando.

- eu só preciso de uma palavra contrária, e eu acabo com ele. - queria gritar ao meu pai, mas eu não podia. Não assim, toquei seu rosto.

- pai está tudo bem, eu só estou cansada da viagem. - ele me olhou de cima a baixo.

- não minta para mim.

- é sério papai. - me aproximei e o abracei fortemente, eu havia entrado nisso eu iria sair.

- me avise quando chegar em casa. - beijei sua bochecha e logo me despedi.

Apertei minhas mãos e fiz uma presse em meu coração, para que eu conseguisse enfrentar isso tudo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo