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capítulo 04: estranho na festa

Chegamos em nosso quarto e Henry continuava a me encarar com aquela cara, me olhando de cima a baixo. Me voltei para ele cruzando os braços, e o fitando.

- o que há?

- tire esse vestido.

- de modo algum! - ele se empertigou.

- faça o que estou mandando Katherine.

- eu vou com o vestido e ponto final. - fui até o banheiro com intenção de lavar o rosto, mas quando olhei para porta ele estava parado lá, me encarando.

- você é uma mulher casada! É ridículo usar um vestido como esse. - peguei a escova de cabelo que estava na pia do banheiro, e joguei em direção a ele. Que apenas desviou.

- se você não me deixar sozinha eu vou jogar aquele vaso na sua cabeça! - e logo tranquei a porta, sem ouvir mais nada do que ele estava falando.

Me olhei no espelho, aquele vestido realmente era muito justo e curto. Meus seios estavam quase saltando para fora, e minhas coxas eram grossas demais para ele. Era obviamente um vestido para uma mulher magra, o que eu não era.  Talvez ele tivesse razão, eu estava ridícula com aquele vestido. Pensei em tirar, mas eu estava tão furiosa com ele que só queria o irritar.

Resolvi fazer uma maquiagem, quando ouvi meu celular vibrando. Rapidamente peguei, meu coração acelerou ao ver que era meu pai ligando. Tentei ignorar, eu não queria falar com ele. Eu não podia, ele saberia que tinha algo errado. Mas por outro lado, se eu não atendesse ele viria atrás de mim. Eu não tinha outra opção, após pensar muito eu atendi.

- alô, Katherine? - engoli em seco.

- oi pai, desculpa a demora.

- liguei para você ontem a noite, mas não me atendeu. - me empertiguei.

- eu estava ocupada. - ele ficou em silêncio, rapidamente percebi que aquilo havia ficado muito estranho.

- eu estava cansada por conta da viagem sabe? Fui dormir cedo.

- entendo. - ele estava estranho, eu com certeza era péssima naquilo.

- e como estão indo nesses primeiros dias?

- bem, estamos bem. - eu só queria poder falar tudo para meu pai. Talvez eu devesse, ele viria me buscar na hora.

Me levaria de volta para casa, nós conseguiríamos reverter isso. Meu pai tinha os melhores advogados, tudo poderia ficar bem. Eu sabia que sim.

- pai eu... - olhei para a porta, vi uma sombra. Eu sabia que Henry estava parado do outro lado, ouvindo tudo.

Meu coração bateu mais rápido, eu me empertiguei.

Não, eu não tinha saída. Eu havia assinado os papéis, ele havia pensado em tudo. E eu não deixaria que meu pai perdesse tudo por minha causa, apertei o celular firmemente.

- Katherine, o que queria me falar?

- nada, é... Eu só tô com saudades de casa. - mais um tempo longo de silêncio.

- se precisar de qualquer coisa, é só me ligar. Eu amo você filha. - sorri contra o celular.

- obrigada pai, eu te amo. Tenho que desligar. - e logo desliguei o celular e voltei a me olhar no espelho. Meu coração batia acelerado, eu me empertiguei e lavei o rosto.

Quando sai do banheiro algum tempo depois, eu já havia feito a maquiagem e ainda estava com o vestido. Henry estava sentado no sofá ao lado da sacada, de imediato ele olhou para mim.

- era seu pai?

- sim. - ele assentiu.

- foi inteligente de sua parte não ter dito nada. - me aproximei um pouco dele.

- não pense que eu entrei nesse seu jogo de vingança, meu pai vai conseguir vencer! - ele me fitou e assentiu cheio de desdém.

- vejo que não tirou esse vestido, e fez uma maquiagem nada simples. - ele se pôs de pé prontamente.

- a pergunta é... Para onde pensa que vai assim?

- vou até a festa! - ele sorriu sem felicidade.

- de modo algum.

- a não ser que você me amarre e me prenda no banheiro, eu irei sim. - sem mais nada a dizer eu lhe dei as costas e andei até a porta.

                      ****

A festa era em uma área externa do hotel, que era belíssima e iluminada por tochas e pela lua.

Havia música animada, e todos estavam dançando e se divertindo. Eu já estava  quase chegando, quando senti uma mão em minhas costas. Ao olhar para o lado, o vi.

- se você quer jogar assim é melhor entender que vai perder. - sussurrou ao meu ouvido. Eu sorri sem felicidade.

- é o que vamos ver. - e enfim chegamos a festa, Mia rapidamente veio correndo ao nosso encontro.

- que bom que vieram, amiga você tá linda! - sorri me sentindo menos mal.

- e você está perfeita como sempre. - logo ela me puxou para onde estava sentada com Will, Henry veio ao nosso encalço.

- a festa está animadíssima não acham? - logo sentamos no sofá que havia ali, Mia rapidamente tratou de sentar no colo de Will. Eu me empertiguei ao lado de Henry.

- o que acha Kat, lembra até o tempo da faculdade não acha? - ela começou a rir, eu fiz o mesmo.

- isso foi há muito tempo. - ela negou de imediato.

- sabe Henry, na época da faculdade sua mulher aí era a mais animada! Em todas as festas ela dançava até os pés doerem. - eu me sentia horrível por lembrar daquilo, parecia que havia sido há décadas atrás.

- é mesmo?

- é sim! Ela nunca deu um show particular pra você? - fuzilei Mia com o olhar, ela franziu o cenho. Senti Henry segurando minha mão, e dando um leve beijo na palma.

- não, mas... Eu com certeza vou cobrar. - senti alguns arrepios em meu corpo ao sentir seu beijo.

Começamos a beber todos juntos, até mesmo Henry estava bebendo. Mas sempre de forma centrada, como se não quisesse perder a compostura. Eu já estava ficando meio zonza, pois só queria esquecer tudo. Mia se pôs de pé e puxou Will.

- eu amo essa música, era a sua preferida lembra! Todas as vezes que ouço dirty Diana lembro de você! O que acha? Vamos levar os homens para dançar. - eu sorri enquanto ela ia até o meio do salão com Will. Me voltei para Henry, ele franziu o cenho me fitando.

- o que acha? - questionei bêbada. Ele ergueu uma sobrancelha.

- acho que você está muito bêbada.

- vamos dançar. - segurei sua mão, ele negou de imediato.

- nem pensar. - continuei o fitando.

- vai se ferrar. - logo me pus de pé, mesmo zonza e fui até o meio do salão. Ele apenas me encarava cheio de desdém.

Mesmo sozinha comecei a dançar, eu estava tropeçando nos meus próprios pés. Mas eu só queria pensar em outra coisa, além de estar casada com Henry.

Acabei esbarrando em algumas pessoas, até que alguém me segurou me impedindo de cair. Ele me segurou de frente para ele, meu coração acelerou ao pensar ser Henry. Mas era outro homem. Ele era alto, cabelos curtos e castanhos, olhos verdes, negro, usava uma regata e um calção preto.

- você quase caiu moça. - ele continuou a me segurar.

- é eu... Eu estou meio bêbada. - comecei a rir, ele fez o mesmo.

- parece que está meio decepcionada em me ver, estava esperando outra pessoa? - ele me fitou.

- mais o menos. - acabei colocando as mãos em seus ombros, ele sorriu.

- bem... Seja quem for, ele é um imbecil por deixar uma mulher como você dando sopa assim. - voltei a sorrir, ele fez o mesmo.

- como não se apresentou me deixe fazer, sou Erick Stevens, e você... ? - quando me dei conta nós já estávamos dançando no meio do salão, ao som da música.

- Katherine wilborn.

- é um prazer conhecê-la Katherine. - continuei a olhar para ele, que não desviava.

- é melhor eu ir. - tentei me afastar, mas ele não me soltou.

- ir para onde? Até o idiota que a deixou sozinha?

- infelizmente. - ele pareceu decepcionado.

- o que você está fazendo aqui afinal? Geralmente é um lugar que as pessoas vem para lua de mel, cadê sua esposa? - ele sorriu.

- eu sou surfista nas horas vagas, e isso foi suspeito da sua parte. Me julgando antes de me conhecer. - comecei a gargalhar.

- eu vou ficar aqui por mais uns dias, que tal... Se você tomar um café comigo amanhã? - o encarei.

- não posso...

- é claro que pode. - seus olhos tão verdes me fitaram.

- você é muito persistente.

- é um dom. - continuei com os braços em seus ombros.

- eu acho que...

- está na hora de parar Katherine. - Henry disse. Rapidamente Erick parou de dançar. Eu o encarei, ele estava bravo. Com a testa franzida, sem me dar chance de explicações. Ele me tirou dos braços de Erick.

- ei cara, calma aí!

- é melhor ficar na sua amigo. - ele fuzilou Erick com o olhar, eu mal estava conseguindo andar. Quando ele me pegou e me jogou em seu ombro. Me tirando dali como se eu fosse um saco de batatas.

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