Chegamos em nosso quarto e Henry continuava a me encarar com aquela cara, me olhando de cima a baixo. Me voltei para ele cruzando os braços, e o fitando.
- o que há?- tire esse vestido.- de modo algum! - ele se empertigou.- faça o que estou mandando Katherine.- eu vou com o vestido e ponto final. - fui até o banheiro com intenção de lavar o rosto, mas quando olhei para porta ele estava parado lá, me encarando.- você é uma mulher casada! É ridículo usar um vestido como esse. - peguei a escova de cabelo que estava na pia do banheiro, e joguei em direção a ele. Que apenas desviou.- se você não me deixar sozinha eu vou jogar aquele vaso na sua cabeça! - e logo tranquei a porta, sem ouvir mais nada do que ele estava falando.Me olhei no espelho, aquele vestido realmente era muito justo e curto. Meus seios estavam quase saltando para fora, e minhas coxas eram grossas demais para ele. Era obviamente um vestido para uma mulher magra, o que eu não era. Talvez ele tivesse razão, eu estava ridícula com aquele vestido. Pensei em tirar, mas eu estava tão furiosa com ele que só queria o irritar.Resolvi fazer uma maquiagem, quando ouvi meu celular vibrando. Rapidamente peguei, meu coração acelerou ao ver que era meu pai ligando. Tentei ignorar, eu não queria falar com ele. Eu não podia, ele saberia que tinha algo errado. Mas por outro lado, se eu não atendesse ele viria atrás de mim. Eu não tinha outra opção, após pensar muito eu atendi.- alô, Katherine? - engoli em seco.- oi pai, desculpa a demora.- liguei para você ontem a noite, mas não me atendeu. - me empertiguei.- eu estava ocupada. - ele ficou em silêncio, rapidamente percebi que aquilo havia ficado muito estranho.- eu estava cansada por conta da viagem sabe? Fui dormir cedo.- entendo. - ele estava estranho, eu com certeza era péssima naquilo.- e como estão indo nesses primeiros dias?- bem, estamos bem. - eu só queria poder falar tudo para meu pai. Talvez eu devesse, ele viria me buscar na hora.Me levaria de volta para casa, nós conseguiríamos reverter isso. Meu pai tinha os melhores advogados, tudo poderia ficar bem. Eu sabia que sim.- pai eu... - olhei para a porta, vi uma sombra. Eu sabia que Henry estava parado do outro lado, ouvindo tudo.Meu coração bateu mais rápido, eu me empertiguei.Não, eu não tinha saída. Eu havia assinado os papéis, ele havia pensado em tudo. E eu não deixaria que meu pai perdesse tudo por minha causa, apertei o celular firmemente.- Katherine, o que queria me falar?- nada, é... Eu só tô com saudades de casa. - mais um tempo longo de silêncio.- se precisar de qualquer coisa, é só me ligar. Eu amo você filha. - sorri contra o celular.- obrigada pai, eu te amo. Tenho que desligar. - e logo desliguei o celular e voltei a me olhar no espelho. Meu coração batia acelerado, eu me empertiguei e lavei o rosto.Quando sai do banheiro algum tempo depois, eu já havia feito a maquiagem e ainda estava com o vestido. Henry estava sentado no sofá ao lado da sacada, de imediato ele olhou para mim.- era seu pai?- sim. - ele assentiu.- foi inteligente de sua parte não ter dito nada. - me aproximei um pouco dele.- não pense que eu entrei nesse seu jogo de vingança, meu pai vai conseguir vencer! - ele me fitou e assentiu cheio de desdém.- vejo que não tirou esse vestido, e fez uma maquiagem nada simples. - ele se pôs de pé prontamente.- a pergunta é... Para onde pensa que vai assim?- vou até a festa! - ele sorriu sem felicidade.- de modo algum.- a não ser que você me amarre e me prenda no banheiro, eu irei sim. - sem mais nada a dizer eu lhe dei as costas e andei até a porta. ****A festa era em uma área externa do hotel, que era belíssima e iluminada por tochas e pela lua.Havia música animada, e todos estavam dançando e se divertindo. Eu já estava quase chegando, quando senti uma mão em minhas costas. Ao olhar para o lado, o vi.- se você quer jogar assim é melhor entender que vai perder. - sussurrou ao meu ouvido. Eu sorri sem felicidade.- é o que vamos ver. - e enfim chegamos a festa, Mia rapidamente veio correndo ao nosso encontro.- que bom que vieram, amiga você tá linda! - sorri me sentindo menos mal.- e você está perfeita como sempre. - logo ela me puxou para onde estava sentada com Will, Henry veio ao nosso encalço.- a festa está animadíssima não acham? - logo sentamos no sofá que havia ali, Mia rapidamente tratou de sentar no colo de Will. Eu me empertiguei ao lado de Henry.- o que acha Kat, lembra até o tempo da faculdade não acha? - ela começou a rir, eu fiz o mesmo.- isso foi há muito tempo. - ela negou de imediato.- sabe Henry, na época da faculdade sua mulher aí era a mais animada! Em todas as festas ela dançava até os pés doerem. - eu me sentia horrível por lembrar daquilo, parecia que havia sido há décadas atrás.- é mesmo?- é sim! Ela nunca deu um show particular pra você? - fuzilei Mia com o olhar, ela franziu o cenho. Senti Henry segurando minha mão, e dando um leve beijo na palma.- não, mas... Eu com certeza vou cobrar. - senti alguns arrepios em meu corpo ao sentir seu beijo.Começamos a beber todos juntos, até mesmo Henry estava bebendo. Mas sempre de forma centrada, como se não quisesse perder a compostura. Eu já estava ficando meio zonza, pois só queria esquecer tudo. Mia se pôs de pé e puxou Will.- eu amo essa música, era a sua preferida lembra! Todas as vezes que ouço dirty Diana lembro de você! O que acha? Vamos levar os homens para dançar. - eu sorri enquanto ela ia até o meio do salão com Will. Me voltei para Henry, ele franziu o cenho me fitando.- o que acha? - questionei bêbada. Ele ergueu uma sobrancelha.- acho que você está muito bêbada.- vamos dançar. - segurei sua mão, ele negou de imediato.- nem pensar. - continuei o fitando.- vai se ferrar. - logo me pus de pé, mesmo zonza e fui até o meio do salão. Ele apenas me encarava cheio de desdém.Mesmo sozinha comecei a dançar, eu estava tropeçando nos meus próprios pés. Mas eu só queria pensar em outra coisa, além de estar casada com Henry.Acabei esbarrando em algumas pessoas, até que alguém me segurou me impedindo de cair. Ele me segurou de frente para ele, meu coração acelerou ao pensar ser Henry. Mas era outro homem. Ele era alto, cabelos curtos e castanhos, olhos verdes, negro, usava uma regata e um calção preto.- você quase caiu moça. - ele continuou a me segurar.- é eu... Eu estou meio bêbada. - comecei a rir, ele fez o mesmo.- parece que está meio decepcionada em me ver, estava esperando outra pessoa? - ele me fitou.- mais o menos. - acabei colocando as mãos em seus ombros, ele sorriu.- bem... Seja quem for, ele é um imbecil por deixar uma mulher como você dando sopa assim. - voltei a sorrir, ele fez o mesmo.- como não se apresentou me deixe fazer, sou Erick Stevens, e você... ? - quando me dei conta nós já estávamos dançando no meio do salão, ao som da música.- Katherine wilborn.- é um prazer conhecê-la Katherine. - continuei a olhar para ele, que não desviava.- é melhor eu ir. - tentei me afastar, mas ele não me soltou.- ir para onde? Até o idiota que a deixou sozinha?- infelizmente. - ele pareceu decepcionado.- o que você está fazendo aqui afinal? Geralmente é um lugar que as pessoas vem para lua de mel, cadê sua esposa? - ele sorriu.- eu sou surfista nas horas vagas, e isso foi suspeito da sua parte. Me julgando antes de me conhecer. - comecei a gargalhar.- eu vou ficar aqui por mais uns dias, que tal... Se você tomar um café comigo amanhã? - o encarei.- não posso...- é claro que pode. - seus olhos tão verdes me fitaram.- você é muito persistente.- é um dom. - continuei com os braços em seus ombros.- eu acho que...- está na hora de parar Katherine. - Henry disse. Rapidamente Erick parou de dançar. Eu o encarei, ele estava bravo. Com a testa franzida, sem me dar chance de explicações. Ele me tirou dos braços de Erick.- ei cara, calma aí!- é melhor ficar na sua amigo. - ele fuzilou Erick com o olhar, eu mal estava conseguindo andar. Quando ele me pegou e me jogou em seu ombro. Me tirando dali como se eu fosse um saco de batatas.Henry me segurava com força sobre seu ombro, enquanto andava a passos apressados pelo chão de terra. Eu tentava me debater, mas estava muito bêbada para tal. - me coloque no chão! - ele nada disse. Rapidamente chegamos a recepção do hotel, e logo seguimos em direção ao elevador. Mesmo lá dentro ele não me pôs no chão, continuou me prendendo contra si. Eu tinha que admitir que nunca imaginava que Henry era um homem tão forte. Após alguns instantes chegamos a nossa suite, ele adentrou por aquela porta bufando. De imediato ele me pôs no chão e se virou para fechar a porta. Procurei me equilibrar e logo me voltei para ele. - você está ficando louco? Aquela atitude foi totalmente grosseira da sua parte! Eu só estava dançando. - logo tratei de tirar os saltos, ele se voltou para mim. - e como você acha que aquela sua atitude iria repercutir? Você estava dançando com aquele Zé ninguém agarrada a ele! Todos podiam ver. - eu sorri sem felicidade. - eu não precisaria dançar com o "Zé ning
Após muitas horas de voo, chegamos a nossa cidade. Apenas saímos do jato para entrarmos em um táxi, e seguir em direção a um bairro que eu não conhecia. Eu e Henry não havíamos nos falado desde nossa discussão no jato. Tantos minutos após nossa chegada. Paramos em frente a um casarão. Era bonito, havia um pequeno muro. E nenhuma rosa, ou planta. Desci do táxi de imediato e fitei aquele lugar. Sem demora surgiram algumas mulheres, e homens na entrada da casa. - senhor e senhora taho, bem vindos. - a mulher que estava na frente disse, assenti prontamente. Henry apenas passou por mim, e rumamos em direção a casa. A porta de entrada era bem grande e marrom, o interior era branco. Sem cor, ou vida. Era uma enorme sala apenas com alguns sofás, mesas e candelabros para todos os cantos. Me empertiguei vendo aquilo. Henry passou por mim, enquanto os funcionários vinham ao seu encalço. Alguns pararam ao meu lado, e pareceram notar minha tristeza. - é uma decoração modesta, caso a senhor
Minha noite de sono havia sido péssima, me revirei na cama a noite inteira. Quando me pus de pé, o alarme estava disparando adoidado na cômoda. Sem demora desliguei, e tratei de descer até o andar de baixo. O café da manhã já estava posto na mesa, logo eu me sentei. Estava quase tomando o café, quando Henry surgiu e sentou-se na outra cadeira. - pensei que já havia ido para o trabalho. - ainda tenho tempo. - o fitei. - não quer demonstrar serviço? - não quero que seu amado pai pense que sou um puxa saco. - sorri sem felicidade, ficamos alguns instantes em silêncio. Quando me voltei para ele novamente. - Henry, meu pai é um homem poderoso, extremamente influente! Ele pode acabar com você em segundos se quiser. - ele bebeu mais um pouco de café, e logo me encarou. - por isso mesmo vai ser tão divertido ver ele no chão, junto com toda a escória de sua família. - me empertiguei, sentindo um aperto no coração. - quando você fala isso... Se refere a mim também? - ele não voltou a me
As palavras de Henry ecoaram em minha mente durante muito tempo, eu sabia que ele não me amava. E que tudo isso havia sido falso, mas... Em meu coração eu ainda tinha esperanças. E ao ouvir aquilo daquela forma tão dura, partiu meu coração de várias formas. Ele continuou a ir na empresa de papai durante semanas, a cada dia eu sabia de algo novo. De como ele estava ganhando sua confiança, em como ele estava indo bem. Detestava aquilo, queria poder gritar aos quatros cantos do mundo sobre. Mas eu só tinha Regina para desabar. Naquela tarde em específico, ele chegou em casa um pouco mais cedo. E me encontrou na sala de jantar, eu havia convidado-a para casa. E estávamos falando sobre uma nova decoração. - o que você acha do roxo para os quartos de hóspedes? - ah... Eu gosto da cor, mas é muito forte pra quarto de hóspedes, eu acho que... - olá. - me voltei para ele de imediato, seguida por Regina que se pôs de pé prontamente. Eu engoli em seco. - Regina. - Henry, oi. - ele franziu
Passei algumas horas pensando no que havia acontecido entre mim e Henry naquele quarto, eu obviamente não iria encher minha cabeça com falsas esperanças. Principalmente depois de tantas coisas. Resolvi continuar com os planos de decoração de mudança da casa, quando uma das funcionárias bateu na minha porta. - senhora taho, o senhor taho está falando que chegará em casa às sete para que vocês possam ir a um jantar na casa dos parentes dele. - me levantei de onde estava sentada imediatamente. - ele falou isso? - sim senhora. - me empertiguei, aquela conversa que havíamos tido. Voltou a minha mente. - obrigada... - Eva. - obrigada Eva, pode avisá-lo que estarei pronta. - ela assentiu e de imediato saiu do quarto. Eu fiquei andando em círculos ali durante um bom tempo, Henry havia falado de sua família de uma forma tão ruim. E Cristina também, talvez aquilo fosse mais uma de minhas burradas. Mas... Eu havia pedido por isso, eu deveria encarar. Peguei meu celular, e logo liguei para
Me olhei no retrovisor e me empertiguei, fechei os olhos por alguns instantes. E então sem pensar duas vezes, comecei a limpar o barrão de maquiagem no vestido. Não limparia tudo, mas era melhor do que entrar daquela forma. Henry me encarava com a mão estendida, ao fim ele me fitou. - não mudou nada. - eu segurei sua mão com tanta fúria, que só queria quebrar seus ossos um por um. Ele sorriu cheio de deboche, enquanto segurava minha mão e fechava a porta do carro. - sorria querida, será divertido. - engoli em seco enquanto íamos em direção a mansão. As portas eram gigantescas, estavam bem abertas. E eu só via os funcionários andando de um lado para o outro com bandejas. - isso não é um pouco demais? - ele sorriu ao me ouvir sussurrar. - meus parentes gostam de ser hospitaleiros, ainda mais depois de saberem de quem você é filha. - olhei para ele de esguelha, enfim havíamos adentrado. E de imediato eu percebi que todos realmente eram parentes de Henry. Não demorou muito para ele
Voltamos para casa em absoluto silêncio, Henry não disse uma palavra sequer sobre o que havia acontecido. Nem antes, e nem depois. Mas o fato dele ter ficado tão estranho ao ouvir sobre Emiho, com certeza havia ficado em minha mente. Mandei mensagem para Cristina ainda na outra noite, queria que ela viesse até nossa casa e falasse comigo sobre. Mas aparentemente ela estava ocupada com seu trabalho. O que não me impediu de ter uma péssima noite de sono, apenas pensando em tudo aquilo. Quando me coloquei de pé logo cedo, tratei de descer para tomar meu café. Me surpreendi ao notar que ele ainda estava em casa, desde que havia começado a trabalhar com meu pai. Ele sempre saia muito cedo, e chegava muito tarde. Sentei na mesa de imediato, enquanto os funcionários colocavam a mesa. Me empertiguei, olhando para ele disfarçadamente. - o que achou do jantar? - questionou baixinho, desviei o olhar. - sua família é como qualquer outra. - é mesmo? - pude ver que ele me fitou, eu não fiz o m
Subi as escadas praticamente correndo indo atrás dele. Adentrei em seu quarto, sem sequer bater. Ele estava sentado na poltrona apenas de calças. E tirando seus sapatos, de imediato ele me encarou. - é falta de educação não bater antes de entrar. - o que você disse lá em baixo? - que seu pai me promoveu. - você agora é CEO da empresa dele? - de uma das, querida. - ele ainda estava com aquele maldito sorriso irónico no rosto. Me aproximei furiosa. - você não vai fazer isso. - ele se empertigou na poltrona. - não vou fazer o que exatamente? - não vai entrar na empresa dessa forma! Você não pode ter esse tipo de poder. - ele ergueu uma sobrancelha, e se recostou na poltrona me fitando. - eu já tinha esse poder no dia em que me casei com você Katherine, será que não consegue entender? Eu fui promovido, e serei apresentado essa noite para todos! - eu continuei me aproximando. - se você realmente levar isso pra frente eu... - você vai o que? Agora eu fiquei curioso. - ele se pôs