Estou imersa em meus afazeres tentando ignorar o enorme aperto no peito que sinto, quando ouço o telefone tocar. Percebo como é incrível o fato de que algumas palavras são capazes de destruir tudo aquilo que eu sempre acreditei.
Ainda tentando absorver o choque causado pela notícia que recebi e sem saber ao certo o que fazer, me vejo sentada em um barzinho. Eu nunca bebi antes, mas quando me dou conta, já misturei diferentes tipos de bebidas alcoólicas, excedendo todos os limites imagináveis.— Você está bem? — ouço uma voz masculina se dirigir a mim. Automaticamente reviro os olhos, sem a mínima paciência para qualquer homem que for, mesmo que ele seja um velho amigo.— Não enche, Yago! — resmungo, mas as palavras saem mais enroladas do que eu gostaria.— Você veio para cá sozinha? — ele insiste, agora se sentando ao meu lado.— Você está vendo mais alguém por aqui? — lhe lanço um olhar intimidador. — Estou sozinha e continuarei assim, se é isso que você quer saber.— Angel, o que você tem? — Yago parece realmente preocupado, mas certamente está exagerando.Homens!— Não há nada. Estou ótima! — levo o copo de bebida até os lábios e ouço alguém bufando ao meu lado.— Agora chega, está bem?! — o copo que antes estava em minha frente some e Yago envolve meu corpo com o braço, muito provavelmente com o objetivo de me tirar daqui.— Fica longe de mim. — rosno, tentando me desvencilhar.O simples toque de um homem parece me sufocar, por isso, luto para me soltar, mas a cada instante meu corpo parece enfraquecer um pouco mais. Meu subconsciente ainda registra quando viro apenas um peso morto nos braços de um homem que é forte demais para se importar com o esforço que está fazendo.E então, tudo que vejo não passa de escuridão."E você, tornou-se o adulto que sonhou ser quando criança?"Jogo a revista sobre a mesa de centro da sala e solto um longo suspiro, incapaz de continuar lendo mais uma linha sequer sobre a vida perfeita, de pessoas perfeitas. Não sei ao menos porque me dei ao capricho de folhear uma revista tão previsível como essa.Me pego pensando então, em como a vida de alguns parece tão certa, enquanto a de outros não passa de uma grande e inacabável confusão.Você está pensando demais.Ouço uma voz dentro de mim sussurrar e mesmo sabendo que pode ser perigoso, já é tarde demais: estou me lembrando de quem eu costumava ser. A garota doce, de futuro promissor, que ainda sonhava, que ainda acreditava...Você era assim no passado, mas já não é mais!Obrigo-me a concordar com o meu eu interior. Situaç&
Não seria muito mais fácil se eles apenas aceitassem a derrota e seguissem em frente?Decido esquecer esse assunto por hora, para me concentrar em algo que agora é muito mais importante: César está namorando. Até que ponto isso irá interferir ou modificar nossas vidas? Eu não faço a menor ideia. Sei apenas que meu irmão merece mais do que ninguém ser feliz. E se a felicidade dele está relacionada à Luiza, o mínimo que posso fazer, é apoiá-lo.Estou na cozinha, comendo um sanduíche, tendo em vista que acordei depois do almoço, quando César aparece visivelmente nervoso.— Você precisa escolher alguma coisa para eu vestir hoje à noite.— Você sempre fez isso sozinho.— Mas agora é diferente.— Você já foi a inúmeros jantares e nunca precisou de mim
— Você é realmente incrível. O melhor irmão que eu poderia ter encontrado e sinto muito por não corresponder à altura ás vezes. Eu sabia que essa noite era importante para você, deveria ter me controlado. Você tem todo o direito de ficar irritado comigo.— Vou esquecer o que aconteceu hoje com uma condição. — estreito os olhos para César que agora está sorrindo. — Eu e a Luisa marcamos de sair amanhã à noite, porémGabriel acabou se convidando para ir também.— Céus! Ele é tão lerdo assim? — questiono fazendo César rir. — Você quer que eu vá também, estou certa?— Está. Não estou pedindo para que você se torne a melhor amiga dele, só quero ter um trunfo na manga caso ele não deixe eu e a Isa em paz.— E como vo
— Claro que não. Mas o fato é que o beijo aconteceu e isso colocouGabriel em uma situação bastante complicada.— Você pode fazer um favor para mim?— Claro. O que você quer?— Quero que você nunca mais me peça para ir a algum lugar ondeGabriel possa estar, ok?— Mas,Angel... — César tenta argumentar, porém eu o interrompo.— Já está decidido. Posso conviver tranquilamente com Luiza, mas não me peça para aturar aquele idiota de novo!— Ok. — ele concorda, mas noto que faz isso contra a vontade. — Vou viajar hoje à tarde. — para meu alívio, ele decide mudar de assunto.— Para onde?— Rio Grande do Sul.— Mande um abraço para seus pais.— Pode deixar. — ele concorda, sorrindo. — Eu devo estar de volta no
— E você atendeu? — ele pede, parecendo duvidar da ideia.— Sim. E ele pediu para que você retornasse. — passo o recado enquanto me dirijo para a cozinha. — Mas vamos almoçar primeiro, pode ser?Ele concorda e me ajuda a pôr os pratos na mesa.— Nós poderíamos ir pescar hoje à tarde, o que você acha? — ele pergunta já se servindo.— Quando você diz"nós"se refere a quem exatamente?— A mim e você.— Sem incluir a Luiza?— É melhor deixar oGabriel se acalmar um pouco.— Em resumo, eu virei um quebra galho! — decido fazer um pouco de drama.— Olha o ciúme! — ele ri e engatamos uma calorosa discussão sobre o assunto.Somente depois de termos organizado a cozinha e as coisas que vamos precisar é que seguimos para o luga
— Não é nada. — tento fazer com que minha voz soe convincente e aproveito nossa proximidade para abraçá-lo novamente. Tanto para esconder meu rosto, tanto para poder encontrar a fonte de seu perfume, que agora se tornou oficialmente o melhor que já senti.Gabriel aceita sem relutância meu abraço e não faz qualquer menção de encerrá-lo mesmo depois de longos minutos.Nos afastamos somente quando César e Luiza aparecem, nenhum deles parecendo surpreso com o fato de eu eGabriel estarmos juntos e, para meu alívio, acabo não ouvindo qualquer comentário sobre o assunto.De certo modo, acho engraçada a forma comoGabriel se dispõem em segurar minha mão e em se manter ao meu lado durante o restante da noite. Aventuro-me a dizer que grande parte das mulheres se apaixonaria facilmente por ele, no entanto, estou convicta de que n&ati
Como se todas essas dúvidas não bastassem, ainda tento compreender a razão pela qual parei de ter pesadelos desde o dia em que nos beijamos pela primeira vez. E porque, mesmo estando nutrindo uma raiva diária porGabriel, meu corpo ainda reage positivamente a seus toques.E por fim há mais uma questão que me intriga: a aceitação de César. Se eu estivesse no lugar dele, tentaria fazer o possível e o impossível para dar um fim em meu namoro comGabriel. Usaria de todos os meios que estivessem ao meu alcance para poder ganhar a aposta ao invés de simplesmente fingir que não me importo, como ele vem fazendo.Céus! A que ponto eu deixei minha vida chegar?Se pudesse voltar no tempo, mandaria os dois à merda e seguiria minha vida tranquilamente, tomando cuidado para manterGabriel distante... Mas agora parece ser um pouco tarde demais para isso.
— Você tem certeza?— Claro. Pode ir tranquilo.— Se precisar de qualquer coisa me ligue, certo? — balanço a cabeça positivamente e recebo um novo beijo.— Cuide-se. — peço a ele, com os lábios ainda próximos dos seus.— Cuide-se também. — ele sussurra para mim e em seguida se afasta. — Tchau, Bela.— Tchau. — ela responde, sorridente como sempre e então estamos sós.—Gabriel conhece você? — acabo perguntando, quanto tomo ciência de que ele a chamou pelo nome, sem que eu os tenha apresentado.— É claro! Trabalho na casa dele também.Meu queixo cai com a novidade. Por essa eu definitivamente não esperava. Começo a me mexer desconfortavelmente na cadeira, sabendo que isso é uma espécie de aviso para Bela. Ela sabe que tenho algo a dizer, mas n